Fábio José Lourenço Bezerra
Um dos pesquisadores que encontraram
evidências muito convincentes da reencarnação chamava-se Arthur Guirdham.
O Dr.Arthur Guirdham, falecido em 1992, foi um psiquiatra Inglês formado na Universidade
de Oxford, e um escritor incansável. Sua obra A doença e o Sistema Social (1942), foi
uma reflexão inovadora sobre as conexões entre as doenças e os alimentos
industrializados e as tensões sociais da modernidade. A Teoria da Doença (1957), mencionado no Brian Inglis História da Medicina, ofereceu uma perspectiva alternativa precoce sobre a
doença e a personalidade. Guirdham escreveu sobre Sigmund Freud e CG Jung e também em diferentes gêneros,
até mesmo romances e poesias. São dele os livros do lago e do Castelo (1976) e A Grande Heresia: A história e as crenças dos cátaros (1977). A sua obra Os cátaros e a Reencarnação, fruto de suas pesquisas
sobre reencarnação, que trataremos a seguir, teve um importante papel para os
estudos britânicos do paranormal e perspectivas alternativas para as doenças
mentais.
O
Dr. Guirdham estudou um grupo de pessoas que lembraram, espontaneamente, terem vivido
no século XIII e tendo sido adeptos do Catarismo em suas vidas passadas.
O
Catarismo teve inicio na Itália em meados do século XII, sendo uma
verdadeira reação à Igreja Católica, contra sua sede de poder, seu dogmatismo,
suas práticas, como a venda de indulgências e a soberba vida dos padres e
bispos da época. E isso num período histórico marcado pela violência.
A religião
cátara propunha, basicamente, que o homem na sua origem havia sido um ser
espiritual, e para adquirir consciência e liberdade, precisaria de um corpo material, sendo
necessárias várias reencarnações para se libertar. Concebiam a Terra como
materialização do Mal, por encher a alma de desejos e prende-la às coisas
efêmeras do mundo, e do céu como a do Bem, numa concepção dualista do mundo.
Mas, o principal ponto de discordância com a Igreja era que os cátaros não
admitiam qualquer tipo de intermediação entre o homem e Deus.
Embora
pregassem a palavra de Cristo mais do que a própria Igreja Católica, os cátaros
rejeitavam a ideia de redenção pelo seu sacrifício na cruz.
Por
tudo isso, e também pela força que ganhou o Catarismo, a Igreja
Católica fez tudo para combater sua expansão, declarando-o como heresia.
Em 1209, o Papa Inocêncio II estimulou os fiéis a ir para as cruzadas contra os
hereges. Com aproximadamente 20.000 cavaleiros, os cruzados massacraram o povo.
Muitos morreram torturados ou na fogueira, sendo esta a primeira cruzada feita
contra cristãos e em território franco. A recompensa que o Papa prometeu para
os que participassem da campanha era a partilha e doação das terras aos barões
que as conquistassem, ou seja, converter-se-iam em senhores feudais.
Apesar
do apoio de pequenos condados, os cátaros não conseguiram resistir ao genocídio
das cruzadas, mas elas não conseguiram acabar com o Catarismo
definitivamente. Foi a Inquisição que realmente conseguiu exterminá-lo para
sempre.
No
chamado País Cátaro também viviam católicos. Perguntado sobre como distinguir
entre os hereges e os outros, o inquisidor respondeu: "Matem-nos a todos.
Deus se encarregará dos seus".
O incidente que chamou muito a atenção do Dr. Guirdham para a
reencarnação começou em Bath, em 1962, no ambulatório de um hospital, onde o
Dr. Guirdham trabalhava como psiquiatra. Seu ultimo paciente, em um dia
peculiar, era a Sra.Smith (nome alterado), que tinha um pesadelo recorrente
desde a sua adolescência, mas que naquela época estava se repetindo de duas a
três vezes por semana. Em seu sonho, ela estava deitada de costas no chão,
enquanto um homem se aproximava dela por trás. Ela não sabia o que ia
acontecer, mas ficava absolutamente aterrorizada.
Embora o Dr. Guirdham tenha permanecido calmo e distante, ele teve
que esconder sua surpresa ao ouvir que sua nova paciente estava descrevendo o
mesmo pesadelo que também o atormentava havia mais de 30 anos. O médico ficou
intrigado, mas não disse nada a ela. A partir daí, a Sra.Smith nunca mais teve
o pesadelo, e o Dr. Guirdham também deixou de sofrer com ele após uma semana
atendendo essa paciente.
Suas reuniões continuaram. O Dr. Guirdham estava certo de que não
havia nada de errado mentalmente com sua paciente, e seu conhecimento do
passado o intrigou. Mais tarde, ela lhe deu uma lista de nomes de pessoas que
haviam existido no século XIII e descreveu coisas que aconteceram a eles. Em
seu livro “Os cátaros e Reencarnação”,
o Dr. Guirdham descreve os detalhes fornecidos pela Sra.Smith. Ela deu
descrições precisas sobre as vidas e costumes dos cátaros e seu massacre; ela
também deu uma descrição gráfica de si mesma queimando na fogueira. Muitos
dos detalhes que ela forneceu foram verificados nos registros medievais,
incluindo nomes e descrições de pessoas, lugares e eventos. Ela também fez
desenhos precisos de antigas moedas francesas, de jóias e do layout dos
edifícios. Ela falou sobre ter sido mantida prisioneira em uma determinada
cripta da igreja. Especialistas disseram, na época, que estas criptas
nunca tinham sido utilizadas para esse fim, mas novas pesquisas mostraram que
algumas pessoas já foram mantidas lá porque as prisões estavam lotadas. Ela
havia afirmado que os sacerdotes cátaros vestiam togas azul-marinho, além de
pretas. Isto não era conhecido pelos especialistas da época, mas, muitos
anos depois, foi confirmado nos registros da Inquisição. Ela lembrou
várias canções francesas medievais, quatro foram encontradas nos arquivos e
provou-se serem corretas palavra por palavra.
Ela disse ao Dr. Guirdham que ele também foi um cátaro e era chamado
de Rogiet de Cruisot. Ele percebeu que certas características de sua
personalidade confirmavam essa informação. Por exemplo, ele odiava a Igreja Católica
(raiva sempre acompanhada por medo), também odiava teocracia, e de vez em
quando sentia aversão a pratos de carne (os cátaros eram vegetarianos).
Como psiquiatra, o Dr. Guirdham tinha recolhido algumas informações
básicas sobre a teoria da reencarnação, mas nunca teve muito interesse no assunto.
No entanto, intrigado por este caso, ele decidiu investigar. Descobriu que os
nomes dados a ele pela sua paciente eram de fato precisos, mas eram apenas
mencionados em registros obscuros da Idade Média. Esses registros estavam
escritos em francês, e nunca tinham sido traduzidos para o inglês. As pessoas
que a paciente do Dr. Guirdham descreveu eram todas membros do Catarismo. Ao
longo do tempo, o Dr. Guirdham encontrou mais e mais pessoas, 11 no total, que
tinham as memórias de suas vidas passadas juntas em um grupo de cátaros.
Nenhum dos indivíduos foram drogados ou hipnotizados; nomes e
incidentes simplesmente apareciam em suas mentes, conforme disse o Dr.
Guirdham. Ele também produziu uma das obras mais notáveis das evidências que
tinha. Era o bloquinho de notas de uma menina de sete anos de idade, com
desenhos de uma época passada. O bloco também contém muitos nomes de membros da
seita dos cátaros. Espantado, Dr. Guirdham disse, “Está além de mim como uma
criança de sete anos poderia saber esses nomes, já que não há nenhum
especialista de história medieval na Inglaterra”.
A enorme quantidade de memórias, nomes e contatos convenceram o Dr.
Guirdham e os psiquiatras ingleses de que ele e seu grupo haviam vivido juntos,
e não apenas uma, mas várias vidas anteriores. Ele disse: “Com 40 anos de
experiência na medicina, ou eu sei diferenciar a experiência de um clarividente
com a de um esquizofrênico ou eu sou um psicótico. Nenhuma das pessoas em meu
grupo é louca, e nenhum de meus colegas me acha psicótico”.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
1 GHIRDHAM,
Arthur. Os cátaros e a Reencarnação. Ed.Pensamento.
1992;
2
________________ . Reencarnação
coletiva. Ed.Nova Era. 2000;
3 STEMMAN,
Roy. Histórias verdadeiras de vidas
passadas. Ed.Butterfly. 2005.
ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS: