quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O QUE PROVOCOU AS MUDANÇAS NO ESPIRITISMO QUANDO ELE VEIO PARA O BRASIL ?

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Fábio José Lourenço Bezerra

O Espiritismo sofreu grandes mudanças quando veio para o  Brasil, ainda no século XIX. O Mestre em Ciências das Religiões Fabiano Cesar de Mendonça Vidal apresentou o artigo intitulado "Das mãos de Bezerra de Menezes à mediunidade de Chico Xavier: trajetos da reelaboração do Espiritismo no Brasil" no Congresso Internacional de Imaginário, Ciências e História das Religiões, realizado em novembro de 2015 na Universidade Federal da Paraíba. Nesse artigo, o autor trata desse processo de mudança e suas causas. Vamos ao artigo.

"Fabiano Cesar de Mendonça Vidal 1

O presente trabalho possui um olhar antropológico, de caráter essencialmente bibliográfico, e tem por intenção apresentar, com base nas ideias da antropóloga Sandra Jacqueline Stoll  2003), para quem o Espiritismo, no Brasil, é uma reelaboração original da doutrina fundada por Allan Kardec na França, a tese de que a obra Os Quatro Evangelhos – A revelação da revelação do advogado francês Jean Baptiste Roustaing, contemporâneo de Kardec, é de fundamental importância para a reelaboração do Espiritismo no Brasil.

Natural de Bordeaux, Jean Baptiste Roustaing toma conhecimento da doutrina espírita elaborada por Allan Kardec ao restabelecer-se de uma enfermidade através da recomendação de um médico que lhe falara sobre as possibilidades de comunicação entre o mundo corpóreo e o espiritual (VIDAL, 2014, p.46-47). O estudo das obras de Allan Kardec causa grande impacto em Roustaing, que em parceria com a médium Emilie Collignon, produz a obra Os Quatro Evangelhos – A revelação da revelação, que lhe teria sido ditada pelos espíritos de João Baptista, Moisés, Mateus, Lucas, Marcos e João, sendo considerada por estudiosos da doutrina espírita, a exemplo de Herculano Pires e Júlio Abreu Filho (1973), Gélio Lacerda (1995), Krishnamurti de Carvalho Dias (2000) e Sergio Aleixo (2011) como o “primeiro cisma” do Espiritismo. Os Quatro Evangelhos pretendia responder, sob a ótica espírita, informações sobre a origem e natureza espirituais de Jesus 2 , que teria vindo à Terra em um corpo fluídico3 , e não carnal, ou seja, tudo na vida de Jesus, desde sua gestação por Maria e o sofrimento de sua morte na cruz haveria ocorrido apenas em aparência, concepção que posteriormente será rejeitada por Allan Kardec na Revista Espírita de 1866 e no livro A Gênese (1868)4 . Outras teses roustainguistas também iam de encontro a princípios kardecistas: a reencarnação, de acordo com Roustaing, serviria como uma punição de pecados, se opondo ao ciclo evolutivo preconizado e defendido por Kardec, segundo a qual o espírito reencarnaria tantas vezes fosse necessário até atingir o estado de espírito puro, que não mais necessitaria reencarnar. Além disso, Roustaing afirmava que o futuro espiritual da humanidade estaria destinada à “Igreja do Cristo” e nas mãos do Papa (MAIOR, 2013, p.294).

Desde sua chegada ao Brasil, o Espiritismo, em fase anterior à proclamação da República, foi severamente combatido pela religião oficial do Império, o Catolicismo, e foi necessário realizar um grande esforço na busca de sua legitimação em solo brasileiro. Considero a primeira tentativa nesse sentido, a criação, em Salvador, do periódico O Écho de Além-Túmulo (1869), idealizado pelo jornalista Luiz Olympio Telles de Menezes 5 , que defendia, em conjunto com seus companheiros do Grupo de Estudos Espiríticos da Bahia (ARRIBAS, 2010, p.63) a tese de que para ser espírita, não se fazia necessário abandonar a crença no Catolicismo, pois considerava o Espiritismo “uma filosofia de vida, uma conduta moral, que podia conviver, nesse momento, com o Catolicismo”6 (GOMES, 2012, p.155).

Exemplares de Os Quatro Evangelhos chegaram ao Brasil em 1870, ocasião em que se dá início a seu estudo e divulgação, não sem dificuldades, visto que ainda encontrava-se publicada em seu idioma original – o francês.

Apenas em 1880, por ocasião da fundação da Sociedade Espírita Fraternidade, ocorreu a primeira tentativa de traduzi-la para o português, em um manuscrito feito por João Kall. De acordo com Barros e Martins, biógrafos de Roustaing, esta primeira tentativa de tradução não possuía o objetivo de uma futura publicação, o que ocorreria apenas em 1883, por iniciativa do Marechal Francisco Raimundo Ewerton Quadros, apenas um ano antes da fundação da Federação Espírita Brasileira – FEB (BARROS; MARTINS, 2005, p.560-561).

Empolgado com o Espiritismo, em 24 de agosto de 1871 Telles de Menezes realiza a primeira tentativa de reconhecimento oficial do Espiritismo ao entregar, para o Vice-Presidente da Bahia, Dr. Francisco José da Rocha, requerimento onde pedia aprovação dos estatutos e autorização do que seria a Sociedade Espírita Brasileira. Um decreto de número 2.711, de 19 de dezembro de 1860 estabelecia que a aprovação por parte do governo de qualquer sociedade religiosa não-católica deveria ser submetida para a aprovação do Ordinário, D. Manoel Joaquim da Silveira, com quem Telles de Menezes polemizara alguns anos antes. D. Joaquim nega a aprovação ao afirmar que o Espiritismo era um “atentado formal contra a fé católica”, e que uma doutrina que possuía por objetivo contrariar a religião do Estado, só poderia ser contra esse mesmo Estado (VIDAL, 2014, p.12-13).

Com o insucesso de Telles de Menezes em formatar um Espiritismo à brasileira no qual este dialoga com a doutrina católica, caberá a Bezerra de Menezes a elaboração de um discurso que tem, em Roustaing, o elemento necessário para viabilizar a formatação deste Espiritismo à brasileira idealizado por Telles de Menezes, uma vez que a obra roustainguista possui teses em comum com o catolicismo, a exemplo da virgindade de Maria, por também entender que Jesus não poderia nascer fruto de um pecado.

Arribas considera que Bezerra de Menezes foi um (...) dos líderes e intelectuais mais importantes que trabalharam para a consolidação da doutrina espírita nos moldes ensejados pelo campo religioso brasileiro em formação. Não é à toa que foi e ainda é reconhecido pela designação de “Allan Kardec brasileiro”, justamente pelo fato de ter sido ele o “codificador” do espiritismo no Brasil, o seu organizador. A partir daí, a ideia de uma “doutrina religiosa” – enquanto corpo sistemático e organizado de princípios – só se tornou possível através de sua interpretação (ARRIBAS, 2010, p.136-137).

Ainda de acordo com esta autora, coube a Bezerra de Menezes “não só o trabalho de selecionar, na obra de Allan Kardec, determinados aspectos em detrimento de outros, como também o de encandeá-los, juntamente com outras coordenadas externas à obra kardequiana, visando dar ao seu espiritismo certa coerência e ordenação dentro de uma nova conformação estrutural” (ARRIBAS, 2010, p.137) (Grifo nosso). De fato, é o que irá ocorrer após Bezerra de Menezes assumir pela primeira vez a presidência da Federação Espírita Brasileira, ocasião na qual seu mandato é encurtado em menos de um ano em função das disputas entre aqueles que enfatizavam o aspecto científico do Espiritismo e aqueles que, assim, como ele, eram denominados de místicos (SANTOS, 2004, p.24).

A partir de 1890, Bezerra de Menezes realiza estudos no Grupo Ismael, de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec e de Os Quatro Evangelhos de Roustaing. É a partir deste momento que Bezerra de Menezes, que antes pregava uma postura de unificação federativa do movimento espírita, passará a definir-se como um autêntico integrante da tendência religiosa do espiritismo, fato este que se torna evidente quando, em sua segunda passagem como presidente da FEB, instituirá a obrigatoriedade do estudo da obra de Roustaing, da qual se torna destacado defensor, em conjunto com O Livro dos Espíritos (ARRIBAS, 2010, p.175).

É a partir desta decisão de obrigatoriedade do estudo de Os Quatro Evangelhos que a Federação Espírita Brasileira – FEB, dá início à construção de um discurso conciliatório entre as teses de Kardec e Roustaing, procurando demonstrar, de forma incisiva, que a obra roustainguista é um complemento necessário à obra de Allan Kardec. Com este objetivo, o novo discurso ganhará destaque entre os adeptos a partir das edições de Reformador e da obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, psicografia de Chico Xavier atribuída ao espírito Humberto de Campos (VIDAL, 2014, p. 56).

Nascido a 2 de abril de 1910 na cidade de Pedro Leopoldo, Chico Xavier, de formação católica, assumirá, anos mais tarde, o papel de médium espírita e terá atuação significativa para a legitimação da doutrina espírita em seu caráter religioso no Brasil, tornando-se “a principal referência do espiritismo no Brasil” (LEWGOY, 2004, p.11). Sua produção mediúnica teve ampla divulgação por parte da Federação Espírita Brasileira – FEB, que se utilizou do médium como agente representativo do enfoque doutrinário da instituição, mais voltado para o aspecto religioso do espiritismo, tomando como base doutrinária o discurso Kardec-Roustaing empreendido por Bezerra de Menezes. Não à toa, Lewgoy (2004, p.13) compreende Chico Xavier como “um personagem cercado de uma aura de sacralidade, modelo de uma proposta religiosa de alta ressonância na sociedade brasileira, tendo cumprido um papel central na criação de um espiritismo singularmente ‘brasileiro’”.

Camargo (1961) já destacava a importância da figura de Chico Xavier na formação do “Espiritismo nacional”, equiparando-o, em termos de importância, ao próprio fundador da doutrina espírita, Allan Kardec: “Sua doutrina [de Chico Xavier] acentua o caráter religioso do Espiritismo, dando ênfase aos valores sentimentais e incrementando o movimento social e a caridade” (CAMARGO, 1961, p.05). Este autor também destaca que, apesar do impacto provocado pelas obras de Chico Xavier no movimento espírita, estas “não apresentam teoricamente o mesmo grau de autoridade que envolve os trabalhos de Kardec.

Nos círculos espíritas mais intelectualizados, afirmações por ele psicografadas já foram discutidas e contestadas” (CAMARGO, 1961, p.05).

Tais contestações de parte do movimento espírita partem do pressuposto de que as obras psicografadas por Chico Xavier não foram submetidas à metodologia de controle das mensagens dos espíritos idealizada por Allan Kardec, denominada de Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos (CUEE), amplamente explicitada por Kardec na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Além disto, há a acusação da influência da obra de Roustaing sobre Chico Xavier. O jornalista Luciano dos Anjos cita vários momentos da vida de Chico Xavier, assim como passagens de suas obras e cartas enviadas ao então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 7 , em que este afirma e reafirma sua admiração e carinho pela obra do polêmico advogado de Bordeaux: “Como se todos estes depoimentos não bastassem 8 , devo assinalar que possuo, em minha biblioteca particular, o 1º tomo de “Os quatro evangelhos” devidamente autografado para mim” (ANJOS, 1993, p.87).

Neste breve recorte acerca dos trajetos de reelaboração e legitimação do Espiritismo no Brasil, fica evidente para mim uma influência fundamental da obra de Roustaing na formatação deste Espiritismo à brasileira cujas características persistem até os dias atuais, onde a doutrina espírita é compreendida como religião e possui rituais definidos como a prática do evangelho no lar e da aplicação de passes 9 . Há, também, no movimento espírita brasileiro, uma verdadeira “adoração” aos médiuns espíritas, a exemplo de Chico Xavier e Divaldo Franco, em uma situação semelhante ao que acontece com a adoração aos santos da Igreja Católica.

Entendo que o Espiritismo à brasileira é uma reconstrução original do modelo praticado na França, porém ressalto a importância de atores como Telles de Menezes, Bezerra de Menezes e Chico Xavier neste processo, por possibilitarem, cada um à sua maneira, à produção de um discurso Kardec-Roustaing difundido pela FEB que fez do Espiritismo “científico” pretendido por Kardec uma nova religião no campo religioso brasileiro, de forte influência católica e de Roustaing."

Notas de rodapé:

"1 Mestre em Ciências das Religiões – Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail: fabianovidal.ufpb@hotmail.com.br

2 Sobre a natureza de Jesus e seus poderes, Roustaing considerava que a obra de Allan Kardec pouco esclarecia a respeito.

3 O “corpo fluídico” é entendido por Allan Kardec como um corpo sem a coesão característica de corpos materiais, ou seja, “a vida, neles, não repousa no funcionamento de órgãos especiais, e neles não se podem produzir desordens análogas; um instrumento cortante, ou qualquer outro, ali penetra como num vapor, sem lhe ocasionar lesão alguma. Eis porque os seres fluídicos designados sob o nome de agêneres não podem ser mortos” (KARDEC, 2003, p.303) (Grifo original do autor).

4 Para Kardec, “Se durante sua vida Jesus tivesse estado nas condições dos seres fluídicos, não teria experimentado nem a dor, nem nenhuma das necessidades do corpo. (...) Se tudo nele era só aparência, todos os atos de sua vida (...) teria sido um vão simulacro, para enganar com relação à sua natureza e fazer crer no sacrifício ilusório de sua vida, uma comédia indigna de um homem honesto e simples, quanto mais, e por mais forte razão, de um ser também superior; numa palavra, teria abusado da boa fé de seus contemporâneos e da posteridade. Tais são as consequências lógicas desse sistema, consequências que não são admissíveis, pois resultaria em diminuí-lo moralmente, em lugar de o elevar” (KARDEC, 2003, p.304).

5 Criado como católico, Luiz Olympio Telles de Menezes é considerado pelo jornalista Luciano dos Anjos, um dos maiores defensores da obra de Roustaing no Brasil, como um adepto das teses roustainguistas, tendo feito, inclusive, a recomendação da leitura de sua obra: “O Sr. Roustaing, espírita sério, tem a probidade da franqueza e a virtude da abnegação. Recomendamos, portanto, a todos os espíritas sérios a leitura dessa obra incontestavelmente de um mérito real”. (ANJOS, 1993, p.158).

6 A tentativa de conciliar Espiritismo e Catolicismo por Telles de Menezes lhe valeu uma reprimenda por parte de Armand Théodore Desliens, da Societé Anonyme à parts d’intérêts à Capital Variable de La Caisse générale ET centrale du Spiritisme. Desliens considerava que “O Espiritismo não deve adstringir-se a nenhuma forma religiosa determinada; é, e deve permanecer uma filosofia progressiva e tolerante, abrindo seus braços a todos os deserdados, qualquer que seja sua nacionalidade e a crença religiosa a que pertençam” (FERNANDES, 2010, p.64).

7 Estas cartas são reproduzidas e comentadas por Suely Caldas Schubert no livro Testemunhos de Chico Xavier.

8 O autor se refere ao fato de Chico Xavier ser adepto das teses de Jean Baptiste Roustaing.

9 Também conhecida por fluidoterapia, esta é uma técnica onde os médiuns, “usando fluidos energizados, utilizam para o tratamento das enfermidades físicas e espirituais.” (NÚCLEO ESPÍRITA NOSSO LAR, acesso em 27 jan 2016. http://nenossolar.com.br/)." 

"REFERÊNCIAS

ANJOS, Luciano dos. Os adeptos de Roustaing. Rio de Janeiro: AEEV, 1993.

ARRIBAS, Célia. Afinal, Espiritismo é religião? A diversidade religiosa brasileira. São Paulo: Alameda, 2010.

BARROS; MARTINS. Jean Baptiste Roustaing: apóstolo do espiritismo. Rio de Janeiro: Casa de Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes, 2005.

CAMARGO, Cândido Procópio. Kardecismo e Umbanda. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Estudos Sociais, 1961.

FERNANDES, Magali Oliveira. Vozes do céu: os primeiros momentos do impresso kardecista no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Annablume, 2010.

GOMES, Adriana. O imaginário místico e amalgamador de religiosidades brasileiras e a exegese científica do espiritismo francês: da inserção da doutrina espírita no Império à construção de sua legitimação religiosa no limiar da República. PLURA, Revista de Estudos da Religião, ISSN 2179-0019, vol. 3, no 1, 2012, p. 149-172.

KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Victor Tollendal Pacheco. 21ª Ed. São Paulo: Lake, 2003.

LEWGOY, Bernardo. O grande mediador: Chico Xavier e a cultura brasileira. Bauru, SP: EDUSC, 2004.

MAIOR, Marcel Souto. Kardec: a biografia. 1. ed. – Rio de Janeiro: Record, 2013.

NÚCLEO ESPÍRITA NOSSO LAR. A fluidoterapia. Disponível em:
http://nenossolar.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=7:afluidoterapia&catid=6:as-curas-espirituais&Itemid=3.
Acesso em 27 jan. 2016.

SANTOS, José Luiz dos. Espiritismo: uma religião brasileira. Versão ver. e ampl. pelo autor. – Campinas, SP: Editora Átomo, 2004.

STOLL, Sandra. Espiritismo à brasileira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

VIDAL, Fabiano Cesar de Mendonça. Em torno do Nosso Lar: uma análise das controvérsias produzidas no movimento espírita. 2014. 100 f. Dissertação (Mestrado em Ciência das Religiões) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014.

Trabalho apresentado no IV Videlicet – Congresso Internacional de Imaginário, Ciências e História das Religiões, realizado de 04 a 07 de novembro de 2015 no Campus I da UFPB, na condição de comunicação oral."

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

Disponível em:

http://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/44606875/Das_maos_de_Bezerra_de_Menezes_a_mediunidade_de_Chico_Xavier_-_Artigo_completo.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1487284824&Signature=KnWLcatWnE8Bo6TcyHt68TxXMHk%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DDas_maos_de_Bezerra_de_Menezes_a_mediuni.pdf

Acesso em: 16/02/17

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