Fábio
José Lourenço Bezerra
Para
que possamos verificar a existência de Deus, devemos lançar o olhar sobre a
natureza, da mesma forma que para um objeto qualquer. Caso este objeto,
mediante nosso exame, apresente, ao mesmo tempo, complexidade, organização e
propósito, é evidente que ele não surgiu por acaso, mas que uma inteligência o
criou. O grau dessa inteligência será, evidentemente, proporcional aos graus
dos três aspectos acima citados.
Ao
olhar para o Universo, desde a sua origem, verificamos, maravilhados, que os
três aspectos acima abordados estão presentes. E de que forma! Verdadeiras
assinaturas de Deus.
Analisando-se os
dados científicos obtidos até hoje, salta aos olhos ter o universo um
propósito: dar origem e abrigar a vida. Uma vasta série de
"coincidências", desde o Big Bang até o momento presente, permitiram
o surgimento da vida em suas expressões mais complexas, e da consciência,
apesar das enormes probabilidades em contrário. A ciência chama isto de o Princípio
Antrópico.
A lista de
"coincidências" é enorme. Como exemplos, temos:
·
Caso a força elétrica entre elétrons diferisse um pouco, a vida como a
conhecemos não seria possível;
·
O próton (partícula do núcleo do átomo) e sua estabilidade;
·
O tamanho das estrelas;
·
A existência de elementos químicos mais pesados (como o carbono, base da
vida como a conhecemos).
Sobre este último ítem, extraímos parte do artigo do site Inovação
Tecnológica, intitulado: “Identificado carbono primordial que deu origem à vida”. Vejamos:
“No caso do carbono - um elemento fundamental para a vida na
Terra - é necessário
que seu núcleo passe por um certo estado intermediário especial, para que ele
possa se formar no interior das estrelas. Esse estado - chamado estado de Hoyle
- é uma forma do núcleo de carbono rica em energia, uma espécie de passo
intermediário entre o núcleo de hélio e o núcleo de carbono, muito mais pesado.Se
o estado de Hoyle não existisse, as estrelas poderiam gerar apenas quantidades
muito pequenas não apenas do carbono, mas também de outros elementos mais
pesados, como oxigênio, nitrogênio e ferro. Ou seja, sem esse passo
intermediário, o Universo não seria mais do que uma massa gasosa ou gelatinosa,
com muito poucos elementos pesados.”
“Sem esse tipo específico de núcleo
de carbono, a vida como a conhecemos não teria sido possível - e,
eventualmente, nem mesmo o Universo como o conhecemos. Durante décadas, o
estado de Hoyle foi o melhor exemplo para a teoria de que as constantes
fundamentais da natureza devem ter precisamente os seus valores verificados
experimentalmente, e não quaisquer outros, pois, caso contrário, não estaríamos
aqui para observar o Universo - este é o chamado princípio antrópico.”
“Para o estado de Hoyle, isso significa que
ele deve ter exatamente a quantidade de energia que ele tem, ou então nós não
existiríamos", afirma o Dr. Meibner.”
Com o decorrer do tempo, nosso
Universo está sofrendo uma expansão. Contudo, se a intensidade da gravidade
fosse um pouquinho maior, ele se contrairia, sofrendo um colapso, não deixando
tempo para que a vida se desenvolvesse. Sendo fraca demais, ocorreria a
expansão, porém não se formariam estrelas ou galáxias para abrigar a vida.
Enfim, tudo no universo mostra uma fina sintonia para o surgimento
da vida em suas formas mais complexas. Água e moléculas orgânicas, por exemplo,
são comuns no universo. O próprio surgimento da vida, com toda a sua
sofisticada organização e imensa complexidade (principalmente a nível
molecular), bem como sua evolução, até hoje, são enigmas. Para evoluir até o
homem, ela passou por misteriosos saltos evolutivos entre as espécies (o que
pode ser demonstrado nas numerosas lacunas nos registros fósseis da história da
vida na Terra) que não podem ser explicados pelo acaso. A esse respeito só
existem teorias um tanto especulativas, que contam com eventos aleatórios de
baixíssima probabilidade, baseadas no materialismo.
Relativamente à
complexidade e organização da vida a nível molecular, apenas para exemplificar
(haveria muito mais a demonstrar), reproduzimos, na íntegra, o excelente artigo
de Daniel Ruy Pereira, professor de
Biologia e Ciências, publicado em seu site
Considere a Possibilidade... deve haver um relojoeiro... em 18/09/2009,
sobre uma assombrosa enzima, essencial à vida, a ATP sintase:
Fonte da imagem: http://considereapossibilidade.wordpress.com/2009/09/18/bioquimica/
“A vida depende de uma
incrível enzima chamada ATP sintase, o menor motor giratório do mundo (1). Este
pequeno complexo de proteínas produz um composto rico em energia, o ATP
(adenosina trifosfato). Cada uma das 14 trilhões de células do corpo humano
conduz esta reação cerca de um milhão de vezes por minuto. Mais da metade do
peso corporal do ATP é feito e consumido no mesmo dia!
Todos
os seres vivos precisam produzir ATP, muitas vezes chamada de “moeda energética
da vida”. É uma molécula pequena, mas tem um grande trabalho: prover energia
imediatamente disponível para a maquinaria celular. As maquinarias protéicas
abastecidas por ATP energizam quase tudo o que está dentro de uma célula viva,
incluindo a fabricação de DNA, RNA e proteínas, a limpeza do lixo, e o
transporte de produtos químicos para dentro, para fora e no interior das
células. Outras fontes de combustível não fornecem energia a estas maquinas
protéicas celulares, do mesmo jeito que o diesel, a energia eólica ou a solar
não fornecem energia a uma motor à gasolina.
O
pensamento lógico a respeito do motor automobilístico leva-nos a pensar que
somente uma pessoa inteligente (com mente e vontade) poderia criar uma máquina
que converte energia de uma forma a outra com o propósito de mover um carro
(2). A máquina demonstra ordem, proporções não-randômicas e uso inteligente de
partes independentes, que são do tamanho, forma e força exatos para trabalhar
juntas em um propósito absoluto. Essa inferência que fazemos, da máquina ao
criador, é válida para as máquinas encontradas na “natureza” até o seu Criador
(3). Todos sabem que uma pintura é feita por um pintor, porque a pintura mostra
uma complexidade especificada, ou um padrão complexo e reconhecível, que não é
próprio da pintura. Isto é, as moléculas da pintura não se organizam espontaneamente
para formar um retrato da Mona Lisa, por exemplo.
Podemos encontrar a ATP sintase na parte interna das
membranas das células bacterianas, e no espaço intermembranoso das mitocôndrias
e coloroplastos, que são organelas membranosas dentro das células animais e
vegetais.
A
ATP sintase produz o ATP a partir de dois produtos químicos menores, o ADP e o
fosfato. Essa enzima é tão pequena que é capaz de manipular essas pequenas
moléculas, uma de cada vez. Ela precisa converter algumas outras formas de
energia em novos ATPs. Energia esta que aparece na forma de um gradiente de íon
de hidrogênio (H+), que é gerado por um sistema protéico inteiramente diferente
da ATP sintase (5). Íons de hidrogênio passam através da ATP sintase como o
vento por um moinho. Isso compreende uma corrente elétrica de carga positiva,
diferente dos nossos motores elétricos, que usam uma corrente negativa de
elétrons.
Um
motor complexo como a ATP sintase precisa de figuras para podermos descrevê-lo.
Cientistas usam técnicas engenhosas para descobrir as exatas localizações de
cada um dos muitos milhares de átomos que constituem grandes moléculas como a
ATP sintase .
Esse
complexo protéico contém pelo menos 29 subunidades, produzidas separadamente,
que encaixam-se em duas grandes porções: a cabeça (Figura 2) e a base (Figura
3) (7). A base é ancorada em uma membrana plana (Figura 1), como o botão em uma
camisa (exceto que os botões são fixados em um único lugar, e a ATP sintase
pode migrar para qualquer lugar no plano de sua membrana). A cabeça da ATP
sintase forma um tubo (Figura 2). Compreende seis unidades, em três pares.
Estes formam três conjuntos de estações de encaixe, cada qual com a capacidade
de reter um ADP e um fosfato. A ATP sintase inclui um estator (parte
estacionária), que curva-se sobre o exterior da estrutura a fim de ajudar a
ancorar a cabeça à base.
Agora vejamos o modo eficiente e maravilhoso pelo qual
esta maravilhosa micro-máquina funciona. Veja que, na figura 1, um eixo
espiral, chamado “γ” está no meio da ATP sintase. Este eixo percorre o centro
tanto da cabeça como da base, como uma caneta dentro do tubo de papelão de um
rolo de papel higiênico.
Aqui
está a “mágica”: quando um fluxo de minúsculos íons de hidrogênio (prótons)
flui através da base e para fora da ATP sintase, passando através da membrana,
eles forçam o eixo e a base a girar. O forte eixo central pressiona as paredes
internas das seis proteínas da cabeça, que tornam-se ligeiramente deformadas e
reformadas alternadamente. Cada uma das trilhões de células do seu corpo tem
milhares destas máquinas girando a mais de 9.000 rpm.
O
eixo giratório causa movimentos de compressão da cabeça a fim de alinhar um ADP
a um fosfato, formando ATP… aos montes. Muitas outras máquinas protéicas da
célula usam ATP, quebrando-o em ADP e fosfato de novo. Isso é então,
novamente reciclado em ATP pela ATP sintase. Lubert Stryer, autor de Bioquímica
diz: “a enzima parece operar com uma eficiência próxima de 100%…”.
Este
motor tem um incrível design de alta tecnologia a um tamanho nanoscópico.
Cientistas
evolucionistas sugerem que a porção da cabeça da ATP sintase evoluiu de uma
classe de proteínas usadas para desenrolar o DNA durante a sua replicação.
Contudo,
como a ATP sintase poderia “evoluir” de algo que precisa de ATP, sintetizado
por ela, para funcionar? Essa sugestão bizarra pretende dizer no que precisamos
acreditar para entender nossas origens. Os evolucionistas são muitas vezes
guiados por um tendência que eles não admitem: o naturalismo
metodológico. Essa é a suposição de que os processos que explicam a
operação dos fenômenos são tudo o que podemos usar para descrever a origem destes
fenômenos. Essa filosofia exclui Deus, por decreto (não por ciência ou razão).
Cientistas criacionistas, olhando para o mesmo “fenômeno”
da ATP sintase também têm uma tendência: a origem sobrenatural é possível em um
universo teísta. A grande pergunta é: que tendência está correta? Eu afirmo que
uma tendência criacionista é claramente verdadeira, porque faz sentido de
acordo com os princípios da causalidade, bem como da Palavra revelada do Próprio
Criador.
Nós
devemos também considerar que a ATP sintase é produzida por processos que
(todos eles) precisam de ATP – tais como o desenrolamento da dupla hélice de
DNA pela helicase, o que permite a transcrição e tradução da informação
codificada nas proteínas que fabricam a ATP sintase. E fabricar mais de cem
enzimas/máquinas necessárias para alcançar esse objetivo necessita de ATP! A
produção das membranas nas quais a ATP sintase está situada é um processo que
precisa de ATP, mas sem as membranas isso não funcionaria. Este é realmente um
círculo vicioso para os evolucionistas explicarem.
E
quanto às características Daquele que projetou as maravilhosas habilidades do
nano-motor da ATP sintase? Tenha em mente que, quanto menor uma máquina for,
mais engenhosos serão os esforços necessários para construí-la.
A
ATP sintase fala da sabedoria, inteligência, capacidade ou racionalidade do seu
criador, alguns dos exatos atributos de Deus como revelado na Bíblia! Quando
investigamos a obra de Suas mãos, somos compelidos a obedecer Seu mandamento de
fazer o que for necessário para “dominar a terra” (Gênesis 1:28), e temos ainda
mais razão para louvá-Lo e alegrarmo-nos Nele, por Sua providência e
genialidade.”
A ATP sintase em ação
Outro
fator, relativamente à vida, é digno de ser citado: A física nos diz que o
Universo tende a um estado de maior para menor organização, ou seja, para maior
Entropia ou desordem do sistema. Contudo, a vida vai na contramão desse
processo, pois seu surgimento criou a ordem a partir da desordem.
Assim,
apesar das opiniões tendenciosas dos crentes materialistas e ateístas, Deus nos
aparece através de Sua obra, do micro ao macrocosmo. Criou o Universo material
e a vida, através dos seus engenheiros Espirituais, para que os Espíritos nela
pudessem passar pelas experiências necessárias à sua evolução intelecto-moral.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da
doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].
2 KAKU, Michio. Mundos paralelos. Rio de Janeiro: Rocco, 2008;
3 BURGOS, Pedro. Não
estamos sozinhos. Superinteressante, São Paulo: Abril,
ed. 255, ago. 2008.
4 GOSWAMI, Amit. A evolução criativa das espécies: uma resposta da nova ciência para as limitações da teoria de Darwin. São Paulo: Aleph, 2009. (Série Novo Pensamento).
ENDEREÇOS
ELETRÔNICOS:
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