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Livreto da Federação Espírita Brasileira: Em defesa da vida – SUICÍDIO NÃO
PREFÁCIO
“A calma e a resignação adquiridas na maneira de considerar a vida
terrestre e a confiança no futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor
preservativo contra a loucura e o suicídio”.
Allan Kardec. O evangelho segundo o Espiritismo. Cap. V, it. 14.
Amigo leitor,
As mensagens contidas neste livreto transmitem amor, coragem e fé a
todos os que, nos momentos difíceis da Vida, necessitam de apoio para o seu
fortalecimento moral.
São pequenos textos espíritas que louvam a excelsitude da Vida,
entendida como bênção concedida por Deus, nosso Pai e Criador, ainda que, no
momento, esteja sob o peso de desafios e provações existenciais.
O suicídio é triste ilusão porque somos seres imortais, e a Vida
continua, plena, além da morte do corpo físico.
Nesse contexto, a Federação Espírita Brasileira convida-o a participar
da campanha nacional:
Prefiro viver! Suicídio, não.
POR QUE AS PESSOAS COMETEM SUICÍDIO?
São várias as causas que conduzem o ser humano ao suicídio, todas
indicativas do desconhecimento de como funcionam a Justiça e a Misericórdia
Divinas.
Materialismo severo, solidão, depressão, enfermidades incuráveis,
violência, maus-tratos, abusos de todo tipo, pobreza extrema, fanatismo
religioso, negligência e abandono familiar, perdas afetivas, alcoolismo,
drogatização, distúrbios mentais, desesperança, obsessão de Espíritos.
O SUICÍDIO E A LOUCURA
Allan Kardec. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. V. it.16.
A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias
materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio: produzem a
covardia moral. Quando se veem homens de ciência, apoiados na autoridade do seu
saber, se esforçarem por provar aos que os ouvem ou leem que estes nada têm a
esperar depois da morte, não estão tentando convencê-los de que, se são infelizes,
o melhor que podem fazer é matar-se? Que lhes poderia dizer para desviá-los
dessa consequência? Que compensação podem oferecer-lhes? Que esperança lhes
podem dar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se segue concluir que, se o nada é o
único remédio heroico, a única perspectiva, mais vale cair nele
imediatamente, e não mais tarde, para sofrer por menos tempo.
A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que inocula a
ideia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se fazem seus
defensores assumem terrível responsabilidade. Com o Espiritismo a dúvida já não
é possível, modificando -se, portanto, a visão que se tem da Vida.
O crente sabe que a existência se prolonga indefinidamente para além do
túmulo, mas em condições muito diversas. Daí a paciência e a resignação que o
afastam muito naturalmente de pensar no suicídio; daí, numa palavra, a coragem
moral.
QUESTÕES DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Questão 943. De onde vem o desgosto pela Vida que se apodera de certos
indivíduos sem motivos que o justifiquem?
“Efeito da ociosidade, da falta de fé e, muitas vezes, da saciedade.
Para aquele que exerce suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas
aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a Vida se escoa com mais
rapidez. Suporta as suas vicissitudes com tanto mais paciência e resignação,
quanto mais age tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que o
espera”.
Questão 944. O homem tem o direito de dispor da sua própria Vida?
“Não, somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma
transgressão da Lei Divina”.
Questão 952. Comete suicídio o homem que perece vítima do abuso de
paixões que ele sabia que iriam apressar o seu fim, mas às quais não lhe foi
possível resistir, porque o hábito as transformou em verdadeiras necessidades
físicas?
“É um suicídio moral. Não compreendeis que, nesse caso, o homem é
duplamente culpado? Há nele falta de coragem, bestialidade e, além disso,
esquecimento de Deus”.
Questão 952-a. Será mais ou menos culpado do que o que tira a própria
Vida por desespero?
“É mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio.
Naquele que o faz instantaneamente, há, por vezes, uma espécie de desvario, que
tem alguma coisa da loucura. O outro será muito mais punido, porque as penas
são sempre proporcionais à consciência que se tenha das faltas cometidas”.
SUICÍDIO – SOLUÇÃO INSOLVÁVEL
FRANCO, Divaldo Pereira. Manoel Philomeno de Miranda(Espírito). Temas da
vida e da morte. Cap. 1.
O suicídio é terrível mal que aumenta na Humanidade e que deve ser
combatido por todos os homens.
Essa rigidez mental que resolve pela solução trágica é doença complexa.
Conscientizar as criaturas a respeito das consequências do ato, no
Além-Túmulo, das dores que maceram os familiares e do ultraje às Leis Divinas,
é método salutar para diminuir a incidência dessa solução insolvável.
Dialogar com bondade e paciência com as pessoas que têm propensão para o
suicídio; sugerir-lhes dar-se um pouco mais de tempo, enquanto o problema
altera a sua configuração; evitar oferecer bases ilusórias para esperanças
fugazes que o tempo desmancha; estimular a valorização pessoal; acender uma luz
no túnel do seu desespero, entre outros recursos, constituem terapia preventiva
que se fortalecerá no exercício da oração, das leituras otimistas, espirituais,
nos passos e no uso da água fluidificada.
Aquele que tenta o suicídio e não o vê consumado é candidato natural à
recidiva, que culmina tão logo se lhe apresenta o móvel desencadeador do
desejo... O suicídio é o mais grosseiro vestígio da fragilidade humana, que ata
o homem ao primarismo de que se deve libertar.
O homem é, na verdade, a mais alta realização do pensamento divino na
Terra, caminhando para a glória total, mediante as lutas e os sacrifícios do
dia a dia.
DEPOIMENTO
XAVIER, Francisco Cândido. Irmão X (Espírito). Estante da vida. Cap. 2.
Aqui vai, meu amigo, a entrevista rápida que você solicitou ao velho
jornalista desencarnado com uma suicida comum. Sabe você, quanto eu, que não
existem casos absolutamente iguais. Cada um de nós é um mundo por si. Para
nosso esclarecimento, porém, devo dizer‑lhe que se trata de jovem senhora que,
há precisamente quatorze anos, largou o corpo físico, por deliberação própria,
ingerindo formicida.
Mais alguns apontamentos, já que não podemos transformar o doloroso
assunto em novela de grande porte: ela se envenenou no Rio, aos 32 de idade,
deixando o esposo e um filhinho em casa; não era pessoa de cultura excepcional,
do ponto de vista do cérebro, mas caracterizava‑se, na Terra, por nobres
qualidades morais, moça tímida, honesta, operosa, de instrução regular e
extremamente devotada aos deveres de esposa e mãe.
Passemos, no entanto, às suas onze questões e vejamos as respostas que
ela nos deu e que transcrevo, na íntegra:
A irmã possuía alguma fé religiosa, que lhe desse convicção na vida
depois da morte?
Seguia a fé religiosa, como acontece a muita gente que acompanha os
outros no jeito de crer, na mesma situação com que se atende aos caprichos da
moda. Para ser sincera, não admitia fosse encontrar a vida aqui, como a vejo,
tão cheia de problemas ou, talvez, mais cheia de problemas que a minha
existência no mundo.
Quando sobreveio a morte do corpo, ficou inconsciente ou consciente?
Não conseguia sequer mover um dedo, mas, por motivos que ainda não sei
explicar, permaneci completamente lúcida e por muito tempo.
Quais as suas primeiras impressões ao verificar‑se desencarnada?
Ao lado de terríveis sofrimentos, um remorso indefinível tomou conta de
mim. Ouvia os lamentos de meu marido e de meu filho pequenino, debalde gritando
também, a suplicar socorro. Quando o rabecão me arrebatou o corpo imóvel,
tentei ficar em casa, mas não pude. Tinha a impressão de que eu jazia amarrada
ao meu próprio cadáver pelos nós de uma corda grossa. Sentia em mim, num
fenômeno de repercussão que não sei definir, todos os baques do corpo no
veículo em correria; atirada com ele a um compartimento do necrotério, chorava
de enlouquecer. Depois de poucas horas, notei que alguém me carregava para a
mesa de exame. Vi-me desnuda de chofre e tremi de vergonha. Mas a vergonha
fundiu‑se no terror que passei a experimentar ao ver que dois homens moços me
abriam o ventre sem nenhuma cerimônia, embora o respeitoso silêncio com que se
davam à pavorosa tarefa. Não sei o que me doía mais, se a dignidade feminina
retalhada aos meus olhos, ou se a dor indescritível que me percorria a forma,
em meu novo estado de ser, quando os golpes do instrumento cortante me rasgavam
a carne. Mas o martírio não ficou nesse ponto, porque eu, que horas antes me
achava no conforto de meu leito doméstico, tive de aguentar duchas de água fria
nas vísceras expostas, como se eu fosse um animal dos que eu vira morrer,
quando menina, no sítio de meu pai... Então, clamei ainda mais por socorro, mas
ninguém me escutava, nem via...
Recorreu à prece no sofrimento?
Sim, mas orava, à maneira dos loucos desesperados, sem qualquer noção de
Deus... Achava‑me em franco delírio de angústia, atormentada por dores físicas
e morais... Além disso, para salvar o corpo que eu mesma destruíra, a oração
era um recurso de que lançava mão muito tarde.
Encontrou amigos ou parentes desencarnados, em suas primeiras horas no
plano espiritual?
Hoje sei que muitos deles procuravam auxiliar‑me, mas inutilmente,
porque a minha condição de suicida me punha em plenitude de forças físicas. As
energias do corpo abandonado como que me eram devolvidas por ele e me achava
tão materializada em minha forma espiritual quanto na forma terrestre. Sentia‑me
completamente sozinha, desamparada...
Assistiu ao seu próprio enterro?
Com o terror que o meu amigo é capaz de imaginar.
Não havia Espíritos benfeitores no cemitério?
Sim, mas não poderia vê‑los. Estava mentalmente cega de dor. Senti‑me
sob a terra, sempre ligada ao corpo, como alguém a se debater num quarto
abafado, lodoso e escuro...
Que aconteceu em seguida?
Até agora, não consigo saber quanto tempo estive na cela do sepulcro,
seguindo, hora a hora, a decomposição de meus restos... Houve, porém, um
instante em que a corda magnética cedeu e me vi libertada. Pus‑me de pé sobre
a cova. Reconhecia-me fraca, faminta, sedenta, dilacerada... Não havia tomado
posse de meus próprios raciocínios, quando me vi cercada por uma turma de homens
que, mais tarde, vim a saber serem obsessores cruéis. Deram-me voz de prisão.
Um deles me notificou que o suicídio era falta grave, que eu seria julgada em
corte de justiça e que não me restava outra saída, senão acompanhá-los ao
tribunal. Obedeci e, para logo, fui por eles encarcerada em tenebrosa furna,
onde pude ouvir o choro de muitas outras vítimas. Esses malfeitores me
guardaram em cativeiro e abusaram da minha condição de mulher, sem qualquer
noção de respeito ou misericórdia... Somente após muito tempo de oração e
remorso, obtive o socorro de Espíritos missionários, que me retiraram do
cárcere, depois de enormes dificuldades, a fim de me internarem num campo de
tratamento.
Por que razão decidiu matar‑se?
Ciúmes de meu esposo, que passara a simpatizar com outra mulher.
Julga que a sua atitude lhe trouxe algum benefício?
Apenas complicações. Após seis anos de ausência, ferida por terríveis
saudades, obtive permissão para visitar a residência que eu julgava como sendo
minha casa no Rio. Tremenda surpresa!... Em nada adiantara o suplício. Meu
esposo, moço ainda, necessitava de companhia e escolhera para segunda esposa a
rival que eu abominava... Ele e meu filho estavam sob os cuidados da mulher que
me suscitava ódio e revolta... Sofri muito em meu orgulho abatido. Desesperei‑me.
Auxiliada pacientemente, contudo, por instrutores caridosos, adquiri
novos princípios de compreensão e conduta... Estou aprendendo agora a converter
aversão em amor. Comecei procedendo assim por devotamento ao meu filho, a quem
ansiava estender as mãos, e só possuía, no lar, as mãos dela, habilitadas a me
prestarem semelhante favor... Pouco a pouco, notei‑lhe as qualidades nobres de
caráter e coração e hoje a amo, deveras, por irmã de minha alma... Como pode
observar, o suicídio me intensificou a luta íntima e me impôs, de imediato,
duras obrigações.
Que aguarda para o futuro?
Tenho fome de esquecimento e de paz. Trabalho de boa vontade em meu
próprio burilamento e qualquer que seja a provação que me espere, nas
corrigendas que mereço, rogo à Compaixão Divina me permita nascer na Terra,
outra vez, quando então conto retomar o ponto de evolução em que estacionei,
para consertar as terríveis consequências do erro que cometi.
* Aqui, meu caro, termina o curioso depoimento em que figurei na posição
de seu secretário.
Sinceramente, não sei por que você deseja semelhante entrevista com
tanto empenho. Se é para curar doentia ansiedade em pessoa querida, inclinada a
matar‑se, é possível que você alcance o objetivo almejado. Quem sabe? O amor
tem força para convencer e instruir. Mas se você supõe que esta mensagem pode
servir de instrumento para alguma transformação na sociedade terrena, sobre os
alicerces da verdade espiritual, não estou muito certo quanto ao êxito do
tentame. Digo isso, porque, se estivesse aí, no meu corpo de carne, entre o
frango assado e o café quente, e se alguém me trouxesse a ler a presente
documentação, sem dúvida que eu julgaria tratar‑se de uma história da
carochinha.
SUICÍDIO E OBSESSÃO
XAVIER, Francisco Cândido. Vozes do grande além. Cap. 39. Pelo Espírito
Hilda
Fala-vos humilde companheira que ainda sofre, depois de aflitiva
tragédia no suicídio, alguém que conhece de perto a responsabilidade na queda a
que se arrojou, infeliz.
