sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS 5 – QUAL A ORIGEM DA VIDA?



Fábio José Lourenço Bezerra

                Neste texto, damos continuidade à nossa série de textos “A Pluralidade dos Mundos Habitados” Parte 1, Parte 2, Parte 3 e Parte 4, neste blog. Neles, publicamos diversas matérias que mostram a constatação, cada vez maior, pelos cientistas, da imensidade de mundos habitados espalhados pelo Universo, à medida em que evoluem os instrumentos de sondagem do espaço.
Mais de 600 planetas orbitando outras estrelas foram localizados, e já se calcula que há mais planetas que estrelas e que aqueles localizados nas zonas habitáveis de suas estrelas existem aos bilhões, só na nossa galáxia. Zona habitável é a região que fica à uma distância onde os níveis de radiação permitem a existência de água em estado líquido e a temperatura adequada para a vida, tomando-se por base a que conhecemos em nosso mundo.
Constataram que existe água em abundância no Universo, esta substância tão necessária para a vida.
Também foram localizadas moléculas orgânicas supercomplexas, as Tolinas, em grande quantidade no entorno de uma estrela jovem, e no espaço profundo, entre as estrelas, o Antraceno. Moléculas como o Antraceno são prebióticas, isto é, quando recebem raios ultravioleta e são combinadas com água e amônia, podem produzir aminoácidos e outros componentes essenciais para o desenvolvimento da vida. Isso sugere que a vida é abundante nos mundos que circulam pelo espaço.
Contudo, descobertas recentes mostram que a vida pode existir pelo Universo de forma muito diferente do que a que existe na Terra.
            Além disso, cientistas de uma instituição renomada como o MIT, dos Estados Unidos, acreditam que a vida pode existir em Universos paralelos ao nosso.
            No entanto, apesar de a Ciência “Oficial” constatar que a vida, muitíssimo provavelmente, é abundante no Universo, para ela, um mistério permanece: Como a vida surgiu?

Na Terra, ela saltou, misteriosamente, em um curto espaço de tempo, da química pré-biótica para seres vivos que, apesar de ainda muito primitivos em relação a nós seres humanos, como as bactérias, já possuíam grande organização e complexidade.

A Doutrina Espírita nos esclarece que os Espíritos são criados simples e ignorantes, evoluindo em inteligência e moralidade, ao longo de experiências passadas através de vários estágios no mundo material, as reencarnações. Ao final de sua evolução, tornam-se Puros Espíritos ou Anjos. O amor ao próximo, a humildade e o total desapego do mundo material proporcionam-lhes grande leveza e paz interior. A harmonia e a união entre eles, em total sintonia uns com os outros, e a satisfação com a prática do bem, constitui-se em fonte de incomensurável alegria. O imenso intelecto, construído ao longo das várias vidas pelas quais passaram, dá-lhes uma visão de conjunto que lhes permite admirar a perfeita obra do Criador de forma muito mais completa. Nesse estágio, são capazes até mesmo de receber as inspirações diretas de Deus.
                
Contudo, Deus não lhes destinou à inatividade, a ficar eternamente em contemplação (aliás, isso seria uma verdadeira tortura para os Espíritos. Um tédio eterno). Conforme o grau de evolução intelectual e de maturidade moral, Ele lhes atribui tarefas, que executam com grande satisfação. São inúmeras as tarefas destes Espíritos, que vão desde auxiliar diretamente o aprendizado dos menos experientes, até a criação e o governo de Universos, de galáxias, mundos e das mais variadas formas de vida material. Como nos diz o Espírito André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier: ”Quando o servidor está pronto, o serviço aparece”.
           
A Doutrina Espírita também nos ensina que, da mesma forma que os elementos químicos, combinados entre si, formam as diferentes substâncias que constituem nosso mundo material (como a água, o gás carbônico, as rochas, as moléculas orgânicas dos nossos corpos, etc.), existe um único elemento primitivo. Este elemento, cujas modificações e combinações dão origem tanto à matéria do mundo espiritual quando à do nosso mundo material, isto é, origina as partículas subatômicas que, combinadas, dão origem aos nossos elementos químicos, chama-se Fluido Cósmico Universal. Conforme nos diz o Espírito André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, no excelente livro “Evolução em Dois Mundos”, na Primeira Parte, ítem I :

“PLASMA DIVINO – O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do criador ou força nervosa do Todo-Sábio.
Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.

CO-CRIAÇÃO EM PLANO MAIOR – Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas, a Ele agregadas, em processo de comunhão indescritível, os grandes Devas da teologia hindu ou os Arcanjos da interpretação de variados templos religiosos, extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de Co-criação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa.
Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade.

IMPÉRIOS ESTELARES – Devido à atuação desses Arquitetos Maiores, surgem nas galáxias as organizações estelares como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domínios do Universo, encerrando a evolução em estado potencial, todas gravitando ao redor de pontos atrativos, com admirável uniformidade coordenadora.
É aí, no selo dessas formações assombrosas, que se estruturam, inter-relacionados, a matéria, o espaço e o tempo, a se renovarem constantes, oferecendo campos gigantescos ao progresso do Espírito.”

Sobre a origem da vida na Terra, ele nos diz, ainda na Primeira Parte, ítem III, da mesma obra:

“[...] A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a espraiar-se no colo da paisagem primitiva.
Dessa geléia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações...
Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído.
Séculos de atividade silenciosa perpassam, sucessivos...

NASCIMENTO DO REINO VEGETAL – Aparecem os vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formado por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princípios inteligentes ou mônadas fundamentais, que se destacam da substância viva, por centros microscópicos de forças positiva, estimulando a divisão cariocinética.
Evidenciam-se, desde então, as bactérias rudimentares, cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução, lavrando os minerais na construção do solo, dividindo-se por raças e grupos numerosos, plasmando, pela reprodução assexuada, as células primevas, que se responsabilizariam pelas eclosões do reino vegetal em seu início.
Milênios e milênios chegam e passam...”  

Abaixo transcrevemos, na íntegra, um recente artigo do site Inovação Tecnológica, relativo a uma recente e muito importante descoberta científica, a respeito da vida no Universo. Leiamos:

 

Descoberto açúcar em torno de estrela jovem


Açúcar espacial
Usando o telescópio móvel ALMA(Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) uma equipe de astrônomos descobriu moléculas de açúcar no gás que rodeia uma estrela jovem semelhante ao Sol.
Esta é a primeira vez que açúcar é descoberto no espaço em torno de uma estrela tipo solar.
Segundo a equipe, a descoberta demonstraria que os chamados "blocos constituintes da vida" se encontram no local certo, no momento certo, de modo a serem incluídos em planetas que estejam se formar em torno da estrela.
"No disco de gás e poeira que circunda esta estrela recém-formada encontramos glicoaldeído, uma forma de açúcar simples não muito diferente do açúcar que pomos no café," explica Jes Jorgensen (Instituto Niels Bohr, Dinamarca), o autor principal do artigo científico que descreve estes resultados. "Esta molécula é um dos ingredientes na formação do RNA, que - tal como o DNA, ao qual está ligado - é um dos blocos constituintes da vida."
Glicoaldeídos
Os astrônomos descobriram moléculas de glicoaldeído - uma forma simples de açúcar - no gás que circunda a estrela binária IRAS 16293-2422.
Açúcar é um nome genérico para uma série de pequenos hidratos de carbono, moléculas que contêm carbono, hidrogênio e oxigênio, tipicamente com uma razão atômica hidrogênio:oxigênio de 2:1, como a água.
O glicoaldeído tem a fórmula química C2H4O2. O açúcar utilizado normalmente na comida e bebida é a sacarose, uma molécula maior que o glicoaldeído e outro exemplo desse tipo de compostos.
Glicoaldeídos já tinham sido observados anteriormente no espaço interestelar.
Mas esta é a primeira vez que o composto é descoberto tão perto de uma estrela do tipo solar, a distâncias comparáveis à distância de Urano ao Sol, no Sistema Solar.
Esta descoberta mostra que alguns dos componentes químicos necessários à vida existiam neste sistema na altura da formação planetária.
Vida nas estrelas
"O que é verdadeiramente excitante acerca dos nossos resultados é que as observações do ALMA revelaram que as moléculas de açúcar estão caindo em direção a uma das estrelas do sistema," diz a membro da equipe Cécile Favre (Universidade de Aarhus, Dinamarca). "As moléculas de açúcar não só se encontram no local certo para encontrarem o seu caminho até um planeta, estão também deslocando-se na direção correta."
As nuvens de gás e poeira que colapsam para formar novas estrelas são extremamente frias, e muitos gases solidificam sob a forma de gelo sobre as partículas de poeira, onde vão se juntando para formar moléculas mais complexas - elas encontram-se geralmente a cerca de 10 graus acima do zero absoluto, cerca de -263 graus Celsius.
Mas, assim que uma estrela se forma no meio de uma nuvem de gás e poeira em rotação, esta aquece as regiões internas da nuvem para algo parecido com a temperatura ambiente da Terra, evaporando as moléculas quimicamente complexas e formando gases que emitem uma radiação característica em ondas de rádio, ondas estas que podem ser mapeadas com a ajuda de potentes radiotelescópios, como o ALMA.
Complexidade da vida
A IRAS 16293-2422 situa-se a cerca de 400 anos-luz de distância, relativamente próximo da Terra, o que a torna num excelente alvo para os astrônomos que estudam as moléculas e a química em torno de estrelas jovens.
Usando o poder de uma nova geração de telescópios, tais como o ALMA, os astrônomos têm agora a oportunidade de estudar os detalhes das nuvens de gás e poeira que estão formando sistemas planetários.
A alta sensibilidade do ALMA - mesmo nos comprimentos de onda mais curtos nos quais opera e por isso tecnicamente mais difíceis - foi indispensável nestas observações, que foram executadas com uma rede parcial de antenas durante a fase de verificação científica do observatório - a construção do ALMA só estará completa em 2013, quando as 66 antenas de alta precisão estiverem completamente operacionais.
"A grande questão é: qual a complexidade que estas moléculas podem atingir antes de serem incorporadas em novos planetas? Esta questão pode dizer-nos algo sobre como a vida aparece noutros locais e as observações do ALMA serão vitais para desvendar este mistério," conclui Jes Jorgensen.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].

2______________. A Gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, [1988];

3 XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo; LUIZ, André (Espírito). Evolução em dois mundos. 16.ed. Rio de Janeiro: FEB,[1998].

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TRÊS GRANDES REVELAÇÕES PARA A HUMANIDADE



Fábio José Lourenço Bezerra

Um dos grandes cientistas do século XIX, tendo sido professor de Psiquiatria da Universidade de Turim e pesquisador dos fenômenos espíritas, Cesare Lombroso, em sua obra “Hipnotismo e Mediunidade”, no Capítulo XIII, nos diz:
“O fato de que em todos os tempos e em todos os povos esteve viva a crença em algo invisível, que sobrevive à morte do corpo, e que, sob o influxo de condições especiais, pode manifestar-se aos nossos sentidos, torna-nos propensos a aceitar a hipótese espiritista.”
Conforme nos diz J.Herculano Pires, em seu excelente livro “Visão Espírita da Biblia”:
“[...] A origem mediúnica das religiões é hoje uma tese provada pelas pesquisas antropológicas e etnológicas. Só os materialistas a rejeitam.” (Ver o texto O que são médiuns? – Parte 2, neste blog)

A Espiritualidade Superior enviou mensageiros que, ao longo da história, encarnaram na Terra com a missão de fazer progredir a humanidade em seu aspecto moral, seja com seus exemplos, seja com os seus ensinamentos, conforme a época e a cultura do lugar. Como exemplos, temos Moisés, Jesus, Krishna, Buda e Confúcio, entre muitos outros. A partir daí, surgiram as diferentes religiões da Terra. Por isso que, apesar das diferenças doutrinárias, todas elas guardam, em sua essência, um mesmo ensinamento, a Regra de Ouro: “Não desejais ao teu próximo o que não desejaríeis para ti”, ou o equivalente “Ama a teu próximo como a ti mesmo” (Ver o texto Por Que Devemos Fazer o Bem?, neste blog). O ensinamento religioso que, porventura, venha a contradizer esse princípio, teve origem em acréscimos e distorções puramente humanas, para atender a interesses diversos, ao longo do tempo.
Igualmente nos diz J.Herculano Pires, na obra já citada:             
“[...] A origem da Bíblia é um capítulo natural desse processo geral que originou as religiões.” (Ver o texto A Bíblia Condena o Espiritismo? Parte 2 – A Bíblia Sob a Ótica Espírita, neste blog).
Allan Kardec, em sua obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo I, nos esclarece que a humanidade foi agraciada por três grandes revelações da Espiritualidade Superior, que acompanharam a evolução moral dos homens, através de Moisés, depois por Jesus e, por último, do Espiritismo.

Sobre Moisés, ele nos esclarece:

“Há duas partes distintas na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés; uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.
A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
            I – Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa de servidão. Não tereis outros deuses estrangeiros diante de mim. Não fareis imagem talhada, nem nenhuma figura de tudo o que está no alto no céu e embaixo na terra, nem de tudo o que está nas águas sob a Terra. Não os adorareis, nem lhes renderei culto soberano.
            II – Não tomeis em vão o nome do Senhor vosso Deus.
            III – Lembrai-vos de santificar o dia de Sábado.
            IV – Honrai o vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na Terra, que o Senhor vosso Deus vos dará.
            V – Não matareis.
            VI – Não cometereis adultério.
            VII – Não furtareis.
            VIII – Não prestareis falso testemunho contra o vosso próximo.
            IX – Não desejareis a mulher do vosso próximo.
            X – Não desejareis a casa do vosso próximo, nem seu servidor, nem sua serva, nem seu boi, nem seu asno, nem nenhuma de todas as coisas que lhe pertencem.
            Esta é a lei de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter divino. Todas as outras são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a manter, pelo temor, um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os abusos enraizados e os preconceitos hauridos na servidão do Egito. Para dar autoridade às suas leis, ele deveu atribuir-lhes origem divina, assim como o fizeram todos os legisladores de povos primitivos; a autoridade do homem deveria se apoiar sobre a autoridade de Deus; mas só a idéia de um Deus terrível poderia impressionar homens ignorantes, nos quais o senso moral e o sentimento de uma delicada justiça eram ainda pouco desenvolvidos. É bem evidente que, aquele que tinha colocado em seus mandamentos: “Tu não matarás; tu não farás mal a teu próximo”, não poderia se contradizer fazendo delas um dever de extermínio. As leis mosaicas, propriamente ditas, tinham, pois, um caráter essencialmente transitório.” 
            Sem a menor sombra de dúvida, as leis estabelecidas por Moisés eram transitórias, sendo apropriadas àquele povo ignorante da antiguidade. Contudo, seriam impraticáveis nos nossos dias. Vejamos alguns exemplos dessa lei:
            “Quem trabalhar no sábado será morto”(Êxodo, 35:2); “Animais e aves serão sacrificados, sangue espargido sobre altares, atendendo a variados objetivos” (Levítico, caps. 1 a 7); “Quando morrer o homem sem deixar descendente, seu irmão deverá casar-se com a viúva” (Deuteronômio, 25:5); “Os filhos desobedientes e rebeldes, que não ouçam os pais e se comprometam no vício, serão apedrejados até a morte” (deuteronômio, 21:18-21); “É proibido comer carne de porco, lebre ou coelho” (Levítico, 11:5-7); “O homossexualismo será punido com a morte” (Levítico, 20:13); “A zoofilia sexual será punida com a morte” (Levítico, 20:15-16); “Deficientes físicos estão proibidos de aproximar-se do altar do culto, para não profaná-lo com seu defeito” (Levítico, 21:17-23); “O leproso (hanseniano) deve ser segregado da vida social, vivendo no isolamento” (Levítico, cap.13); “Os adúlteros serão apedrejados até a morte” (Deuteronômio, 22:22); “A blasfêmia contra Deus será punida com o apedrejamento, até a morte” (Levítico, 24:16-16).
Relativamente à mulher, a lei diz:
“Ao dar à luz um menino ficará impura por 40 dias. Se for menina, ficará impura por 80 dias” (Levítico, 12:1-5); “A noiva que simular a virgindade ao casar-se será apedrejada até a morte” (Deuteronômio, 22:21); “Descontente com a esposa, o homem poderá dispensá-la, sem nenhuma compensação, dando-lhe carta de divórcio” (Deuteronômio, 24:1).
  Esta lei civil foi ditada por Iahvéh, um Espírito, que tinha a missão de guiar o povo Hebreu através da mediunidade de Moisés, transmitir os Dez Mandamentos (Código de Moral Universal) e consolidar o Monoteísmo (a crença em um único Deus), não sendo o Deus Criador do Universo. Além da lei transitória que ele ditou, também podemos deduzir isto pela própria personalidade de Iahvéh: temperamental, vingativo, violento e guerreiro. Como exemplo, vejamos essa passagem de I Samuel 15, 2 e 3, onde Samuel transmite as ordens que recebeu de Iahvéh : "Vou pedir contas a Amalec do que ele fez a Israel, opondo-se-lhe no caminho, quando saiu do Egito. Vai, pois, fere Amalec e vota ao interdito tudo o que lhe pertence, sem nada poupar:matarás homens e mulheres, crianças e meninos de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.
 Natural que fosse assim, pois, em geral, os protetores espirituais são proporcionalmente superiores a seus tutelados. Ele era um Espírito de nível evolutivo apropriado àquela época de ignorância. Conforme nos diz J.Herculano Pires, ele “se apresentava como Deus, porque a mentalidade dos povos do tempo era mitológica, e os Espíritos eram considerados deuses.”.  Isto além do fato de que, como nos explicou Kardec no texto acima, o fato de Moisés atribuir estas comunicações a Deus lhe dava autoridade, prática comum na antiguidade, como era o caso, por exemplo, dos Faraós, que eram considerados pelo povo egípcio como verdadeiros deuses . Era a chamada Teocracia, um governo exercido mediante autoridade divina.
Moisés possuía uma escola de médiuns, sendo favorável à pratica da mediunidade de forma séria, sem abusos. O Espírito Iahvéh, inclusive, materializou-se várias vezes, como pode ser constatado em muitas passagens do Velho Testamento (Ver o texto A Bíblia Condena o Espiritismo? Parte 2 – A Bíblia Sob a Ótica Espírita, neste blog).

Sobre Jesus, diz Kardec:

“Jesus não veio destruir a lei, quer dizer, a lei de Deus; ele veio cumpri-la, quer dizer, desenvolvê-la, dar-lhe seu verdadeiro sentido, e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens; por isso, se encontra nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constituem a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés, propriamente ditas, ao contrário, ele as modificou profundamente, seja no fundo, seja na forma; combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não poderia fazê-las sofrer uma reforma mais radical do que as reduzindo a estas palavras: “Amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”, e dizendo: está aí toda a lei e os profetas.
Por estas palavras: “O céu e a terra não passarão antes que tudo seja cumprido até um único jota”, Jesus quis dizer que seria preciso que a lei de deus recebesse seu cumprimento, quer dizer, fosse praticada sobre toda a Terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências; porque de que serviria ter estabelecido essa lei, se ela devesse permanecer privilégio de alguns homens ou mesmo de um único povo? Todos os homens, sendo filhos de Deus, são, sem distinção, o objeto da mesma solicitude.
Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra; ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado sua vinda; sua autoridade decorria da natureza excepcional de seu Espírito e de sua missão divina; veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que para lá conduz, os meios de se reconciliar com Deus, e os prevenir sobre a marcha das coisas futuras para o cumprimento dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo, e sobre muitos pontos se limitou a depositar o germe de verdades que ele próprio declara não poderem ser ainda compreendidas; falou de tudo, mas em termos mais ou menos explícitos; para compreender o sentido de certas palavras, seria preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-lhes a chave, e essas idéias não poderiam vir antes de um certo grau de maturidade do espírito humano. A ciência deveria contribuir poderosamente para a eclosão e o desenvolvimento das idéias; seria preciso, pois, dar à Ciência o tempo de progredir.”

Sobre o Espiritismo, diz:

“O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, e suas relações com o mundo corporal; ele no-lo mostra, não mais como uma coisa sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente ativas da Natureza, como a fonte de uma multidão de fenômenos incompreendidos, até então atirados, por essa razão, ao domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo faz alusão, em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que ele disse permaneceram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave com a ajuda da qual tudo se explica com facilidade.
A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés; a do Novo Testamento está personificada no Cristo; o Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não está personificada em nenhum indivíduo, porque ele é o produto de ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, sobre todos os pontos da Terra, e por uma multidão inumerável de intermediários: é, de alguma sorte, um ser coletivo compreendendo o conjunto dos seres do mundo espiritual, vindo cada um trazer aos homens o tributo das suas luzes para fazê-los conhecer esse mundo e a sorte que nele os espera. (Ver os textos O Início do Espiritismo Parte 1 –Hydesville,O Início do Espiritismo Parte 2 – A Codificação,Ilustres Cientistas Confirmaram: A Alma Sobrevive à MorteePor Que Ser Espírita?, neste blog).
Da mesma forma que o Cristo disse: “Eu não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”, o Espiritismo diz igualmente: Eu não vim destruir a lei cristã, mas cumpri-la”. Ele não ensina nada de contrário ao que o Cristo ensinou, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros para todo o mundo, o que não foi dito senão sob a forma alegórica; vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou, e prepara o cumprimento das coisas futuras. É, pois, obra do Cristo que o preside, como igualmente anunciou, a regeneração que se opera, e prepara o reino de Deus sobre a Terra.”
Jesus anunciou a seus discípulos que viria, depois dele, outro consolador para a humanidade. Este consolador é, nada mais, nada menos, que o Espiritismo. Vejamos essa passagem do Evangelho, seguida pelos comentários de Kardec sobre a mesma, que consta no Capítulo VI da obra já citada:
“Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o consolador, que é o Santo-Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenha dito. (São João, cap.XIV, v.15, 16, 17 e 26).
Jesus promete um outro consolador: O Espírito de Verdade, que o mundo não conhece ainda, porque não está maduro para compreendê-lo, que o Pai enviará para ensinar todas as coisas, e para fazer recordar aquilo que o Cristo disse. Se, pois, o Espírito de Verdade deve vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não disse tudo; se ele vem recordar aquilo que o Cristo disse, é porque isso foi esquecido ou mal compreendido.
O Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside à sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o que o Cristo não disse senão por parábolas. O Cristo disse: “Que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”, o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias; ele ergue o véu deixado propositadamente sobre certos mistérios, vem, enfim, trazer uma surprema consolação aos deserdados da Terra e a todos aqueles que sofrem, dando uma causa justa e um fim útil a todas as dores.
O Cristo disse: ‘Bem aventurados os aflitos, porque serão consolados’; mas de que forma se achar feliz sofrendo não sabendo por que se sofre? O Espiritismo mostra-lhe a causa nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia seu passado; mostra-lhe o objetivo naquilo em que os sofrimentos são como crises salutares que conduzem à cura e são a depuração que assegura a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha o sofrimento justo; sabe que esse sofrimento ajuda o seu progresso, e o aceita sem lamentar, como o obreiro aceita o trabalho que deve lhe valer seu salário. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalável no futuro, e a dúvida pungente não mais se abate sobre sua alma; fazendo-o ver do alto, a importância das vicissitudes terrestres se perde no vasto e esplêndido horizonte que ele descortina, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até o fim do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz o homem saber de onde vem, para onde vai e porque está na Terra; chamamento aos verdadeiros princípios da lei de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.”  

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo : Editora Petit, 1997.;

2 ______________O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].

3______________.A Gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Editora FEB, 1988;

4 PIRES, José Herculano. Visão espírita da Bíblia. São Paulo: 6 ed.Correio Fraterno [2009];

5  LOMBROSO, Césare. Hipnotismo e mediunidade. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1990].

terça-feira, 21 de agosto de 2012

QUEM É JESUS? PARTE 2 – JESUS É DEUS?



