sexta-feira, 30 de agosto de 2013

NEUROCIRURGIÃO DESCREVE O QUE VIU NO MUNDO ESPIRITUAL DURANTE SUA EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE


Fábio  José Lourenço Bezerra

          Conforme o texto Neurocirurgião Cético, Professor de Harvard, Tem Experiência de Quase-Morte e Passa a Acreditar na Sobrevivência da Alma, neste blog, o Dr. Eben Alexander III, em 10 de novembro de 2008, adquiriu uma rara doença que o deixou em coma por sete dias. Nesse período, todo o seu neocórtex – a superfície externa do cérebro, a parte que nos torna humanos – ficou completamente inoperante. Foi quando passou por uma incrível Experiência de Quase-Morte, que o fez acreditar na vida após a morte. Ele relata o que viu no mundo espiritual em seu livro “Uma Prova do Céu”, editado no Brasil pela Sextante. Ele escreveu em seu livro: “Minha experiência me mostrou que a morte do corpo e do cérebro não é o fim da consciência, e que a existência humana continua no além-túmulo. E, mais importante ainda, ela se perpetua sob o olhar de um Deus que nos ama e que se importa com cada um de nós, com o destino do Universo e de todos os seres contidos nele.”
Nas palavras do Dr. Raymond Moody Jr., autor do livro “Vida Depois da Vida”: “A experiência do Dr. Eben Alexander foi a mais impressionante que já ouvi nas mais de quatro décadas de estudo sobre este fenômeno”.
O Dr. Eben Alexander é neurocirurgião. Graduou-se em química pela Universidade da Carolina do Norte em 1976, na cidade de Chapel Hill, e diplomou-se em medicina pela Universidade Duke em 1980. Nos seus 11 anos de formação e de residência médica na Duke, no Hospital Geral de Massachusetts e na Universidade de Harvard, dedicou-se à neuroendocrinologia, o estudo das interações entre o sistema nervoso e o sistema endócrino (as glândulas que liberam os hormônios que governam a maior parte das atividades do corpo humano). Nesses 11 anos, investigou como os vasos sanguíneos em uma determinada região do cérebro reagem patologicamente quando há hemorragia decorrente de um aneurisma – uma síndrome conhecida como vasoespasmo cerebral.
Após concluir uma bolsa de estudos em neurocirurgia cerebrovascular em Newcastle-Upon-Tyne, no Reino Unido, passou 15 anos na faculdade de medicina de Harvard como professor adjunto de cirurgia, com especialização em neurocirurgia. Durante esse período operou inúmeros pacientes, muitos deles em condições cerebrais graves e correndo risco de vida.
A maior parte de suas pesquisas foi sobre o desenvolvimento de procedimentos técnicos avançados, como a radiocirurgia estereotáxica, uma técnica que permite aos cirurgiões direcionar precisamente os feixes de radiação para alvos específicos no cérebro sem afetar as áreas ao seu redor. Também ajudou a desenvolver os procedimentos neurocirúrgicos de ressonância magnética para o diagnóstico por imagem de complicações cerebrais difíceis de tratar, como tumores e distúrbios vasculares.
O Dr. Eben foi autor ou coautor de mais de 150 artigos para revistas dirigidas a especialistas, e apresentou as conclusões de suas pesquisas em mais de 200 conferências médicas ao redor do mundo.
Eis a descrição do que o Dr. Eben viu e sentiu em sua experiência, como escreveu em seu livro, acima citado. Após descrever a região onde se encontrava como algo que nos lembra bastante o Umbral (região inferior do plano espiritual descrita pelo Espírito André Luiz, pela psicografia do médium Chico Xavier), um lugar escuro e lamacento, embora translúcido, onde estava imerso, ele escreveu:

“Alguma coisa apareceu no escuro. Movendo-se lentamente, ela irradiava uma luz dourada e, à medida que avançava, a escuridão à minha volta começava a se fragmentar e dissipar.
Então escutei um novo som: um som vivo, como a mais rica e complexa melodia que já tinha ouvido. Aumentando de volume enquanto uma diáfana luz branca descia, esse som anulou as batidas mecânicas e maçantes que, aparentemente, haviam sido a minha única companhia até então.
A luz foi chegando cada vez mais perto, girando em torno de mim, produzindo filamentos de pura luz branca com raias douradas.
          Então, no centro da luz, apareceu outra coisa. Eu me concentrei ao máximo para descobrir o que era.
Uma abertura. Eu não estava mais olhando para a luz giratória, mas através dela.
No instante que compreendi isso, comecei a me mover. Eu ouvia um som sibilante. Quando atravessei a abertura, me vi em um mundo inteiramente novo. O mundo mais belo e estranho que eu já tinha visto.
Brilhante, vibrante, arrebatador, maravilhoso... Eu poderia amontoar adjetivos, um após outro, para tentar descrever esse mundo, mas nada do que dissesse poderia traduzir o que eu via e sentia. Era como se eu tivesse acabado de nascer. Não renascer, ou nascer de novo. Apenas... nascer.
Embaixo de mim havia uma campina. Ela era verde, exuberante e parecia feita de terra. Era de terra... mas ao mesmo tempo não era. Minha sensação era a mesma que se tem ao visitar algum lugar a que costumávamos ir quando crianças. Nós não o reconhecemos, mas ao olharmos em volta, alguma coisa nos atrai, e percebemos que uma parte de nós – uma parte bem lá no fundo – se lembra do lugar e se alegra por ter voltado ali.
Eu estava voando. Passei por árvores e campos, rios e cachoeiras, e avistei pessoas aqui e ali. Também havia crianças rindo e brincando. Todos cantavam e dançavam em círculos, e vi até cachorros correndo e saltando entre elas, igualmente tomados de alegria. As pessoas vestiam roupas simples, mas bonitas, e tive a impressão de que as cores dessas vestimentas tinham o mesmo tom vívido das árvores e das flores que desabrochavam e encantavam todo o campo ao redor.
            Um mundo de sonhos belo e incrível...
Só que não era um sonho. Embora não soubesse onde me encontrava e nem mesmo o que era aquilo tudo, eu estava convicto de uma coisa: esse lugar em que de repente me vi era completamente real.
A palavra real expressa algo abstrato e é totalmente ineficaz para transmitir o que estou tentando descrever. Imagine que você é uma criança e vai ao cinema em uma tarde de verão. Talvez o filme seja bom e prenda sua atenção enquanto você lhe está assistindo. Mas, quando a sessão termina, você sai do cinema e volta para a paisagem agradável daquela bela tarde. Logo, o ar fresco e a luz do sol o envolvem e, então, você pensa porque razão gastou duas horas daquele dia magnífico sentado numa sala escura.
         Multiplique esse sentimento por mil e ainda não estará perto de entender como eu me senti naquele lugar.
Não sei exatamente por quanto tempo sobrevoei aqueles campos (o tempo ali era diferente do tempo linear que vivemos na Terra, e é impossível descrevê-lo, assim como todos os outros detalhes da experiência), mas em algum momento percebi que não estava sozinho.
Alguém se encontrava bem próximo a mim: uma bela menina com as maçãs do rosto salientes e olhos de um azul profundo. Ela vestia o mesmo tipo de roupa camponesa que as pessoas usavam lá embaixo. Seus longos cachos castanhos emolduravam um rosto encantador. Cavalgávamos juntos sobre uma superfície intrincada, adornada por cores vivas indescritíveis – como as asas de uma borboleta. Na verdade, milhões de borboletas nos rodeavam. Havia ondas delas, descendo até a relva verde e voltando até nós no espaço. Não foi apenas uma única e discreta borboleta que apareceu, mas um enxame, como se um rio de vida e cores bailasse no ar. Voávamos em círculo, despreocupadamente, atravessando campos floridos e sobrevoando árvores cujas flores desabrochavam à medida que passávamos.
O traje da menina era modesto, mas seu colorido – azul-anil e laranja – tinha a mesma energia deslumbrante de todo o resto. Ela olhou para mim de um jeito arrebatador. Não era um olhar romântico. Tampouco um olhar de amizade. Era um olhar que estava muito além disso... além de qualquer tipo de amor que temos aqui na Terra. Era algo mais elevado, que trazia em si todos esses amores, porém mais verdadeiro e puro que qualquer um deles.
Sem usar palavras, ela falou comigo. Sua mensagem me atingiu como um vento, e compreendi imediatamente que ela era verdadeira. Eu soube disso da mesma maneira que sabia que o mundo à minha volta era real – e não uma fantasia fugaz e delirante.
A mensagem tinha três partes, e se tivesse que traduzi-la em linguagem terrena, eu diria que era mais ou menos isto:
“Você é amado e valorizado imensamente, para sempre.”
“Não há nada a temer.”
“Não há nada que você possa fazer de errado.”
A mensagem me proporcionou uma imensa sensação de alívio. Era como se eu passasse a conhecer as regras de um jogo que havia jogado a vida inteira sem nunca tê-lo compreendido de todo.
“Nós lhe mostraremos muitas coisas aqui”, a menina me disse, de novo sem usar palavras, apenas projetando a essência do significado delas em mim. “Mas, no fim, você irá voltar.”
Eu tinha uma única pergunta sobre isso.
Voltar para onde?
Lembre-se de quem está contando tudo isso. Não sou um sentimentalista.
Sei muito bem com que a morte se parece. Sei o que é ver uma pessoa viva, com quem você conversou e brincou durante um bom tempo, de repente se tornar uma massa inerte em uma mesa de operação depois de lutarmos durante horas para manter seu corpo funcionando. Conheço o sofrimento e o pesar profundo das pessoas que perderam alguém que nunca acharam que poderiam perder. Conheço a minha biologia, e, ainda que não seja um especialista em física, não sou um ignorante total nessa matéria: sei a diferença entre a fantasia e a realidade, e posso assegurar que a experiência que estou tentando transmitir aqui, ainda que de forma vaga e insatisfatória, foi de longe a experiência mais real da minha vida.
Na verdade, a única coisa que poderia competir com ela em termos de realidade foi a que veio a seguir.”
“Agora eu estava em um lugar cheio de nuvens. Nuvens grandes, fofas, brancas com tons rosados se destacavam no céu de anil.
Mais alto que as nuvens – imensuravelmente mais alto –, em um aglomerado de esferas transparentes, seres deslumbrantes se deslocavam em arco por todo o céu, deixando grandes rastros atrás de si.
Pássaros? Anjos? Estas palavras me ocorreram quando eu escrevia minhas recordações, mas nenhuma delas faz jus àqueles seres, que eram muito diferentes de qualquer coisa que eu tivesse conhecido neste planeta.
Eles eram mais evoluídos. Superiores.
Um som forte e majestoso, como uma música sacra, veio de cima, e me perguntei se aqueles seres superiores estariam produzindo esse uníssono.
Novamente, refletindo sobre isso mais tarde, me ocorreu que a alegria dessas criaturas era tão imensa que elas tinham que manifestar esse som – como se fosse uma emoção impossível de conter. Era algo palpável e quase material, assim como uma chuva que se sente na pele, mas que não nos deixa molhados.
Ver e ouvir não eram coisas separadas naquele lugar. Eu podia ouvir a beleza dos corpos daqueles seres cintilantes e, ao mesmo tempo, ver a perfeição do que eles cantavam. Parecia que não era possível ver ou escutar qualquer coisa ali sem se tornar parte dela – sem se fundir com aquilo de alguma forma misteriosa. Lá tudo era diferente e, no entanto, fazia parte de algo maior, como os belos desenhos entrelaçados nos tapetes persas... ou como nas asas de borboleta.
Um vento morno começou a soprar, balançando as folhas das árvores e fluindo como um rio celestial. Uma brisa divina. Essa brisa mudou tudo, elevou o mundo ao meu redor para uma oitava acima, para uma vibração mais alta.
Embora minha linguagem estivesse limitada – ao menos da maneira como entendemos aqui na Terra – comecei, mesmo sem palavras, a fazer perguntas para esse vento e para o ser divino que intuí operar por trás dele.
Onde é este lugar?
Quem eu sou?
Por que estou aqui?
Toda vez que eu formulava uma questão, a resposta vinha instantaneamente em uma explosão de luz, cor, amor e beleza que me invadia por completo. O importante sobre essas explosões foi que elas não silenciavam minhas perguntas com sua força esmagadora, mas respondiam a todas elas, só que de uma maneira além da linguagem. Os pensamentos entravam em mim diretamente, mas não eram iguais aos que temos aqui.
Não eram vagos, imateriais nem abstratos. Eram sólidos e imediatos – mais quentes que o fogo, mais úmidos que a água – e, à medida que os recebia, eu era capaz de conhecer, instantaneamente e sem qualquer esforço, o que levaria anos para compreender na vida terrena.
Continuei avançando e me vi entrando num imenso vazio, escuro, infinito em tamanho, mas também infinitamente prazeroso. Ao mesmo tempo que era negro, estava repleto de luz: uma luz que parecia vir de uma esfera brilhante que agora eu sentia próxima a mim. Uma órbita viva e quase sólida, como as canções dos seres superiores. Minha situação era como a de um feto no útero. Ele flutua com a parceria silenciosa da placenta, que o nutre e medeia seu relacionamento com tudo à sua volta e também com a mãe, até então invisível.
Neste caso, a “mãe” era Deus, o Criador, a Fonte – ou qualquer nome que se queira dar para o Ser dos Seres que é responsável pela existência do Universo e tudo o que há nele. Este Ser estava tão perto que parecia não haver distância alguma entre Ele e mim. Porém, eu podia sentir Sua infinita vastidão e perceber o tamanho da minha insignificância diante de tanta grandeza. De agora em diante, usarei Om para me referir a Deus, pois esse era o som que eu lembrava ter ouvido associado àquele ser onisciente,
onipresente e incondicionalmente amoroso.
Eu percebia a imensidão que separava Om de mim porque tinha a Órbita como companhia. Eu não podia compreender claramente, mas tinha certeza de que a Órbita era um tipo de “intérprete” entre mim e essa extraordinária presença que me rodeava. Era como se eu tivesse nascendo em um mundo maior, como se o Universo fosse um gigantesco útero cósmico, e a Órbita (que permanecia ligada à menina nas asas de borboleta que, na verdade, era ela) estivesse me dirigindo nesse processo.
Mais tarde, quando já estava de volta a este mundo, encontrei uma citação do poeta cristão do século XVII, Henri Vaughan, que chega próximo da descrição desse lugar – esse amplo centro escuro que era o lar do Divino.
“Existe em Deus, alguns dizem, uma profunda e ofuscante escuridão...”
Era exatamente isto: uma escuridão absoluta que também era repleta de luz.
As perguntas e as respostas continuavam. A “voz” desse Ser era cálida e pessoal – por mais estranho que isso possa soar. Ele entendia os humanos, possuía as qualidades que nós possuímos, só que numa escala muito maior.
Ele me conhecia profundamente e transbordava virtudes que sempre associei aos seres humanos: afeto, compaixão, emoção... até mesmo ironia e humor.
Por meio da Órbita, Om me disse que não existe apenas um Universo, mas muitos – na verdade, mais do que eu poderia conceber –, e que o amor está no centro de todos eles.
O mal também estava presente em todos os outros universos, porém em quantidades muito pequenas. O mal era necessário porque sem ele o livre-arbítrio era impossível, e sem livre-arbítrio não poderia haver crescimento – nenhum avanço, nenhuma chance de nos tornarmos o que Deus desejou que fôssemos. Por mais horrível e poderoso que o mal pareça, o amor é avassaladoramente maior, e triunfará no final.
Vi a abundância da vida nos incontáveis universos, incluindo alguns cuja inteligência estava muito além da nossa. Vi que existem incontáveis dimensões superiores, mas que a única maneira de conhecê-las é experimentando-as diretamente. Elas não podem ser conhecidas ou entendidas de um espaço dimensional inferior.
Causa e efeito existem nesses reinos mais elevados, mas de maneira diferente da nossa concepção terrena. O nosso tempo e espaço estão unidos, de maneira íntima e complexa, com esses universos mais avançados. Em outras palavras, esses mundos não estão totalmente separados do nosso, porque todos os mundos fazem parte da mesma e abrangente Realidade divina. Daqueles universos mais avançados se pode acessar qualquer tempo ou lugar do nosso mundo.
Seria necessário o resto de minha vida, e um pouco mais, para relatar o que aprendi ali.
O conhecimento transmitido a mim não foi “ensinado” como se ensina História ou Matemática. Os ensinamentos vinham diretamente, sem que eu precisasse ser convencido. O conhecimento era armazenado sem memorização, instantaneamente e sem esforço. Ele não desaparecia, como acontece com a informação comum – e até o dia de hoje eu o retenho, com mais clareza do que guardo as informações que acumulei
em todos os meus anos de estudo.
Isso, no entanto, não quer dizer que eu possa acessar esse conhecimento com facilidade. Porque, agora que estou de volta à dimensão terrena, tenho que processá-lo através dos limites do meu cérebro e do meu corpo físico.
Mas o conhecimento está lá. Eu o sinto, repousando no centro do meu ser.
Para uma pessoa como eu, que passou toda a vida trabalhando duro para acumular conhecimento e sabedoria da maneira tradicional, a descoberta desse nível mais avançado de aprendizado foi, por si só, o bastante para alimentar meu pensamento pela vida fora.”
Ninguém melhor do que um grande neurocirurgião para, passando por uma Experiência de Quase-Morte como essa, para analisá-la. No Anexo B do seu livro, ele escreveu:

“Hipóteses neurocientíficas que levei em conta para explicar minha experiência”

Ao analisar minhas recordações com vários outros neurocirurgiões e cientistas, aventei diversas hipóteses que poderiam justificar minhas lembranças. Mas, indo direto ao ponto, nenhuma delas foi capaz de explicar a rica, intensa e complexa interatividade das minhas experiências com o Portal e com o Núcleo (a “ultrarrealidade”). Essas hipóteses incluíram:
1. Uma programação primitiva do tronco encefálico para aliviar a dor e o sofrimento terminal (um “argumento evolutivo” – talvez um resquício das estratégias de “morte de mentira” de mamíferos inferiores?). Isso não explica a natureza intensa e interativa das minhas recordações.
2. A evocação distorcida de lembranças vindas das partes mais profundas do sistema límbico (por exemplo, a amígdala lateral), que são recobertas por tecido cerebral suficiente para deixá-las relativamente protegidas da inflamação das meninges, que acontece sobretudo na superfície do cérebro. Isso não explica a natureza intensa e demasiado interativa das minhas lembranças.
3. Bloqueio endógeno de transmissão glutamatérgica com a excitotoxicidade, imitando o anestésico alucinógeno cetamina (hipótese algumas vezes utilizada para explicar a EQM de maneira geral). Eu mesmo testemunhei os efeitos da cetamina usada como um anestésico no início da minha carreira como neurocirurgião na faculdade de medicina de Harvard. O estado alucinatório que essa droga produzia era caótico e desagradável, e sem nenhuma semelhança com a minha experiência no coma.
4. Liberação de grandes quantidades de N,N-dimetiltriptamina (DMT) pela glândula pineal ou em alguma outra parte do cérebro. A DMT, um agonista natural de serotonina (que age especificamente sobre receptores 5-HT1A, 5HT2A e 5HT2C), provoca alucinações intensas e um estado onírico. Tive experiências pessoais com drogas agonistas e antagonistas de serotonina, como o LSD e a mescalina, na minha juventude nos anos 1970. Nunca usei DMT, mas vi pacientes sob o efeito dessa substância. O ultrarrealismo que vivenciei requereria um neocórtex visual e auditivo bastante intacto para gerar as experiências audiovisuais ricas que eu tive durante o coma. Mas o coma devido à meningite bacteriana danificou gravemente o meu neocórtex, que é onde toda a serotonina vinda do núcleo da rafe, no tronco encefálico (ou a DMT), teria tido efeitos sobre a experiência visual e auditiva. Com meu córtex apagado, a DMT não teria um local no cérebro onde atuar. Assim, essa hipótese fracassou com base na incompatibilidade entre a riqueza de detalhes da minha experiência audiovisual e a ausência de um córtex sobre o qual a DMT pudesse atuar.
5. A preservação de regiões corticais isoladas poderia explicar algumas das minhas experiências, mas isso era muito improvável devido à gravidade da minha meningite e à sua resistência ao tratamento durante uma semana. Eu tinha mais de 27.000 glóbulos brancos periféricos por mm³, dos quais 31% de neutrófilos imaturos com granulações tóxicas; mais de 4.300 glóbulos brancos por mm3, 1,0 mg/dl de glicose, e 1.340 mg/dl de proteína no líquido cefalorraquidiano; comprometimento difuso da meninge com anormalidades associadas no cérebro, segundo a tomografia computadorizada, e, por fim, alterações graves da função do córtex e da mobilidade extraocular, segundo exames neurológicos, indicativos de danos no tronco encefálico.
6. Para explicar a “ultrarrealidade” da experiência, também sondei esta hipótese: seria possível que redes de neurônios inibitórios pudessem ter sido predominantemente afetadas, proporcionando altos níveis de atividade entre redes neuronais excitatórias para produzir o aparente “ultrarrealismo” da minha experiência? Espera-se que a meningite cause distúrbios prioritariamente no córtex superficial, deixando as camadas mais profundas parcialmente ativas. A unidade computacional do neocórtex é a “coluna funcional” de seis camadas, cada uma com diâmetro lateral de 0,2-0,3mm. Existe um número significativo de conexões laterais entre colunas imediatamente adjacentes que trazem sinais modulatórios sobretudo de regiões subcorticais (o tálamo, núcleos da base e tronco encefálico). Cada coluna funcional tem um componente na superfície (camadas 1-3), de forma que a meningite perturba a função de cada coluna ao danificar as camadas da superfície do córtex. A distribuição anatômica das células inibitórias e excitatórias, bastante equilibrada ao longo das seis camadas, inviabiliza essa hipótese. A meningite difusa sobre a superfície do cérebro incapacita o neocórtex por completo devido a essa arquitetura colunar. Mesmo assim, uma destruição completa seria desnecessária para que houvesse um comprometimento funcional total. Dado o curso prolongado (por sete dias) do meu comprometimento neurológico e a gravidade da infecção, é improvável que mesmo as camadas mais profundas do córtex ainda estivessem funcionando.
7. O tálamo, os núcleos da base e o tronco encefálico são estruturas cerebrais mais profundas (“regiões subcorticais”) que alguns colegas postulam que poderiam ter contribuído para a origem de tais experiências hiperreais. Na verdade, nenhuma dessas estruturas poderia desempenhar qualquer um desses papéis sem que ao menos algumas regiões do neocórtex estivessem intactas. Todos nós concordamos, no final, que essas estruturas subcorticais, por si sós, não poderiam dar conta das computações neurais intensas que uma riquíssima experiência interativa teria exigido.
8. Cogitei o “fenômeno de reinicialização”, uma evocação aleatória de memórias dispersas devido a lembranças antigas do neocórtex danificado, que pode ocorrer no retorno do córtex à consciência depois de uma falha prolongada no sistema, como na meningite difusa que sofri. Principalmente devido à sofisticação das minhas recordações, isso parece muito improvável.
9. Uma geração extraordinária de memória por meio de vias visuais evolutivamente antigas no mesencéfalo, usada predominantemente nos pássaros e identificada muito raramente em seres humanos. Isto pode ser demonstrado em humanos que são corticalmente cegos, devido a um dano no córtex occipital. Mas não explica a ultrarrealidade que vivenciei, além de não contemplar o entrosamento audiovisual das minhas experiências.”
           
            Ao que tudo indica, a Espiritualidade Superior utilizou-se de um neurocirurgião, da envergadura do Dr.Eben, para nos dar uma resposta às teorias materialistas sobre as Experiências de Quase-Morte. Além disso, para mostrar aquilo que nos espera quando evoluirmos, quando nos empenharmos em nossa luta contra os nossos instintos inferiores como o egoísmo, o orgulho, a vaidade e o apego aos bens materiais.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALEXANDER, Eben. Uma prova do céu. A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte.Rio de Janeiro.Sextante [2012]   





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