O pensamento delituoso é assim como um fruto apodrecido que colocamos na
casa de nossa mente.
[...] Jovem caprichosa, contrariada em meus impulsos afetivos, acariciei
a ideia da fuga, menoscabando todos os favores que a Providência Divina me
concedera à estra a primaveril.
Acalentei a ideia do suicídio com volúpia e, com isso, por meio dela,
fortaleci as ligações deploráveis com os desafetos de meu passado, que falavam
mais alto no presente.
[...] Refletia no suicídio com a expectação de quem se encaminhava para
uma porta libertadora, tentando, inutilmente, fugir de mim mesma.
E, nesse passo desacertado, todas as cadeias do meu pretérito se
reconstituíram, religando-me às trevas interiores, até que numa noite de
supremo infortúnio empunhei a taça fatídica que me liquidaria a existência na
carne.
[...] [Na] penumbra do quarto, rostos sinistros se materializaram de
leve e braços hirsutos me rodearam.
Vozes inesquecíveis e cavernosas infundiram-me estranho pavor,
exclamando: “É preciso beber”.
[...] Senti-me desequilibrada e, embora sustentasse a consciência do meu
gesto, sorvi, quase sem querer, a poção com que meu corpo se rendeu ao
sepulcro.
Em verdade, eu era obsidiada... Sofria a perseguição de adversários,
residentes na sombra, mas perseguição que eu mesma sustentei com a minha desídia
e ociosidade mental.
[...] Em razão disso, padeci, depois do túmulo, todas as humilhações que
podem rebaixar a mulher indefesa... Agora, que se me refazem as energias,
recebi a graça de acordar nos amigos encarnados a noção de ‘responsabilidade’ e
‘consciência’, no campo das imagens que nós mesmos criamos e alimentamos [...].
O TRÁGICO DESFECHO
FRANCO, Divaldo Pereira. Manoel Philomeno de Miranda(Espírito). Loucura
e obsessão. Cap. 24.
Vocês me deram a vida corporal e sacrificaram-se por toda a existência,
a fim de que sua filha fosse honrada e feliz. Nunca mediram esforços em favor
da minha ventura primeiro, para, depois, a sua. Facultaram-me o título
universitário e o excelente trabalho a que me tenho entregue com
responsabilidade e consciência de dever. Devo-lhes tudo e amo-os com total
empenho da alma... Todavia, sofro muito, experimentando, ignota, estranha dor
que me macera revelar-lhes. Sou frágil nessa área, que é a do Amor. Apesar de
jamais ele me haver faltado nos seus sentimentos a mim dirigidos, a
adolescência e a idade da razão levaram-me a buscá-lo em expressão diferente.
Há pouco, quando o encontrei, passei a viver, no mesmo momento, um céu e
um inferno que agora alcançam o seu estado máximo. O homem a quem amo e que me
diz amar é, infelizmente, para mim, casado e pai generoso. O nosso é um amor
impossível na Terra, exceto se nos dispusermos a fruí-lo no mar das lágrimas
dos outros, que não lhe merecem a deserção do lar... Fui forjada nos metais da
dignidade que o seu carinho de pais modelou no meu caráter... Não é necessário
minudenciar mais nada. Não podendo viver com ele, nem me sendo possível
prosseguir sem ele, retiro-me de cena, preferindo sofrer e fazer os seus
corações amantíssimos chorarem uma filha digna a permanecer, para desespero de
muitos, inclusive de vocês, que pranteariam uma filha alucinada... Perdoem-me,
anjos da minha vida. Não pensem que ajo egoisticamente, esquecida do amor de
vocês. Pelo contrário, atuo em homenagem ao seu amor e por amor também. Não
avalio, em profundidade, a tragédia do suicídio. Tenho-o na mente há algum
tempo e não o posso adiar mais, ou
optarei pelo suicídio moral, que culminará, certamente, mais tarde, nesta forma
infeliz... Ele, o homem amado, ficará tão surpreso com o meu gesto tresvariado quanto
vocês estarão ao ler esta carta.
Mais uma vez, abençoem-me e intercedam à Mãe de Jesus, que tanto sofreu,
pela filha que os ama, porém não suporta mais viver...”
[...] O suicídio é a culminância de um estado de alienação que se
instala sutilmente. O candidato não pensa com equilíbrio, não se dá conta dos
males que o seu gesto produz naqueles que o amam. Como perde a capacidade de
discernimento, apega-se-lhe como única solução, esquecido de que o tempo
equaciona sempre todos os problemas, não raro, melhor do que a precipitação. A
pressa nervosa por fugir e o desespero que se instala no íntimo empurram o
enfermo para a saída sem retorno... ”
TIPOS DE SUICÍDIO
O suicídio pode ser classificado como: direto ou intencional e indireto.
