Fábio José Lourenço Bezerra
Os
restos mortais não mais constituem a morada do Espírito que, com a morte, passa
a habitar o mundo espiritual, tendo-lhe como veículo o corpo espiritual ou perispírito
(Ver o texto “O Mundo Espiritual”, neste blog), composto por matéria sutil,
imperceptível aos sentidos e aos instrumentos materiais. Porém permanecem
ligados a nós, que ainda estamos no mundo material, pelo pensamento, também nos
vendo e nos escutando, através dos seus corpos espirituais.
Na pergunta Nº 320 de “O Livro dos Espíritos”, temos: “Sensibiliza
os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?”
Resposta: “Muito
mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade.
Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.”
Na pergunta Nº 321: “O dia da comemoração dos mortos é, para os
Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraze-lhes ir ao encontro dos
que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?”
Resposta:“Os
Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus
pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”
a) — “Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião
junto de suas sepulturas?”
Resposta: “Nesse
dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então
também
é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém,
cada Espírito vai lá somente pelos seus amigos e não pela multidão dos indiferentes.”
b) — “Sob que forma aí comparecem e como os veríamos, se pudessem tornar-se
visíveis?”
Resposta: “Sob
a que tinham quando encarnados.”
Na pergunta Nº 322: “E os esquecidos, cujos túmulos ninguém vai
visitar, também lá, não obstante, comparecem e sentem algum pesar por verem que
nenhum amigo se lembra deles?”
Resposta: “Que
lhes importa a Terra? Só pelo coração nos achamos a ela presos. Desde que aí
ninguém mais lhe vota afeição, nada mais prende a esse planeta o Espírito, que
tem para si o Universo inteiro.”
Na pergunta Nº 323: “A visita de uma pessoa a um túmulo causa
maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do
que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?”
Resposta: “Aquele
que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito
ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que
a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é
feita com o coração.”
Na pergunta Nº 326: “Comovem a alma que volta à
vida espiritual as honras que lhe prestem aos despojos mortais?”
Resposta: “Quando
já ascendeu a certo grau de perfeição, o Espírito se acha escoimado de vaidades
terrenas e compreende a futilidade de todas essas coisas. Porém, ficai sabendo,
há Espíritos que, nos primeiros momentos que se seguem à sua morte material,
experimentam grande prazer com as honras que lhes tributam, ou se aborrecem com
o pouco caso que façam de seus envoltórios corporais. É que ainda conservam
alguns dos preconceitos desse mundo.”
Contudo, os Espíritos ainda muito apegados às coisas materiais,
levam um longo período para se desprenderem do seu corpo físico, mesmo não
tendo este mais nenhuma vitalidade.
Na pergunta Nº 155, temos: “Como se opera a separação da alma e do
corpo?
Resposta:“Rotos
os laços que a retinham, ela se desprende.”
a) — “A separação se dá instantaneamente por brusca transição?
Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?”
Resposta: “Não;
a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se
restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de
sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços
se desatam, não se quebram.”
Comentário de Allan Kardec: “Durante
a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou
perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro,
que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação
demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se
completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão
muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se
que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles
sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos
rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica
existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas
uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com
a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito,
racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria,
tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade
intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de
desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a
morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os
indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda
provam que a afinidade, persistente entre a alma e o corpo, em certos indivíduos,
é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da
decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de
vida e a certos gêneros de morte.Verifica-se com alguns suicidas.”
Na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”,
Capítulo XVIII – Parte IV – PREFÁCIO, temos o seguinte comentário
de Allan Kardec:
“As
preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra não objetivam, unicamente,
dar-lhes um testemunho de simpatia: também têm por efeito auxiliar-lhes o desprendimento
e, desse modo, abreviar-lhes a perturbação que sempre se segue à separação, tornando-lhes
mais calmo o despertar. Ainda aí, porém, como em qualquer outra circunstância,
a eficácia está na sinceridade do pensamento e não na quantidade das palavras que
se profiram mais ou menos pomposamente e em que, amiúde, nenhuma parte toma o coração.
As preces que deste se elevam ressoam em torno do Espírito,
cujas idéias ainda estão confusas, como as vozes amigas que nos fazem despertar
do sono.”
Ao
lembrar dos nossos entes queridos e grandes amigos, que nos precederam no
retorno à pátria espiritual, não devemos manifestar sentimento de revolta ou
desespero, pois eles, podendo captar nossos pensamentos e até nos ver e ouvir, acabarão
sofrendo muito, já que muito ampliada é a sensibilidade dos desencarnados. Porém um
salutar sentimento de saudade, fruto da doce recordação dos momentos em que estavam
ao nosso lado é, para eles, motivo de grande alegria.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
1 KARDEC, Allan O livro dos espíritos: princípios da
doutrina espírita. FEB. Versão digital: L.Neilmoris – 2007;
2 _____________. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB. Versão digital: Ery Lopes – 2007.
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