Extraímos o excelente
artigo abaixo, de autoria da pesquisadora dos fenômenos paranormais Elsie Dubugras, publicado na
Revista
Planeta Nº 224, edição de maio de 1991. Um pequeno erro terminológico ocorre ao longo do texto que, contudo, não altera o valor do seu conteúdo. Onde lê-se grafologia, entenda-se grafoscopia. Leiamos:
“Utilizando
técnicas grafológicas, o professor Carlos Augusto Perandréa, criminologista e
perito credenciado pelo Poder Judiciário, pesquisou diversas mensagens
psicografadas pelo médium Chico Xavier. O trabalho de Perandréa mostra se de
grande importância para os estudiosos da paranormalidade, principalmente por
ter sido desenvolvido a partir de padrões científicos de análise.
Apesar
das religiões ocidentais negarem a reencarnação e a presença de espíritos em
nosso mundo físico, ao longo da história os homens tiveram sempre de enfrentar
fenômenos para os quais a única explicação razoável é sua origem espiritual. Um
desses fenômenos é a chamada escrita automática ou psicografia, área no qual o
expoente máximo foi o médium brasileiro Francisco Cândido Xavier.
Chico
psicografou milhares de mensagens e mais de 400 livros, tendo sido estudado por
especialistas no tema do mundo todo. No Brasil. essa tarefa ficou por conta do Dr.Carlos
Augusto Penandréa, professor de datiloscopia e grafoscopia da direção do Banco do
Brasil (de 1972 a 1986), professor adjunto do Departamento de Patologia,
Legislação e Deontologia da Universidade de Londrina, Paraná, criminologista e
perito credenciado pelo Poder Judiciário.
A
pesquisa feita por Perandréa durou 13 anos e foi realizada de forma
rigorosamente científica, pois, sendo ele um perito na área da grafologia,
sabia como levantar e expor os dados de maneira adequada, apresentando suas
conclusões como faria nos meios forenses. O professor começou a se interessar
pelo tema durante um curso de Grafoscopia para Coordenadores do Banco do
Brasil, realizado em Brasília em julho de 1977. O primeiro trabalho por ele
examinado foi uma psicografia de Chico Xavier obtida em 15 de maio de 1976 e
atribuída ao espírito de Fausto Bailão Luiz Pereira um jovem de 15 anos que falecera num
desastre automobilístico cerca de três meses antes.
A
singularidade do assunto atraiu Perandréa, que começou a reunir os originais de
outras mensagens psicografadas por Chico Xavier. Além disso, para fins
comparativos, ele recolheu material escrito pelos desencarnados durante o tempo
em que viveram neste mundo. Com esse acervo e utilizando-se de sua perícia em
grafologia, o pesquisador concluiu um cuidadoso estudo sobre o fenômeno da
escrita automática, intitulado A Psicografia à Luz da Grafologia. A fim de
entender melhor o seu trabalho, é interessante relatar aqui alguns elementos
habitualmente empregados nesse tipo de análise.
Diferenças
importantes Segundo especialistas, as
palavras manuscritas contêm uma imensidão de detalhes informativos sobre seus
autores, como idade, grau de cultura, profissão e estado psicossomático. A
caligrafia de uma criança é diferente da de um adulto. Isso pode ser facilmente
comprovado comparando se uma mesma palavra escrita por alguém na infância e na
fase adulta a mudança em sua forma estética é evidente.
Tais
diferenças são também encontradas na caligrafia de pessoas de culturas
desiguais. Os eruditos escrevem com desenvoltura e criatividade; a letra de
pessoas de cultura média continua subordinada à sua fase de aprendizagem; e as
menos cultas escrevem vagarosamente, desenhando as palavras. Outro fator que
modifica a caligrafia é o posicionamento de quem escreve: um braço bem apoiado
produz traços diferentes daqueles obtidos quando não há um suporte normal. Além
disso, existem ainda três formas de produção da escrita denominadas pelos grafólogos de mão forçada,
mão guiada e mão auxiliada que mudam a
letra original de uma pessoa. No primeiro caso, traços desordenados, por vezes
ilegíveis, são produzidos em virtude de o autor ter sido forçado a escrever
contra a sua vontade. As letras de mão guiada mostram se espaçadas, deformadas,
com irregularidades de ligação, etc. e ocorrem quando a mão acha se inerte,
como no caso de um paralítico ou de um agônico, tendo de ser guiada por outra
pessoa. A caligrafia da mão auxiliada apresenta traços fracos, indecisos e
deformados, por receber ajuda de outra pessoa diante da existência de uma
impotência funcional qualquer, como lesões ou moléstias nervosas.
Foi
usando estes e outros conhecimentos específicos que o professor Perandréa
analisou a autoria de algumas mensagens psicografadas por Chico Xavier. O caso
de Ilda Mascaro Saullo uma senhora que faleceu em Roma em dezembro de 1977,
após longa enfermidade pode servir para
mostrar como o grafologista conseguiu elementos que o levaram a acreditar na
autenticidade das mensagens recebidas por Chico.
A
mensagem em questão foi psicografada em 22 de julho de 1978, e para isso o
médium usou lápis, três folhas de papel ofício sem pautas e terminou assinando
o nome Ilda. Como peça de confronto, Perandréa conseguiu um cartão semelhante
aos que são usados no Natal, cujo texto estava em italiano, não tinha data
alguma. mas fora assinado com o mesmo nome: Ilda. Além disso, o pesquisador
procurou também manuscritos naturais de Chico Xavier, anteriores e posteriores
à data da psicografia.
O
trabalho comparativo mostrou que, apesar da predominância de características
gráficas do médium, destacavam se elementos gráficos da escrita de Ilda no
corpo da psicografia e na assinatura.
Perandréa
fez ainda uma seqüência gráfica por translucidez e observou outros importantes
detalhes, como as coincidências entre certas letras, o encaixe perfeito das
barras que cortam as letras "t", igualdade na abertura das hastes,
nas extensões, na altura e na situação; em suas conclusões, declarou:
"Essas igualdades absolutas, adicionadas às demais, definem o exame da
autoria gráfica (...). A mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier,
aos 22/7/78, atribuída a Ilda Mascaro Saullo, contém, conforme demonstração
fotográfica (...), consideráveis e irrefutáveis características de Gênese
Gráfica, suficientes para a revelação e identificação de Ilda Mascaro Sauflo
como autora da mensagem questionada."
A
pesquisa desenvolvida por Carlos Augusto Perandréa possui um duplo valor para
os estudiosos dos fenômenos psíquicos. Primeiro, porque os dados por ele
levantados comprovam a autenticidade do trabalho mediúnico de Chico Xavier,
ajudando a demonstrar a possibilidade de sobrevivência do espírito e da
comunicação entre o plano astral e o mundo físico. Segundo, porque todo
trabalho foi elaborado a partir de técnicas objetivas de análise, aceitas pelo
Poder Judiciário como instrumentos de comprovação da autoria de qualquer texto.
Com isso, Perandréa marca um importante ponto contra aqueles que, invocando a
autoridade científica, negam com veemência e dogmatismo a tese da sobrevivência
da alma.”
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