segunda-feira, 23 de maio de 2011

DEUS EXISTE?



Fábio José Lourenço Bezerra

Na pergunta nº 1 de "O Livro dos Espíritos", temos: - Que é Deus?
- Resposta: "Deus é a inteligência suprema. Causa primeira de todas as coisas."

Na pergunta nº 4, temos: - “Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?”
- Resposta: "Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá."
Kardec faz um comentário: " Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa."

Na pergunta nº 7, temos: -Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?
- Resposta: "Mas então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária."
Comentário de Kardec: "Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são também elas, um efeito que há de ter uma causa".

E, na pergunta nº 8: - Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, do acaso?
         - Resposta: "Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E demais, que é o acaso? Nada."
Comentário de Kardec: "A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso."

Vários anos depois de os Espíritos nos legarem estes ensinamentos, o homem investigava o Universo, desenvolvendo instrumentos cada vez mais precisos.
Descobriu as partículas subatômicas e suas propriedades. Mudou, de forma radical, o seu conceito de tempo, espaço e matéria.
Viu que o Universo possui vários bilhões de galáxias, tendo surgido de uma explosão de matéria e energia superconcentrada há cerca de 13 bilhões de anos atrás (o Big Bang).
As descobertas da ciência, até nossos dias, confundiram os cientistas ateus (aqueles que professam o credo de ter o universo, os planetas, a vida, surgido por mero acaso, fruto de combinações aleatórias da matéria e das forças físicas da natureza), e estes, perplexos, ficaram apenas a especular, tentando procurar uma saída para o seu ateísmo: analisando-se os dados obtidos até hoje, salta aos olhos ter o universo um propósito: dar origem e abrigar a vida. Uma vasta série de "coincidências", desde o Big Bang até o momento presente, permitiram o surgimento da vida em suas expressões mais complexas, e da consciência, apesar das enormes probabilidades em contrário. A ciência chama isto de o Princípio Antrópico.
Com o decorrer do tempo, nosso Universo está sofrendo uma expansão. Contudo, se a intensidade da gravidade fosse um pouquinho maior, ele se contrairia, sofrendo um colapso, não deixando tempo para que a vida se desenvolvesse. Sendo fraca demais, ocorreria a expansão, porém não se formariam estrelas ou galáxias para abrigar a vida.

A lista de "coincidências" é enorme. Como exemplos, temos:
·   Caso a força elétrica entre elétrons diferisse um pouco, a vida como a conhecemos não seria possível;
·  O próton (partícula do núcleo do átomo) e sua estabilidade;
·  A existência de elementos químicos mais pesados (como o carbono, base da vida como a conhecemos);
·  O tamanho das estrelas.

Enfim, tudo no universo mostra uma fina sintonia para o surgimento da vida em suas formas mais complexas. Água e moléculas orgânicas, por exemplo, são comuns no universo. O próprio surgimento da vida, com toda a sua sofisticada organização e imensa complexidade (principalmente a nível molecular), bem como sua evolução, até hoje, são enigmas. Para evoluir até o homem, ela passou por misteriosos saltos evolutivos entre as espécies (o que pode ser demonstrado nas numerosas lacunas nos registros fósseis da história da vida na Terra) que não podem ser explicados pelo acaso. A esse respeito só existem teorias um tanto especulativas, que contam com eventos aleatórios de baixíssima probabilidade, baseadas no materialismo.

Na pergunta Nº 13, temos: “Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos idéia completa de seus atributos?
Resposta: “Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação humana possa conceber.”  
Comentário de Kardec:
“Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam.
É imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
É único. Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
É onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvesse feito seriam obra de outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela, assim, nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.”

           Sim, Deus existe. Foi o que disseram os Espíritos responsáveis pela codificação do Espiritismo, e é o que cada vez mais a ciência está descobrindo, ao penetrar mais e mais fundo nos mistérios da natureza.
          Vale aqui, ao final deste texto, transcrever a resposta dos espíritos à pergunta Nº 604 de "O Livro dos Espíritos": - "Tudo em a natureza se encadeia por elos que ainda não podeis apreender. Assim, as coisas aparentemente mais díspares têm pontos de contacto que o homem, no seu estado atual, nunca chegará a compreender. Por um esforço da inteligência poderá entrevê-los; mas, somente quando essa inteligência estiver no máximo grau de desenvolvimento e liberta dos preconceitos do orgulho e da ignorância, logrará ver claro na obra de Deus. Até lá, suas muito restritas idéias lhe farão observar as coisas por um mesquinho e acanhado prisma. Sabei não ser possível que Deus se contradiga e que, na Natureza, tudo se harmoniza mediante leis gerais, que por nenhum de seus pontos deixam de corresponder à sublime sabedoria do criador."

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 BURGOS, Pedro. Não estamos sozinhos. Superinteressante, São Paulo: Abril, ed. 255, ago. 2008.
2 GOSWAMI, Amit. A evolução criativa das espécies: uma resposta da nova ciência para as limitações da teoria de Darwin. São Paulo: Aleph, 2009. (Série Novo Pensamento). 
3 KAKU, Michio. Mundos paralelos. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
4 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro. FEB, 2001.
5 _____________. Obras póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro. FEB, 1975.


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