Fábio José Lourenço Bezerra
Antes de nos ocuparmos das
experiências com médiuns do cientista Russel Wallace, vamos ver sua biografia
resumida, extraída do site Núcleo Espírita Verbo de Luz, baseada na obra “Enciclopédia
Mirador Internacional - ABC do Espiritismo” de Victor Ribas
Carneiro:
“Alfred Russel Wallace nasceu em Usk,
Monmouthshire, na Inglaterra, em 8 de janeiro de 1823 e morreu em Broadstone,
Dorset, também na Inglaterra, a 7 de novembro de 1913.
Trabalhou, inicialmente, como topógrafo e
arquiteto. Por volta de 1840 começou a interessar-se por botânica. Em 1848,
iniciou viagem pelo Amazonas, ali permanecendo até 1850. A valiosa coleção
acumulada nessa expedição foi consumida pelo fogo na viagem de volta, embora
Wallace tenha conservado as anotações que lhe permitiram escrever um livro
sobre a Amazônia.
Viajou depois extensamente - entre 1854 e 1862 -
pelo arquipélago malaio. Depois, fixou-se em seu país, dedicando-se a pesquisas
científicas que divulgou em grande número de livros.
A evolução das espécies
Em 1858, numa reunião da Sociedade Linneana de
Londres, é apresentado conjuntamente um resumo da teoria de Darwin sobre a
evolução das espécies e um ensaio de Wallace sobre o mesmo assunto, tomando
como base a seleção natural.
O trabalho de Wallace, Sobre a tendência das
variedades de se afastar indefinidamente do tipo original, foi depois publicado
em livro, com outros ensaios, em 1870.
Em 1869, Wallace divulgou o resultado da ampla pesquisa
feita no arquipélago malaio, onde investigou a distribuição geográfica dos
animais e assinalou a diferença de exemplares encontrados nas regiões oriental
e austral do arquipélago, por ele separadas através de uma linha imaginária: a
Wallace's line.
A sobrevivência do mais forte
A versatilidade de Wallace leva-o ainda a
interessar-se por questões tão diferentes quanto a da nacionalização agrária
(que apóia) e a vacinação (que combate).
O trabalho de Wallace sobre a evolução das
espécies, escrito em fevereiro de 1858, na Malaia, tem como ponto de partida o
Ensaio sobre a população, de Thomas Robert Malthus. Anos depois, Wallace se
afasta de Darwin, que defende a tese da "seleção sexual", preferindo
a da sobrevivência do mais forte e, em seu espiritualismo, aceita a intervenção
de causas não identificadas na evolução das espécies.
Seus trabalhos sobre a fauna oriental e austral
fazem de Wallace um dos fundadores da geografia animal.
Obras:
O primeiro livro de Wallace foi Narrativa de
viagens pelo Amazonas e o Rio Negro (1853). Nesse, como em O arquipélago
malaio, de 1869, o naturalista apresenta os resultados de suas excursões e
estudos nas duas regiões.
Em 1870, divulga seus ensaios sobre o problema da
evolução em Contribuições para a teoria da seleção natural. Seu livro
Distribuição geográfica dos animais, de 1876, além de dar-lhe papel relevante
na zoogeografia, torna-o um precursor dos modernos estudos da influência da
divisão de terras emersas e da divisão dos mares sobre a genealogia das
espécies.
Em 1882, publica Nacionalização agrária, defendendo
a necessidade da propriedade estatal da terra. Em Quarenta e cinco anos de
registro de estatísticas, de 1885, combate a vacinação, que considera perigosa
e inútil.
As críticas de Wallace a Darwin, tanto pela seleção
natural como pela seleção sexual, foram reunidas no livro Darwinismo, de 1889.
Wallace também deixou outras obras: O século
maravilhoso, no qual estuda os êxitos e fracassos do século 19; O lugar do
homem no universo; a autobiografia Minha vida, de 1905; O mundo e a vida, de
1910; e Meio social e progresso moral, de 1912.
Alfred Russel Wallace recebeu, em 1892, a Medalha
de Ouro da Sociedade Linneana, prêmio que se concede, todos os anos, a um
botânico ou zoólogo cujo trabalho tenha importância significativa para o avanço
da ciência.”
“Em 1865, investigou os fenômenos das mesas
girantes ainda tão em voga na Europa; a mediunidade de Mr. Marshall, de Mr.
Cuppy e outras, estabelecendo, mais tarde, que os fenômenos espíritas "são
inteiramente comprovados tão bem como quaisquer fatos que são provados em
outras ciências".”
No seu livro “On
Miracles and Modern Spiritualism”, de 1875, ele escreveu:
“Há alguns anos, eu era um materialista
tão convicto que não admitia em absoluto a existência do Espírito, nem qualquer
outro agente no Universo que não fosse a energia e a matéria. Os fatos,
entretanto, são coisas marcantes.
A minha curiosidade foi primeiro aguçada por alguns fenômenos singelos, mas
inexplicáveis, que se produziam em casa de família amiga; o desejo de saber e o
amor à verdade me forçaram a prosseguir na pesquisa deles.”
Aqui abro um parêntese para
transcrever, de outra obra de Russel Wallace intitulada “O Aspecto
Científico do Sobrenatural”, editado pela Lachâtre, a descrição que ele
faz algumas de suas primeiras experiências:
“...em setembro de 1865 eu
comecei uma série de visitas à senhora Marshall, geralmente acompanhado por um
amigo, um bom químico e mecânico, e uma mente completamente cética. O que
observamos pode ser dividido em duas classes de fenômenos – físicos e mentais.
Uns e outros eram muito numerosos e variados, mas devo apenas selecionar uns
poucos de cada, que são de natureza clara e definida.
1º - Uma pequena mesa, sobre a qual as mãos de
quatro pessoas foram colocadas (incluindo as minhas e as da senhora Marshall),
subiu verticalmente cerca de 30 centímetros do assoalho e permaneceu suspensa
por cerca de 20 segundos, enquanto meu amigo, que estava assentado observando,
podia ver a parte inferior da mesa com os pés livremente suspensos acima do
assoalho.
2º - Enquanto eu estava assentado em uma mesa
comprida, a senhora T. à minha esquerda e o senhor R. à minha direita, um
violão que havia sido colocado nas mãos da senhorita T. escorregou para o
assoalho, passou pelos meus pés e foi ao senhor R., subindo sobre as suas
pernas até que apareceu acima da mesa. Eu e o senhor R. estávamos olhando-o
cuidadosamente o tempo todo e ele se comportou como se estivesse vivo ou como
se uma criança pequena e invisível fosse, com grande esforço, movendo-o e
elevando-o. Estes dois fenômenos foram observados à luz clara de lampião a gás.
3º - Uma cadeira, sobre a qual uma conhecida do
senhor R. assentou-se, suspendeu-se com ela. Depois disto, quando ela voltou
para o piano, onde ela esteve tocando, sua cadeira moveu-se novamente. Depois
disto acontecer por três vezes, ela ficou aparentemente fixa sobre o assoalho e
não podia elevar-se. O senhor R. então segurou-a e descobriu que apenas com
grande esforço podia ser retirada do chão. Esta sessão aconteceu em uma hora
diurna, em um dia claro e em um aposento do primeiro andar com duas janelas.
Embora estes poucos fenômenos possam parecer estranhos aos leitores que nunca
viram nada do gênero, afirmo positivamente que são fatos que se deram da forma
como eu os narrei, não havendo lugar para qualquer truque ou ilusão. Em cada
caso, antes que começássemos, eu virava as mesas e cadeiras, e constatava que
eram apenas peças comuns de mobília, que não havia qualquer conexão entre elas
e o assoalho, e as colocávamos no lugar onde desejávamos antes de nos
assentarmos. Muitos dos fenômenos ocorreram inteiramente sob nosso controle, e
totalmente desconectados do médium. Eles possuíam tanta realidade quanto o
movimento dos pregos em direção ao magneto, e, pode-se dizer ainda, nada mais
incompreensíveis que eles mesmos.
Os fenômenos mentais que mais frequentemente ocorreram foram a soletração de
nomes conhecidos de pessoas presentes, suas idades ou outras particularidades a
seu respeito. Eles são especialmente incertos em sua manifestação, embora,
quando acontecem, sejam muito conclusivos para os que os testemunham. A geral
opinião dos céticos sobre estes fenômenos é a de que sua ocorrência
depende exclusivamente da agudeza ou talento do médium em indicar as letras que
formam o nome, a partir da forma que as pessoas se expressam ou demonstrem
ansiedade – o modo comum de receber estas comunicações é o interessado passar a
mão sobre um alfabeto impresso, letra por letra – provocando batidas sonoras
para indicar as letras que formam os nomes requeridos. Selecionarei algumas de
nossas experiências que mostrarão quão provável deve ser esta explicação.
