terça-feira, 30 de dezembro de 2014

VER FALECIDOS, QUE SE PENSAVA ESTAREM VIVOS, DURANTE EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE: FORTÍSSIMAS EVIDÊNCIAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA

Fonte da imagem: http://autocuraplenitude.blogspot.com.br/2014/02/ciencia-e-espiritualidade-eqms-efcs.html



Fábio José Lourenço Bezerra

Uma característica presente em alguns casos de Experiências de Quase-Morte (EQMs) constitui-se em fortíssima evidência a favor da vida após a morte. È quando a pessoa que está passando pela experiência vê alguém que pensava estar viva, mas que, na verdade, estava morta. Afasta-se, assim, a hipótese de que a visão é fruto de um efeito psicológico provocado pela expectativa.

Abaixo, extraímos parte de um interessantíssimo artigo do Dr. Bruce Greyson, do Departamento de Psiquiatria e Ciências Neurocomportamentais da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Foi publicado na revista Anthropology and Humanism” em Dezembro de 2010. O título do artigo é: Vendo Pessoas Mortas Cujo Falecimento é Desconhecido: Experiências “Pico em Darien”

“Há um tipo de visão de falecidos que não pode ser atribuída de maneira plausível às expectativas, e que desafia mais diretamente a hipótese de que as EQMs são alucinações subjetivas, sustentando mais diretamente a questão da sobrevivência da consciência após a morte. Algumas pessoas em seu leito de morte vêem, muitas vezes com surpresa, uma pessoa recentemente falecida, a qual nem ela nem outras pessoas próximas a ela sabiam estar morta, excluindo desse modo a possibilidade de que esta visão seja uma alucinação relacionada às suas expectativas.

Estas EQMs passaram a ser chamadas de casos “Pico em Darien”, depois de um livro com este nome ter sido publicado em 1882 por Frances Power Cobbe (Murphy 1945:8). Cobbe usou o título de um poema de John Keats (1994), reproduzido no começo deste artigo. O poema descreve a surpresa dos espanhóis, que ao escalarem um pico em Darien (que hoje faz parte do território do Panamá), esperavam ver um continente diante deles, mas deram de cara com outro oceano. Cobbe apropriou-se da metáfora de Keats sobre a inesperada visão no pico em Darien para descrever as surpreendentes visões dos que estão em seu leito de morte, ocultas dos demais.

Nós temos andado na companhia dos nossos irmãos… através da imensidão deste mundo… e então começamos a subir o terrível Andes que sempre apareceu diante de nós no fim da jornada… e além dele – a Terra Desconhecida. Nós vemos o nosso companheiro vagarosamente se aproximando do alto da montanha, enquanto nossos passos lentos ainda permanecem nas encostas abaixo. Lá sua visão repousa no que possa haver do mundo desconhecido que vai além… Será que o nosso precursor no topo da colina… contempla, do seu “Pico em Darien”, um oceano ainda oculto de nossas vistas? [1877:374-375]

Há três tipos de experiências “Pico em Darien” que podem variar em seu valor como evidência. O primeiro tipo abrange casos em que a pessoa morta vista havia morrido algum tempo antes da visão, entretanto este fato era desconhecido pelo sujeito experienciador até onde pôde ser verificado. O segundo tipo inclui casos nos quais a pessoa morta vista havia morrido na hora ou um pouco antes da visão, não sendo possível, dessa forma, que o sujeito experienciador tivesse conhecimento desta morte. Finalmente o terceiro tipo consiste de casos nos quais a pessoa morta vista era alguém que o sujeito experienciador nunca conheceu. Relatos de casos “Pico em Darien” estão espalhados por toda a literatura e são normalmente mal documentados; mas há um número suficiente para despertar a nossa atenção e interesse. O que se segue é uma amostra representativa de alguns dos casos mais ilustrativos desses três tipos já publicados na literatura.

Casos em que a pessoa falecida vista era considerada viva pelo sujeito experienciador

Um caso de EQM do século XVII em que o sujeito experienciador viu um falecido que se acreditava estar vivo foi descrito em um panfleto pelo Dr. Henry Atherton em 1680. A irmã de 14 anos de Artheton, que tinha estado doente por um longo período, foi considerada morta. De fato, as mulheres que cuidavam dela não notaram nenhum sinal de respiração quando colocaram um espelho em sua boca e nenhuma reação quando colocaram brasas em seus pés. No entanto, a moça recuperou-se e relatou uma visão de ter visitado o céu, o que seus parentes descartaram e interpretaram como sendo “sonhos ou fantasias” (Atherton 1680:2). A garota então insistiu que tinha visto diversas pessoas que tinham morrido depois que ela tinha perdido sua consciência. Uma das pessoas que ela citou ainda era considerada como estando viva, entretanto, subseqüentemente sua família verificou os fatos e confirmou que a garota estava certa.

Como a estudiosa religiosa Carol Zaleski (1987) demonstrou em sua comparação das histórias medievais de retorno da morte com as EQMs contemporâneas, o propósito do narrador no registro de uma experiência freqüentemente influencia a gama de fenômenos descritos, bem como a interpretação da experiência. Atherton parece ter publicado a EQM de sua irmã como um conto moral de advertência, se julgarmos pelo titulo completo do panfleto dele: A Ressurreição Demonstrada: Ou, A Vida Futura Demonstrada. Sendo um Estranho, contudo Real Relato do que aconteceu com a Srta. Anna Atherton: Que esteve Inconsciente por 7 Dias, com seu Discurso ao retornar à vida, Tal como veio de seu irmão, Dr. Artherton, Médico em Caertmarthen. Publicado, oportunamente, nesta geração Adúltera, Ateísta e Papista, em que nem Deus, Cristo, Alma, Céu ou Inferno são lembrados, mas sim Promiscuidade, Palavrões, Mentiras. E pode servir como um Freio ao Vício, e um Estímulo à Virtude. (Atherton 1680). Notavelmente, o foco principal de nosso interesse, a identificação feita pela garota de uma pessoa falecida que não se sabia previamente estar morta, foi um detalhe periférico não essencial para a mensagem moralista da autora. É, portanto, improvável que este detalhe tenha sido fabricado apenas para gerar um impacto alegórico.

Na publicação em que ela cunhou o termo “Pico em Darien” (1882), Cobbe descreveu uma mulher que, enquanto estava morrendo, de repente mostrou-se alegremente surpresa e disse estar vendo três de seus irmãos que haviam morrido há muito tempo. Ela então aparentemente reconheceu um quarto irmão, que todos acreditavam estar vivendo na Índia. Uma das pessoas presentes ficou tão chocada pela visão do quarto irmão que “saiu desnorteada do quarto” (Cobbe 1877:378). Algum tempo depois chegaram cartas anunciando a morte do irmão na Índia, ocorrida antes de sua irmã moribunda tê-lo reconhecido.

Em outro exemplo do século XIX, o psicólogo Edmund Gurney e o erudito F.W.H. Myers relataram o caso de dois irmãos, de 3 e 4 anos, que morreram de escarlatina agonizando por vários dias. Harry, o irmão mais novo, morreu em 02 de novembro e David, o mais velho, morreu a 14 milhas de distância do irmão em 03 de novembro. A família cercou-se de cuidados para que David não soubesse da morte de Harry, e eles tinham certeza de que ele nada sabia. Entretanto, por volta de uma hora antes de morrer, David sentou-se na cama e apontando disse: “Ali está o Harry me chamando” (Gurney e Myers 1889:459).

Gurney e Myers também descreveram o caso de John Alkin Ogle que, uma hora antes de morrer, viu seu irmão, que havia morrido 16 anos antes, chamando-o pelo nome. Ogle então gritou surpreso “George Hanley!” – o nome de um conhecido de um povoado a 40 milhas dali – antes de falecer. Sua mãe, que visitava ao povoado de Hanley, confirmou depois que Hanley falecera 10 dias antes, um fato que ninguém presente no quarto conhecia. (Gurney e Myers 1889:459-460).

No começo do século XX, o especialista em lógica e eticista James Hyslop relatou o caso de duas colegas de escola muito amigas que contraíram difteria. Jennie, 8 anos, morreu em uma quarta-feira, fato que foi intencionalmente escondido de sua amiga Edith. Ao meio dia de sábado, Edith selecionou duas fotografias suas para enviar para Jennie, fornecendo evidências de que ela acreditava que Jennie ainda estava viva. Logo depois ela ficou inconsciente, mas naquela noite ela acordou e disse ter visto amigos já falecidos. Logo em seguida, muito surpresa, ela disse ao pai: “Papai, por que eu vou levar a Jennie comigo?” Ela então estendeu os braços, dizendo “Oh Jennie, eu estou tão feliz por você estar aqui”, ficou novamente inconsciente e morreu (Barrett 1926:2-13).

Houve um grande número de casos adicionais publicados no século XX, embora muitos desses relatórios tenham sido bastante breves. O filósofo William Barrett relatou o caso de uma mulher que no leito de morte viu seu falecido pai acenando para ela e disse, com uma expressão confusa: “Ele está acompanhado da Vida.” A mulher estava se referindo a sua irmã, cuja doença e morte, três semanas antes, ela desconhecia (Barrett 1926:12-13).

Mais recentemente, a pioneira em Tecnicolor Natalie Kalmus escreveu um caso em uma revista popular, subseqüentemente reimpresso em diversos livros, sobre os últimos momentos de sua irmã Eleanor, nos quais ela começou a chamar pelo nome de pessoas amadas já falecidas que ela estava vendo. Um pouco antes de morrer, ela também viu uma prima chamada Ruth e perguntou “O que ela está fazendo aqui?”. Ruth tinha morrido inesperadamente uma semana antes e Eleanor, devido à sua condição, não foi avisada (Kalmus 1949).

O psiquiatra Ian Stevenson descreveu a visão de uma idosa em seu leito de morte nos Estados Unidos. Quando os médicos disseram que ela não teria muito mais tempo de vida, seus netos ficaram ao seu lado na cama. De repente ela parecia muito mais alerta e a expressão no seu rosto mudou para grande prazer e alegria. Ela se levantou um pouco e disse: “Oh Will, você está aí?” e caiu para trás morta. Ninguém chamado Will estava presente e o único Will que sua família poderia lembrar era um tio-avô que morava na Inglaterra. Não muito depois, a família dela recebeu a notícia de parentes da Inglaterra de que o seu irmão Will havia morrido dois dias antes da morte dela. (Stevenson 1959:22).

Robert Crookall reportou o caso de Horace Wheatley que, durante um coma, sentiu-se “flutuando em uma atmosfera de paz e serenidade”, onde ele foi abordado por um funcionário público que ele conhecia bem. Seu amigo disse: “Bem vindo, Wheatley; terei de vê-lo mais tarde”, e depois sumiu de vista. Apenas após retornar do coma Wheatley soube de sua esposa que o amigo havia falecido. (Crookall 1960:21-22).

Os psicólogos Karlis Osis e Erlendur Haraldsson escreveram sobre um homem que morreu em um hospital em Connecticut, um dia após a morte de sua irmã em Ohio. Antes de morrer ele mencionou ter visto a irmã no quarto do hospital, no entanto ele não sabia que ela estava morta (Osis e Haraldsson 1977:164) 

O psicólogo Kenneth Ring relatou o caso de um homem que quando quase morreu teve uma visão de dois de seus irmãos, um estava morto há anos, enquanto o outro tinha morrido há apenas dois dias – fato desconhecido pelo homem. Apenas após se recuperar do seu estado de quase morte foi que ele soube do recente falecimento do irmão (Ring 1980:208).

Pollster George Gallup menciona o caso de uma mulher que disse para uma testemunha ao lado de sua cama: “O Bill está ali”, logo antes de morrer. Bill era o irmão dela, que ela não sabia que havia morrido uma semana antes (Gallup e Proctor 1982:14)..

As enfermeiras de um asilo Maggie Callanan e Patricia Kelley escreveram sobre uma mulher chinesa de 93 anos que estava morrendo de câncer e tinha visões recorrentes do marido morto, chamando-a para se juntar a ele. Um dia, perplexa, ela viu que o marido estava acompanhado da irmã dela, ambos chamando-a para se juntar a eles. Ela disse às enfermeiras que a irmã estava viva na China e que ela não a via há muitos anos. Quando as enfermeiras relataram esta conversa à filha da mulher, a filha afirmou que de fato a irmã morrera dois dias antes, vítima do mesmo tipo de câncer, mas que a família decidiu não contar à paciente para evitar entristecê-la ou assustá-la. Quando a filha contou à paciente sobre a doença e morte de sua irmã, ela relaxou, o quebra-cabeça havia sido resolvido, e morreu em paz logo depois (Callanan e Kelley 1999:93-94).

Callanan e Kelley também relataram o caso de dois amigos de infância que morreram mais ou menos no mesmo horário, separados por centenas de milhas. Steve, que vivia em Boston, costumava passar todos os verões na casa de praia da família em Cape Cod, vizinha à casa do amigo Ralph, cuja família vinha todos os verões de Ohio. Após a faculdade, os verões que passavam juntos em Cape Cod e a amizade próxima acabaram e eles raramente se viam e, a não ser por cartões de natal, não se correspondiam. Aos 27 anos um acidente automobilístico deixou Steve paralisado do pescoço para baixo. Incapaz de cuidar dele em casa, sua família o colocou em uma casa de saúde, onde eventualmente ele sucumbiu a uma pneumonia. Semanas mais tarde chegou uma carta da viúva de Ralph dizendo que ele tinha morrido recentemente de câncer. Ralph não sabia da paralisia ou morte de Steve, mas nas últimas semanas antes de morrer, Ralph começou a ter visões. Logo antes de morrer, e logo após Steve ter morrido, Ralph disse entusiasmado: “Oh, veja! Lá vem o Steve! Ele veio para me levar para nadar” (Callanan e Kelley).

Mais recentemente, a enfermeira de cuidados intensivos Penny Sartori relatou a visão de um de seus pacientes hospitalizados, cuja condição era tão grave que a família foi chamada ao hospital às 3h da manhã para dizer adeus. Em algum momento ele sorriu e aparentava conversar com alguém que ninguém podia ver. Ele então disse a sua família que a mãe, avó e irmã, já falecidas, o tinham visitado. Sua irmã havia morrido na semana anterior, mas a família tinha decidido não contar a ele, por medo de que isso atrapalhasse sua recuperação. Ele morreu alguns dias depois (Sartori 2008:300).

Casos nos quais a pessoa vista morreu um pouco antes da visão

Por mais sugestivos que os casos acima sejam, o lapso de tempo entre a morte da pessoa vista e a visão do sujeito experienciador permite especulações de que este sabia inconscientemente da morte ocorrida. Esta especulação é menos plausível quando a morte da pessoa vista coincide ou acontece um pouco antes da visão.

Um dos primeiros casos de um sujeito experienciador de quase morte vendo uma pessoa recém falecida que se acreditava estar viva foi publicado por Plínio, o Velho, no Livro 7 da sua História Natural (1942 [77 A.C.]). O ocorrido envolve dois irmãos romanos ambos chamados Corfidius. Quando o irmão mais velho pareceu ter morrido e parado de respirar, o testamento dele foi lido, nomeando o irmão mais novo como herdeiro. O irmão mais novo contratou um agente funerário para organizar o funeral. O aparentemente morto Corfidius mais velho, entretanto, surpreendeu o agente funerário batendo palmas em um típico sinal de se chamar servos. Ele então acordou e anunciou que tinha acabado de chegar da casa do irmão mais novo. Ele disse que o irmão mais novo pediu que os arranjos que ele tinha feito para o agora revivido irmão fossem usados para ele, confiou o cuidado de sua filha ao irmão mais velho e mostrou onde ele secretamente enterrou o ouro que tinha. Enquanto o Corfidius mais velho estava relatando o ocorrido em sua EQM, os serventes do seu irmão mais novo traziam a notícia de que seu mestre tinha acabado de morrer inesperadamente; e o ouro enterrado, que ninguém mais sabia, foi encontrado no lugar indicado pelo irmão mais velho. (Plínio 1942[77 A.C.]:624-625).

Alguns casos detalhados foram publicados no século XIX nos Proceedings of the Society for Psychical Research. Eleanor Sidgwick escreveu sobre uma fidalga inglesa, que estava procurando alguém para cantar com algumas crianças visitantes. Ela contratou Julia X, a filha de um comerciante local, que estava treinando como cantora para passar uma semana com eles. Quando retornou, Julia X disse ao seu pai que nunca tinha tido uma semana tão feliz. Um pouco depois Julia X casou e se mudou. 

Seis ou sete anos mais tarde, a fidalga que havia contratado Julia X estava morrendo e falava sobre algumas questões de negócios, aparentando estar “perfeitamente calma e de posse completa dos seus sentidos”. De repente ela mudou de assunto e disse: “Vocês estão ouvindo estas vozes cantando?”. Ninguém presente ouvia e ela concluiu: “[As vozes são] os anjos saudando-me no céu; mas que estranho, há uma voz entre eles que eu tenho certeza que conheço, mas não consigo me lembrar de quem é”. Então ela parou e, apontando, disse: “Por que ela está no canto da sala; é a Julia X”. Nenhuma das pessoas presentes teve a visão e no dia seguinte, em 13 de fevereiro de 1874, a mulher morreu. No dia 14 de fevereiro a morte de Julia X foi anunciada no jornal Times. O pai dela disse mais tarde que “no dia em que morreu ela começou a cantar pela manhã, e cantou e cantou até morrer”. (Sidgwick 1885:92-93).

Alice Johnson relatou um caso no qual a Sra. Hick, em seu leito de morte na Inglaterra, teve uma visão de seu filho ausente Edie, que estava morrendo na mesma hora na Austrália. Alguns dias antes de morrer, ela olhou seriamente para a porta do quarto e disse para sua enfermeira, marido e filhas: “Tem alguém lá fora, deixe-o entrar”. Sua filha assegurou a ela que não havia ninguém lá fora e abriu bem a porta. Após uma pausa a Sra. Hicks disse: “Pobre Eddie; oh, ele parece estar muito doente; ele sofreu uma queda”. Sua família afirmou a ela que a última notícia que tinham dele é que ele estava muito bem, mas ela continuava dizendo de tempos em tempos: “Pobre Eddie!”. Algum tempo depois de ela morrer, o marido recebeu uma carta da Austrália informando a morte do filho. Ele havia ficado febril repentinamente no dia da visão de sua mãe e foi achado morto, tendo caído do seu cavalo por volta do horário da visão de sua mãe. (Johnson 1899:290).

Diversos casos ricos em detalhes foram publicados em livros do século XX. John Myers relatou um caso de uma mulher que durante uma EQM, percebeu-se deixando o corpo, viu o quarto do hospital e viu o marido perturbado e médicos sacudindo sua cabeça. Ela disse ter ido ao céu e visto um anjo e um jovem conhecido. Ela exclamou: “Por que, Tom, eu não sabia que você estava aqui em cima?”, Tom respondeu dizendo que tinha acabado de chegar. Então o anjo disse à mulher que ela deveria retornar à Terra e ela logo se viu de volta à cama do hospital com os médicos olhando para ela. Mais tarde, naquela noite, o marido dela recebeu um telefonema informando que o seu amigo Tom tinha morrido em um acidente de carro (Myers 1968: 55-56).

Mais recentemente a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross descreveu uma mulher indígena que foi atropelada em uma rodovia por um motorista que fugiu e, antes de morrer, ela foi confortada por um estranho que parou o carro para ajudá-la. Quando ele perguntou a ela se havia alguma coisa que ele pudesse fazer por ela, ela disse: “Se você passar perto da reserva indígena, por favor diga a minha mãe que eu estava bem. Não apenas bem, mas muito feliz porque já estou com o meu pai”. A mulher morreu alguns minutos depois, antes da ambulância chegar. O estranho ficou tão tocado com o ocorrido que dirigiu para bem longe do seu caminho, em direção à reserva indígena, onde a mãe da vítima disse que o marido tinha morrido de infarto a 700 milhas dali, apenas uma hora antes do acidente de carro ter acontecido (Kübler-Ross 1983:208-209)

Kubler-Ross também descreveu o caso de uma mãe e dois filhos pequenos que sofreram um acidente automobilístico. Kübler-Ross estava atendendo um dos filhos e estava ciente de que a mãe dele tinha morrido na cena do acidente. Peter, o irmão dele, não tinha morrido, mas tinha sido levado para uma unidade especializada em queimaduras em outro hospital, porque o carro pegou fogo antes de ele ser retirado dos destroços. O paciente de Kübler-Ross disse a ela: “Agora está tudo bem. Mamãe e Peter já estão esperando por mim”. Depois sorrindo ele entrou em coma e morreu. Kübler-Ross resolveu checar as condições do irmão na unidade de queimados, mas ao passar pelo posto de enfermagem ela recebeu um telefonema do outro hospital informando que Peter havia morrido alguns minutos antes (Kübler-Ross 1983:210).

O psiquiatra Raymond Moody descreveu uma EQM de um homem que estava à beira da morte com problemas cardíacos no mesmo momento em que sua irmã também estava quase morrendo em outra parte do hospital em um coma diabético. O homem relatou ter deixado o seu corpo e observado os médicos trabalharem no canto da sala. De repente, ele disse, encontrou-se conversando com sua irmã, que estava lá com ele. Quando ela começou a se afastar, ele tentou ir com ela, mas ela disse: “Você não pode ir comigo porque não é a sua hora”. Então ela se distanciou, entrando em um túnel, até sumir de vista. Quando ele acordou disse aos médicos que sua irmã havia morrido, mas eles asseguraram que ela não morrera. Devido a sua insistência uma enfermeira checou e, de fato, ela tinha acabado de morrer (Moody e Perry 1988:136).

Callanan e Kelley descrevem o caso de Peggy, uma jovem paciente de um abrigo para doentes terminais, morrendo de linfoma. Um dia, na visita das enfermeiras, ela parecia muito mais animada, radiante e ativa do que o normal. Ela disse que no dia anterior ela dormia e acordava, relembrando o tempo feliz em sua infância quando ela e o irmão foram acolhidos por uma tia querida. Ela acordou assustada quando sentiu o toque afetuoso e cuidadoso de uma mão em seu ombro e olhando em volta viu a tia, que vivia em outro estado, sorrindo e lhe fazendo carinho. Ela sentiu a presença da tia várias vezes ao longo do dia, mais tarde o tio dela ligou dizendo que a tia tinha morrido na mesma hora em que ela sentiu sua presença pela primeira vez (Callanan e Kelley 1993:94-95).

O médico K. M. Dale relatou o caso de Eddie Cuomo, de 9 anos, cuja febre finalmente baixou após quase 36 horas de ansiosa vigília por parte de seus pais e da equipe do hospital. Tão logo ele abriu os olhos, às 3h da manhã, Eddie apressadamente disse aos pais que ele esteve no céu, onde viu o avô Cuomo, a tia Rosa e o tio Lorenzo. Seu pai estava constrangido por saber que o Dr. Dale estava ouvindo a história de Eddie e tentou desmentir a história dizendo que se tratava de um delírio de febre. Depois Eddie disse também ter visto sua irmã de 19 anos, Teresa, que disse que ele tinha de voltar. Seu pai ficou então agitado, porque ele conversara com Teresa, que estava fazendo faculdade em Vermont, duas noites antes; então ele pediu ao Dr. Dale para sedar Eddie. Mais tarde, naquela manhã, quando os pais de Eddie telefonaram para a faculdade, ficaram sabendo que Teresa morrera em um acidente automobilístico, logo após a meia noite, e os funcionários da faculdade tentaram sem sucesso contatá-los em sua casa para informar sobre a tragédia. (Steiger e Steiger 1995:42-46.

Casos nos quais a pessoa falecida vista era conhecida de quem a viu

Há poucos casos publicados do terceiro caso de visões “Pico em Darien”, nos quais o sujeito experienciador vê uma pessoa falecida que ele conhece, devido ao fato de que a natureza desconhecida da pessoa falecida geralmente torna difícil a verificação. Em alguns casos o sujeito experienciador da quase morte irá encontrar uma pessoa desconhecida que mais tarde ele reconhecerá quando mostradas fotografias de membros mortos da família. O valor evidencial destes casos é diminuído porque a verificação baseia-se no próprio testemunho do sujeito experienciador de que o visitante falecido desconhecido corresponde a alguém na fotografia. Há, contudo, impressionantes exemplos deste tipo de casos nas últimas décadas.

O cardiologista Maurice Rawlings descreveu o caso de um homem de 48 anos que teve uma parada cardíaca. Durante uma EQM ele viu um desfiladeiro cheio de cores bonitas, vegetação exuberante e luzes, onde ele se encontrou com a madrasta e com a mãe biológica, que morrera quando ele tinha apenas 15 meses de idade. O pai dele havia se casado novamente logo após a morte da mãe e o experenciador nunca tinha visto uma foto dela. Algumas semanas depois deste episódio, seu tio, tendo ouvido falar da visão, o visitou e trouxe fotos da mãe dele posando com várias outras pessoas. O homem não teve dificuldade em indicar a mãe na foto do grupo, para o espanto do pai. (Rawlings 1978:17-22).

Kübler-Ross escreveu sobre uma garota que, após quase morrer durante uma cirurgia no coração, disse ter conhecido o irmão, que lhe parecia familiar, mesmo sabendo que ela nunca tinha tido um irmão. Seu pai, muito comovido pelo testemunho, disse a ela que, de fato, ela tinha um irmão que morrera antes de ela nascer (Kübler-Ross 1983:208)

O pediatra Melvin Morse descreveu o caso de um garoto de sete anos morrendo de leucemia, que disse a sua mãe que ele viajou através de um feixe de luz, visitou um “castelo de cristal” e conversou com Deus. O garoto disse que um homem se aproximou dele e se apresentou como um velho namorado da mãe do garoto, na época do ginásio. O homem disse que ficou aleijado após um acidente automobilístico, mas no castelo de cristal ele voltou a andar. A mãe do garoto nunca tinha falado sobre este antigo namorado com o filho, mas após escutar sobre a visão do filho, ela ligou para alguns amigos e confirmou que o ex-namorado morreu no mesmo dia da visão do filho (Morse e Perry 1990:53).

O cardiologista Pim van Lommel relata a extensiva EQM de um homem holandês que, após uma parada cardíaca, viu a avó falecida e um homem que olhava para ele com ternura, o qual ele não reconhecia. Mais de uma década depois de sua EQM, sua mãe, no leito de morte, confessou que ele tinha nascido de um relacionamento extraconjugal e que o marido dela não era o pai biológico dele. O pai biológico era, de fato, um judeu que tinha sido deportado e assassinado durante a Segunda Guerra Mundial. Ela mostrou ao filho uma fotografia do seu pai biológico, a quem ele reconheceu imediatamente como o homem que ele tinha visto em sua EQM uma década antes (van Lommel 2004:122)

Conclusão

A comum crença humana de que alguma parte de nossa personalidade possa sobreviver à morte do corpo se deve a algo que vai além do desejo e da negação. Está também intimamente ligada a experiências comuns que oferecem evidências da sobrevivência da consciência após a morte. Embora estes fenômenos tenham sido relatados por séculos, eles se tornaram mais correntes quando a tecnologia biomédica nos permitiu salvar pessoas que estavam à beira da morte e, de fato, atenuou o limite entre a vida e a morte.

Os avanços médicos tecnológicos e a aceitação social nas décadas recentes ajudaram a aumentar o número de experiências de quase morte relatadas, que freqüentemente incluem alguns aspectos que sugerem a persistência da consciência após a morte do corpo. Estes aspectos incluem a melhora na função cognitiva durante demonstrável disfunção cerebral, percepções precisas de uma perspectiva fora do corpo físico e aparente encontros com espíritos de falecidos que freqüentemente aparecem para receberem o sujeito experienciador na vida após a morte ou enviá-lo de volta à vida. Embora algumas destas visões possam ser atribuídas a desejos e expectativas, esta explicação não pode ser aplicada aos casos “Pico em Darien”, nos quais não se sabia que a pessoa que foi vista pelo experienciador estava morta.

Ao relatar um caso, Stevenson observou algumas dificuldades em suas investigações. Embora diversas testemunhas ouçam a pessoa moribunda relatar a visão, elas raramente fazem algum registro escrito do ocorrido antes de obter confirmações de que a pessoa vista tenha de fato morrido. Este lapso permite a explicação de que toda a história talvez seja uma falsificação retrospectiva da memória. O próprio Stevenson não acredita que todos os casos “Pico em Darien” sejam plausíveis, mas concorda que a dificuldade em obter testemunhos confiáveis desestimula muitos pesquisadores a investirem extraordinário esforço, tempo e paciência necessários para filtrar cuidadosamente as evidências (Stevenson 1959:22).

Apesar destas dificuldades, Barret conclui que os tipos de visão no leito de morte nos quais os sujeitos experienciadores “parecem ver e reconhecer alguns dos seus parentes, que não sabiam que estavam mortos, oferecem talvez um dos mais fortes argumentos a favor da sobrevivência” (Barret 1926:10). Tais casos não podem ser facilmente explicados como alucinações baseadas em expectativas; na verdade o sujeito experienciador frequentemente se mostra muito surpreso e algumas vezes confuso ao ver alguém que acreditava estar vivo. Em alguns desses casos o aspecto da visão sugere uma forte motivação por parte do indivíduo falecido em passar uma mensagem. Dessa forma, estes casos “Pico em Darien” fornecem algumas das evidências mais persuasivas para a realidade ontológica dos espíritos falecidos. Os recentes avanços médicos e sociais nos cuidados de pacientes que estão no fim da vida oferecem oportunidades favoráveis para mais investigações destes casos.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


GREYSON, Bruce. Seeing dead people not known to have died: “Peak in Darien” Experiences. Anthropology and Humanism, 35: 159–171. [2010]

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

RESULTADOS DO MEGAESTUDO AWARE, SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DE QUASE MORTE, DEMONSTRAM: ELAS NÃO SÃO ALUCINAÇÕES



 
Fonte da imagem: http://extestemunhasdejeova.net/forum/viewtopic.php?f=23&t=13739

Fábio José Lourenço Bezerra

            Finalmente foram divulgados os resultados do estudo AWARE (sigla em inglês para consciência durante a ressuscitação), sobre Experiências de Quase-Morte, patrocinado pela Universidade de Southampton, no Reino Unido, com pacientes de 15 hospitais no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Áustria.
            A conclusão a que chegou o estudo vai contra as hipóteses formuladas pelos materialistas: As Experiências de Quase-Morte não são alucinações, e merecem mais estudos objetivos, isentos de preconceito.
            Esta conclusão é bastante natural, quando consideramos a quantidade de pesquisas que confirmam ser a nossa alma independente do corpo físico. Muitas, inclusive, já divulgamos neste blog.
            O Dr Sam Parnia, coordenador do estudo, escreveu sobre as conclusões do AWARE no site da Universidade de Southampton. O texto, em inglês pode ser lido através do link:

    Abaixo, extraímos, na íntegra, um artigo postado no site Diário da Saúde (http://www.diariodasaude.com.br). Vejamos:

“09/10/2014
Experiências de quase morte não são alucinações
Redação do Diário da Saúde

O estudo internacional durou quatro anos e envolveu 2.060 casos de parada cardíaca em 15 hospitais.
Veja as principais conclusões publicadas pela equipe:
  • Termos amplamente utilizados, ainda que cientificamente imprecisos, como experiências de quase-morte e experiências fora do corpo podem não ser suficientes para descrever a experiência real da morte.
  • Os temas relacionados com a experiência da morte parecem ser muito mais amplos do que o que tem sido considerado até agora, ou o que tem sido descrito nas chamadas experiências de quase morte.
  • Em alguns casos de parada cardíaca, memórias da consciência visual compatíveis com as chamadas experiências fora do corpo podem corresponder com os eventos reais.
  • Uma elevada proporção das pessoas pode ter experiências vívidas da morte, mas não se lembram delas devido aos efeitos da lesão cerebral ou dos analgésicos sobre os circuitos de memória.
  • As experiências envolvendo o momento da morte merecem investigações [científicas] genuínas sem preconceitos.
Consciência após a morte

Este novo estudo, chamado AWARE (sigla em inglês para consciência durante a ressuscitação), foi patrocinado pela Universidade de Southampton, no Reino Unido, mas envolveu pacientes de 15 hospitais no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Áustria.
A grande novidade é que os pesquisadores testaram a validade das experiências relatadas pelos pacientes utilizando marcadores objetivos, para determinar se as alegações de consciência compatíveis com experiências fora do corpo correspondiam a eventos reais ou eram alucinatórias.
Eles afirmam que não há fundamentação científica para chamar as experiências de quase morte ou as experiências fora do corpo de "alucinatórias ou ilusórias", uma vez que são poucos os estudos objetivos sobre essas experiências e que os relatos da experiência fora do corpo foram comprovados em pelo menos um caso.
Com base em sua experiência, e para dar maior validade científica aos estudos futuros, os pesquisadores recomendam que seus colegas concentrem-se nos casos de parada cardíaca, que é considerada biologicamente sinônimo de morte, em vez de estados mal definidos, algumas vezes citados como "quase-morte".

Lembranças mais ricas

Entre aqueles que relataram uma percepção de consciência - 46% do total - experimentaram uma ampla gama de lembranças mentais em relação à morte que não eram compatíveis com o termo comumente usado de experiências de quase morte, incluindo medo e perseguições - os relatos tão comuns de "túneis de luz" não são a maioria.
Apenas 9% teve experiências compatíveis com esse padrão que comumente se fala sobre experiências de quase morte, e 2% apresentaram plena consciência, compatível com experiências fora do corpo, com lembranças explícitas de "ver" e "ouvir" eventos.
Curiosamente, 39% dos pacientes que sobreviveram a paradas cardíacas e puderam ser entrevistados descreveram uma percepção de consciência, mas não tinham qualquer lembrança explícita de eventos.
"Isto sugere que mais pessoas podem ter atividade mental inicialmente, mas então perdem suas memórias após a recuperação, quer devido aos efeitos da lesão cerebral ou dos sedativos sobre as lembranças," explicou o Dr. Sam Parnia, da Universidade Estadual de Nova Iorque (EUA).

Confirmação objetiva

Um dos casos pode ser confirmado graças a gravações realizadas durante a parada cardíaca.
"Isto é significativo, uma vez que tem sido assumido que as experiências em relação à morte são provavelmente alucinações ou ilusões, ocorrendo quer antes de o coração parar ou depois que o coração foi reanimado, mas não uma experiência correspondente a eventos 'reais' quando o coração não está batendo," disse o Dr. Parnia.
"Neste caso, a consciência e o alerta parecem ter ocorrido durante um período de três minutos, quando não havia batimento cardíaco. Isto é paradoxal, já que o cérebro deixa de funcionar normalmente dentro de 20 a 30 segundos depois de o coração parar e não retoma novamente até que o coração seja reanimado. Além disso, as lembranças detalhadas da consciência visual, neste caso, foram consistentes com eventos verificados," disse o cientista.
O pesquisador afirma que a possibilidade de confirmação de apenas um caso é insuficiente para uma conclusão definitiva, e recomenda a realização de "novos estudos objetivos sem preconceitos" com o tema.”

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS




sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER É ESTUDADA POR UNIVERSIDADE





Fonte da imagem: http://www.alemdaciencia.com/o-codigo-secreto-de-chico-xavier-o-alem-continua-mudo/

O artigo abaixo foi publicado no jornal Correio Fraterno - edição 458 - julho/agosto 2014. Vejamos:

“USP aponta novos rumos para a ciência através da mediunidade

Uma pesquisa pioneira, concluída recentemente na Universidade de São Paulo, investigou em um estudo multidisciplinar através de pós-doutorado a mediunidade de Chico Xavier.
Alexandre Caroli Rocha, especialista em análise textual e Denise Paraná, especialista em elaboração de biografias pelo método de história oral, realizaram estudo sobre o tema em âmbito multidisciplinar e as portas do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP se abriram para a realidade empírica das capacidades mediúnicas, demonstrando a necessidade de um novo entendimento sobre a relação mente – cérebro através de teorias não-reducionistas.Sob a supervisão do professor dr. Francisco Lotufo Neto e do professor dr. Alexander Moreira-Almeida, da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, o estudo obteve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP. Foram dois anos de pesquisa que resultou em uma série de estudos, cuja divulgação o Correio Fraterno antecipa com exclusividade.
O primeiro artigo acaba de ser publicado pela revista científica internacional Explore, com o título "Investigating the Fit and Accuracy of Alleged Mediumistic Writing: A Case Study of Chico Xavier's Letters" ("Investigando a adequação e a acuidade da alegada escrita mediúnica: um estudo de caso das cartas de Chico Xavier", em tradução livre). Também assina este artigo a doutora Elizabeth Schmitt Freire, da Universidade de Abedeen, na Escócia, pesquisadora que somou esforços com a equipe.
O objetivo do pós-doutorado foi verificar, usando métodos acadêmicos, se na produção das cartas psicografadas de Chico Xavier havia indícios de obtenção 'anômala' de informações, ou seja, se Chico poderia ter acesso àquelas informações que escrevia em suas cartas psicografadas. "Investigamos se aqueles dados objetivos que tantas vezes traziam consolo aos familiares em luto eram verdadeiramente inacessíveis ao médium por vias comuns, ou seja, como por leituras, conversas etc. Além disso, fizemos um amplo levantamento bibliográfico sobre a relação mente – cérebro e a prática da mediunidade", explica Denise Paraná.
Para atingir esse objetivo, os pesquisadores tiveram um longo trabalho. "Era preciso verificar se a eventual fragilidade emocional dos parentes que procuravam consolo nas cartas de Chico os levava à crença de que o falecido era o autor das cartas, ou se havia nas cartas, de fato, registros dos falecidos", explicam os pesquisadores. Por isso, eles investigaram detidamente a veracidade das informações presentes nas cartas, fizeram longas e detalhadas entrevistas e buscaram documentos relativos aos casos estudados em arquivos particulares, acervos de jornais, cartórios etc.
Também compararam nas cartas psicografadas o estilo linguístico, as descrições físicas e de personalidade do autor espiritual (desencarnado) com seus traços quando ainda 'vivo'. Também foi analisado o conjunto de cartas produzidas por Chico Xavier para entender suas principais características, verificando-se o que havia de genérico e subjetivo nas psicografias, "tudo o aquilo que poderíamos aplicar a qualquer situação de morte, mas também aquilo que existia de particular a quem o texto foi atribuído".
Por fim, sistematizaram os dados, analisaram as informações coletadas e produziram artigos. No primeiro deles, já citado, descobriram que dos 99 itens de informações verificáveis, identificados em um conjunto de 13 cartas psicografadas, 98% tinham adequação clara e precisa e não havia nenhum item não adequado. Segundo os pesquisadores, concluiu-se que explicações comuns para tal acuidade de informação, como fraude, acaso, vazamento de informação e leitura fria seriam possibilidades apenas remotamente plausíveis.
Mesmo para os espíritas, que têm convicção na imortalidade da alma, os resultados da pesquisa são surpreendentes. "Sabemos que médiuns são humanos e, portanto, passíveis de erros". O próprio Chico costumava se lembrar disso e gostava de checar com os seus consulentes alguns dados das cartas particulares que psicografava. Entretanto, pesquisas como estas, que nos trazem evidências da sua fantástica capacidade mediúnica são muito bem-vindas. Somadas a outras pesquisas, elas ajudam a ampliar os horizontes da ciência em busca de novos modelos de entendimento da consciência humana e de nosso papel no universo", concluem.
A questão da mediunidade é fato para os espíritas e esse trabalho é uma das formas de sensibilizar a academia para isso, principalmente a comunidade internacional, que ainda desconhece quem foi Chico Xavier.”

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO

http://www.correiofraterno.com.br/nossas-secoes/71-acontece/1580-usp-aponta-novos-rumos-para-a-ciencia-atraves-da-mediunidade