O suicídio intencional resulta de ato consciente. Há planejamento da morte, às
vezes, com detalhes.
O suicídio indireto resulta de hábitos e comportamentos viciosos que
lesam a saúde física ou psíquica, ou ambas.
SUICÍDIO
XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel (Espírito). Religião dos espíritos.
Cap. 48.
No suicídio intencional, sem as atenuantes da moléstia ou da ignorância,
há que considerar não somente o problema da infração ante as Leis Divinas, mas
também o ato de violência que a criatura comete contra si mesma, por meio da
premeditação mais profunda, com remorso mais amplo. Atormentada de dor, a
consciência desperta no nível de sombra a que se precipitou, suportando
compulsoriamente as companhias que elegeu para si própria, pelo tempo
indispensável à justa renovação. Contudo, os resultados não se circunscrevem
aos fenômenos de sofrimento íntimo, porque surgem os desequilíbrios
consequentes nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos de reajuste em
existências próximas.
É assim que, após determinado tempo de reeducação, nos círculos de
trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reintegrados no
plano carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as
penas e angústias na forma de enfermidades e inibições. Ser-nos-á fácil, desse
modo, identificá-los, no berço em que repontam, entremostrando a expiação a que
se acolhem.
Os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem
trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças
do sangue e as disfunções endocrínicas, tanto quanto outros males de etiologia
obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose ou do
pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás,
exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema
ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carregam consigo os dolorosos
distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia
cerebral infantil; os que estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça
sob rodas destruidoras, experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as
que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura
reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da
osteíte difusa.
Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias
orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas,
inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a
representarem terapêutica providencial na cura da alma.
Junto de semelhantes quadros de provação regenerativa, funciona a
ciência médica por missionária da redenção, conseguindo ajudar e melhorar os
enfermos de conformidade com os créditos morais que atingiram ou segundo o
merecimento de que disponham.
Guarda, pois, a existência como dom inefável, porque teu corpo é sempre
instrumento divino, para que nele aprendas a crescer para a luz e a viver para
o Amor, ante a glória de Deus
SUICÍDIO SEM DOR
FRANCO, Divaldo Pereira. Manoel Philomeno de Miranda (Espírito). Temas
da vida e da morte. Cap. 1.
Lutar por vencer as vicissitudes é inevitável, desde que a própria
injunção biológica é uma constante faina, em que nascimento, morte,
transformação e ressurgimento se dão por automatismos na maquinaria fisiológica,
ensinando à consciência a técnica do esforço para a preservação da Vida.
O pretenso suicida, que consumou a trágica fuga da responsabilidade,
jamais se libera, como é natural, dos resultados nefários do seu gesto, sempre
tresloucado, por ferir, na agressão furiosa, o mecanismo do instinto de
conservação da Vida, que governa a existência animal e o possui como fator para
sua preservação.
Orgulhoso ou pusilânime, irresponsável ou vão, o suicida não se evade de
si mesmo, da sua consciência; torna-se, aliás, o seu próprio algoz cujas penas
o gesto lhe impõe e que resgatará em injunções mil vezes mais afligentes do que
na forma em que ora se apresentam.
A burla que se permite, por supostos meios indolores para sofrer a
desencarnação, hiberna-o por algum tempo, em espírito, até o momento em que
desperta mais vilipendiado e agônico, vivo, estuante de vitalidade, padecendo
as camarteladas que a superlativa imprudência provocou.
É óbvio que ninguém ludibria a Consciência cósmica, que se expressa na
harmonia do Universo e vige, pulsante, na consciência humana individual.
Necessário que o homem assuma as responsabilidades da Vida e instrua-se
nas leis que lhe regem a existência, aprimorando-se e reunindo valores de que
possa dispor nos momentos-desafio, a fim de superá-los e reorganizar-se para os
futuros cometimentos até o instante em que se lhe encerre o ciclo biológico.
Estará, então, liberado da matéria, mas mantido na Vida... Nas aparentes mortes
sem dor, provocadas pelos que desejam fugir ou esquecer, o sofrimento moral tem
início quando se elabora o programa da evasão e jamais se pode prever quando
terminará.
A consciência humana é indestrutível, portanto, o suicídio de qualquer
espécie é arrematada loucura, um salto no desconhecido abismo da imprevisível
desesperação”.
CONSEQUÊNCIAS DO SUICÍDIO
O suicídio, independentemente da forma como se manifesta, sempre produz sofrimentos
no curto, médio ou longo prazo, em ambos os planos da Vida: o espiritual e o
físico.
SUICIDAS
KARDEC, Allan. O céu e o inferno. 2ª parte, cap. V. Espírito François-Simon
Louvet
A seguinte comunicação foi dada espontaneamente, em uma reunião espírita
no Havre, a 12 de fevereiro de 1863:
“Tereis piedade de um pobre miserável que sofre desde muito tempo de
cruéis torturas? Oh! o vácuo... o espaço... caio, caio... socorro! ... Meu
Deus, eu tive uma existência tão miserável! ... Era um pobre coitado; sofri
tanta fome na velhice!
Foi por isso que me habituei a beber, a ter vergonha e desgosto de
tudo... Quis morrer e atirei-me... Oh! meu Deus! que momento! E para que tal
desejo, quando o termo da Vida já estava tão próximo? Orai, para que eu não
veja incessantemente este vácuo debaixo de mim... Vou despedaçar-me de encontro
a essas pedras!... Eu vos suplico, a vós que conheceis as misérias dos que não mais
pertencem a esse mundo. Não me conheceis, mas eu sofro tanto... Para que mais
provas? Sofro! Não será isso o bastante? Se eu tivesse fome, em vez desse
sofrimento mais terrível e aliás imperceptível para vós, não vacilaríeis em
aliviar-me com uma migalha de pão.
Pois eu vos peço que oreis por mim.... Não posso permanecer por mais tempo
neste estado... Perguntai a qualquer desses felizes que aqui estão e sabereis quem
fui. Orai por mim”.
QUESTÕES DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Questão 956. Aqueles que, não podendo suportar a perda dos entes
queridos, se matam na esperança de se juntarem a eles atingem o seu objetivo?
“O resultado que colhem é muito diverso do que esperavam: em vez de se
unirem ao objeto de sua afeição, dele se afastam por mais tempo, já que Deus
não pode recompensar um ato de covardia, nem o insulto que lhe fazem ao
duvidarem da sua providência. Pagarão esse instante de loucura com aflições
ainda maiores do que as que pensavam abreviar e não terão, para compensá-las, a
satisfação que esperavam”
(934 e seguintes).
Questão 957. Quais são, em geral, com relação ao estado do Espírito, as
consequências do suicídio?
“As consequências do suicídio são muito diversas. Não há penas fixadas
e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o produziram. Há,
porém, uma consequência à qual o suicida não pode escapar: o desapontamento.
Ademais, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns
expiam sua falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que
aquela cujo curso interromperam”.
Comentário de Allan Kardec
A observação mostra, realmente, que os efeitos do suicídio não são
idênticos. Há, porém, os que são comuns a todos os casos de morte violenta e
que resultam da interrupção brusca da Vida. Isso se deve principalmente à
persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo, já
que esse laço se encontra em todo seu vigor no momento em que é rompido, enquanto
na morte natural ele se enfraquece gradualmente e muitas vezes se desfaz antes
mesmo que a Vida se haja extinguido completamente. As consequências desse estado
de coisas são o prolongamento da perturbação espiritual, sucedendo um período
de ilusão em que o Espírito, durante mais ou menos tempo, julga pertencer ainda
ao número dos vivos [encarnados].
A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns
suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que
assim sente, à sua revelia, os efeitos da decomposição, fazendo-o experimentar
uma sensação cheia de angústias e de horror, estado que também pode persistir
pelo tempo que devia durar a Vida que foi interrompida. Esse efeito não é
geral, mas, em caso algum, o suicida se livra das consequências da sua falta de
coragem e, mais cedo ou mais tarde, expia, de um modo ou de outro, a culpa em
que incorreu. É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito infelizes na
Terra, disseram ter-se suicidado na existência anterior e submetido
voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais resignação.
Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente
procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso,
porém, lhes é interdito. Na maior parte deles, é o pesar de haver feito uma
coisa inútil, que só redundou em decepções.
A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como
contrário às Leis da Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o
direito de abreviar voluntariamente a Vida. Mas por que não se tem esse
direito? Por que o homem não é livre para pôr termo aos seus sofrimentos?
Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo dos que
sucumbiram, que o suicídio não é uma falta apenas por constituir infração de
uma lei moral, consideração de pouco peso para certos indivíduos, mas um ato
estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes é o contrário que se dá.
Não é pela teoria que o Espiritismo nos ensina isso, mas pelos fatos que ele nos
põe sob as vistas.
O VALE DOS SUICIDAS
PEREIRA, Yvonne, A. Camilo Cândido Botelho (Espírito). Memórias de um
suicida. Primeira Parte, cap. O vale dos suicidas, p.19-22.
Precisamente no mês de janeiro do ano da graça de 1891, fora eu
surpreendido com meu aprisionamento em região do Mundo Invisível cujo desolador
panorama era composto por vales profundos, a que as sombras presidiam:
gargantas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais
maltas de demônios enfurecidos, Espíritos que foram homens, dementados pela
intensidade e estranheza, verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os
martirizavam.
Nessa paisagem aflitiva da contemplação, com a vista torturada do
grilheta, não distinguiria sequer o doce vulto de um arvoredo que testemunhasse
suas horas de desesperação, tampouco paisagens confortativas que pudessem
distraí-lo da contemplação cansativa dessas gargantas onde não penetrava outra
forma de Vida que não a traduzida pelo supremo horror!
[...] Não havia então ali, como não haverá jamais, nem paz, nem consolo,
nem esperança: tudo em seu âmbito marcado pela desgraça era miséria, assombro,
desespero e horror.
[...] Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que nenhum favor
ameniza, a tragédia que ideia alguma tranquilizadora vem orvalhar de esperança!
Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume, não há tréguas!
O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se harmonizam!
O assombroso “ranger dos dentes” da advertência prudente e sábia do sábio
Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo a se acusar a cada novo
rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de
consciências contundidas pelo vergastar infame dos remorsos! O que há é a raiva
envenenada daquele que já não pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso
das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente
vivo a despeito de se haver arrojado na morte! É a revolta, a praga, o insulto,
o ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em
feras!
O que há é a consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência
das ações cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais
envolvidas nas trevas oriundas de si mesma! [...].
PREVENÇÃO ESPÍRITA DO SUICÍDIO
São ações de apoio usualmente disponibilizadas no Centro Espírita, como
prece, passe, estudo, trabalho no Bem, diálogo fraterno, esclarecimento
doutrinário a Espíritos obsessores, entre outros.
PREVENÇÃO CONTRA O SUICÍDIO
XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel (Espírito). Pronto-socorro. Cap. 30.
Quando a ideia de suicídio, porventura, te assome à cabeça, reflete,
antes de tudo, na infinita bondade de Deus, que te instalou na residência
planetária, solidamente estruturada, a fim de sustentar-te a segurança no
Espaço Cósmico.
Em seguida, ora, pedindo socorro aos Mensageiros da Providência Divina.
Medita no Amor e na necessidade daqueles corações que te usufruem a convivência.
Ainda que não lhes conheças, de todo, o afeto que te consagram e embora a impossibilidade
em que te reconheces para medir quanto vales para cada um deles, é razoável
ponderares quantas lesões de ordem mental lhes causarias com a violência praticada
contra ti mesmo.
Se a ideia perniciosa continua a torturar-te, mesmo que te sintas
doente, refugia-te no trabalho possível, em que te mostres útil aos que te
cercam.
Visita um hospital, onde consigas avaliar as vantagens de que dispões,
em confronto com o grande número de companheiros portadores de moléstias
irreversíveis.
Vai pessoalmente ao encontro de algum instituto beneficente, a que
se recolhem irmãos necessitados de apoio total, para os quais alguns momentos
de diálogo amigo se transformam em preciosa medicação.
Lembra-te de alguém que saibas em penúria e busca avistar-te
com esse alguém, procurando aliviar-lhe a carga de aflição.
Comparece espontaneamente aos contatos com amigos reeducandos que se
encontrem internados em presídios do teu conhecimento, de maneira a
prestares a esse ou aquele algum pequenino favor.
Não desprezes a leitura de alguma página esclarecedora, capaz de renovar-te
os pensamentos.
Entrega-te ao serviço do Bem ao próximo, qualquer que ele
seja, e faze empenho em esquecer-te, porque a voluntária destruição de
tuas possibilidades físicas não só representa um ato de desconsideração para
com as bênçãos que te enriquecem a Vida, como também será o teu recolhimento
compulsório à intimidade de ti mesmo, no qual, por tempo indefinível, permanecerás
no envolvimento de tuas próprias perturbações.
A prece é de valor inestimável para os que sofrem. Devemos orar sempre
que estivermos diante de um desafio existencial, sempre que formos atingidos
pelas provações da Vida.
Nesse sentido, o Espírito suicida ou alguém que queira fugir da Vida,
independentemente das causas geradoras do seu sofrimento, deve buscar conforto
espiritual na prece.
Em seguida, apresentamos alguns trechos de O Evangelho segundo o
espiritismo como ilustração.
O PODER DA PRECE
Allan Kardec
O poder da prece está no pensamento. Não depende de palavras, nem de lugar,
nem do momento em que seja feita.
Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em
comum. A influência do lugar e do tempo só se faz sentir nas circunstâncias que
favoreçam o recolhimento. A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos
os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e têm o mesmo
objetivo: é como se muitos clamassem juntos e em uníssono.
Mas que importa reunir-se grande número de pessoas se cada uma atua
isoladamente e por conta própria? Cem pessoas reunidas podem orar como
egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, orarão como
verdadeiros irmãos em Deus, de sorte que a prece que dirijam a Deus terá mais
força do que a das cem outras (Cap. XXVII, item 15).
Pela prece o homem atrai o concurso dos Espíritos bons, que vêm
sustentá-lo em suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos. Ele
adquire, desse modo, a força moral necessária para vencer as dificuldades e
voltar ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar
de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. Um homem, por exemplo, vê
sua saúde arruinada pelos excessos que cometeu e arrasta, até o fim de seus
dias, uma vida de sofrimento; terá o direito de queixar-se, se não obtiver a
cura que deseja? Não, porque poderia ter encontrado na prece a força de
resistir às tentações (Cap.XXVII, item 11).
Se dividirmos em duas partes os males da Vida, uma constituída dos males
que o homem não pode evitar, outra das tribulações de que ele mesmo é a causa
principal, pela sua incúria ou por seus excessos [...], ver-se-á que a segunda
excede em grande número a primeira. Torna-se, pois, bastante evidente que o
homem é o autor da maior parte das suas aflições, das quais se pouparia se
agisse sempre com prudência e sabedoria. […] A prece é recomendada por todos os
Espíritos. Renunciar à prece é desconhecer a bondade de Deus; é recusar, para
si, a sua assistência e, para os outros, abrir mão do bem que lhes pode fazer
(Cap.XXVII, item 12).
PRECE POR UM SUICIDA
Allan Kardec. O evangelho segundo o espiritismo. Cap.XXVIII, Item 71.
O homem jamais tem o direito de dispor da sua própria Vida porque
somente a Deus cabe retirá-lo do cativeiro terreno, quando o julgue oportuno.
Todavia, a Justiça Divina pode abrandar seus rigores, de acordo com as
circunstâncias, reservando, porém, toda severidade para com aquele que quis subtrair-se
às provas da Vida. O suicida é como o prisioneiro que se evade da prisão antes de
cumprida a pena; quando preso de novo, é tratado com mais severidade. O mesmo se
dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em desgraças
ainda maiores.
Sabemos, ó meu Deus, qual a sorte que espera os que violam as tuas leis,
abreviando voluntariamente seus dias; mas sabemos também que a tua misericórdia
é infinita. Digna-te, pois, estendê-la, sobre a alma de N... Possam as nossas
preces e a tua comiseração abrandar a amargura dos sofrimentos que ele está
experimentando, por não haver tido a coragem de aguardar o fim de suas provas.
Espíritos bons, que tendes por missão assistir os infelizes, tomai-o sob
a vossa proteção; inspirai-lhe o pesar da falta que cometeu. Que a vossa
assistência lhe dê forças para suportar com mais resignação as novas provas por
que haja de passar, a fim de reparar a falta. Afastai dele os Espíritos maus,
capazes de o impelirem novamente para o mal e prolongar-lhe os sofrimentos,
fazendo-o perder o fruto de suas futuras provas.
A ti, cuja desgraça motiva as nossas preces, que a nossa comiseração
possa amenizar as tuas amarguras e fazer que nasça em ti a esperança de um
futuro melhor! Nas tuas mãos está ele; confia na bondade de Deus, cujo seio se
abre a todos os arrependimentos e só se conserva fechado aos corações
endurecidos.
REFERÊNCIAS
FRANCO, Divaldo Pereira. Loucura e obsessão. Pelo Espírito Manoel
Philomeno de Miranda. 12. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2016.
______. Temas da vida e da morte. Pelo Espírito Manoel Philomeno de
Miranda. 7. ed. 2. imp. Bra‑
sília: FEB, 2013.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 2. ed. 4. imp.Brasília: FEB, 2017.
______. O céu e o inferno. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp.
Brasília: FEB, 2013.
______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 3.
imp. Brasília: FEB, 2016.
PEREIRA, Yvonne, A. Memórias de um suicida.Pelo Espírito Camilo Cândido
Botelho. 27. ed. 7.
imp. Brasília: FEB, 2017.
XAVIER, Francisco Cândido. Estante da vida. Pelo Espírito Irmão X. 10.
ed. 7. imp. Brasília: FEB,
2017.
______. Pronto-socorro. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. 1. imp. Brasília:
FEB e CEU, 2015.
_______. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 22. ed. 5. imp.
Brasília: FEB, 2016.
_______. Vozes do grande além. Espíritos diversos. 6. ed. 1. imp.
Brasília: FEB, 2013.
ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:
http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/11/Livreto-Suicidio.pdf