Quando eu recebi pessoalmente uma comunicação, estava particularmente cuidadoso
em evitar dar qualquer indicação, passando com constante regularidade sobre as
letras. Ainda assim, falou-se corretamente, inicialmente o lugar onde o meu
irmão morreu, Pará (Brasil), depois o seu nome cristão, Herbert, e, por fim, a
meu pedido, o nome comum que o viu pela última vez, Henry Walter Bates. Nesta
ocasião, nosso grupo de seis pessoas visitou a senhora Marshall pela primeira
vez, e o meu nome, assim como os dos outros membros, exceto um, eram-lhe
desconhecidos. O nome conhecido era o da minha irmã casada, sem qualquer
relação com o meu nome.”
“Em outra ocasião, acompanhei minha irmã e uma senhora (que não havia estado lá
anteriormente) à residência da senhora Marshall, e tivemos uma ilustração muito
curiosa do absurdo de se imputar o ditado de nomes à hesitação do receptor e à
acuidade do médium. Ela desejava que o nome de um conhecido particular falecido
fosse soletrado para ela, e apontou as letras do alfabeto na forma usual,
enquanto eu escrevia o indicado. As primeiras letras foram YRN. “Oh!”, ela
disse, “não faz sentido, devemos começar novamente!” Nem bem o disse e veio um
E, e, achando que sabia do que se tratava, eu disse – “Por favor, continue, eu entendo.”
A totalidade do ditado ficou assim – YRNEHKCOCFFEJ. A senhora não o viu, até
que eu separei assim - YRNEH KCOCFFEJ, ou Henry Jeffcock, o nome do conhecido
que ela desejava soletrado precisamente ao contrário.”
Continuemos agora com o texto da obra “On Miracles and Modern
Spiritualism”:
“Os fatos tornaram-se cada vez mais certos, cada vez mais variados, cada vez
mais afastados de tudo quanto a ciência moderna ensina e de todas as
especulações da filosofia dos nossos dias; por fim, os fatos me venceram. Eles
me forçaram a aceitá-los como fatos que são, muito antes que
eu pudesse aceitar a explicação espiritual sobre eles – neste tempo, não havia
em meu cérebro um lugar no qual isso pudesse se acomodar -, mas então, pouco a
pouco, devagar, um lugar se fez nele, não por opinião preconcebida ou teórica,
mas pela ação contínua de um fato sobre outro, dos quais ninguém poderia
se desembaraçar de maneira diferente.”
No Templo Metropolitano, localizado na cidade de São Francisco, Estados Unidos,
ele fez uma conferência onde citou o seguinte caso de materialização de um
Espírito, testemunhada por ele:
“Naquele dia estavam comigo o pastor Stainton Moses e o conhecido cientista
senhor Wegdwood, cunhado de Charles Darwin, quando celebrei minha primeira
sessão com Monck.
Era uma tarde ensolarada de verão e tudo aconteceu em plena luz do dia. Depois
de uma curta conversa, Monck, que estava vestido com seu costumeiro hábito
clerical negro, pareceu cair em transe; ficou então de pé, alguns passos à
nossa frente, e, depois de uns instantes, apontou para o lado e disse: Olhem!
Vimos aí uma tênue mancha em seu casaco, no lado esquerdo. A mancha, aos
poucos, tornou-se mais brilhante; então pareceu ondular e estender-se para cima
e para baixo, em lento movimento de vaivém; até que, gradualmente, tomou a
forma de uma coluna de névoa, que ia do ombro de Monck até os
pés, estendendo-se junto ao corpo.
Eu me encontrava a uns dois metros e meio de Monk quando uma forma apareceu.
Ele continuava em estado de transe. Poucos minutos mais tarde, brotou da sua
roupa uma leve fumaça branca, na região do peito; a densidade da fumaça
aumentou; as manchas brancas moveram-se no ar e se expandiram, subindo do solo
até a altura de seus ombros. A nuvem branca foi se separando gradualmente do
corpo de Monck, o qual, passando a mão entre seu corpo e a nuvem branca, disse
de novo: Olhem!