Fábio José Lourenço Bezerra

                Dando continuidade ao nosso texto anterior Quem é Jesus?, neste blog, nos perguntamos: Qual a verdadeira natureza de Jesus? Será ele o próprio Deus, que encarnou na Terra há cerca de dois mil e doze anos atrás, conforme determinadas denominações religiosas ensinam?
                Vejamos o que escreveu Allan Kardec sobre o assunto, no livro “Obras Póstumas”:
                “Dirigindo-se a alguns dos seus discípulos que disputavam para saber qual dentre eles era o maior, disse-lhes ele, chamando para junto de si uma criança:
                ‘Quem quer que me receba, recebe aquele que me enviou, porquanto aquele que for o menor entre todos vós será o maior de todos.’ (S.Lucas, 9:48.)
                ‘Quem quer que receba em meu nome a uma criancinha como esta, a mim me recebe; e aquele que me recebe não recebe a mim, mas recebe aquele que me enviou.’ (São Marcos, 9:37.)
                ‘Jesus lhes disse então: Se Deus fosse vosso Pai, vós me amaríeis, porque foi de Deus que saí e foi de sua parte que vim; pois, não vim de mim mesmo, foi ele que me enviou’ (S.João, 8:42.)
                ‘Jesus então lhes disse: Ainda estou convosco por um pouco tempo e vou em seguida para aquele que me enviou.’(S.João, 7:33.)
‘Aquele que vos ouve a mim me ouve; aquele que vos despreza a mim me despreza; e aquele que me despreza, despreza aquele que me enviou.’(S.Lucas, 10:16.)
O dogma da divindade de Jesus se baseou na igualdade absoluta entre a sua pessoa e Deus, pois que ele próprio é Deus. É este um artigo de fé. Ora, estas palavras, que Jesus tantas vezes repetiu: Aquele que me enviou, não só comprovam uma dualidade de pessoas, mas também, como já o dissemos, excluem a igualdade absoluta entre elas, porquanto aquele que é enviado necessariamente está subordinado ao que envia. Com o obedecer, aquele pratica um ato de submissão. Um embaixador, falando do seu soberano, dirá: Meu senhor, aquele que me envias; mas, se quem vem é o soberano em pessoa, falará em seu próprio nome e não dirá: Aquele que me enviou,  visto que ele não pode enviar-se a si mesmo. Jesus o disse em termos categóricos: Não vim de mim mesmo; foi ele quem me enviou.
Estas palavras: Aquele que me despreza, despreza aquele que me enviou, não implicam absolutamente a igualdade, nem ainda menos, a identidade. Em todos os tempos, o insulto a um embaixador foi considerado como feito ao próprio soberano. Os apóstolos tinham a palavra de Jesus, como este a de Deus. Quando lhes ele diz: Aquele que vos ouve a mim me ouve, certamente não queria dizer que seus apóstolos e ele fossem uma só e a mesma pessoa, igual em todas as coisas.
                A dualidade das pessoas, assim como o estado secundário e de subordinação de Jesus com relação a Deus, ressaltam, ao demais, sem equívoco possível, das seguintes passagens:
                ‘Fostes vós que permanecestes sempre firmes comigo nas minhas tentações. – eis por que vos preparo o reino, como meu Pai mo preparou, a fim de que comais e bebais à minha mesa no meu reino e que estejais sentados em tronos, para julgar as doze tribos de Israel.’(S.Lucas, 22:28 a 30.)
                ‘De mim digo o que vi junto de meu Pai; e vós, vós fazeis o que ouvistes de vosso pai.’ (S.João, 8:38)
                “[...] ‘Ora, eu vos declaro que aquele que me confessar e me reconhecer perante os homens, o filho do homem também o reconhecerá perante os anjos de Deus; - mas, se algum me repudiar perante os homens, eu também o repudiarei perante os anjos de Deus.’(S.Lucas, 12:8 e 9.)
                ‘Pois, se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, desse também se envergonhará o Filho do homem, quando estiver na sua glória e na de seu Pai e dos santos anjos.’(S.Lucas, 9:26.)
                Nestas duas últimas passagens parece mesmo que Jesus coloca acima de si os santos anjos componentes do tribunal celeste, perante o qual seria ele o defensor dos bons e acusador dos maus.
                ‘Mas, pelo que respeita a vos sentardes à minha direita ou à minha esquerda, não me compete a mim vo-lo conceder; isso será para aqueles a quem meu Pai o tenha preparado.’
                “[...] ‘Aproxima-se então um mancebo e lhe diz: Bom Mestre, que bem devo fazer para alcançar a vida eterna? Jesus lhe respondeu: Por que me chamas bom? Não há senão somente Deus que é bom. Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos.’
Não só Jesus não se deu, em nenhuma circunstância, por igual a Deus, como, nesse passo, afirma positivamente o contrário: considera-se inferior a Deus em bondade. Ora, declarar que Deus lhe está acima, pelo poder e pelas qualidades morais, é dizer que ele não é Deus. As passagens que seguem apóiam as que citamos e também são bastante explícitas.
Não tenho falado por mim mesmo; meu Pai, que me enviou, foi quem me prescreveu, por mandamento seu, o que devo dizer e como devo falar; - e sei que o seu mandamento é a vida eterna; o que, pois, eu digo é segundo o que meu Pai me ordenou que o diga.’(S.João, 12:49 e 50)
‘Jesus lhes respondeu: Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. – Aquele que quiser fazer a vontade de Deus reconhecerá se a minha doutrina é dele, ou se falo por mim mesmo. – Aquele que fala por impulso próprio procura a sua própria glória, mas o que procura a glória daquele que o enviou é veraz, não há nele injustiça.’
                “[...] ‘Jesus então lhes disse: Quando houverdes elevado ao alto o Filho do homem, conhecereis o que eu sou, porquanto nada faço de mim mesmo; mas, digo o que meu Pai me ensinou; e aquele que me enviou está comigo e não me deixou só, porque faço sempre o que lhe é agradável.’(S.João, 8:28 e 29.)
                “[...] Desde que ele nada diz de si mesmo; que a doutrina que prega não é sua, que ela lhe veio de Deus, que lhe ordenou viesse dá-la a conhecer; que não faz senão o que Deus lhe deu o poder de fazer; que a verdade que ensina ele a aprendeu de Deus, a cuja vontade se acha sujeito, é que ele não é Deus, mas, apenas, seu enviado, seu messias e seu subordinado.
                Fora-lhe impossível recusar, de maneira mais positiva, qualquer assimilação sua a Deus, nem determinar o seu papel principal em termos mais precisos. Não há nos trechos acima pensamentos ocultos sob o véu da alegoria, que só à força de interpretações se possam descobrir. São pensamentos expressos em seu sentido próprio, sem ambigüidade.
