sexta-feira, 29 de julho de 2011

O MUNDO ESPIRITUAL - PARTE 2





        Conforme dissemos no nosso texto anterior, de título O Mundo Espiritual, neste blog, os Espíritos responsáveis pela codificação da Doutrina Espírita revelaram que, paralelo a nosso universo material, existe um universo de matéria sutil, imperceptível aos nossos cinco sentidos e aos nossos atuais instrumentos, que poderíamos chamar de Mundo Espiritual. Eles também informaram que existe um único elemento primitivo, chamado Fluido Cósmico Universal, cujas combinações e modificações dão origem tanto à matéria do nosso mundo material quanto à do mundo espiritual.  A matéria que compõe este último se encontra nos mais diversos graus de materialização, em níveis vibratórios diferentes. Cada nível corresponderia a um “mundo” diferente, embora coexistindo lado a lado com os demais.
Também dissemos que o Espírito, sede do pensamento e das sensações, aglutina em torno de si matéria espiritual, formando um envoltório, chamado corpo espiritual ou Perispírito, que serve como veículo e meio de interação com o mundo espiritual, assumindo a forma do corpo físico que tivemos em nossa última encarnação, estabelecendo a sua individualidade, perante os demais Espíritos, no mundo espiritual.
O teor da matéria do corpo espiritual varia conforme o grau evolutivo do Espírito. Quanto mais desapegado da matéria, mais desmaterializado é o seu corpo espiritual, situando-o em determinado nível vibratório, isto é, ele sintoniza com este nível.
À medida que o Espírito evolui, através do seu aprendizado em diversas encarnações, ele vai aumentando o seu nível vibratório, podendo perceber os eventos que acontecem neste nível e também nos níveis inferiores, pois pode diminuir a sua vibração até eles. Porém nunca acima do seu próprio, salvo quando conseguir evoluir até eles. É dessa forma que os Espíritos superiores podem se fazer invisíveis aos menos adiantados, muitas vezes para auxiliá-los secretamente.
Contudo, apenas quando desencarnado, isto é, após a morte, ele pode perceber o mundo espiritual, pois uma vez estando ligado a um corpo físico, ele só percebe através deste, pelos cinco sentidos, as impressões do mundo material. A exceção a esta regra são os médiuns, que podem perceber o mundo espiritual mesmo estando encarnados, conforme o seu tipo, ou tipos, de mediunidade, e do quanto esta está desenvolvida. O único tipo de percepção que todos os Espíritos encarnados possuem, sem exceção, relativamente ao mundo espiritual, é a intuição. É através dela que recebemos sugestões dos Espíritos desencarnados, sejam eles bons ou maus, e que, muitas vezes, tomamos como se fossem nossos próprios pensamentos.
Assim como as estações de rádio FM emitem ondas nas mais diversas freqüências, transportando através delas sua programação, os Espíritos irradiam seus pensamentos,  através de energia emitida pelo seu corpo espiritual, que são captados por outros Espíritos sintonizados com eles. Da mesma forma que os ouvintes escutam sua programação sintonizando com determinada estação, ao ajustar o seletor do aparelho de rádio na freqüência correta. O Fluido Cósmico Universal é o veículo do pensamento, assim como, no mundo material, o ar transporta o som.
Falamos acima em Espíritos bons e maus. Contudo, a classificação dos habitantes do mundo espiritual, na prática, não é tão simples. 
           No Capítulo I de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec organizou uma escala espírita, baseado na análise das comunicações de inúmeros espíritos, através de diversos médiuns, incluídos aí os Espíritos da codificação.
 A primeira parte de suas considerações preliminares, transcrevemos abaixo:
“A classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. De um grau a outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da natureza, como nas cores do arco-íris, ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem.”
                E abaixo, a escala espírita em seus caracteres gerais:
TERCEIRA ORDEM – Espíritos Imperfeitos
“Predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são conseqüentes.
Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Nem todos são essencialmente maus. Em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade. Uns não fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo.
A inteligência pode achar-se neles aliada à maldade ou à malícia; seja, porém, qual for o grau que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual, suas idéias são pouco elevadas e mais ou menos abjetos seus sentimentos.
Restritos conhecimentos têm das coisas do mundo espírita e o pouco que sabem se confunde com as idéias e preconceitos da vida corporal. Não nos podem dar mais do que noções errôneas e incompletas;  entretanto, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, o observador atento encontra a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.
Na linguagem de que usam se lhes revela o caráter. Todo espírito que, em suas comunicações, trai um mau pensamento, pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente, todo mau pensamento que nos é sugerido vem de um espírito dessa ordem (grifo nosso).
Eles vêem a felicidade dos bons e esse espetáculo lhes constitui incessante tormento, porque os faz experimentar todas as angústias que a inveja e o ciúme podem causar.
Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea e essa impressão é muitas vezes mais penosa do que a realidade. Sofrem, pois, verdadeiramente, pelos males de que padeceram em vida e pelos que ocasionaram aos outros. E, como sofrem por longo tempo, julgam que sofrerão para sempre. Deus, para puní-los, quer que assim julguem.”
SEGUNDA ORDEM- Bons Espíritos
“Predominância do Espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poderes para o bem estão em relação com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais. Não estando ainda  completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, conforme a categoria que ocupem, os traços da existência corporal, assim na forma da linguagem, como nos hábitos, entre os quais se descobrem mesmo algumas de suas manias. De outro modo, seriam espíritos perfeitos.
Compreendem Deus e o infinito, e já gozam da felicidade dos bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une lhes é fonte de inefável ventura, que não tem a perturbá-la nem a inveja, nem os remorsos, nem nenhuma das más paixões que constituem o tormento dos Espíritos imperfeitos. Todos, entretanto, ainda têm que passar por provas, até que atinjam a perfeição.
Como Espíritos, suscitam bons pensamentos (grifo nosso), desviam os homens da senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos de proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre aqueles a quem não é grato sofrê-la.
Quando encarnados, são bondosos e benevolentes com os seus semelhantes. Não os movem o orgulho, nem o egoísmo, ou a ambição. Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
A esta ordem pertencem os espíritos designados, nas crenças vulgares, pelos nomes de bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem. Em épocas de superstições e de ignorância, eles hão sido elevados à categoria de divindades benfazejas.”
PRIMEIRA ORDEM - Espíritos Puros
“Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.”
“[...] Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma da perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.
Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém, não é a de ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados ás vezes pelos nomes de anjos, arcanjos e serafins.
Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.”  
            Mas como estes Espíritos, de índoles tão diferentes, se relacionam no mundo espiritual?
No Capítulo VI, na pergunta Nº 278 da obra supracitada, temos: Os Espíritos de diferentes ordens se acham misturados uns com os outros?”
           Resposta: “Sim e não. Quer dizer: eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros. Evitam-se ou se aproximam, conforme à simpatia ou à antipatia que reciprocamente uns inspiram aos outros, tal qual sucede entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso é pálido reflexo. Os da mesma categoria se reúnem por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias, unidos pelos laços da simpatia e pelos fins a que visam: os bons, pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelo de fazerem o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se acharem entre os que se lhes assemelham.”
           Já na pergunta Nº280, temos: De que natureza são as relações entre os bons e os maus Espíritos?”
               Resposta: ”Os bons se ocupam em combater as más inclinações dos outros, a fim de ajudá-los a subir. É a sua missão.”
               E na pergunta Nº 281Por que os Espíritos inferiores se comprazem em nos induzir ao mal?”
              Resposta: “Pelo despeito que lhes causa o não terem merecido estar entre os bons. O desejo que neles predomina é o de impedirem, quanto possam,  que os Espíritos ainda inexperientes alcancem o supremo bem. Querem que os outros experimentem o que eles próprios experimentam. Isto não se dá também entre vós?”
Para direcionar o Espírito no rumo certo da evolução, em suas primeiras etapas de aprendizado, e como mecanismo de justiça, Deus criou a Lei de Causa e Efeito, que consiste na colheita obrigatória, pelo Espírito, de tudo o que ele plantar: se faz o mal a seu semelhante, proporcionalmente ao seu grau de responsabilidade terá o mal revertido contra si. Quando faz o bem, recebe de volta coisas boas. Contudo, a prática do bem pode atenuar suas faltas.

Quando evolui ao ponto de poder exercer o seu livre-arbítrio e toma consciência de que é preciso progredir, o Espírito é assistido, no mundo espiritual, pelos bons Espíritos, que o aconselham sobre quais experiências na matéria são necessárias para que ele se desenvolva mais rápido, combatendo assim as suas más inclinações. Um Espírito com muita tendência a ser orgulhoso, por exemplo, pode precisar passar por uma existência humilhante, a fim de que possa aprender o valor da humildade. Aquele que foi rico e usou sua fortuna apenas em benefício próprio, tendo tendência  para o egoísmo, pode precisar nascer na pobreza, às vezes até na miséria, a fim de tomar plena consciência do sofrimento daqueles a quem deixou de ajudar, e assim desenvolver a generosidade. Contudo, cabe a ele decidir se vai passar pela experiência ou não.
No mundo espiritual, quando desencarnados, realizam estudos que não são possíveis enquanto estão encarnados, tendo como instrutores os bons espíritos, para, muitas vezes, pô-los em prática posteriormente, no mundo material, ao voltar a se revestir de um corpo físico.
Quando o Espírito ainda é muito imperfeito, não lhe é permitido escolher, sendo forçado a passar pelas necessárias experiências na matéria, no intuito de direcioná-lo no rumo certo, como os pais fazem com seus filhos quando crianças, ao levá-los à escola ou dar-lhes um remédio mesmo que não queiram, quando ainda não têm consciência do que é melhor para eles próprios.
Iludidos com o corpo físico e o mundo material, pelo qual estão somente de passagem para aprender, os Espíritos, só após várias passagens pela matéria, através das mais diversas experiências, desapegam-se desta, tomando plena consciência da condição de serem Espíritos imortais, e de que os prazeres proporcionados pelo mundo material são passageiros e ilusórios. Assim, aprendem que a verdadeira e absoluta felicidade está na união entre eles e na total sintonia com Deus, quando cultivam o amor fraternal em toda sua plenitude. O foco de suas existências deixa de ser somente em si próprios para abarcar todos os seus irmãos, formando um todo único e indivisível. Utilizar o conhecimento adquirido para ajudar na evolução dos menos experientes, além de ser uma missão confiada a eles por Deus, torna-se uma fonte abundante de prazer: Deus delega a eles, sob Sua inspiração e supervisão, a formação e o governo dos mundos e a responsabilidade pela educação dos Espíritos ainda inexperientes. Após chegar a este estágio final, eles podem ser chamados de Espíritos Puros ou Anjos.
 Na pergunta Nº 459, temos: Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?”
           Resposta: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”
           Vemos, pela resposta acima, o quanto o mundo espiritual influi em nosso mundo material.
Os Espíritos estão, muitas vezes, nos sugerindo pensamentos que tomamos como nossos, nos impulsionando para caminhos diversos.
Os bons, com o propósito de nos encaminhar para o bem, muitas vezes, também para nos proteger, quando nos fazem desviar de perigos que sequer suspeitamos, e para nos auxiliar, quando pedimos sua assistência nas aflições da vida, nos estimulando a coragem e a paciência, e até nos apontando saídas para os nossos problemas, quando isso não vai prejudicar ninguém e nem nos desviar das lições pelas quais devemos passar.
Os maus e viciosos, no intuito de nos manter no atraso em que eles próprios estão, estimulando-nos  a praticar o mal e, muitas vezes, nos direcionam e acompanham, com grande satisfação, na prática de vícios diversos, como os das bebidas alcoólicas, das drogas, nos excessos da alimentação e do sexo promíscuo, etc. Como não possuem corpos materiais, ao nos acompanhar nessas práticas, desfrutam parcialmente de tudo isso, o que os leva a nos estimular para elas mais e mais. Nós os atraímos com os nossos pensamentos, quando sintonizamos nossas mentes em seu nível vibratório grosseiro, quando nos afinamos com suas más inclinações.
No mundo espiritual, os mais evoluídos têm poder sobre os que estão abaixo na escala evolutiva. Dessa forma, os bons têm poder sobre os maus. Contudo, eles permitem, muitas vezes, que os maus nos assediem. Eis por que:
Na pergunta Nº 466, temos: Por que permite Deus que Espíritos nos excitem ao mal?”
          Resposta: “Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a pôr em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito que és, tens que progredir na ciência do infinito. Daí o passares pelas provas do mal, para chegares ao bem. A nossa missão consiste em te colocarmos no bom caminho. Desde que sobre ti atuam influências más, é que as atrais, desejando o mal; porquanto os Espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal logo que desejares praticá-lo. Só quando queiras o mal, podem eles ajudar-te para a prática do mal. Se fores propenso ao assassínio, terás em torno de ti uma nuvem de Espíritos a te alimentarem no íntimo esse pendor. Mas, outros também te cercarão, esforçando-se por te influenciarem para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor dos teus atos.”    
                Na pergunta Nº 469Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?”
              Resposta: “praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: “Senhor! Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”  
Bons Espíritos, ao longo da história, encarnaram na Terra com a missão de fazer progredir a humanidade em seu aspecto moral, seja com seus exemplos, seja com os seus ensinamentos. Como exemplos, temos Jesus, Mahatma Gandhi, Buda, São Francisco de Assis, Chico Xavier, entre outros.  
Grandes gênios, Espíritos de grande evolução intelectual, encarnam de tempos em tempos na Terra, para fazer a humanidade progredir em ciência. São exemplos Isaac Newton, Albert Einstein, Louis Pasteur, entre outros.
Porém não só encarnados os Espíritos atuam, fazendo progredir a humanidade. De tempos em tempos, eles, mesmo do outro lado, inspiram os homens em suas descobertas, de forma secreta, lançando brilhantes idéias para que os homens as desenvolvam. Isso quando estas idéias não foram assimiladas pelos seus descobridores em estudos quando estavam desencarnados, ou parcialmente desprendidos do corpo físico, durante o sono (ver o exemplo do famoso químico Kekulé, que descobriu a estrutura do benzeno durante um sonho).
Vemos assim, diante do que foi exposto, a grande influência do mundo espiritual em nossas vidas, embora não nos apercebamos disto.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan.
A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. 31 ed. Brasilia: FEB, 1944. 423 p.;

2_____________. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro : Editora FEB,1995;

3 MOODY JR., Raymond A. Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1979.172p;

4 ______________________ Reflexões sobre Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1987. 166 p;

5 XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar: quando o servidor está pronto, o serviço aparece. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1944. 281 p. (ditado pelo espírito André Luiz).

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O MUNDO ESPIRITUAL


            Qual o destino da alma após a morte? Será que ela desaparece com a destruição do cérebro? Ou ela sobrevive? Se sobrevive, será que conserva a sua individualidade, sua capacidade de raciocinar, de se emocionar, de lembrar? Nesse caso, como ela percebe o universo ao seu redor? Será que o período em que permanece ligada ao corpo tem alguma influência no estado pós-morte? Se tem, qual? Podemos um dia voltar a nos revestir de um corpo físico, ou seja, reencarnar?
As perguntas acima, não raro, são consideradas de pouca importância, tão ocupados que estamos com o trabalho, a formação profissional, o consumismo desenfreado, enfim, a vida moderna. Cada vez mais acelerada, ela nos arrasta para uma visão hedonista do mundo. O lema vigente é ser feliz aqui e agora.
Contudo, esquecemos que a morte é algo que todos, sem exceção, teremos que encarar frente a frente, mais cedo ou mais tarde, seja a nossa própria morte, seja a de nossos entes queridos.
 É necessário conhecer o que brevemente será nosso destino para todo o sempre, assim como alguém que, tendo que se mudar definitivamente para um país distante, precisa saber como é aquele local, seus habitantes, costumes, perspectiva de emprego, clima, etc.
Todas as religiões, em maior ou menor profundidade, tentaram responder às perguntas acima. A ciência “oficial” ainda não deu a merecida importância ao problema, devido ao fato de boa parte dos seus membros professarem a crença materialista (aquela que acredita no poderoso “ Deus Acaso”), sem antes submeterem a questão às devidas experimentações, que devem ser isentas de qualquer ponto de vista preconcebido. Estas foram realizadas em abundância na segunda metade do século XIX e início do século XX, de forma independente, por cientistas de grande importância na época. Boa parte deles, diante das fortíssimas evidências que tinham diante de si, tornaram-se convictos da sobrevivência da alma, apesar de, antes dessas pesquisas, serem céticos (como exemplos, temos William Crookes, Cesare lombroso Alfred Russel Wallace, , além de muitos outros. Ver o texto "Ilustres Cientistas Confirmaram: A Alma Sobrevive à Morte", neste blog).
Diversos outros pesquisadores, durante todo o século XX, também de forma independente, realizaram pesquisas neste campo, chegando às mesmas conclusões, inclusive demonstrando a realidade da reencarnação (ver os textos Fortes Evidências da Reencarnação” e “Existe Vida Após a Morte?, neste blog).
O Espiritismo, confirmado pelas graníticas evidências geradas pelas experiências supracitadas, também apresenta as suas respostas às questões acima, porém em profundidade e lógica inigualáveis.
 Assim como a invenção do microscópio revelou a existência do até então desconhecido mundo dos microorganismos (de inquestionável importância para nossa sobrevivência e de toda a vida na Terra), o Espiritismo, através da comunicação dos Espíritos, revelou à humanidade um mundo em constante intercâmbio com o nosso, muito mais amplo e complexo, nosso destino breve, o Mundo Espiritual.
Segundo os Espíritos responsáveis pela codificação da Doutrina Espírita (ver o texto O Início do Espiritismo Parte 2 - A Codificação, neste blog), paralelo a nosso universo material existe um universo de matéria sutil, imperceptível aos nossos cinco sentidos e aos nossos atuais instrumentos, que poderíamos chamar de Mundo Espiritual. Ele já existia antes da formação do nosso universo.
Ainda conforme os Espíritos da codificação, existe um único elemento primitivo, chamado Fluido Cósmico Universal, cujas combinações e modificações dão origem tanto à matéria do nosso mundo material quanto à do mundo espiritual.
Relativamente ao mundo espiritual, na realidade, também poderíamos chamá-lo de Mundos Espirituais, no plural mesmo, pois a matéria que o compõe se encontra nos mais diversos graus de materialização, formando diferentes níveis. Conforme o Espírito André Luiz, pela psicografia do médium Chico Xavier, seriam níveis vibratórios diferentes. Cada nível corresponderia a um “mundo” diferente, embora coexistente com os demais. Como disse o Cristo: "Na casa de meu Pai há muitas moradas".
 O Espírito, sede do pensamento e das sensações, aglutinando em torno de si matéria espiritual, forma o chamado corpo espiritual, também chamado de Perispírito (palavra que significa: em torno do Espírito). É ele que é visto quando acontecem as aparições de fantasmas. O corpo espiritual serve de intermediário entre o Espírito e o corpo físico, funcionando como elo de ligação e canal de troca de informações entre ambos. 
Assim como o corpo físico nos serve para transitar pelo mundo material, percebê-lo e interagir com ele, da mesma forma, o corpo espiritual nos serve como veículo e meio de interação com o mundo espiritual, assumindo a forma do corpo físico que tivemos em nossa última encarnação (Espíritos que já atingiram certo grau evolutivo podem dar a seu corpo espiritual a forma que desejarem). Com o corpo espiritual, o Espírito estabelece a sua individualidade, perante os demais, no mundo espiritual.
A matéria do mundo espiritual é sensível ao pensamento e à vontade, através dos quais o Espírito pode realizar as mais diferentes combinações com ela, dando origem às mais diversas propriedades, e moldá-la nas mais diferentes formas, bem como direcioná-la para onde queira. Assim como o homem que, através de suas mãos, pode realizar as mais diversas manipulações e combinações com as diversas substâncias do mundo material. Contudo, saber manipular a matéria espiritual depende do grau de entendimento do Espírito. Os mais atrasados só a manipulam de forma inconsciente. É o que acontece quando o Espírito, mesmo ainda estando em um baixo nível evolutivo, molda o seu corpo espiritual com a forma de sua última encarnação, sem sequer se aperceber disto.
O teor da matéria do corpo espiritual varia conforme o grau evolutivo do Espírito. Quanto mais desapegado da matéria, mais desmaterializado é o seu corpo espiritual, situando-o em determinado nível vibratório. Como analogia, para facilitar o entendimento, podemos comparar com o rádio. Quando estamos procurando determinada estação (para ouvir as notícias do dia, por exemplo), mexemos no seletor até encontrar a freqüência daquela estação, processo chamado sintonia. Assim, podemos dizer que o Espírito, conforme o teor dos seus pensamentos, característico de seu nível evolutivo, sintoniza com determinado nível vibratório do mundo espiritual.
À medida que o Espírito evolui, ele vai aumentando o seu nível vibratório, podendo perceber os eventos que acontecem neste nível e também nos níveis inferiores, pois pode diminuir a sua vibração até eles. Porém nunca acima do seu próprio, salvo quando conseguir evoluir até eles. É dessa forma que os Espíritos superiores podem se fazer invisíveis aos menos adiantados, muitas vezes para auxiliá-los secretamente.
Conforme o Espírito André Luiz, no livro “Nosso Lar”, psicografado por Chico Xavier, os cenários do mundo espiritual são, muitas vezes, bastante semelhantes aos do mundo material. Prédios, casas, aparelhos eletrônicos, vegetação, necessidade de alimentar-se e até um ônibus voador fazem parte de suas descrições (Diga-se de passagem, bastante avançadas para a época em que foi escrito o livro).
A espiritualidade superior, através da ação do pensamento e da vontade sobre a matéria espiritual, criou milhares de colônias espirituais em volta da Terra. Sua semelhança com o mundo material, obviamente, deve-se ao grau de materialidade dos Espíritos que ainda necessitam daquelas instituições para reequilibrarem-se e aprenderem, rumo a graus mais elevados. Os Espíritos pouco evoluídos, ainda muito apegados à matéria, dificilmente se adaptariam a um ambiente que fosse muito diferente ao da Terra. Trata-se de uma zona de transição, ainda muito distante do máximo grau evolutivo a que podem chegar os Espíritos.
Outros médiuns poderosos, antes mesmo da codificação kardequiana (nome comum para as obras codificadas por Allan Kardec), obtiveram detalhes do plano espiritual que coincidem bastante com os relatos de André Luiz, como Emmanuel Swedemborg no século XVII, e Andrew Jackson Davis no século XIX.
Swedemborg, nas palavras de Sir Arthur Conan Doyle, no seu livro “História do Espiritismo”, através de sua clarividência:

“Verificou que o outro mundo, para onde vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito de morte têm pouco proveito. Nessas esferas verificou que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes (grifo nosso).”

Andrew Jackson Davis, ainda conforme Conan Doyle, na obra supracitada, a respeito da vida pós-morte, através de sua visão espiritual:

“Viu uma vida semelhante à da Terra, uma vida que pode ser chamada semimaterial, com prazeres e objetivos adequados à nossa natureza, que de modo algum se havia transformado pela morte (grifo nosso). Viu estudo para os estudiosos, tarefas geniais para os enérgicos, arte para os artistas, beleza para os amantes da Natureza, repouso para os cansados. Viu fases graduadas da vida espiritual, através das quais lentamente se sobe para o sublime e para o celestial (grifo nosso). Levou a sua magnífica visão acima do presente universo e o viu como uma vez mais este se dissolvia numa nuvem de fogo, da qual se havia consolidado, e, uma vez mais se consolidado para formar o estágio, no qual uma evolução mais alta teria lugar e onde uma classe mais alta se iniciaria do mesmo modo que algures a classe mais baixa. Viu que esse processo se renovava muitas vezes, cobrindo trilhões de anos e sempre trabalhando no sentido do refinamento e da purificação.”

O conceituado magnetizador francês Louis Alphonse Cahagnet, conforme Gabriel Delanne (citado no livro “Allan Kardec”, de Zeus Wantuil e Francisco Thiesen) foi “Um lutador soberbo”, “que teve a glória de fazer-se o que foi: um dos pioneiros da verdade”. Obtendo comunicações com os desencarnados, por intermédio de vários pacientes em estado sonambúlico, também obteve informações parecidas com as de André Luiz. Abaixo temos perguntas feitas por Cahagnet ao Espírito de um sacerdote católico e suas respectivas respostas, de um trecho do seu livro de 1847, de título original “Arcanes de La vie future dévoilés” (extraído do livro “ Allan Kardec”, acima citado):

P. – A forma da alma que tendes é perfeitamente semelhante à do corpo em que ela habitava?
R. – Sim.
P. – Vós dormis e comeis?
R. – Dorme e come quem quer; isto não é uma necessidade como no planeta; é mais uma satisfação para aqueles que o fazem.
P. – Morais numa casa como na Terra?
R. – Eu estou numa casa; há casas nesta vida, do mesmo modo que sobre a Terra.
P. – Há também cidades e aldeias?
R. - Eu não sei como se nomeiam as cidades no céu; basta dizer-vos que há casas. Não me ocupo do resto.
P. – Quais são as vossas ocupações ordinárias?
R. – Leio, escrevo e passo parte do meu tempo a aconselhar o bem aos indivíduos inclinados ao mal.
P. – Podeis então comunicar com eles?
R. – Sim, com os Espíritos deles.

Informações bastante semelhantes também foram obtidas durante várias ocorrências do fenômeno conhecido como Experiências-de-Quase-Morte (EQM), quando um indivíduo, estando numa situação próxima à morte, tem o seu corpo espiritual parcialmente desprendido do corpo físico. Numa média de 10 a 20% dos casos, após terem sido ressuscitadas pelos médicos ou, de alguma forma, se recuperarem, as pessoas conseguem lembrar o que perceberam durante o desprendimento, quando o coração e o cérebro estavam parados. O relato abaixo consta no livro “Vida Depois da Vida”, do Dr. Raymond Moody Jr. :
 “Sofri um ataque cardíaco e me encontrei em um vácuo negro, e aí soube que tinha deixado para trás o meu corpo físico. Sabia que estava morrendo e pensei: ‘Ó Deus, fiz o melhor que eu pude fazer na ocasião. Por favor me ajude’. Imediatamente, fui sendo movido para fora daquela treva, através de um cinzento pálido, e fui indo, flutuando e movendo rapidamente, e bem em frente, ao longe, via uma névoa cinza, e eu estava indo aceleradamente para lá. Não estava chegando tão rápido quanto queria, e, à medida que ia me aproximando, dava para ver através dela. Além da névoa, podia ver bem as pessoas, e as suas formas eram as mesmas que tinham tido na Terra, e dava para ver também coisas que pareciam construções (grifo nosso). Toda a cena estava permeada da mais encantadora luz ---- uma luz vívida, de brilho amarelo-ouro, de cor pálida, e não como o dourado berrante que conhecemos na Terra. Quando eu me aproximei mais, tive certeza de que ia passar através da névoa. Era uma sensação tão alegre e maravilhosa que não há palavras que a possam descrever. No entanto, ainda não tinha chegado a minha vez de ultrapassar a névoa, e isso porque vindo do outro lado instantaneamente apareceu na minha frente meu tio Carl, que tinha morrido muitos anos antes (grifo nosso). Ele bloqueou minha passagem dizendo: ‘ Volte. Seu trabalho na Terra ainda não acabou. Agora volte’. Eu não queria voltar, mas não tinha escolha, e imediatamente estava de volta ao meu corpo. Senti aquela dor horrível no peito e ouvi meu filhinho chorando: ’Deus, traga a minha mãe de volta’.”
            Retiro o relato seguinte de outro livro do Dr.Moody, de título “Reflexões Sobre Vida Depois da Vida":
“Havia uma espécie de vibração. Uma vibração que me cercava, envolvendo-me o corpo. Era como se o corpo vibrasse e não pude identificar a origem da vibração. Mas, quando o corpo vibrava, eu me separava dele. Então, podia vê-lo de fora... fiquei por perto durante algum tempo, observando os médicos e enfermeiras trabalharem no meu corpo, e tentando imaginar qual seria o resultado... fiquei à cabeceira da cama, olhando para eles e para meu corpo. A certa altura, uma enfermeira estendeu a mão para a parede atrás da cama, a fim de pegar a máscara de oxigênio que ali estava, e, ao fazê-lo, passou o braço através de meu pescoço...
 “ Em  seguida, flutuei, atravessando um túnel escuro... Penetrei no túnel negro e emergi numa luz brilhante... Um pouco mais tarde, eu estava com meus avós, meu pai e meu irmão, que já tinham morrido (grifo nosso)... A luz mais linda e brilhante nos inundava. E o lugar era lindo. Havia cores - cores vivas - não como as daqui da Terra, mas simplesmente indescritíveis. E pessoas – pessoas felizes... Pessoas por todos os lados, algumas reunidas em grupos. Algumas estavam aprendendo...
“ À distância... pude avistar uma cidade. Prédios... prédios separados uns dos outros. Eram polidos, brilhantes. As pessoas eram felizes ali. Água límpida, que refletia a luz, repuxos... creio que o melhor meio de descrever seria dizer ‘uma cidade de luz’(grifo nosso)... Esplendorosa. Tudo brilhava, uma maravilha... Mas se eu entrasse nela, creio que jamais teria voltado... Disseram-me que, se eu entrasse ali, não poderia regressar... que a opção era exclusivamente minha”.
        Durante as recordações de vidas passadas, seja as espontâneas ou em sessões de Terapia de Regressão a Vidas Passadas (ver o texto “Fortes Evidências da Reencarnação”, neste blog), muitas pessoas relataram o que aconteceu no intervalo entre as encarnações, também chamado de “período de intermissão”, descrevendo detalhes do mundo espiritual bastante semelhantes aos acima descritos.
Para pessoas pouco informadas sobre o assunto, à primeira vista podem parecer absurdas estas informações. Elas dizem: “prédios, construções no mundo espiritual? Isso é viagem”.
Contudo, fazendo-se uma comparação entre as informações obtidas pelas mais variadas e independentes fontes, vistas acima, e o relatado por André Luiz, vemos que existe grande coincidência em vários pontos (conforme o método kardequiano do Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos), o que confere ao relatado no livro “Nosso Lar” alto grau de confiabilidade. 


Além disso, matéria sutil, invisível e imponderável, coexistindo lado a lado com a nossa, e universos paralelos, já são considerados teoricamente possíveis pela ciência “oficial”, com base na Física Quântica. Ver os artigos “Matéria e anti-matéria podem ser criadas do nada”, “Confirmado: a matéria é resultado de flutuações do vácuo quântico” e “Existirão vidas em outros universos?” no site Inovação Tecnológica, endereços eletrônicos abaixo.

Termino este texto com uma frase do grande astrônomo Camille Flammarion:

“O desconhecido de ontem é a verdade de amanhã”.

Este texto continua em "O Mundo Espiritual Parte 2", neste blog.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 DOYLE, Arthur Conan (Sir). História do espiritismo. São Paulo: Pensamento, [1999]. 498 p.;

2 KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. 31 ed. Brasilia: FEB, 1944. 423 p.;
3 _____________. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro : Editora FEB,1995;

4 MOODY JR., Raymond A. Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1979.172p;
5 ______________________ Reflexões sobre Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1987. 166 p;

6 PARNIA, Sam. O que acontece quando morremos: um estudo sobre a vida após a morte. São Paulo: Larrouse, 2008. 246 p.;

7 WANTUIL, Zeus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec: pesquisa biobibliográfica e ensaios de interpretação. 3. ed. Brasília: FEB, 1980. 311 p., v. 2.;

8 XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar: quando o servidor está pronto, o serviço aparece. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1944. 281 p. (ditado pelo espírito André Luiz).

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS:



quarta-feira, 6 de julho de 2011

FORTES EVIDÊNCIAS DA REENCARNAÇÃO


Dr Ian Stevenson: Pesquisou cerca de 2700 casos de crianças que lembraram de suas vidas passadas
Fonte da imagem: http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/ian_stevenson.htm

Fábio José Lourenço Bezerra

No nosso texto anterior, de título “A Lógica da Reencarnação, neste blog, falamos da reencarnação no seu aspecto filosófico, demonstrando que ela é uma conseqüência lógica, quando partimos do princípio de que Deus existe e possui os atributos Onipotência e Soberana Justiça e Bondade.
De fato, além de a reencarnação ter sua existência confirmada por diversos Espíritos, em comunicações através de diversos médiuns, desconhecidos entre si e de localidades diferentes e distantes do mundo (pelo método de Allan Kardec, chamado Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos, sobre o qual falamos no texto Os Mortos Voltam para Contar?, neste blog), podemos chegar à conclusão de sua existência utilizando apenas o raciocínio lógico, como bem falou Allan Kardec, no Capítulo V de “O Livro dos Espíritos”:
“[...] Temos raciocinado, abstraindo, como dissemos, de qualquer ensinamento espírita que, para certas pessoas, carece de autoridade. Não é somente porque veio dos Espíritos que nós e tantos outros nos fizemos adeptos da pluralidade das existências. É porque essa doutrina nos pareceu a mais lógica e porque só ela resolve questões até então insolúveis.”
Além de os Espíritos terem-na confirmado, e ela ser bastante lógica, a reencarnação é confirmada por uma quantidade enorme de evidências. No mundo inteiro, diversos pesquisadores têm estudado o fenômeno da reencarnação.
A pesquisa acontece em duas áreas distintas: casos de lembranças espontâneas de vidas anteriores, geralmente em crianças, e a outra através de um processo, atualmente muito utilizado com fins terapêuticos, que é a Técnica de regressão de memória a vidas passadas.
Na primeira área, destacamos o professor de psiquiatria Dr. Ian Stevenson e o atual continuador de sua pesquisa, o psiquiatra infantil Dr. Jim B. Tucker,  ambos da  Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Destacamos também o médico psiquiatra indiano Dr. H. N. Banerjee. No Brasil, uma pesquisa desta natureza também foi realizada pelo engenheiro Ernani Guimarães Andrade.
Na segunda área, tendo como precursor o coronel francês Albert de Rochas, que pesquisou sobre as vidas passadas de dezoito pessoas, entre 1903 e 1910, através da hipnose, destacamos a renomada psicóloga americana Dra. Helen Wambach e inúmeros psicoterapeutas, dos quais temos como exemplos: Morris Netherton, Edith Fiore e Brian Weiss nos Estados Unidos , Roger Woolger na Inglaterra, Patrick Druot na França, Thorwald Dethlefsen na Alemanha e Hans Tendam na Holanda, além de outros.
A partir do conjunto de todas essas pesquisas, chega-se a uma única conclusão possível: a reencarnação não é apenas uma teoria, mas um fato amplamente demonstrado.
Relativamente à pesquisa do Dr. Ian Stevenson, este registrou, ao redor do mundo, em um período de mais de quarenta anos para cá, perto de 2700 casos de crianças que relataram lembranças de vidas anteriores. Algumas se dizem membros da família já falecidos, outros descrevem vidas anteriores como estranhos. Tipicamente, a criança, muito nova (em geral por volta dos seus 2 a 3 anos de idade), começa a falar de uma outra vida persistentemente. Muitas vezes, pede que a levem para encontrar-se com a sua outra família, em outro local. Quando a criança fornece nomes ou detalhes suficientes sobre a outra localidade, a família atual, quase sempre, vai até lá e confirma as informações dadas pela criança, que se mostram corretas. As informações batem, em vários casos com riqueza de detalhes, com a vida de uma pessoa há pouco tempo falecida.
As crianças não só demonstram ter lembranças da vida da personalidade anterior (detalhes a respeito de membros da antiga família, eventos da vida passada ou o modo como morreram), mas também, com muita freqüência, apresentam marcas de nascença semelhantes a ferimentos no corpo da vida anterior, bem como suas emoções, apegos, medos, vícios, gostos e aversões.  A identificação com um determinado país ou sexo também aparecem em alguns casos.
Já na pesquisa da Dra. Helen Wambach, esta, utilizando-se da hipnose, registrou mais de 1000 casos de recordações de vidas passadas de homens e mulheres. Os dados recolhidos por ela, entre outros, foram relativos a sexo, aparência, vestuário, ambiente, alimentação e tipo de moeda usado à época da vida anterior, além da sensação experimentada no momento da morte, quando o espírito abandonou o corpo.
O que impressiona na pesquisa da Dra. Wambach é que, posteriormente, realizando pesquisas históricas sobre os dados supracitados, verificou que estes eram exatos, pois se encaixavam perfeitamente na época em que se deram as vidas anteriores. Digno de nota é que, para a grande maioria das pessoas que participaram de sua pesquisa, seria impossível terem conhecimento de todos aqueles detalhes históricos. E, dando um tratamento estatístico aos dados, verificou que o número total de vidas anteriores das pessoas pesquisadas, relativamente ao sexo (49,4 % de mulheres e 50,6 % de homens), distribuía-se da forma como prevê a Biologia, ou seja, 50 % para cada sexo. Verificou também que a distribuição da densidade populacional, compreendida entre os anos 2000 antes de Cristo e o século XX, coincidia com os dados estatísticos atualmente aceitos. Mostrou-se assim, claramente, que as lembranças dos participantes da pesquisa não eram apenas fantasias.
Chamamos a atenção, relativamente à pesquisa da Dra. Wambach, ao fato de que muitas informações obtidas, como, por exemplo, as do período entre uma vida e outra, a finalidade da reencarnação, a escolha e o planejamento, pelo espírito, do tipo de vida pela qual passará, etc., coincidem e muito com os postulados espíritas.
Nas comunicações com Espíritos através de aparelhos eletrônicos (Transcomunicação Instrumental), que começou a ocorrer a partir de 1959 com Friedrich Jurgenson, através de um gravador de áudio, e depois espalhou-se pelo mundo através de vários pesquisadores, com registros em áudio e também em vídeo, inclusive pelo computador, também foi confirmada a existência da reencarnação (Ver os textos "Os Espíritos se Comunicam por Aparelhos Eletrônicos? Parte 2", neste blog).
A reencarnação também aparece nos relatos de muitas pessoas que passaram pelas chamadas Experiências de Quase-Morte (mais detalhes sobre este fenômeno no meu texto As Experiências de Quase-Morte, neste blog).

Ao estudar a reencarnação, na Universidade Estadual do Colorado (EUA), em 1988,Albertson e Freeman, testando algumas hipóteses e contra-hipóteses, chegaram a conclusões semelhantes a outros pesquisadores , tendo estes utilizado métodos diferentes. Eles aplicaram estas hipóteses e contra-hipóteses aos vários estudos existentes sobre reencarnação, e também à gama de fenômenos paranormais conhecidos. Debruçando-se sobre a história da humanidade, as mais diversas religiões, filosofias, e os vários fenômenos paranormais, depararam-se com concordâncias precisas, ou seja, padrões, sobre reencarnação.

Abaixo estão os padrões identificados por estes dois pesquisadores*:

1. O ser humano consiste pelo menos em duas partes distintas: um corpo e um espírito.

2. O espírito é uma entidade não-física, existe e pode funcionar independente e à parte do domínio físico.

3. O espírito pode tomar decisões e escolhas acerca da sua situação, tanto em relação ao mundo físico quanto ao domínio espiritual, desde que não viole as leis causais básicas.

4. O espírito existe para sempre.

5. Alguns espíritos passam através de mais de uma vida biológica e estão associados sucessivamente com diferentes corpos físicos.

6. O espírito se separa do corpo físico após sua morte.

7. O espírito junta-se ao corpo físico, no processo do nascimento.

8. O espírito conserva uma memória de todas as fases da sua existência prévia.

9. O espírito tem dois modos ou oportunidades de aprendizagem: experiências no mundo físico e experiências no domínio do espírito.

10. O espírito pode aprender os princípios teóricos básicos de viver no domínio espiritual e pode aprender a aplicação prática desses princípios no mundo físico.

11. Os pensamentos e ações do espírito numa vida terão consequências na sua escolha de circunstâncias para quaisquer vidas subsequentes.

12. O espírito escolhe cuidadosamente as circunstâncias iniciais - corpo, família, etc. - de uma vida física que iniciará.

13. Um espírito pode receber assistência, na decisão de reencarnar, de guias espirituais.

14. O objetivo principal da vida de um espírito é aprender e praticar o amor incondicional a todas as pessoas, incluindo a si próprio.

15. Enquanto no domínio espiritual, o espírito tem oportunidades de ajudar àqueles que se encontram no mundo físico.
16. Há vários níveis de existência espiritual, após a morte do corpo físico, onde o espírito pode habitar.

17. A situação de um espírito dum nível de existência espiritual, após a morte do seu corpo físico, dependerá da sua evolução na época da morte.

18. A evolução do espírito a qualquer momento, é determinada em grande parte, mas não totalmente, pelas suas ações e pensamentos passados.

19. O nível mais baixo da existência espiritual disponível para um espírito é um estado de ligação próximo à matéria.

20. Espíritos que penetram níveis mais elevados da existência espiritual após a morte do corpo físico, escolhem fazer isso com a assistência dos guias espirituais.

21. Num estado ligado à terra, isto é, desencarnado à espera de reencarnar de novo, um espírito pode encaixar-se numa das várias atividades, por exemplo:

a) ligação aos espíritos nos corpos.
b) esconder-se com medo do contacto com outros espíritos;
c) vaguear de lugar para lugar, tentando comunicar com espíritos que deixam os corpos físicos.

22. Nos níveis mais altos da existência espiritual, um espírito pode aprender os princípios de viver em qualquer dos templos da sabedoria (cidades espirituais), sob a proteção dos guias espirituais.

23. Os espíritos preferem a existência nos níveis mais altos do domínio espiritual do que a existência no plano da terra e escolhem retornar ao plano físico para poderem avançar em sua aprendizagem.



(Extraído do livro Reencarnação: processo educativo. Autor: Adenáuer Marcos Ferraz de Novaes)

É impressionante como estes padrões coincidem com os ensinamentos do Espiritismo.

Contudo, na bibliografia de seu estudo, os pesquisadores não citaram nenhum livro de Allan Kardec ou mesmo as obras que complementam a Codificação espírita.  Isto serve como demonstração do caráter universal das teses espíritas, confirmadas pelas mais diferentes fontes, independentes entre si.

       Verificamos assim, mais uma vez, através das mais variadas fontes e fatos comprovados por muitos pesquisadores não espíritas, em boa parte composta por acadêmicos de grande sucesso e reputação em suas áreas de atuação, que a Doutrina Espírita vai sendo confirmada ao longo do tempo, apesar dos seus mais de 150 anos de existência.

       Como disse o codificador do Espiritismo, Allan Kardec:

“Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade”.               

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, 1995.;
2 WAMBACH, Helen. Recordando vidas passadas, 1978;
3 MOODY Jr. Raymond A. Vida depois da vida, 1979;
4 ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia: uma visão panorâmica, 2002;
5 WEISS, Brian L. Muitas vidas, muitos mestres, 1988;
6 TUCKER, Jim B. Vida antes da vida: uma pesquisa científica das lembranças que as crianças têm de vidas passadas, 2007;
7 TENDAM,  Hans.  Panorama sobre a reencarnação Vol 1, 1996;
8 ROCHAS D’AIGLUN, Eugene –Auguste Albert de. As vidas sucessivas, 2002;
10 NOVAES, Adenáuer Marcos Ferraz de. Reencarnação: processo educativo. Salvador:  Fundação lar harmonia, 2003.