Aí a nuvem se afastou uns dois metros, condensou-se aos poucos e plasmou
a forma de uma mulher toda vestida com roupas brancas e flutuantes.
Esse processo de formação sólida da figura amortalhada fora visto por nósem
plena luz do dia.
Em seguida Monck levantou o braço e deu uma leve pancada no móvel. A figura fez
o mesmo, ouvindo-se o som de palmas. Finalmente, a forma materializada se
aproximou do médium e começou a dissipar-se. Outra vez voltei a
observar o movimento da matéria branca. E toda ela regressou ao médium,
da mesma maneira que brotara.”
Em
uma carta de 1893 a Alfred Erny, Wallace narra outra experiência de
materialização testemunhada por ele. Dessa vez, com o médium Eglington, que
Wallace descreve como um moço de fisionomia inglesa inconfundível, de pele
clara e quase sempre vestido de terno escuro. Através da mediunidade de Eglington,
materializava-se o Espírito Abdulah, uma entidade oriental, com cerca de um
metro e oitenta de altura, nariz aquilino, olhos negros, barba comprida e
fisicamente parecido com um indiano. Usava um largo turbante na cabeça e um
traje oriental inteiramente branco. Diz Wallace:
“Sei
que o Espírito que toma o nome de Abdulah aparece materializado sem que se
possa imaginar que nisso exista fraude. Em certa ocasião, eu o vi em uma casa
particular, onde Eglington realizava uma sessão em presença de vinte pessoas.
No canto da sala, onde se reuniam os assistentes da sessão, suspenderam uma
cortina e Eglington sentou-se atrás dela. Ele não podia se mover dali sem ser
visto por todos os assistentes.
Abdulah
apareceu. Estava todo trajado de branco, com sandálias e um largo turbante. Adiantou-se
para mim até a distância de uns trinta centímetros e pude examiná-lo, pois
apenas baixáramos a luz.
Depois,
de repente, a forma seguiu e desapareceu por detrás da cortina, a qual encobria
Eglington trajado de preto, em estado de letargia, reclinado na poltrona.
Logo
que Eglington despertou, resolveu-se que tudo no recinto deveria ser examinado,
para sabermos se não teria ali qualquer coisa com que ele pudesse se disfarçar.
Essa desconfiança parece não ter agradado muito o médium, porém ele a aceitou.
Eu
e dois amigos fomos escolhidos para proceder à tal averiguação. Examinamos
primeiro as paredes, o tapete e outras coisas mais no lugar onde se achava
Eglington; depois, conduzimo-lo a um dormitório onde ele se despiu
completamente. Todas as peças do seu vestuário passaram pelas nossas mãos e
foram cuidadosamente examinadas. Não se
encontrou absolutamente nada. O turbante, as sandálias e a túnica branca
tinham desaparecido.”
“Eglington
realizou tantas sessões em condições indiscutíveis, e tão grande era seu poder
como médium, que me parece impossível cometer ele a estupidez de empregar
barbas postiças e roupas de gaze, as quais logo seriam facilmente descobertas.
Sem dúvida que existem falsos médiuns;
mas quem tem a pretensão de desmascarar os verdadeiros médiuns só consegue uma
coisa: provar a sua ignorância.”
É muito interessante notar que
Wallace, assim como Allan Kardec, também tenha observado a concordância das
diversas comunicações dos Espíritos e, pelo que se sabe, ele nunca manteve
contato com o Codificador do Espiritismo. São suas as seguintes palavras,
extraídas do seu livro “O Aspecto
Científico do Sobrenatural”, no capítulo IX (observe-se a semelhança
com o que ensina a Doutrina Espírita):
“[...] A hipótese do
espiritualismo não apenas considera todos os fatos (e é a única que o faz), mas
vai ainda mais longe por sua associação com uma teoria do futuro estado da
existência, que é o único que alguém já deu ao mundo em condições de ser confiado
ao pensamento filosófico moderno. Há uma concordância geral e um tom
de harmonia na quantidade de fatos e comunicações chamadas ‘espirituais’,
que têm levado ao crescimento de uma nova literatura e ao estabelecimento de
uma nova religião. As principais doutrinas desta religião são que, após a
morte, o espírito humano sobrevive em um corpo etéreo, dotado de novas
capacidades, mas sendo mental e moralmente o mesmo indivíduo que era quando
vestido de carne; que ele inicia, a partir de certo momento, um curso de
progressão aparentemente sem fim cuja velocidade está na medida que as suas
faculdades mentais e morais são exercitadas e cultivadas enquanto se acha na
Terra; que sua alegria ou sua miséria relativas irão depender inteiramente dele
mesmo. Apenas na medida que suas faculdades humanas superiores fizeram parte de
seus prazeres aqui, ele irá encontrar-se contente e feliz em um estado de
existência no qual eles terão o mais completo exercício. Aquele que dependeu
mais do corpo que da mente para os seus prazeres irá, quando aquele corpo não
existir mais, sentir um desejo angustiante, e necessitará desenvolver vagarosa
e dolorosamente sua natureza intelectual e moral até que este exercício se
torne fácil e prazeroso. Nem punições nem recompensas são distribuídas por um
poder externo, mas a condição de cada um é a sequência natural e inevitável de
sua condição aqui. Ele começa novamente do nível do desenvolvimento moral e
intelectual que atingiu quando estava na Terra. ”
E, em outro trecho do mesmo
capítulo, ele cita, como Kardec também o fez nas obras da Codificação Espírita,
a grande diferença entre o conteúdo das comunicações e a cultura dos médiuns:
“[...] Os ensinamentos da
senhorita Hardinge concordam em substância com aqueles de todos os demais
médiuns desenvolvidos, e eu perguntaria se é provável que estes ensinamentos
tenham sido desenvolvidos a partir de dogmas conflituosos de um conjunto de
impostores? Nem parece ser uma solução provável a de que eles tenham sido
produzidos inconscientemente pelas mentes de homens auto-iludidos e de mulheres
frágeis, desde que é palpável a todo leitor que estas doutrinas sejam
essencialmente diferentes em cada detalhe daquelas que eles ensinaram e
acreditaram a partir de uma das escolas filosóficas modernas ou de qualquer
seita de cristãos modernos.
Isto é bem mostrado por suas
afirmações opostas à condição da humanidade após a morte. Nos relatos de um
estado futuro, obtidos junto aos melhores médiuns, e nas visões das pessoas
mortas obtidas por clarividentes, os Espíritos são uniformemente apresentados
sob a forma de seres humanos e suas ocupações são análogas às
da Terra. Mas na maioria das descrições religiosas do céu eles são
representados como seres alados, como descansando cercados por
nuvens, e suas ocupações são tocar harpas douradas ou cantar, rezar e adorar
perpetuamente diante do trono de Deus. Como é que estas visões e comunicações
não são senão uma remodelagem de idéias preexistentes ou preconcebidas por uma
imaginação doentia, se as noções populares nunca são reproduzidas? Como é que,
se os médiuns, sejam homens, mulheres ou crianças, sejam ignorantes ou
instruídos, sejam ingleses, alemães ou americanos, fazem uma única e
consistente representação destes seres sobre-humanos, em discordância com a sua
noção popular, mas notavelmente de acordo com a moderna doutrina científica da
‘continuidade?’ eu proponho que este pequeno fato é em si um argumento
fortemente corroborador de que há alguma verdade objetiva nestas comunicações.”
No
seu livro “The World of Life”, Wallace escreveu: “Deve existir um mundo
invisível do Espírito, que faz com que ocorram mudanças no mundo da matéria; e
a evolução deste planeta deve receber orientações e ajuda de fora, de
inteligências superiores e invisíveis, às quais o homem é suscetível como ser
espiritual. Além disso, essas inteligências, muito provavelmente, existem em
séries graduadas de evolução acima de nós.
Parece apenas lógico concluir que o
infinito seja, até certo ponto, povoado por uma série infinita de seres em
diversos graus, cada grau sucessivo com poderes mais e mais superiores quanto à
organização, ao desenvolvimento e ao controle do Universo”.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
WALLACE, Alfred Russel. O aspecto
científico do sobrenatural. Rio de Janeiro: Lachâtre. [2003];
WALLACE, Alfred Russel. On miracles and modern spiritualism. [1875];
WALLACE, Alfred Russel. The World of
Life. [1910];
CAMPOS, Pedro de. UFO – Fenômeno de contato: uma visão espírita da Ufologia. São
Paulo: Lúmen. [2005].
ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO: