sexta-feira, 30 de agosto de 2013

NEUROCIRURGIÃO DESCREVE O QUE VIU NO MUNDO ESPIRITUAL DURANTE SUA EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE


Fábio  José Lourenço Bezerra

          Conforme o texto Neurocirurgião Cético, Professor de Harvard, Tem Experiência de Quase-Morte e Passa a Acreditar na Sobrevivência da Alma, neste blog, o Dr. Eben Alexander III, em 10 de novembro de 2008, adquiriu uma rara doença que o deixou em coma por sete dias. Nesse período, todo o seu neocórtex – a superfície externa do cérebro, a parte que nos torna humanos – ficou completamente inoperante. Foi quando passou por uma incrível Experiência de Quase-Morte, que o fez acreditar na vida após a morte. Ele relata o que viu no mundo espiritual em seu livro “Uma Prova do Céu”, editado no Brasil pela Sextante. Ele escreveu em seu livro: “Minha experiência me mostrou que a morte do corpo e do cérebro não é o fim da consciência, e que a existência humana continua no além-túmulo. E, mais importante ainda, ela se perpetua sob o olhar de um Deus que nos ama e que se importa com cada um de nós, com o destino do Universo e de todos os seres contidos nele.”
Nas palavras do Dr. Raymond Moody Jr., autor do livro “Vida Depois da Vida”: “A experiência do Dr. Eben Alexander foi a mais impressionante que já ouvi nas mais de quatro décadas de estudo sobre este fenômeno”.
O Dr. Eben Alexander é neurocirurgião. Graduou-se em química pela Universidade da Carolina do Norte em 1976, na cidade de Chapel Hill, e diplomou-se em medicina pela Universidade Duke em 1980. Nos seus 11 anos de formação e de residência médica na Duke, no Hospital Geral de Massachusetts e na Universidade de Harvard, dedicou-se à neuroendocrinologia, o estudo das interações entre o sistema nervoso e o sistema endócrino (as glândulas que liberam os hormônios que governam a maior parte das atividades do corpo humano). Nesses 11 anos, investigou como os vasos sanguíneos em uma determinada região do cérebro reagem patologicamente quando há hemorragia decorrente de um aneurisma – uma síndrome conhecida como vasoespasmo cerebral.
Após concluir uma bolsa de estudos em neurocirurgia cerebrovascular em Newcastle-Upon-Tyne, no Reino Unido, passou 15 anos na faculdade de medicina de Harvard como professor adjunto de cirurgia, com especialização em neurocirurgia. Durante esse período operou inúmeros pacientes, muitos deles em condições cerebrais graves e correndo risco de vida.
A maior parte de suas pesquisas foi sobre o desenvolvimento de procedimentos técnicos avançados, como a radiocirurgia estereotáxica, uma técnica que permite aos cirurgiões direcionar precisamente os feixes de radiação para alvos específicos no cérebro sem afetar as áreas ao seu redor. Também ajudou a desenvolver os procedimentos neurocirúrgicos de ressonância magnética para o diagnóstico por imagem de complicações cerebrais difíceis de tratar, como tumores e distúrbios vasculares.
O Dr. Eben foi autor ou coautor de mais de 150 artigos para revistas dirigidas a especialistas, e apresentou as conclusões de suas pesquisas em mais de 200 conferências médicas ao redor do mundo.
Eis a descrição do que o Dr. Eben viu e sentiu em sua experiência, como escreveu em seu livro, acima citado. Após descrever a região onde se encontrava como algo que nos lembra bastante o Umbral (região inferior do plano espiritual descrita pelo Espírito André Luiz, pela psicografia do médium Chico Xavier), um lugar escuro e lamacento, embora translúcido, onde estava imerso, ele escreveu:

“Alguma coisa apareceu no escuro. Movendo-se lentamente, ela irradiava uma luz dourada e, à medida que avançava, a escuridão à minha volta começava a se fragmentar e dissipar.
Então escutei um novo som: um som vivo, como a mais rica e complexa melodia que já tinha ouvido. Aumentando de volume enquanto uma diáfana luz branca descia, esse som anulou as batidas mecânicas e maçantes que, aparentemente, haviam sido a minha única companhia até então.
A luz foi chegando cada vez mais perto, girando em torno de mim, produzindo filamentos de pura luz branca com raias douradas.
          Então, no centro da luz, apareceu outra coisa. Eu me concentrei ao máximo para descobrir o que era.
Uma abertura. Eu não estava mais olhando para a luz giratória, mas através dela.
No instante que compreendi isso, comecei a me mover. Eu ouvia um som sibilante. Quando atravessei a abertura, me vi em um mundo inteiramente novo. O mundo mais belo e estranho que eu já tinha visto.
Brilhante, vibrante, arrebatador, maravilhoso... Eu poderia amontoar adjetivos, um após outro, para tentar descrever esse mundo, mas nada do que dissesse poderia traduzir o que eu via e sentia. Era como se eu tivesse acabado de nascer. Não renascer, ou nascer de novo. Apenas... nascer.
Embaixo de mim havia uma campina. Ela era verde, exuberante e parecia feita de terra. Era de terra... mas ao mesmo tempo não era. Minha sensação era a mesma que se tem ao visitar algum lugar a que costumávamos ir quando crianças. Nós não o reconhecemos, mas ao olharmos em volta, alguma coisa nos atrai, e percebemos que uma parte de nós – uma parte bem lá no fundo – se lembra do lugar e se alegra por ter voltado ali.
Eu estava voando. Passei por árvores e campos, rios e cachoeiras, e avistei pessoas aqui e ali. Também havia crianças rindo e brincando. Todos cantavam e dançavam em círculos, e vi até cachorros correndo e saltando entre elas, igualmente tomados de alegria. As pessoas vestiam roupas simples, mas bonitas, e tive a impressão de que as cores dessas vestimentas tinham o mesmo tom vívido das árvores e das flores que desabrochavam e encantavam todo o campo ao redor.
            Um mundo de sonhos belo e incrível...
Só que não era um sonho. Embora não soubesse onde me encontrava e nem mesmo o que era aquilo tudo, eu estava convicto de uma coisa: esse lugar em que de repente me vi era completamente real.
A palavra real expressa algo abstrato e é totalmente ineficaz para transmitir o que estou tentando descrever. Imagine que você é uma criança e vai ao cinema em uma tarde de verão. Talvez o filme seja bom e prenda sua atenção enquanto você lhe está assistindo. Mas, quando a sessão termina, você sai do cinema e volta para a paisagem agradável daquela bela tarde. Logo, o ar fresco e a luz do sol o envolvem e, então, você pensa porque razão gastou duas horas daquele dia magnífico sentado numa sala escura.
         Multiplique esse sentimento por mil e ainda não estará perto de entender como eu me senti naquele lugar.
Não sei exatamente por quanto tempo sobrevoei aqueles campos (o tempo ali era diferente do tempo linear que vivemos na Terra, e é impossível descrevê-lo, assim como todos os outros detalhes da experiência), mas em algum momento percebi que não estava sozinho.
Alguém se encontrava bem próximo a mim: uma bela menina com as maçãs do rosto salientes e olhos de um azul profundo. Ela vestia o mesmo tipo de roupa camponesa que as pessoas usavam lá embaixo. Seus longos cachos castanhos emolduravam um rosto encantador. Cavalgávamos juntos sobre uma superfície intrincada, adornada por cores vivas indescritíveis – como as asas de uma borboleta. Na verdade, milhões de borboletas nos rodeavam. Havia ondas delas, descendo até a relva verde e voltando até nós no espaço. Não foi apenas uma única e discreta borboleta que apareceu, mas um enxame, como se um rio de vida e cores bailasse no ar. Voávamos em círculo, despreocupadamente, atravessando campos floridos e sobrevoando árvores cujas flores desabrochavam à medida que passávamos.
O traje da menina era modesto, mas seu colorido – azul-anil e laranja – tinha a mesma energia deslumbrante de todo o resto. Ela olhou para mim de um jeito arrebatador. Não era um olhar romântico. Tampouco um olhar de amizade. Era um olhar que estava muito além disso... além de qualquer tipo de amor que temos aqui na Terra. Era algo mais elevado, que trazia em si todos esses amores, porém mais verdadeiro e puro que qualquer um deles.
Sem usar palavras, ela falou comigo. Sua mensagem me atingiu como um vento, e compreendi imediatamente que ela era verdadeira. Eu soube disso da mesma maneira que sabia que o mundo à minha volta era real – e não uma fantasia fugaz e delirante.
A mensagem tinha três partes, e se tivesse que traduzi-la em linguagem terrena, eu diria que era mais ou menos isto:
“Você é amado e valorizado imensamente, para sempre.”
“Não há nada a temer.”
“Não há nada que você possa fazer de errado.”
A mensagem me proporcionou uma imensa sensação de alívio. Era como se eu passasse a conhecer as regras de um jogo que havia jogado a vida inteira sem nunca tê-lo compreendido de todo.
“Nós lhe mostraremos muitas coisas aqui”, a menina me disse, de novo sem usar palavras, apenas projetando a essência do significado delas em mim. “Mas, no fim, você irá voltar.”
Eu tinha uma única pergunta sobre isso.
Voltar para onde?
Lembre-se de quem está contando tudo isso. Não sou um sentimentalista.
Sei muito bem com que a morte se parece. Sei o que é ver uma pessoa viva, com quem você conversou e brincou durante um bom tempo, de repente se tornar uma massa inerte em uma mesa de operação depois de lutarmos durante horas para manter seu corpo funcionando. Conheço o sofrimento e o pesar profundo das pessoas que perderam alguém que nunca acharam que poderiam perder. Conheço a minha biologia, e, ainda que não seja um especialista em física, não sou um ignorante total nessa matéria: sei a diferença entre a fantasia e a realidade, e posso assegurar que a experiência que estou tentando transmitir aqui, ainda que de forma vaga e insatisfatória, foi de longe a experiência mais real da minha vida.
Na verdade, a única coisa que poderia competir com ela em termos de realidade foi a que veio a seguir.”
“Agora eu estava em um lugar cheio de nuvens. Nuvens grandes, fofas, brancas com tons rosados se destacavam no céu de anil.
Mais alto que as nuvens – imensuravelmente mais alto –, em um aglomerado de esferas transparentes, seres deslumbrantes se deslocavam em arco por todo o céu, deixando grandes rastros atrás de si.
Pássaros? Anjos? Estas palavras me ocorreram quando eu escrevia minhas recordações, mas nenhuma delas faz jus àqueles seres, que eram muito diferentes de qualquer coisa que eu tivesse conhecido neste planeta.
Eles eram mais evoluídos. Superiores.
Um som forte e majestoso, como uma música sacra, veio de cima, e me perguntei se aqueles seres superiores estariam produzindo esse uníssono.
Novamente, refletindo sobre isso mais tarde, me ocorreu que a alegria dessas criaturas era tão imensa que elas tinham que manifestar esse som – como se fosse uma emoção impossível de conter. Era algo palpável e quase material, assim como uma chuva que se sente na pele, mas que não nos deixa molhados.
Ver e ouvir não eram coisas separadas naquele lugar. Eu podia ouvir a beleza dos corpos daqueles seres cintilantes e, ao mesmo tempo, ver a perfeição do que eles cantavam. Parecia que não era possível ver ou escutar qualquer coisa ali sem se tornar parte dela – sem se fundir com aquilo de alguma forma misteriosa. Lá tudo era diferente e, no entanto, fazia parte de algo maior, como os belos desenhos entrelaçados nos tapetes persas... ou como nas asas de borboleta.
Um vento morno começou a soprar, balançando as folhas das árvores e fluindo como um rio celestial. Uma brisa divina. Essa brisa mudou tudo, elevou o mundo ao meu redor para uma oitava acima, para uma vibração mais alta.
Embora minha linguagem estivesse limitada – ao menos da maneira como entendemos aqui na Terra – comecei, mesmo sem palavras, a fazer perguntas para esse vento e para o ser divino que intuí operar por trás dele.
Onde é este lugar?
Quem eu sou?
Por que estou aqui?
Toda vez que eu formulava uma questão, a resposta vinha instantaneamente em uma explosão de luz, cor, amor e beleza que me invadia por completo. O importante sobre essas explosões foi que elas não silenciavam minhas perguntas com sua força esmagadora, mas respondiam a todas elas, só que de uma maneira além da linguagem. Os pensamentos entravam em mim diretamente, mas não eram iguais aos que temos aqui.
Não eram vagos, imateriais nem abstratos. Eram sólidos e imediatos – mais quentes que o fogo, mais úmidos que a água – e, à medida que os recebia, eu era capaz de conhecer, instantaneamente e sem qualquer esforço, o que levaria anos para compreender na vida terrena.
Continuei avançando e me vi entrando num imenso vazio, escuro, infinito em tamanho, mas também infinitamente prazeroso. Ao mesmo tempo que era negro, estava repleto de luz: uma luz que parecia vir de uma esfera brilhante que agora eu sentia próxima a mim. Uma órbita viva e quase sólida, como as canções dos seres superiores. Minha situação era como a de um feto no útero. Ele flutua com a parceria silenciosa da placenta, que o nutre e medeia seu relacionamento com tudo à sua volta e também com a mãe, até então invisível.
Neste caso, a “mãe” era Deus, o Criador, a Fonte – ou qualquer nome que se queira dar para o Ser dos Seres que é responsável pela existência do Universo e tudo o que há nele. Este Ser estava tão perto que parecia não haver distância alguma entre Ele e mim. Porém, eu podia sentir Sua infinita vastidão e perceber o tamanho da minha insignificância diante de tanta grandeza. De agora em diante, usarei Om para me referir a Deus, pois esse era o som que eu lembrava ter ouvido associado àquele ser onisciente,
onipresente e incondicionalmente amoroso.
Eu percebia a imensidão que separava Om de mim porque tinha a Órbita como companhia. Eu não podia compreender claramente, mas tinha certeza de que a Órbita era um tipo de “intérprete” entre mim e essa extraordinária presença que me rodeava. Era como se eu tivesse nascendo em um mundo maior, como se o Universo fosse um gigantesco útero cósmico, e a Órbita (que permanecia ligada à menina nas asas de borboleta que, na verdade, era ela) estivesse me dirigindo nesse processo.
Mais tarde, quando já estava de volta a este mundo, encontrei uma citação do poeta cristão do século XVII, Henri Vaughan, que chega próximo da descrição desse lugar – esse amplo centro escuro que era o lar do Divino.
“Existe em Deus, alguns dizem, uma profunda e ofuscante escuridão...”
Era exatamente isto: uma escuridão absoluta que também era repleta de luz.
As perguntas e as respostas continuavam. A “voz” desse Ser era cálida e pessoal – por mais estranho que isso possa soar. Ele entendia os humanos, possuía as qualidades que nós possuímos, só que numa escala muito maior.
Ele me conhecia profundamente e transbordava virtudes que sempre associei aos seres humanos: afeto, compaixão, emoção... até mesmo ironia e humor.
Por meio da Órbita, Om me disse que não existe apenas um Universo, mas muitos – na verdade, mais do que eu poderia conceber –, e que o amor está no centro de todos eles.
O mal também estava presente em todos os outros universos, porém em quantidades muito pequenas. O mal era necessário porque sem ele o livre-arbítrio era impossível, e sem livre-arbítrio não poderia haver crescimento – nenhum avanço, nenhuma chance de nos tornarmos o que Deus desejou que fôssemos. Por mais horrível e poderoso que o mal pareça, o amor é avassaladoramente maior, e triunfará no final.
Vi a abundância da vida nos incontáveis universos, incluindo alguns cuja inteligência estava muito além da nossa. Vi que existem incontáveis dimensões superiores, mas que a única maneira de conhecê-las é experimentando-as diretamente. Elas não podem ser conhecidas ou entendidas de um espaço dimensional inferior.
Causa e efeito existem nesses reinos mais elevados, mas de maneira diferente da nossa concepção terrena. O nosso tempo e espaço estão unidos, de maneira íntima e complexa, com esses universos mais avançados. Em outras palavras, esses mundos não estão totalmente separados do nosso, porque todos os mundos fazem parte da mesma e abrangente Realidade divina. Daqueles universos mais avançados se pode acessar qualquer tempo ou lugar do nosso mundo.
Seria necessário o resto de minha vida, e um pouco mais, para relatar o que aprendi ali.
O conhecimento transmitido a mim não foi “ensinado” como se ensina História ou Matemática. Os ensinamentos vinham diretamente, sem que eu precisasse ser convencido. O conhecimento era armazenado sem memorização, instantaneamente e sem esforço. Ele não desaparecia, como acontece com a informação comum – e até o dia de hoje eu o retenho, com mais clareza do que guardo as informações que acumulei
em todos os meus anos de estudo.
Isso, no entanto, não quer dizer que eu possa acessar esse conhecimento com facilidade. Porque, agora que estou de volta à dimensão terrena, tenho que processá-lo através dos limites do meu cérebro e do meu corpo físico.
Mas o conhecimento está lá. Eu o sinto, repousando no centro do meu ser.
Para uma pessoa como eu, que passou toda a vida trabalhando duro para acumular conhecimento e sabedoria da maneira tradicional, a descoberta desse nível mais avançado de aprendizado foi, por si só, o bastante para alimentar meu pensamento pela vida fora.”
Ninguém melhor do que um grande neurocirurgião para, passando por uma Experiência de Quase-Morte como essa, para analisá-la. No Anexo B do seu livro, ele escreveu:

“Hipóteses neurocientíficas que levei em conta para explicar minha experiência”

Ao analisar minhas recordações com vários outros neurocirurgiões e cientistas, aventei diversas hipóteses que poderiam justificar minhas lembranças. Mas, indo direto ao ponto, nenhuma delas foi capaz de explicar a rica, intensa e complexa interatividade das minhas experiências com o Portal e com o Núcleo (a “ultrarrealidade”). Essas hipóteses incluíram:
1. Uma programação primitiva do tronco encefálico para aliviar a dor e o sofrimento terminal (um “argumento evolutivo” – talvez um resquício das estratégias de “morte de mentira” de mamíferos inferiores?). Isso não explica a natureza intensa e interativa das minhas recordações.
2. A evocação distorcida de lembranças vindas das partes mais profundas do sistema límbico (por exemplo, a amígdala lateral), que são recobertas por tecido cerebral suficiente para deixá-las relativamente protegidas da inflamação das meninges, que acontece sobretudo na superfície do cérebro. Isso não explica a natureza intensa e demasiado interativa das minhas lembranças.
3. Bloqueio endógeno de transmissão glutamatérgica com a excitotoxicidade, imitando o anestésico alucinógeno cetamina (hipótese algumas vezes utilizada para explicar a EQM de maneira geral). Eu mesmo testemunhei os efeitos da cetamina usada como um anestésico no início da minha carreira como neurocirurgião na faculdade de medicina de Harvard. O estado alucinatório que essa droga produzia era caótico e desagradável, e sem nenhuma semelhança com a minha experiência no coma.
4. Liberação de grandes quantidades de N,N-dimetiltriptamina (DMT) pela glândula pineal ou em alguma outra parte do cérebro. A DMT, um agonista natural de serotonina (que age especificamente sobre receptores 5-HT1A, 5HT2A e 5HT2C), provoca alucinações intensas e um estado onírico. Tive experiências pessoais com drogas agonistas e antagonistas de serotonina, como o LSD e a mescalina, na minha juventude nos anos 1970. Nunca usei DMT, mas vi pacientes sob o efeito dessa substância. O ultrarrealismo que vivenciei requereria um neocórtex visual e auditivo bastante intacto para gerar as experiências audiovisuais ricas que eu tive durante o coma. Mas o coma devido à meningite bacteriana danificou gravemente o meu neocórtex, que é onde toda a serotonina vinda do núcleo da rafe, no tronco encefálico (ou a DMT), teria tido efeitos sobre a experiência visual e auditiva. Com meu córtex apagado, a DMT não teria um local no cérebro onde atuar. Assim, essa hipótese fracassou com base na incompatibilidade entre a riqueza de detalhes da minha experiência audiovisual e a ausência de um córtex sobre o qual a DMT pudesse atuar.
5. A preservação de regiões corticais isoladas poderia explicar algumas das minhas experiências, mas isso era muito improvável devido à gravidade da minha meningite e à sua resistência ao tratamento durante uma semana. Eu tinha mais de 27.000 glóbulos brancos periféricos por mm³, dos quais 31% de neutrófilos imaturos com granulações tóxicas; mais de 4.300 glóbulos brancos por mm3, 1,0 mg/dl de glicose, e 1.340 mg/dl de proteína no líquido cefalorraquidiano; comprometimento difuso da meninge com anormalidades associadas no cérebro, segundo a tomografia computadorizada, e, por fim, alterações graves da função do córtex e da mobilidade extraocular, segundo exames neurológicos, indicativos de danos no tronco encefálico.
6. Para explicar a “ultrarrealidade” da experiência, também sondei esta hipótese: seria possível que redes de neurônios inibitórios pudessem ter sido predominantemente afetadas, proporcionando altos níveis de atividade entre redes neuronais excitatórias para produzir o aparente “ultrarrealismo” da minha experiência? Espera-se que a meningite cause distúrbios prioritariamente no córtex superficial, deixando as camadas mais profundas parcialmente ativas. A unidade computacional do neocórtex é a “coluna funcional” de seis camadas, cada uma com diâmetro lateral de 0,2-0,3mm. Existe um número significativo de conexões laterais entre colunas imediatamente adjacentes que trazem sinais modulatórios sobretudo de regiões subcorticais (o tálamo, núcleos da base e tronco encefálico). Cada coluna funcional tem um componente na superfície (camadas 1-3), de forma que a meningite perturba a função de cada coluna ao danificar as camadas da superfície do córtex. A distribuição anatômica das células inibitórias e excitatórias, bastante equilibrada ao longo das seis camadas, inviabiliza essa hipótese. A meningite difusa sobre a superfície do cérebro incapacita o neocórtex por completo devido a essa arquitetura colunar. Mesmo assim, uma destruição completa seria desnecessária para que houvesse um comprometimento funcional total. Dado o curso prolongado (por sete dias) do meu comprometimento neurológico e a gravidade da infecção, é improvável que mesmo as camadas mais profundas do córtex ainda estivessem funcionando.
7. O tálamo, os núcleos da base e o tronco encefálico são estruturas cerebrais mais profundas (“regiões subcorticais”) que alguns colegas postulam que poderiam ter contribuído para a origem de tais experiências hiperreais. Na verdade, nenhuma dessas estruturas poderia desempenhar qualquer um desses papéis sem que ao menos algumas regiões do neocórtex estivessem intactas. Todos nós concordamos, no final, que essas estruturas subcorticais, por si sós, não poderiam dar conta das computações neurais intensas que uma riquíssima experiência interativa teria exigido.
8. Cogitei o “fenômeno de reinicialização”, uma evocação aleatória de memórias dispersas devido a lembranças antigas do neocórtex danificado, que pode ocorrer no retorno do córtex à consciência depois de uma falha prolongada no sistema, como na meningite difusa que sofri. Principalmente devido à sofisticação das minhas recordações, isso parece muito improvável.
9. Uma geração extraordinária de memória por meio de vias visuais evolutivamente antigas no mesencéfalo, usada predominantemente nos pássaros e identificada muito raramente em seres humanos. Isto pode ser demonstrado em humanos que são corticalmente cegos, devido a um dano no córtex occipital. Mas não explica a ultrarrealidade que vivenciei, além de não contemplar o entrosamento audiovisual das minhas experiências.”
           
            Ao que tudo indica, a Espiritualidade Superior utilizou-se de um neurocirurgião, da envergadura do Dr.Eben, para nos dar uma resposta às teorias materialistas sobre as Experiências de Quase-Morte. Além disso, para mostrar aquilo que nos espera quando evoluirmos, quando nos empenharmos em nossa luta contra os nossos instintos inferiores como o egoísmo, o orgulho, a vaidade e o apego aos bens materiais.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALEXANDER, Eben. Uma prova do céu. A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte.Rio de Janeiro.Sextante [2012]   





sábado, 24 de agosto de 2013

A PRÁTICA DO BEM E O DESAPEGO AOS BENS MATERIAIS SÃO UMA CHATICE? A FELICIDADE DOS BONS ESPÍRITOS


Fábio José Lourenço Bezerra

Muitas pessoas desfrutam, ou sonham desfrutar, plenamente, dos prazeres e bens que o mundo material pode proporcionar, como as extravagâncias que a fortuna pode comprar, o status social, de preferência sem se esforçar muito para isso, poder, o sexo promíscuo, alimentação saborosa e farta, etc.. Não imaginam, sequer, que possa existir prazer que não seja dessa forma. Muitos são até capazes de passar por cima de qualquer um para obter tudo isso. A prática do bem e o desapego aos bens materiais? Para várias delas, é uma chatice e uma perda de tempo imensa! Para um materialista, nada mais natural pensar assim, uma vez que para este nada mais existe além da matéria.
Contudo, somos Espíritos imortais, temporariamente habitando um corpo frágil e perecível, veículo de interação com esta dimensão-escola chamada mundo material. Nosso tempo aqui, comparado com toda a eternidade que viveremos no mundo espiritual, em uma distante comparação, é como frações de segundos dentro de trilhões de milênios. Consequentemente, os prazeres materiais são tão transitórios quanto nossos corpos físicos. O que levamos, quando partimos daqui, é tudo aquilo que depositamos em nossa consciência: o bem e o mal que praticamos, os valores que cultivamos e os conhecimentos que adquirimos (Ver o texto "Desapego dos Bens Materiais: Libertação do Espírito", neste blog).
O verdadeiro objetivo de nossa passagem pela vida material é desenvolvermos nossa inteligência e moralidade, através das experiências que a matéria pode proporcionar ao Espírito. Muito distantes de serem chatices, a prática do bem e o desapego aos bens materiais, na realidade, são os caminhos para conquistarmos nossa verdadeira e permanente felicidade. Somos cada vez mais felizes, à medida que evoluímos (Ver o texto Por Que Devemos Fazer o Bem?, neste blog).

Na pergunta N° 967 de “O Livro dos Espíritos”, temos: “ Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?”
Resposta – “Consiste em conhecer todas as coisas; não ter ódio, ciúme, inveja, ambição e nenhuma das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é a fonte de uma suprema felicidade. Eles não experimentam as necessidades e sofrimentos nem as angústias da vida material; ficam felizes com o bem que fazem. Porém, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Só os Espíritos puros desfrutam, é bem verdade, da felicidade suprema, mas todos os outros são também felizes. Entre os maus e os perfeitos existe uma infinidade de graus em que os prazeres são relativos à condição moral. Aqueles que estão bastante adiantados compreendem a felicidade dos mais avançados e desejam igualmente alcançá-la, o que é para eles um motivo de estímulo e não de ciúme. Sabem que depende deles consegui-la e trabalham para esse fim, mas com a calma da boa consciência, e são felizes por não sofrerem como os maus.”

Na pergunta N° 968: “Colocais a ausência das necessidades materiais entre as condições de felicidade para os bons Espíritos; mas a satisfação dessas necessidades não é, para o homem, uma fonte de prazeres?”
Resposta – “Sim, de prazeres selvagens; e quando não podeis satisfazer essas necessidades, é uma tortura.”

Na pergunta N° 969: “O que devemos entender quando se diz que os Espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em cantar louvores?”
Resposta – “É um modo de dizer, uma simbologia, para fazer entender o que eles têm das perfeições de Deus, já que O veem e O compreendem, mas não a deveis tomar ao pé da letra como fazeis com muitas outras. Tudo na natureza, desde o grão de areia, canta, ou seja, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não acrediteis que os Espíritos bem-aventurados vivam em contemplação por toda a eternidade; seria uma felicidade estúpida e monótona e seria ainda mais, uma felicidade egoísta, uma vez que sua existência seria uma inutilidade sem fim. Eles não têm mais as aflições da existência corporal: isso já é um prazer. Aliás, como já dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; empregam útil e proveitosamente a inteligência que adquiriram para ajudar no progresso dos outros Espíritos: é sua ocupação e ao mesmo tempo um prazer.”

Muito interessantes são os relatos de centenas de milhares de pessoas ao redor do globo, de diversas idades, culturas e crenças, sobre o que sentiram em suas Experiências de Quase-Morte, que claramente mostram como são os níveis superiores do plano espiritual. Peço ao leitor que compare com o que os Espíritos disseram a Allan Kardec, acima, no trecho extraído de “O Livro dos Espíritos”. Ao que tudo indica, a Espiritualidade Maior, através das experiências dessas pessoas, quer nos dar uma amostra do que nos espera quando evoluirmos ao patamar de bons Espíritos:
·         Sensação de compreensão instantânea (Muitos também descreveram como a comunicação se fez através de formas não-verbais, quase como por Telepatia);
·         Sentimento de paz;
·         Sentimento de alegria;
·         Sentimento de unicidade com tudo no cosmos;
·         Ver/sentir-se cercado por uma luz (Para muitas pessoas, a luz no final do túnel começou bem fraca depois foi crescendo em intensidade. Geralmente era branca mas não machucava os olhos. Era descrita como "agradável" e “acolhedora”, e conduzia o indivíduo para dentro dela. Com freqüência os deixava com uma sensação calorosa de serem amados. Aqueles que encontraram essa luz freqüentemente descreveram passar por uma forte transformação e experienciar uma a mudança de mente. Geralmente, as pessoas sentiram que ficaram menos materialistas, mais gentis com os outros, mais dispostas a servir, prontas a ajudar, com menos medo da morte e mais religiosas. Em alguns casos, os familiares também notaram a diferença. Alguns, que eram ateus, desenvolveram uma fé extremamente forte em Deus. O efeito na maioria dos casos se prolongou por décadas).

Para exemplificar, muitíssimo interessante é o relato do Neurocirurgião e professor da Universidade de Harvard, Dr.Eben Alexander III, no seu livro “Uma Prova do Céu”, sobre o que viu e sentiu em sua Experiência de Quase-Morte, quando passou 7 dias em coma. Diga-se de passagem que o Dr.Eben, antes de sua experiência, era totalmente cético em relação à espiritualidade das EQMs, atribuindo-as a alucinações produzidas pelo cérebro:

“Agora eu estava em um lugar cheio de nuvens.
Nuvens grandes, fofas, brancas com tons rosados se destacavam no céu de anil.
Mais alto que as nuvens - imensuravelmente mais alto - , em um aglomerado de esferas transparentes, seres deslumbrantes se deslocavam em arco por todo o céu, deixando grandes rastros atrás de si.
Pássaros? Anjos? Estas palavras me ocorreram quando eu escrevia minhas recordações, mas nenhuma delas faz jus àqueles seres, que eram muito diferentes de qualquer coisa que eu tivesse conhecido neste planeta. Eles eram mais evoluídos. Superiores.
Um som forte e majestoso, como uma música sacra, veio de cima, e me perguntei se aqueles seres superiores estariam produzindo esse uníssono. Novamente, refletindo sobre isso mais tarde, me ocorreu que a alegria dessas criaturas era tão imensa que elas tinham que manifestar esse som – como se fosse uma emoção impossível de conter. Era algo palpável e quase material, assim como uma chuva que se sente na pele, mas que não nos deixa molhados.”

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita.


2 ALEXANDER, Eben. Uma prova do céu. A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte.Rio de Janeiro.Sextante [2012].

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

VISÕES NO LEITO DE MORTE: MAIS EVIDÊNCIAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA





Fábio José Lourenço Bezerra

            As visões no leito de morte são mais uma dentre as inúmeras categorias de fenômenos que, em conjunto, nos dão uma sólida prova da sobrevivência da alma, devido às suas características notavelmente convergentes, apesar de virem das mais diversas e independentes fontes ao redor do mundo, e em todas as épocas da humanidade. Notável também é a semelhança dos detalhes destes fenômenos com os princípios que nos foram transmitidos pelos Espíritos Superiores, através dos estudos de Allan Kardec, que resultaram no surgimento do Espiritismo. Espíritos merecedores são recebidos em sua passagem para o mundo espiritual, seja por parentes e amigos queridos já falecidos , seja por Espíritos benfeitores que, para oferecer uma transição tranquila para o mundo maior, tomam a forma de seres comuns às crenças daqueles que estão desencarnando, ou estes interpretam a aparição de um bom Espírito como sendo um ser divino de sua religião.
O Dr. Peter Fenwick é Consultor Neuropsiquiatra emérito da Unidade de Epilepsia do Hospital Maudsley, durante vinte anos. No Hospital Broadmoor um Consultor Honorário neurofisiologista clínica, e ele é atualmente apontado como professor titular, no Instituto de Psiquiatria, um Neuropsiquiatra Consultor, no The Radcliffe Infirmary Oxford. Ele foi presidente  da Rede Científica e Médica e atual  Presidente do Comitê de Pesquisa para a Fundação de uma Medicina Integrada.
O Dr. Fenwick, há muito tempo, tem interesse na real função do cérebro, sua relação com a mente e  o problema da consciência. Ele tem um extenso histórico de pesquisas e publicou mais de duas centenas de artigos em revistas médicas e científicas. É amplamente considerado como uma autoridade no assunto das Experiências de Quase Morte e o problema cérebro-mente.
            Abaixo, transcrevemos parte de um texto do Dr Peter Fenwick, sobre as Visões no leito de morte e as Experiências de Quase Morte:

“Visões no leito de morte são, eu acredito, muito comuns e, certamente, elas têm sido relatadas ao longo da história e em todas as diferentes culturas. A esposa de um paciente meu me descreveu o que aconteceu quando o marido estava morrendo de um tumor cerebral:

"Ele estava inconsciente. Quando eu olhei para ele, ele estava olhando fixamente para algo na sua frente. Um sorriso de reconhecimento foi surgindo lentamente em seu rosto, como se ele fosse cumprimentar alguém. Em seguida, ele relaxou e morreu pacificamente.

Neste caso, os detalhes das principais características da experiência. A pessoa que está morrendo aparece para ver e ouvir a visão e, geralmente, responde a ela de uma forma positiva. Muitas vezes o paciente sai do coma antes de ter a experiência e morre quase imediatamente depois.

Muito poucos estudos científicos têm sido feitos para classificar o fenômeno de visões no leito de morte. O maior levantamento foi realizado por Osis e Haraldsson (1997) mais de 20 anos atrás. Em uma pesquisa transcultural eles relataram que em mais de 70% das visões leito de morte apareceram entidades que vieram receber os moribundos. "Numa cultura ocidental pais ou outros parentes falecidos são mais comumente vistos; estranhos são vistos ocasionalmente e as crianças puderam relatar ver amigos que viviam. As pessoas que têm uma forte fé religiosa podem ver figuras religiosas, e nas culturas orientais a figura que os vêm receber é muitas vezes um “Yamdoot", o mensageiro do Deus da morte. Normalmente, a resposta da pessoa que está morrendo relativa à visão é de interesse ou alegria, na maioria são bem-vindos e a pessoa está geralmente pronta para ir com eles. Mais raramente a resposta pode ser medo ou a recusa de ir.

Um exemplo típico é este caso citado por Osis e Haraldsson (1977) de uma moça moribunda de 16 anos que tinha acabado de sair do coma.

(Ela disse) “...Eu não posso levantar-me", e ela abriu os olhos. Eu levantei-a um pouco e ela disse: 'Eu vejo, eu vejo, eu estou chegando'. Ela morreu logo depois com um rosto radiante, exultante.
Em um estudo italiano, Giovetti (1999) relata que 40% das visões no leito de morte que ele coletou  apareceram 'entidades que vieram buscar os moribundos'. Em um caso a mulher descreve o momento da morte de seu marido.

A gaze sobre o seu rosto mudou. Corri até ele. 'Adriana minha querida, sua mãe (que havia morrido três anos antes) está me ajudando a sair desse corpo nojento. Há tanta luz aqui, tanta paz.
Houran e Lange (1997) realizou uma análise contextual em 49 relatos de visões no leito de morte recolhidos por Barrett em 1926 e concluiu que essas visões foram contextuais e reconfortantes, que, por vezes, parentes mortos foram vistos, mas o moribundo não sabia que tinham morrido, e que os autores não poderiam excluir a possibilidade da sobrevivência da alma.

Os cuidadores também relatam que a pessoa que está morrendo pode dizer-lhes que eles podem se mover entre a sala em que eles se encontram e um mundo transcendente em que se encontram aqueles que os aguardam após a morte. Muitas características deste estado transcendente são semelhantes aos das Experiências de Quase-Morte e contêm a luz, os sentimentos de amor e um maravilhoso reino de cor viva. Um paciente meu, cuja filha de 32 anos de idade estava morrendo de câncer de mama me disse que, nos últimos dois ou três dias de vida de sua filha, ela permaneceu consciente, e disse à mãe que parecia haver um teto escuro sobre sua cabeça e uma brilhante luz. Ela entrava e saía desse "lugar de espera", onde os seres estavam falando com ela. Ela estava muito convencida de que este não era um sonho, que estes eram seres amorosos que estavam lá para ajudá-la durante o processo de morrer - seu avô estava entre eles - e que tudo ficaria OK.

Há também muitos relatos de pessoas que parecem ter uma insinuação clara de sua própria morte iminente. Este é um relato que me foi dado por alguém que me contou o que aconteceu dois dias antes que sua mãe morreu.

"De repente, ela olhou para a janela e parecia olhar atentamente para cima dela... isso durou apenas alguns minutos, mas pareciam anos... de repente ela se virou para mim e disse: 'Por favor, Pauline, não tenha medo de morrer. Eu vi uma luz bonita e eu estava indo em direção a ela, eu queria ir para a luz, era tão calmo que eu realmente tive que lutar para voltar. No dia seguinte, quando chegou a hora de eu ir pra casa, eu disse 'Tchau mãe, vejo você amanhã ". Ela olhou para mim e disse: “Eu não estou preocupada com o amanhã e você não deve estar, eu prometo". Infelizmente ela morreu na manhã seguinte... mas eu sabia que ela tinha visto algo naquele dia que lhe deu conforto e paz, quando ela sabia que tinha apenas algumas horas para viver".

A similaridade de visões no leito de morte com as EQMs é impressionante. A paz, o amor e a luz são comuns a ambas, como é a experiência de uma viagem e uma entrada em um mundo dominado por beleza e cor. A vivência de figuras religiosas e parentes mortos, juntamente com o método de comunicação, uma espécie de telepatia mental, também são semelhantes.

Coincidências leito de morte

Mais uma vez, há muitos relatos de familiares que dizem que eles se tornam conscientes de que alguém próximo a eles está morto ou morrendo, apesar de estarem muitas vezes longe e não tinham como saber que a pessoa estava doente. Isto pode assumir a forma de uma "visita" pela pessoa que está morrendo, no momento de sua morte, como para dizer adeus, ou simplesmente uma experiência de inter-relação com a morte - batidas, despertando no momento da morte, etc
Gurney, Myers e Podmore (1886) citam o caso da General Albert Fytche, que, ao sair da cama, viu um velho amigo que ele cumprimentou calorosamente e se encaminhou para a varanda pedindo uma xícara de chá. Quando foi se juntar a ele, o velho amigo tinha desaparecido. Ninguém na casa tinha visto ninguém. Duas semanas depois, Fytche recebeu a notícia de que seu amigo tinha morrido a 600 milhas de distância, no mesmo período da aparição.

Várias pessoas já me disseram de experiências muito semelhantes.

"Quando fui para a cama eu estava muito inquieto. Eu fiquei assim até que, de repente, nas primeiras horas, o meu pai estava junto da minha cama. Ele estava doente há muito tempo, mas ele estava no auge da vida. Ele não falou. Minha agitação cessou e eu adormeci. Na parte da manhã eu fiquei sabendo que... o meu pai tinha morrido na noite anterior e tinha sido autorizado a visitar-me no seu caminho para a próxima vida.

(Comunicação pessoal)

A seguir, um relato interessante, pois mostra a poderosa impressão que essas experiências podem ter sobre aqueles que as ouvem.

"Por volta de 1950, um parente distante estava no hospital em Inverness. Era um domingo e meu pai foi visitar João, para ser informado de que ele havia morrido naquela manhã, em um determinado momento. As autoridades do hospital perguntaram a meu pai se ele iria informar ao parente mais próximo, Kate, a irmã do falecido e seu marido, que eram criadores de ovelhas que vivem em uma parte relativamente remota da Ross Páscoa e sem telefone. Papai e eu nos dirigimos por 20 ou mais milhas até uma pista de colina para a casa da fazenda, até encontrar Kate, que disse: "Eu sei por que você veio - eu o ouvi me chamando dizendo: "Kate, Kate", quando ele passou para cima". Ela estava bastante inteirada, de fato, sobre isso e nos deu a hora da morte, que era exatamente a mesma que a registrada pelo hospital. Eu achei uma experiência incrível e nunca me esqueci, nem nunca vou esquecer. Eu tinha uns 17 anos na época.

Que coincidências no leito de morte ocorrem é apoiado por contos de diferentes culturas e ao longo da história. As pinturas de Giotto em Assis demostram algo como uma experiência. Um clérigo em uma parte diferente da Itália que estava morrendo tornou-se ciente de que São Francisco estava morrendo e passando por cima e gritou: "Espere por mim, espere por mim St. Francis, estou chegando, estou chegando" ao que ele morreu.

O argumento contra as experiências que têm uma validade mais do que coincidência é que os sentimentos de morte ou perigo grave para um ente querido é muito comum e por isso só por acaso esses sentimentos, por vezes, vão coincidir com uma morte real. A minha opinião é que isso é pouco provável que represente todos esses relatos e que a idéia de uma inter-relação no momento da morte continua a ser importante.

Experiência de luz

Outros fenômenos parecem estar associados com o momento da morte. A luz é muitas vezes mencionada, e, ocasionalmente, algo interpretado como "alma" ou "essência" por aqueles que vêem é vista deixando o corpo. Um médico que tinha visto muitos pacientes morrerem me disse que ele estava uma vez jogando golfe quando outro jogador teve um ataque cardíaco. Quando ele foi ajudar, viu o que ele descreveu como uma forma branca, que parecia subir e se separar do corpo. Outras pessoas me contaram experiências semelhantes.

Quando acordei, o quarto estava escuro como breu, mas acima da cama do meu pai estava uma chama lambendo a parte superior da parede contra o teto... quando eu olhei... Eu vi uma nuvem de fumaça, assim como o vapor que sobe de uma vela apagada, mas em uma escala maior ... ele estava sendo jogado fora por uma única lâmina de luz de fósforo ... é pendurado acima da cama do meu pai, a cerca de 18 centímetros, mais ou menos por muito tempo, e foi uma beleza indescritível ... parecia perfeito para expressar o amor e a paz. Eventualmente eu acendi a luz. A luz desapareceu e o quarto era o mesmo de sempre em uma manhã de novembro, frio e triste, sem som da respiração  do meu pai na cama. Seu corpo ainda estava quente.

(Comunicação pessoal)

De repente, surgiu uma luz muito brilhante no peito do meu marido e quando essa luz subiu, havia a mais bela música e vozes cantando, meu peito parecia cheio de alegria infinita e meu coração sentiu como se estivesse subindo, como a me aderir a esta luz e música. De repente, houve uma mão no meu ombro e uma enfermeira disse: “Sinto muito amor. Ele se foi".  Eu perdi de vista a luz e a música, me sentindo tão desolada por ter sido deixada para trás."

(Comunicação pessoal)

Mais uma vez fiquei impressionado com a semelhança entre a música ligeira e celestial dessas experiências e as relatadas nas Experiências de Quase-Morte. Adicionado a isso é a experiência de algo indo em uma viagem, que o cuidador deseja acompanhar e seguir em um além amoroso.

A explicação reducionista para as visões no leito de morte seria a de que elas são simplesmente alucinações interpretáveis em termos de uma mudança na química do cérebro, ou psicologicamente derivadas, confirmando as expectativas ou proporcionando conforto como a abordagem de morrer a sua morte. Um ponto contra é que, ocasionalmente, ocorrem visões de um parente morto que o moribundo não sabe que está morto. No entanto, alguns fenômenos que cercam o leito de morte são testemunhados pelos cuidadores, e o mecanismo para estes é claramente diferente. A visão reducionista seria que eles ocorrem em resposta ao estresse que o cuidador tem tido nos meses que antecederam a morte e são, provavelmente mediadas por uma mudança de afeto. A expectativa também pode desempenhar um papel, como a morte ocorre sempre dentro de uma cultura e na cultura ocidental, o conceito de alma e uma partida para o céu de paz e amor é comum. No entanto, como agora avança a ciência pós-moderna, juntamente com o reconhecimento de que a neurociência ainda não tem explicação para a consciência (experiência subjetiva), a possibilidade de fenômenos transcendentes em todo o momento da morte também deve ser considerados.”

            Em sua obra “Aparições de defuntos no Leito de Morte”, cuja edição original foi publicada em 1906, o filósofo e estudioso dos fenômenos psíquicos, o italiano Ernesto Bozzano analisou diversas categorias do fenômeno das Visões no leito de morte entre inúmeros casos ocorridos na segunda metade do século XIX. Dessa obra, extraímos os quatro casos abaixo:

Caso 28 – Em uma cidade situada nos arredores de Boston, achava-se moribunda uma menina de 9 anos. Ela acabava de entreter-se com os pais sobre quais os objetos que desejava deixar a esta ou àquela de suas amiguinhas. Entre as mesmas havia uma graciosa criança de sua idade, chamada Jeni, e a agonizante lhe havia legado também alguns de seus brinquedos, a título de lembrança.
Pouco tempo depois, ao aproximar-se a hora da agonia, começou a pequena a declarar que percebia em torno de si rostos de pessoas amigas, as quais ia nomeando. Anunciou ver, entre outros, o avô e a avó; depois do que, manifestando viva surpresa, dirigiu-se a seu pai, perguntando:
       “Por que não me disseste que Jeni tinha morrido? Ei-la, a minha Jeni, ela veio com as outras para receber-me.”
É de notar que a criança moribunda ignorava completamente o que se relacionava com a amiguinha, porque os pais evitaram cuidadosamente falar a respeito, em sua presença, a fim de lhe não provocarem emoções, que podiam ser funestas. Mas a pequena Jeni tinha morrido, efetivamente, havia pouco.
Tal é o fato. Parece-me que ele contém um elemento de natureza não comum e persuasiva. Com efeito, se é possível compreender-se que a menina pudesse imaginar que via seus avós, não havia, no entanto, nenhuma razão para que supusesse ver também Jeni. A circunstância, aliás, de ter-lhe destinado lembranças, a surpresa experimentada e as palavras que então pronunciara, provam que tudo isso não pode ser facilmente explicado por meio das hipóteses habituais.” (Reverendo Minot Savage, Can Telepathy Explain?, págs. 42, 43.)
Caso 30 – Tiro-o do vol. XXX, pág. 32 dos Proceedings of the S. P. R. Foi comunicado à Sociedade por um coronel irlandês.
Como o principal papel deste acontecimento foi representado pela própria mulher do coronel, compreende-se que este deseje que se lhes não publiquem os nomes.
“Há cerca de 16 anos, Mrs. ... me disse:
– Teremos hóspedes durante toda a próxima semana. Conheces alguém que possa cantar com as nossas filhas?
Lembrei-me de que meu armeiro – M. X. – tinha uma filha, cuja voz era muito bela e estudava o canto com fim profissional. Eu a indiquei, pois, e ofereci-me a escrever a X... a fim de lhe pedir que permitisse à sua filha vir passar uma semana conosco.
Assim foi decidido. Escrevi ao armeiro e Miss Júlia X... foi nossa hóspede durante o tempo fixado.
Eu não sei se Mrs.... tornou a vê-la depois. Quanto a Miss Júlia, em vez de se consagrar à arte do canto, esposou mais tarde Henry Webley. Nenhum de nós teve mais ocasião de revê-la.
Seis ou sete anos se passaram. Mrs...., que estava doente havia alguns meses, teve sua doença agravada e expirou no dia seguinte àquele de que vos vou falar.
Eu estava assentado ao seu lado; conversávamos acerca de certos interesses que ela desejava vivamente regular. Parecia perfeitamente calma e resignada, em plena posse de suas faculdades intelectuais; isso ficou demonstrado mais tarde, por se haver verificado a justeza de sua opinião, em contrário aos conselhos errôneos de nosso advogado, que julgava inútil certa medida sugerida pela doente.
Repentinamente, ela mudou de conversa e, dirigindo-se a mim, perguntou:
– Notas essas doces vozes que cantam?
Respondi que nada ouvia e a enferma acrescentou:
– Já as tenho percebido muitas vezes, hoje. Não duvido que sejam anjos que vêm desejar-me as boas-vindas para o céu. O que é estranho é que, entre essas vozes, há uma que estou certa de conhecer, mas não me posso lembrar donde.
E, de repente, interrompendo-se e indicando um ponto sobre minha cabeça:
– Olha, ela está no canto do quarto; é Júlia X...; agora se dirige para cá, inclina-se sobre ti, eleva as mãos, orando. Olha, já se vai...
Voltei-me, porém não vi nada.
Mrs. ... disse ainda:
– Partiu, agora.
Afigurou-se-me que suas afirmativas não eram outra coisa mais que as imaginações de um moribundo.
Dois dias depois, percorrendo um número do Times, sucedeu-me ler, no necrológio, o nome de Júlia Z..., mulher do Sr. Webley.
Isso me impressionou tão vivamente que, logo após as exéquias de minha mulher, fui a ..., onde procurei X..., e lhe perguntei se a Sra. Júlia Webley, sua filha, era realmente morta.
– É absolutamente certo; morreu de febre puerperal. No dia em que faleceu cantou de manhã, cantou e cantou até que se finou.”
Em ulterior comunicação, acrescentou o coronel:
“Mrs. Júlia Webley morreu a 2 de fevereiro de 1884, cerca de 4 horas da tarde. Eu havia lido a notícia da morte da Sra. Júlia a 14 de fevereiro.”
Mrs. ... nunca foi sujeita a alucinações de qualquer espécie.”
Por seu turno, Henry Webley, marido de Júlia, escreveu a Gurney:
“Birmingham, Wenman Street, 84, 18 de maio de 1885.
Respondo de bom grado à vossa carta, fornecendo-vos as informações que me pedistes. Minha mulher morreu a 2 de fevereiro de 1884, às 5:50 da manhã.
Durante as últimas horas de vida cantou sem cessar. Isso foi 10 minutos antes de morrer. Posto que sua foz tivesse sido sempre bela, nunca me pareceu ela tão deliciosa como nesse momento supremo.” (Assinado: Henry Webley.)

Caso 32
“No mês de novembro de 1864, fui chamado a Brighton, onde minha tia, a Sra. Harriet Pearson, estava gravemente doente.
Seu quarto tinha três janelas e estava colocado acima da sala. Eu dormia com Mme. Coppinger no quarto ao lado.
Usualmente, uma de nós passava a noite à cabeceira da enferma.
Na noite de 22 de dezembro de 1864 ela era, porém, velada pela Sra. J. Pearson, enquanto nós repousávamos.
Em todos os lugares havia luz e a porta que dava para o quarto da doente estava aberta. Entre 1 e 2 horas da madrugada, ocasião em que a Sra. Coppinger e eu estávamos acordadas, porque o nosso estado de ansiedade fazia que percebêssemos o menor ruído proveniente do outro quarto, produziu-se um incidente que muito nos impressionou.
Percebemos, ambas, uma figura de mulher, pequena, envolvida em um xale, com um chapéu fora da moda e uma cabeleira ornada com três fileiras de cachos; a aparição tinha atravessado a soleira da porta que separava os dois quartos e entrara no da doente.
A Sra. Coppinger, dirigindo-se a mim, exclamou:
– Ema, viste? Levanta-te, é tua tia Ana! (Ana era uma irmã da doente, já falecida.)
Respondi logo:
– Sim, sim, era a tia Ana e isso é um bem triste presságio.
Descemos ambas da cama; nesse momento, a Sra. John Pearson precipitou-se para o nosso quarto, dizendo por sua vez:
– Era bem a tia Ana; para onde ela foi?
A fim de acalmá-la, lhe disse:
– Provavelmente devia ter sido Elisa, que desceu para ver como vai sua patroa.
Ouvindo isto, Mrs. Coppinger subiu, correndo, ao andar superior, onde encontro Elisa dormindo profundamente. Ela a acordou e fê-la vestir-se. Pesquisou-se em todos os quartos, mas em vão.
A tia Harriet morreu na noite desse mesmo dia, tendo-nos contado antes haver visto a irmã, que viera chamá-la.”
(Assinado: Ema M. Pearson, Elisa Quinton – Proceedings of the S. P. R., vol. VI, pág. 21.)

Caso 33 – Este foi comunicado à Society for P. R., pelo Professor W. C. Crosby, um de seus membros:
“Mrs. Caroline Rogers, com 72 anos de idade, viúva de dois maridos – cujo primeiro, o Sr. Tisdale, morrera 35 anos antes –, viveu, durante os últimos 25 anos de sua existência em Roslindale (Mass., Estados Unidos), na Rua Ashland.
Depois da morte do seu último filho, que se deu há alguns anos, ela vivia constantemente só. Nos primeiros dias de março deste ano foi atacada de paralisia e, após uma doença de cerca de seis semanas, expirou na tarde de 15 de abril.
Mary Wilson, enfermeira, de 45 anos, assistiu a Sra. Rogers durante toda sua moléstia e ficou, quase sem interrupção, à sua cabeceira, até que ela expirou.
Nunca, antes dessa época, tinha visto a Sra. Rogers e ignorava o que dizia respeito à sua existência ulterior. A doente conversava freqüentemente com ela, bem como com outras pessoas, sobre o seu segundo marido, o Sr. Rogers, e sobre o filho, exprimindo a esperança de revê-los um dia.
Na tarde de 14 de abril, Mrs. Rogers caiu em estado de inconsciência, no qual ficou até a morte, que sobreveio 24 horas depois.
A Sra. Wilson sentia-se esgotada pelas vigílias prolongadas; e como esperasse assistir, de um momento para outro, ao passamento da enferma, estava naturalmente nervosa e inquieta, tanto mais quanto Mrs. Rogers lhe tinha dito que havia percebido, muitas vezes, em torno de si, os fantasmas dos seus mortos queridos. Ela experimentava, ao mesmo temp, estranha sensação, como se aguardasse uma visita de além-túmulo.
Entre as 2 e 3 da manhã – quando sua filha dormia, e estando ela própria estendida, acordada, no canapé – a Sra. Wilson voltou, por acaso, o olhar para a porta que comunicava com o outro quarto; e percebeu, nos umbrais, a figura de um homem de talhe médio, com aspecto feliz, tendo largas espáduas, que trazia um pouco inclinadas para trás.
A cabeça estava descoberta; os cabelos e a barba eram-lhe de cor vermelha carregada; trazia um sobretudo escuro e desabotoado; tinha a expressão do rosto, nem muito áspera nem muito amável.
Parecia olhar, ora para a Sra. Wilson, ora para a Sra. Rogers, ficando em imobilidade absoluta.
A Sra. Wilson acreditou, naturalmente, achar-se em presença de uma pessoa viva, sem que pudesse descobrir, no entanto, como poderia ela ter entrado na casa.
Vendo, em seguida, que o visitante continuava imóvel como uma estátua, começou a suspeitar que se tratasse de algo anormal; inquieta, voltou a cabeça para outro lado, chamando a filha em altas vozes, a fim de acordá-la. Algum tempo depois, começou a olhar na primitiva direção, mas tudo havia desaparecido.
Tanto a aparição como a desaparição do fantasma se tinham produzido sem ruído.
Durante esse tempo, a Sra. Rogers ficara absolutamente tranqüila, provavelmente mergulhada no mesmo estado de inconsciência no qual se encontrava havia muitas horas.
O quarto para o qual a porta dava acesso não estava iluminado; a Sra. Wilson não pôde, pois, verificar se a aparição era transparente. Ela foi, instantes depois, a esse quarto, e ao outro do apartamento; logo que o dia rompeu, desceu ao andar inferior e encontrou todas as portas fechadas a chave; tudo estava em seu lugar.
Nessa mesma manhã, a Sra. Hildreth, sobrinha da enferma, que morava não longe daí e que vivia, desde alguns anos, em grande familiaridade com a tia, foi visitá-la. A Sra. Wilson aproveitou para fazer-lhe a narrativa do que se tinha passado, perguntando-lhe se a aparição que houvera visto parecia-se com a do defunto Sr. Rogers.
A Sra. Hildreth respondeu negativamente (outras pessoas que conheceram o Sr. Rogers fizeram, em seguida, a mesma declaração).
A conversa foi interrompida nesse momento; mas, algumas horas depois, a Sra. Hildreth voltou ao assunto e disse a Mme. Wilson que a descrição, que lhe acabara ela de fazer, correspondia perfeitamente com o aspecto pessoal do Sr. Tisdale, primeiro marido da Sra. Rogers.
É preciso observar, agora, que a Sra. Rogers se tinha estabelecido em Roslindale depois do segundo casamento; a Sra. Hildreth era a única pessoa do lugar que conheceu o Sr. Tisdale; em casa da Sra. Rogers não existiam retratos nem qualquer outro objeto capaz de fazer reconhecer os traços de aparição.” (Assinado: Mary Wilson.)

“A narrativa que precede constitui a exposição completa e cuidadosa do fato sucedido à Sra. Wilson, tal como me foi contado por ela própria na manhã de 15 abril.” (Assinado: Mrs. P. E. Hildreth. – Proceedings of the S. P. R., vol. VIII, págs. 229-231.)

            No Brasil, as visões no leito de morte estão sendo estudadas pelo Psicólogo e Doutor em Neurociências Júlio Peres. Extraímos, de um texto bastante interessante sobre suas pesquisas, o seguinte trecho:

“Especialista no tratamento de traumas e processo de superação, Dr Julio Peres, analisa as experiências no final da vida e o impacto das visões espirituais ao enfermo e sua família, assim como para os profissionais da saúde que atuam em cuidados paliativos.
De acordo com Dr. Julio Peres, pesquisas recentes demonstram que um grande número de pessoas de distintas culturas têm relatado experiências no final da vida – originalmente chamadas na literatura por end-of-life experiences – sob a forma de visões no leito de morte, sugestivas da existência espiritual.”

Para ler o texto na íntegra, remetemos o leitor ao seguinte endereço eletrônico:



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

BOZZANO, Ernesto. Aparições de defuntos no leito de morte.

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS: