Fonte da imagem: http://www.seareirosdejesus.com.br/fenomeno-da-materializacao-prova-imortalidade-do-espirito/
Fábio José Lourenço
Bezerra
Apesar do
desconhecimento de grande parte da população mundial, além da desinformação
propagada por determinados segmentos de instituições religiosas e cientistas
crentes no materialismo, o Espiritismo é, de fato, uma ciência. Extraímos, na
sua maior parte, um excelente artigo sobre este tema do site Portal
do Espírito, de autoria de Charles Kempf. Grande
divulgador do Espiritismo pelo mundo, Kempf é engenheiro, formado
na École Nationale Supérieure des Mines de Paris, atuando na área de centrais
elétricas. Artigo com tradução de Paulo A. Ferreira e revisão de Lúcia F.
Ferreira.
“ INTRODUÇÃO
As palavras espiritualismo e
espiritualista têm uma acepção muito geral: qualquer um que acredite ter em si
outra coisa além da matéria é espiritualista. Ao contrário, os termos
ESPIRITISMO e ESPÍRITA são neologismos, isto é, palavras inventadas por seu
codificador, Allan Kardec.
Allan Kardec definiu o Espiritismo como
"uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos,
e de suas relações com o mundo corporal”.
O Espiritismo é então bem definido como
uma ciência. Mas se distingue das disciplinas científicas já estabelecidas e
estudadas nas academias pelo objeto de seus estudos: o elemento espiritual.”
“O ESPIRITISMO FACE
AOS CONCEITOS CLÁSSICOS E MODERNOS DA CIÊNCIA
A Ciência é geralmente definida como
"um conjunto de conhecimentos sobre um determinado objeto, obtido por
certos critérios metódicos e sistemáticos, em um sistema construído
logicamente”. A física é o exemplo típico.
Não desejamos entrar aqui nos debates
filosóficos sobre a validade dos conceitos e dos métodos científicos, o que
está longe de ter unanimidade. Com efeito, "este ramo da filosofia tem
evoluído bastante nos quatro últimos decênios, nos oferecendo hoje uma concepção
da ciência muito mais fiel à sua história”6.
Limitar-nos-emos a apresentar
sumariamente certos conceitos e depois examinaremos suas relações com o
Espiritismo.
CONCEITOS CLÁSSICOS
Entre o século XVI e meados do século
XX, a Ciência estava caracterizada pela adoção do "método racional"
ou "método científico". Leonard da Vinci, Pascal, Bacon, Lavoisier,
Descartes e Newton sublinharam a regra fundamental da experiência e da
observação nas ciências da natureza. Nenhuma hipótese deveria intervir durante
a observação, as leis eram deduzidas a posteriori. O método experimental tem
sido estendido a diversos setores, desde a biologia à fisiologia. Estes
conceitos clássicos predominam ainda em nossos dias no público e subsistem
mesmo entre os cientistas.
Allan KARDEC afirma que "o
Espiritismo não coloca como princípio absoluto senão o que está demonstrado
como uma evidência, ou o que ressalta logicamente da observação”7. "Como
meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma maneira
que as ciências positivas, isto é, aplica o método experimental.Fatos de
uma ordem nova se apresentaram que não podem ser explicados pelas leis
conhecidas; ele as observa, compara, analisa, e, dos efeitos remonta às causas,
chega à lei que os rege; depois, deduz as conseqüências e busca aplicações
úteis "8.
Kardec emprega a expressão "ciência
positiva", mas isso não significa que o Espiritismo aceite a
metodologia e a ideologia positivista de Auguste Comte.
Com efeito, nesta época, a Ciência
estava se impondo no centro do conhecimento humano. As leis novas não podiam
ser incompatíveis com as leis estabelecidas. Estavam presas nas verdades
absolutas, inquebrantáveis, que não se tinha mais necessidade de questionar:
segundo o positivismo de Auguste Comte, uma vez o conhecimento tivesse sido
estabelecido, apenas teria que progredir. O determinismo de Laplace, o
atomismo, o cientificismo estava florescendo, e pretendia-se que a ciência
poderia explicar e prever todos os fenômenos naturais. Não havia mais
necessidade de se considerar a noção de divindade. Tinha-se mesmo chegado a
invocar a idéia de que "a ciência tinha chegado ao seu fim" (Marcelin
Berthelot).
Allan Kardec soube evitar este escolho,
perguntando humildemente àqueles que pretendiam deter o privilégio da verdade:
"Qual é o homem que pode gabar-se de possuir tudo, quando o círculo dos
conhecimentos cresce sem cessar, e as idéias se retificam a cada dia?"9
Entrevendo no Espiritismo uma nova
ordem de fatos e idéias, Kardec abriu uma nova via. Ele soube comparar,
refletir, aplicar o método experimental e estruturar um pensamento progressista
sobre a questão espiritual: "O objeto especial do Espiritismo é o
conhecimento das leis do princípio espiritual, (...) uma das forças da
natureza, que reage incessante e reciprocamente sobre o princípio
material."10
Mas os fatos espíritas "têm por
agentes inteligências que têm sua independência, seu livre-arbítrio e escapam
por isso aos nossos procedimentos de laboratório e aos nossos cálculos, e assim
não são mais da alçada da ciência propriamente dita."11
Reconhecendo as qualidades da Ciência
como escola de abertura e de humildade, e consciente da falibilidade do
conhecimento humano, Kardec afirma todavia que "o Espiritismo e a
Ciência se completam um ao outro: a Ciência, sem o Espiritismo, se encontra
impotente para explicar certos fenômenos somente pelas leis da matéria; ao
Espiritismo, sem a Ciência, faltaria o apoio e o controle."12
CONCEITOS MODERNOS
No século XX, a Mecânica Relativista e
a Física Quântica balançaram as teorias clássicas, que passaram a ser vistas
como idealizações que só podem ser aplicadas dentro de certos limites. O espaço
e o tempo perderam seu caráter absoluto. Com o advento do Princípio da
Incerteza de Heisenberg, os raciocínios clássicos, baseados na exatidão, pouco
a pouco cederam terreno aos raciocínios probabilísticos. Esta época marca então
um giro na história das ciências. A revisão radical dos conceitos fundamentais
recolocou em pauta um bom número de princípios filosóficos ligados à ciência e
à metodologia, acarretando as crises do positivismo e do determinismo.
"Nenhuma lei teórica pode sair de um conjunto de fatos de maneira lógica e
infalível”.
Segundo Paul Langevin, "os
físicos têm sido obrigados a refletir de forma mais precisa na maneira como
trabalham e na filosofia de sua ciência”. Assim, houve uma
reaproximação entre a ciência e a filosofia. Isoladamente, ninguém pode
reivindicar a hegemonia no domínio do conhecimento. No livro "A lógica da
descoberta científica", de Karl Popper, filósofo britânico, foi
introduzido em 1934 o critério da falibilidade: uma lei científica
é válida até que os fatos provem onde e como ela é falsa. Ela então não tem
mais necessidade de ser inquebrantável para ser científica (o que está conforme
ao princípio da humildade).
Em 1962, Thomas Kuhn, professor de
Física do MIT (Universidade de Massachusetts), apaixonado pela história e
filosofia da Ciência, publicou "A Estrutura das Revoluções
Científicas". Ele introduziu o conceito de paradigma (modelo).
"Os paradigmas são descobertas científicas universalmente reconhecidas
que, por um tempo, fornecem a uma comunidade de pesquisadores problemas típicos
e soluções”. A ciência progride por revoluções, onde as certezas
científicas e os paradigmas devem ser revistos e numerosos fundamentos perdem
sua validade.
As idéias de Imre Lakatos caminham no
mesmo sentido. Segundo ele, a ciência se desenvolve segundo um programa
científico de pesquisa, que consiste em um núcleo rígido de hipóteses
fundamentais, envolvidas por hipóteses auxiliares, ajustando o núcleo central.
Esse programa científico evolui, e é dito progressivo se permite explicar novos
fatos, e degenerativo no caso contrário. Neste último caso, é preciso elaborar
um novo programa de pesquisa.
A ciência moderna tem então evoluído
para "um clima de inexatidão racional, compatível com o livre-exame e
incompatível com todo princípio que se pretenda absoluto”. 13
Ela reconhece mesmo as hipóteses à
priori para preservar as leis em vigor, e a história mostra que isso é
produtivo. Foi o caso na hipótese da existência de um corpo celeste influenciando
a trajetória de Urano, tendo acelerado a descoberta de Netuno.
Certos cientistas, como Fritjof Capra,
são mesmo abertos "ao misticismo, capaz de lhes fornecer a matéria prima
para a elaboração de hipóteses experimentais”.14 Professor de
Física na Universidade de Berkeley na Califórnia, Capra declarou em 1975, em
seu livro "O Tao da Física", que "o método científico de
abstração é muito eficaz e possante, mas não devemos lhe pagar o preço. À
medida que definimos mais precisamente nossos sistemas conceituais, que
traçamos um perfil e elaboramos relações mais e mais rigorosas, cada vez mais
eles se desligam do mundo real." Dito de outra forma, os cientistas,
para manipular a Natureza das coisas, devem utilizar modelos tão complexos que
não são mais acessíveis senão à uma elite, se afastando então do mundo dos
sentidos comuns...
Capra afirma que existem outras
aproximações possíveis da realidade. Cita o misticismo oriental: com a intuição
liberada e isenta do conservadorismo da linguagem e das percepções restritas
dos sentidos, o homem oriental percebe a verdadeira natureza das coisas.
Segundo Capra, a Física moderna se aproxima desse estado de espírito.
Paul K. Feyerabend, físico ensinando na
Universidade de Berkeley na Califórnia e na Universidade de Zurich, colaborador
de Thomas Kuhn, sublinha as restrições da metodologia científica, e toma mesmo
posição contrária em seu livro "Contra o método". A Ciência não seria
senão uma ideologia, pura formalização de conceitos simbólicos aceitos por uma
comunidade para propor e abordar uma certa ordem de fatos. Afirma, também,
"que é preciso em nossas invenções um novo sistema conceitual, que
suspenda os resultados já cuidadosamente estabelecidos das observações, ou que
com eles se choquem; um sistema que confunda os princípios teóricos mais
plausíveis, e que introduza percepções que podem não fazer parte do mundo
percebido já existente”.Dito de outra forma, a multiplicidade das
aproximações metodológicas é a melhor maneira de produzir um conhecimento
científico; "O único princípio que não inibe o progresso é: tudo é
permitido”.Entendamos por isso que os preconceitos e a dificuldade em se
colocar algo em questão são um freio ao progresso científico.
Enfim, notemos que essas idéias são
próximas daquelas na base das técnicas criativas modernas, chamadas "brain
storming" nos países de influência inglesa (remue méninges). Seu princípio
de ação está longe de ser elucidado, mas dão resultados e já são largamente
utilizados. Os participantes das seções de criatividade recusam a censura,
devem fazer abstração dos bloqueios (culturais, perceptivos, etc.), tabus e
idéias já recebidas, afim de se colocar em um estado mais favorável possível à
inspiração e à produção de idéias. As seções são por vezes organizadas após uma
noite de incubação do problema a ser tratado (a noite então traria efetivamente
conselhos...).
As concepções modernas sobre a
metodologia tendem então à relativizar e à desmistificar o conhecimento
científico, considerado como uma aproximação, entre outros utilizados pelo
homem para representar e manipular o universo onde ele vive. Certamente, o
conhecimento científico é reconhecido e respeitado sob numerosos aspectos, mas
sem o espírito de sistema que pretende, de forma absoluta, submeter tudo à
estreiteza analítica de uma metodologia.
O objeto dos estudos do Espiritismo
sendo diferente daquele das ciências materialistas, não há lugar para os
comparar diretamente, salvo nas interfaces ou nos pontos comuns. A coerência de
conjunto entre a Doutrina Espírita e as outras ciências permanece intacta,
mesmo após este período de revolução científica, tanto pelo conteúdo dos
princípios quanto pela metodologia.
Certas revelações dos Espíritos,
anteriores a 1857, parecem mesmo estar ainda mais adiante. Por exemplo, à questão
n°22 do Livro dos Espíritos:
"Define-se geralmente a matéria
como: o que se ouve, o que pode causar impressão sobre nossos sentidos e o que
é impenetrável; essas definições são exatas?”
Os espíritos respondem:
«No seu ponto de vista, isso é exato
porque vocês falam apenas daquilo que conhecem, mas a matéria existe em estados
que são desconhecidos para vocês; ela pode ser, por exemplo, de tal forma
etérea e sutil, que não faça nenhuma impressão sobre os sentidos, entretanto é
sempre matéria, embora para vocês assim não seja. »
Da mesma forma, respondendo à questão
n°27, os espíritos revelam a existência de um fluido universal, cujas
modificações seriam a origem da matéria tangível, de sua massa, das forças de
gravitação e das interações, assim como de outras propriedades físicas. Essas
revelações não estão em contradição com as leis físicas conhecidas, como a lei
da relatividade (a célebre fórmula E=mc2), enunciada 50 anos mais tarde. Elas
poderiam simplesmente sugerir que esta lei não se aplica senão à matéria sob a
forma que conhecemos, mas não, por exemplo, ao pensamento ou à matéria que
reveste os espíritos. Esses últimos afirmam poder percorrer, quase
instantaneamente, grandes distâncias e ter uma noção do tempo diferente da
nossa.
Por outro lado, os pesquisadores estão
sempre em busca da Teoria da Grande Unificação, da massa faltante do Universo,
da explicação da gravidade, da estrutura íntima da matéria, da significação
intrínseca das constantes como a da gravitação (G), a constante de ação de
Plank (h), a velocidade da luz no vácuo (c), a temperatura do zero absoluto,
etc. É pena que explorem muito pouco o filão das idéias reveladas pelos
espíritos e conhecidas por outras religiões orientais.
No que concerne à metodologia, Kardec
tinha sublinhado, desde 1857, a necessidade de desmistificar o saber
totalitário das corporações científicas afirmando que, para muita gente, a
oposição do corpo de sábios é, se não uma prova, pelo menos uma forte pretensão
contrariada. Não somos daqueles que criam um reboliço contra os sábios, porque
não queremos que digam de nós que damos coices: ao contrário, os temos em
grande estima, e ficaremos fortemente honrados em contá-los entre nós; mas sua
opinião não poderia ser, em todas as circunstâncias, um julgamento irrevogável.
(...)
Para coisas de notoriedade, a opinião
dos sábios fazem fé, com justiça, porque que eles sabem mais e melhor do que o
vulgo; mas tratando-se de princípios novos, de coisas desconhecidas, sua
maneira de ver é sempre apenas hipotética, porque eles não estão, mais que os
outros, isentos de preconceitos."15
Por outro lado, sublinhando o caráter
progressista do pensamento espírita, Kardec se separa do positivismo. Ele
entreviu a idéia do critério da falibilidade de Popper, como o princípio das
hipóteses auxiliares ajustando o núcleo central estável, segundo as concepções
de Lakatos, acrescentando:
"O Espiritismo, caminhando com
o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe
demonstrarem que está em erro sobre um ponto, ele se modificará sobre esse
ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará."16
Os fatos espíritas existiram em todos
os tempos, mas Allan Kardec os codificou com precisão, estabelecendo princípios
teóricos, métodos, critérios e valores para as pesquisas e mesmo vários
exemplos concretos de problemas resolvidos pela teoria espírita. Uma análise
mais detalhada17 permite afirmar que ele nos legou, assim, um
verdadeiro paradigma científico, no sentido dado por Kuhn, que não deixa nada a
invejar aos outros paradigmas científicos como a termodinâmica, a mecânica
relativística, etc.
Da mesma forma, o Espiritismo tem todas
as características de um programa científico de pesquisa progressiva,
constituindo uma ciência legítima segundo Lakatos. "Seu núcleo de
princípios fundamentais está ligado à existência, à preexistência e à
sobrevivência do espírito, sua evolução, seu livre arbítrio, à lei de
causalidade, etc."18 Os princípios auxiliares
concernem à natureza do perispírito, à reencarnação, à condição do espírito
após a morte e religam os princípios fundamentais aos fenômenos.
Todavia, o paradigma espírita não sofre
de nenhuma acumulação de anomalias, e apresenta uma grande estabilidade. Ele é
mesmo um núcleo de princípios fundamentais, que não é degenerativo. Pode-se
tentar explicar pelas seguintes razões:
·
A maior parte dos princípios espíritas é deduzida de uma multiplicidade
de fenômenos por uma observação empírica direta. Eles não necessitam de teorias
ou de aparelhagens complexas para uma observação indireta, como é o caso da
Física que é mais vulnerável. A Doutrina Espírita foi expressa em termos
simples, acessíveis à maioria.
·
Inspirado pela espiritualidade, Kardec possuía um sentido científico e
filosófico avançado para sua época, como o demonstram sua obra e a pertinência
de certas dissertações explícitas sobre o método científico19, mesmo
após quase 140 anos.
·
O Espiritismo constitui uma revelação cujo caráter está claramente
definido por Kardec20:
"Por sua natureza, a revelação
espírita tem um duplo caráter: consiste ao mesmo tempo da revelação divina e da
revelação científica. O primeiro, porque seu advento é providencial, e não o
resultado da iniciativa ou de um propósito premeditado pelo homem; porque os
pontos fundamentais da doutrina são de fato o ensinamento dado pelos Espíritos
encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre as coisas que ignoram, que
não poderiam aprender por si mesmos, e que lhes importa conhecer, hoje que já
estão maduros para os compreender. O segundo, porque este ensinamento não é o
privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todos da mesma forma; porque
aqueles que o transmitem e os recebem não são absolutamente seres passivos,
dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; porque não devem abnegar
de seu julgamento e de seu livre arbítrio; porque o controle não lhes está
interdito mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi de
forma alguma ditada integralmente, nem impõe a crença cega; porque
ela é deduzida pelo trabalho do homem, pela observação dos fatos que os
Espíritos colocaram sob seus olhos, e pelas instruções que lhes deram. Essas
instruções ele estuda, comenta, compara, tirando então, por si mesmo, suas
conseqüências e aplicações. Em uma palavra, o que caracteriza a
revelação espírita, é que a fonte é divina, a iniciativa pertence
aos Espíritos, e sua elaboração vem do trabalho do homem."
Dizendo que os fundamentos de base do
Espiritismo são revelados pelos Espíritos, Kardec os coloca além da percepção
humana, em um nível de percepção mais extenso que é aquele dos Espíritos
liberados do corpo físico. Isto é confirmado pela afirmação seguinte de
Feyerabend: "Não podemos descobrir o mundo interior. Falta-nos uma
norma crítica externa; um jogo de hipóteses sobressalentes; mas, como estas
hipóteses seriam muito gerais e constituiriam, por assim dizer, um universo
inteiro de trocas, nos falta um mundo onírico para descobrir as características
do mundo real em que acreditamos habitar”.
Todavia, o modelo enunciado pelos
Espíritos e codificado por Kardec não provém de um mundo onírico, mas de um
mundo bem real. Submetendo-se a conceitos externos, fora do mundo material, os
homens podem se informar sobre "coisas que ignoram, que não poderiam aprender
por si mesmos, e que importa conhecerem, hoje que estão maduros para os
compreender": essas são as coisas espirituais.
Kardec diz igualmente que "até
que surja um fato novo que não ressalte de nenhuma ciência conhecida, o sábio,
para estudá-lo, deve fazer abstração de sua ciência e reconhecer que é para
ele um estudo novo que não pode ser feito com idéias preconcebidas. "21
Não estaria isso de acordo com um dos
princípios de base das técnicas de ‘brain storming’, onde se liberam idéias
preconcebidas para resolver problemas difíceis?
ASPECTOS DO
CONHECIMENTO
CIÊNCIA
O Espiritismo possui então certas
características da ciência: ele aplica o método experimental, vai às causas e
às leis que regem os fenômenos, encoraja a objetividade, o espírito crítico e o
desinteresse.
"Certamente, se dirá que os
seres são um pouco especiais e os eventos mais que insólitos. A isto, é fácil
responder. O estudo dos desencarnados não pode ser do domínio da biologia ou
das ciências naturais. Quanto aos eventos (as relações dos humanos com os
Espíritos), eles não são do domínio da história ou da sociologia. E, contudo,
esses seres e eventos existem” 22. "E, contudo, se
movem?" acrescenta Kardec ao assunto das mesas, parafraseando Galileu.
"Os fatos não cessam de existir porque se os ignora"
acrescenta Aldous Huxley.
Kardec "antecipou a pós-modernidade
científica", tratando os temas espirituais com a mesma razão que se aplica
às questões materiais, demonstrando experimentalmente a existência do espírito,
sua natureza, sua evolução contínua ao curso das reencarnações sucessivas, etc.
A metapsíquica e as diversas correntes
da parapsicologia estudam em parte os mesmos fenômenos que o Espiritismo, e
certamente com outro tanto de rigor por seu aspecto tangível. Todavia, essas
disciplinas têm apresentado falhas das quais citamos aqui alguns exemplos 23:
·
elas acumulam os fatos, segundo as antigas concepções clássicas, sem
elaborar um corpo teórico diretor;
·
limitam-se, voluntariamente, à seu aspecto externo e à hipótese
materialista, mas as explicações, quando fornecidas, são freqüentemente
isoladas, formando um conjunto amorfo. Por vezes, são puramente nominais;
·
as hipóteses são, por vezes, muito abstratas e ainda mais fantásticas
que os fatos que elas procuram explicar24;
·
não levam sempre em conta todos os fenômenos; freqüentemente, fatos
importantes não são reconhecidos, seja pela ausência de teoria diretriz, seja
pelas idéias preconcebidas ou pela negação a priori da sobrevivência do ser;
·
privilegiam por vezes o aspecto quantitativo, pelo viés dos
equipamentos, sem se assegurar previamente de sua validade para o aspecto
qualitativo;
·
numerosas obras sobre essas questões demonstram, da parte de seus
autores, um certo menosprezo pelo passado, e uma tendência à retomar as pesquisas
à partir do zero;
·
enfim, os fatores de ordem moral ou ética são raramente levados em
consideração.
O Espiritismo
demonstra que, devido à independência dos espíritos, o meio e a harmonia dos
pensamentos têm uma enorme influência sobre a natureza das manifestações
inteligentes, e o experimentador deve levar isso em conta.”
Como
complemento deste artigo, sugerimos ao leitor os textos “O Início do
Espiritismo Parte 2 – A Codificação”, "Os Mortos Voltam
Para Contar?", “Ilustres
Cientistas Confirmaram: A Alma Sobrevive à Morte”, “Fortes
Evidências da Reencarnação” e “Inúmeros Fatos
Confirmaram: O Espiritismo é Real”, neste blog.
ENDEREÇO ELETRÔNICO:
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