                Se objetarem que Deus, por não ter querido dar-se a conhecer na pessoa de Jesus, provocou uma ilusão acerca da sua individualidade, poder-se-ia perguntar em que se funda semelhante opinião, quem tem autoridade para lhe sondar o fundo do pensamento e para lhe dar às palavras um sentido contrário ao que elas exprimem. Pois que, em vida de Jesus, ninguém o considerava como sendo Deus; que todos, ao contrário, o consideravam um messias, se ele não quisesse que o conhecessem qual era, bastar-lhe-ia nada dizer. Das suas afirmações espontâneas, deve-se concluir que ele não era Deus, ou que, se o era, voluntariamente e sem utilidade, fez uma afirmação falsa.
                “[...] As passagens que vamos transcrever poderiam deixar alguma dúvida e dar ensejo a crer-se numa identidade de Deus com a pessoa de Jesus; mas, além de que não poderiam prevalecer contra os termos precisos das que precedem, trazem consigo a devida retificação.
                ‘Perguntaram-lhe: Quem és tu então? Jesus lhes respondeu: Sou o princípio de todas as coisas, eu que vos falo – Tenho muitas coisas a dizer-vos; mas, aquele que me enviou é verdadeiro e eu não digo senão o que dele aprendi’(S.João, 8:25 e 26.)
                ‘O que meu Pai me deu é maior do que todas as coisas e ninguém o pode arrebatar das mãos de meu Pai. Meu Pai e eu somos um.’(S.João, 10:29 e 30.)
                Quer isto dizer que seu Pai e ele são um pelo pensamento, pois que ele exprime o pensamento de Deus, pois que tem a palavra de Deus.
                Então, os judeus tomaram de pedras para lapidá-lo. – Jesus lhes disse: Muitas obras boas tenho feito diante de vós, pelo poder de meu Pai. Por qual delas quereis lapidar-me? – Os judeus lhe responderam: Não é por nenhuma boa obra que te lapidamos; mas por causa da tua blasfêmia, porque, sendo homem, tu te fazes Deus. – Jesus lhes replicou: Não está escrito na vossa lei: Tenho dito que sois Deuses? – Ora, se ela chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus era dirigida e não podendo a escritura ser destruída, como dizeis que blasfemo, eu a quem meu Pai santificou e enviou ao mundo, porque disse que sou filho de Deus? – Se não faço as obras de meu Pai, não me creiais; se, porém, as faço, quando não queirais crer em mim, crede nas minhas obras, a fim de saberdes e crerdes que meu Pai está em mim e eu nele.’ (S.João, 10:31 a 38)
                Noutro capítulo, dirigindo-se a seus discípulos, diz:
              ‘Nesse dia, reconhecereis que estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós. (S.João, 14:20.)’
                Destas palavras, não há concluir-se que Deus e Jesus são uma única entidade, pois, de outro modo, também se teria de concluir, das mesmas palavras, que os apóstolos e Deus eram um.”
                Na realidade, a decisão de que Jesus é Deus, pela Igreja, aconteceu no Concílio de Nicéia, em Junho de 325 d.C.. O imperador Romano Constantino resolveu influenciar a doutrina cristã.  Na intenção de promover a unidade da igreja, que se encontrava dividida, ele resolveu convocar este concílio. Era a primeira vez em que um governante secular imiscuía-se nos assuntos da Igreja.
O ponto central das divergências era se Jesus foi criado e, dessa forma, ser passível de mudanças como nós, seres humanos. Os Arianos (seguidores de Ário) defendiam que a salvação poderia ser alcançada se nos tornássemos como ele (idéia essa, diga-se de passagem, semelhante à do Espiritismo). No caso de não ter sido criado e, portanto, sido gerado do próprio Deus, seria totalmente distinto da criação, como queriam os ortodoxos. Na intenção de afastar qualquer possibilidade de semelhança entre Jesus e a criação, os ortodoxos o colocaram muito acima dos homens, o que os forçou a negar sua humanidade. Ignorando ou negando as passagens que sugeriam as limitações humanas de Jesus, adulteraram os Evangelhos, adaptando-os a essa nova teologia (sobre estas adulterações, ver o texto anterior “Quem é Jesus?, neste blog).
Ário, juntamente com seus seguidores, inutilmente, tentaram demonstrar que Jesus era um ser criado, assim como a humanidade, como podemos amplamente verificar nas passagens do Evangelho, acima, analisadas por Kardec.
O concílio durou dois meses, estando sempre presente nele o Imperador Constantino, que participava ativamente do mesmo, escutando as opiniões e participando dos debates. Até que Hosius, Bispo de Córdoba, deu a sugestão de estabelecer-se um credo com a concordância de todos. Então os bispos adaptaram um credo que já existia. Foi elaborado com todo o cuidado para identificar o Filho de Deus como o Pai, excluindo-o da criação. Eis o credo:
Creio em um só Deus, o Padre Onipotente, Criador do céu e da terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis e em um só Jesus Cristo Senhor Nosso; Filho de Deus unigênito, e nascido do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Gerado, não feito da mesma substância como o Pai e pelo qual foram feitas todas as coisas... – Que encarnou e foi feito homem...
Ário, e apenas dois bispos, não quiseram assinar o credo. Constantino tratou de baní-los do Império. Os demais bispos celebraram sua união em uma grande festa no palácio imperial. Em uma carta de Constantino a Ário e a Alexandre, constam as seguintes palavras: “Foi errado, desde o início, propor questões como estas, ou responder-lhes quando foram propostas.”
Constantino proclamou um édito contra os “hereges”, e os chamava de “inimigos e opositores da verdade e da vida, unidos para a destruição”. Proibia suas reuniões em qualquer lugar, até mesmo nas suas casas. Proibiu igualmente que utilizassem qualquer local para o que ele chamava de “reuniões supersticiosas”, inclusive casas de oração. Estas casas eram transferidas para a Igreja ortodoxa. Caso fosse encontrada, escondida com alguém, uma obra de Ário, essa pessoa era submetida à pena de morte.
Para o estudioso George Leonard Prestige, o Credo de Nicéia decreve Jesus como não tendo nenhuma semelhança com as criaturas de Deus.
Muitos estudiosos da Bíblia atuais acham que Jesus nunca afirmou ser o único Filho de Deus. Provavelmente, esta idéia surgiu depois, através de uma má interpretação do Evangelho de João.
Como vimos acima, Jesus tornou-se Deus, na doutrina da Igreja, através de uma decisão puramente humana, baseada em falsas idéias, nascidas de mentalidades medievais, e por motivos políticos, sendo apoiada através de extrema violência. Para isso, passou-se por cima do legado do próprio Jesus: suas palavras.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Rio de Janeiro. FEB [1987];

2 PROPHET, Elizabeth Clare e PROPHET, Erin L.Reencarnação: o elo perdido do cristianismo. Rio de janeiro: Editora Nova Era, 2003;

3 EHRMAN, Bart D. Evangelhos Perdidos. Rio de janeiro: Editora Record, 2008;

4 EHRMAN, Bart D.O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse?: quem mudou a Bíblia e porque. São Paulo: Editora Prestígio, 2006;

5______________.Quem Jesus Foi?  Quem Jesus Não Foi? : mais revelações inéditas sobre as contradições da Bíblia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010;

6 RANGEL, Liszt. Arqueologia dos Evangelhos: uma releitura histórica do pensamento de Jesus. Recife: Editora  Bom Livro, 2009.

domingo, 19 de agosto de 2012

E A VIDA CONTINUA... - O FILME


ESTRÉIA NOS CINEMAS: 14 DE SETEMBRO

TRAILER OFICIAL
SINOPSE:
Quando o carro da bela e jovem Evelina (Amanda Costa) quebra na estrada, ela não faz ideia de como seus caminhos serão profundamente alterados para sempre. Socorrida pelo gentil Ernesto (Luiz Baccelli), Evelina logo fica sabendo que tanto ele como ela estão indo exatamente para o mesmo hotel.
Coincidência? Talvez, mas Ernesto não acredita em coincidências.
Imediatamente eles desenvolvem uma amizade tão sólida que persistirá quando ambos passam para o outro plano. Será ali, do outro lado da vida, que Evelina e Ernesto enfrentarão enormes dificuldades e desafios, onde não faltarão surpresas e surpreendentes revelações?
O filme é baseado no best-seller espírita “E a Vida Continua”, escrito em 1968 pelo espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Trata-se do 13º e último livro da série “A Vida no Mundo Espiritual”.
DIREÇÃO
Paulo Figueiredo
PRODUTOR
Oceano Vieira de Melo
O ELENCO
AMANDA ACOSTA
Evelina Serpa
LUIZ BACCELLI
Ernesto Fantini
Participação Especial
LIMA DUARTE como Instrutor Ribas
LUIZ CARLOS FÉLIX
Caio Serpa
RONALDO OLIVA
Túlio
ANA ROSA
Lucinda
SAMANTHA CARACANTE
Vera
ROSANA PENNA
Elisa
ANA LÚCIA TORRE
Brígida
CÉZAR PEZZUOLI
Amâncio
ARLLETE MONTENEGRO
Sra. Tamburini
CLÁUDIA MELLO
Alzira
RUI REZENDE
Desidério
LUIZ CARLOS DE MORAES
Instrutor Cláudio
CARLA FIORONI
Isa
PEDRO COSTA
Lúcio
LAURA FELICIANO
Ana Flávia
SALIBA FILHO
Médico
ALBERTO CENTURIÃO
Cirurgião
JOÃO PEDRO CORREIA
Lúcio (menino)
GIOVANE E. ALVARENGA
Pedro (menino)
MARIA VITÓRIA GONÇALVES
Ana Flávia (menina)
SITE OFICIAL DO FILME: