sábado, 24 de agosto de 2013

A PRÁTICA DO BEM E O DESAPEGO AOS BENS MATERIAIS SÃO UMA CHATICE? A FELICIDADE DOS BONS ESPÍRITOS


Fábio José Lourenço Bezerra

Muitas pessoas desfrutam, ou sonham desfrutar, plenamente, dos prazeres e bens que o mundo material pode proporcionar, como as extravagâncias que a fortuna pode comprar, o status social, de preferência sem se esforçar muito para isso, poder, o sexo promíscuo, alimentação saborosa e farta, etc.. Não imaginam, sequer, que possa existir prazer que não seja dessa forma. Muitos são até capazes de passar por cima de qualquer um para obter tudo isso. A prática do bem e o desapego aos bens materiais? Para várias delas, é uma chatice e uma perda de tempo imensa! Para um materialista, nada mais natural pensar assim, uma vez que para este nada mais existe além da matéria.
Contudo, somos Espíritos imortais, temporariamente habitando um corpo frágil e perecível, veículo de interação com esta dimensão-escola chamada mundo material. Nosso tempo aqui, comparado com toda a eternidade que viveremos no mundo espiritual, em uma distante comparação, é como frações de segundos dentro de trilhões de milênios. Consequentemente, os prazeres materiais são tão transitórios quanto nossos corpos físicos. O que levamos, quando partimos daqui, é tudo aquilo que depositamos em nossa consciência: o bem e o mal que praticamos, os valores que cultivamos e os conhecimentos que adquirimos (Ver o texto "Desapego dos Bens Materiais: Libertação do Espírito", neste blog).
O verdadeiro objetivo de nossa passagem pela vida material é desenvolvermos nossa inteligência e moralidade, através das experiências que a matéria pode proporcionar ao Espírito. Muito distantes de serem chatices, a prática do bem e o desapego aos bens materiais, na realidade, são os caminhos para conquistarmos nossa verdadeira e permanente felicidade. Somos cada vez mais felizes, à medida que evoluímos (Ver o texto Por Que Devemos Fazer o Bem?, neste blog).

Na pergunta N° 967 de “O Livro dos Espíritos”, temos: “ Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?”
Resposta – “Consiste em conhecer todas as coisas; não ter ódio, ciúme, inveja, ambição e nenhuma das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é a fonte de uma suprema felicidade. Eles não experimentam as necessidades e sofrimentos nem as angústias da vida material; ficam felizes com o bem que fazem. Porém, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Só os Espíritos puros desfrutam, é bem verdade, da felicidade suprema, mas todos os outros são também felizes. Entre os maus e os perfeitos existe uma infinidade de graus em que os prazeres são relativos à condição moral. Aqueles que estão bastante adiantados compreendem a felicidade dos mais avançados e desejam igualmente alcançá-la, o que é para eles um motivo de estímulo e não de ciúme. Sabem que depende deles consegui-la e trabalham para esse fim, mas com a calma da boa consciência, e são felizes por não sofrerem como os maus.”

Na pergunta N° 968: “Colocais a ausência das necessidades materiais entre as condições de felicidade para os bons Espíritos; mas a satisfação dessas necessidades não é, para o homem, uma fonte de prazeres?”
Resposta – “Sim, de prazeres selvagens; e quando não podeis satisfazer essas necessidades, é uma tortura.”

Na pergunta N° 969: “O que devemos entender quando se diz que os Espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em cantar louvores?”
Resposta – “É um modo de dizer, uma simbologia, para fazer entender o que eles têm das perfeições de Deus, já que O veem e O compreendem, mas não a deveis tomar ao pé da letra como fazeis com muitas outras. Tudo na natureza, desde o grão de areia, canta, ou seja, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não acrediteis que os Espíritos bem-aventurados vivam em contemplação por toda a eternidade; seria uma felicidade estúpida e monótona e seria ainda mais, uma felicidade egoísta, uma vez que sua existência seria uma inutilidade sem fim. Eles não têm mais as aflições da existência corporal: isso já é um prazer. Aliás, como já dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; empregam útil e proveitosamente a inteligência que adquiriram para ajudar no progresso dos outros Espíritos: é sua ocupação e ao mesmo tempo um prazer.”

Muito interessantes são os relatos de centenas de milhares de pessoas ao redor do globo, de diversas idades, culturas e crenças, sobre o que sentiram em suas Experiências de Quase-Morte, que claramente mostram como são os níveis superiores do plano espiritual. Peço ao leitor que compare com o que os Espíritos disseram a Allan Kardec, acima, no trecho extraído de “O Livro dos Espíritos”. Ao que tudo indica, a Espiritualidade Maior, através das experiências dessas pessoas, quer nos dar uma amostra do que nos espera quando evoluirmos ao patamar de bons Espíritos:
·         Sensação de compreensão instantânea (Muitos também descreveram como a comunicação se fez através de formas não-verbais, quase como por Telepatia);
·         Sentimento de paz;
·         Sentimento de alegria;
·         Sentimento de unicidade com tudo no cosmos;
·         Ver/sentir-se cercado por uma luz (Para muitas pessoas, a luz no final do túnel começou bem fraca depois foi crescendo em intensidade. Geralmente era branca mas não machucava os olhos. Era descrita como "agradável" e “acolhedora”, e conduzia o indivíduo para dentro dela. Com freqüência os deixava com uma sensação calorosa de serem amados. Aqueles que encontraram essa luz freqüentemente descreveram passar por uma forte transformação e experienciar uma a mudança de mente. Geralmente, as pessoas sentiram que ficaram menos materialistas, mais gentis com os outros, mais dispostas a servir, prontas a ajudar, com menos medo da morte e mais religiosas. Em alguns casos, os familiares também notaram a diferença. Alguns, que eram ateus, desenvolveram uma fé extremamente forte em Deus. O efeito na maioria dos casos se prolongou por décadas).

Para exemplificar, muitíssimo interessante é o relato do Neurocirurgião e professor da Universidade de Harvard, Dr.Eben Alexander III, no seu livro “Uma Prova do Céu”, sobre o que viu e sentiu em sua Experiência de Quase-Morte, quando passou 7 dias em coma. Diga-se de passagem que o Dr.Eben, antes de sua experiência, era totalmente cético em relação à espiritualidade das EQMs, atribuindo-as a alucinações produzidas pelo cérebro:

“Agora eu estava em um lugar cheio de nuvens.
Nuvens grandes, fofas, brancas com tons rosados se destacavam no céu de anil.
Mais alto que as nuvens - imensuravelmente mais alto - , em um aglomerado de esferas transparentes, seres deslumbrantes se deslocavam em arco por todo o céu, deixando grandes rastros atrás de si.
Pássaros? Anjos? Estas palavras me ocorreram quando eu escrevia minhas recordações, mas nenhuma delas faz jus àqueles seres, que eram muito diferentes de qualquer coisa que eu tivesse conhecido neste planeta. Eles eram mais evoluídos. Superiores.
Um som forte e majestoso, como uma música sacra, veio de cima, e me perguntei se aqueles seres superiores estariam produzindo esse uníssono. Novamente, refletindo sobre isso mais tarde, me ocorreu que a alegria dessas criaturas era tão imensa que elas tinham que manifestar esse som – como se fosse uma emoção impossível de conter. Era algo palpável e quase material, assim como uma chuva que se sente na pele, mas que não nos deixa molhados.”

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita.


2 ALEXANDER, Eben. Uma prova do céu. A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte.Rio de Janeiro.Sextante [2012].

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