segunda-feira, 11 de maio de 2015

OS DETALHES SOBRE O RETORNO AO MUNDO ESPIRITUAL FORAM CONFIRMADOS POR DIFERENTES ESTUDOS


Fábio José Lourenço Bezerra

Os detalhes sobre o retorno ao mundo espiritual, fornecidos por diversos Espíritos durante a codificação do Espiritismo por Allan Kardec (ver, especialmente, a parte intitulada “Exemplos” da obra “O Céu e o Inferno”, desse autor), vêm sendo confirmados por diferentes estudos. Abaixo, citamos alguns exemplos deles.
O filósofo italiano Ernesto Bozzano, grande estudioso dos Fenômenos Parapsíquicos, após estudar, minuciosamente, 17 casos ocorridos nos Estados Unidos e na Inglaterra, de falecidos que se comunicaram através de médiuns, revelando detalhes do que passaram no mundo espiritual, fez uma análise comparada entre eles, anotando coincidências nos relatos. Ele observou que alguns dos casos estudados, colhidos pelos primeiros pesquisadores no começo do movimento espírita (meados do século 19), tinham mensagens mediúnicas em que a existência e o meio espirituais são descritos em termos idênticos aos das que se obtinham na época do seu estudo (começo do século 20), apesar de a mentalidade dos médiuns ter sido, inicialmente, dominada pelas concepções tradicionais referentes ao paraíso (com nuvens e anjos com asas, auréolas nas suas cabeças e tocando harpas, etc.) e ao inferno (fogo por todos os lados e demônios com chifres usando tridentes, etc.). Isto é, a religião e os conhecimentos dos médiuns não influíram nas descrições que os Espíritos, por seu intermédio, fizeram acerca do mundo espiritual.

Este trabalho está relatado em seu livro “A Crise da Morte”, de 1926. Assim ele se exprimiu sobre seu estudo:

“[...] Para atingir o fim a que me propunha, era-me, primeiramente, indispensável demonstrar, de modo adequado, que as revelações transcendentais, longe de se contradizerem mutuamente, concordam  entre si e se confirmam umas às outras. Era-me preciso demonstrar, ao mesmo tempo, que essas concordâncias não podem ser atribuídas nem a  coincidências fortuitas, nem a reminiscências subconscientes de  conhecimentos adquiridos pelos médiuns (criptomnesia).
Nessas condições, importa resumir abreviadamente o conteúdo  desta obra, a fim de positivar até que ponto esse objetivo foi alcançado.
Em primeiro lugar, cheguei a demonstrar incontestavelmente, fundando-me em fatos, que as mensagens mediúnicas, em que os  Espíritos dos defuntos descrevem as fases por que passaram na crise da  morte e as circunstâncias em que fizeram sua entrada no meio  espiritual, concordam admiravelmente entre si, de maneira tal que nelas  não se encontra uma só discordância absoluta com as afirmações dos  outros Espíritos que se hão comunicado com os vivos.
[...] São estes os detalhes fundamentais, a cujo respeito se acham de acordo os Espíritos autores das mensagens, salvo sempre inevitáveis  exceções, que confirmam a regra e que, por vezes, intervêm,  modificando, restringindo, eliminando algumas das experiências  habituais, inerentes à crise da morte, ou, então, determinando a  realização de outras experiências, desabituais no período de início da  existência espiritual:

1. Todos afirmam terem se encontrado novamente com a forma humana, nessa existência;
2. Terem ignorado, durante algum tempo, que estavam mortos;
3. Haverem passado, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência sintética de todos os  acontecimentos de existência que se lhes acabava (visão  panorâmica, ou epílogo da morte);
4. Terem sido acolhidos no mundo espiritual pelos Espíritos das  pessoas de suas famílias e de seus amigos mortos;
5. Haverem passado, quase todos, por uma fase mais ou menos  longa de sono reparador;
6. Terem-se achado num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos moralmente normais), e num meio tenebroso e  opressivo (no caso de mortos moralmente depravados);
7. Terem reconhecido que o meio espiritual era um novo mundo objetivo, substancial, real, análogo ao meio terrestre  espiritualizado;
8. Haverem aprendido que isso era devido ao fato de que, no  mundo espiritual, o pensamento constitui uma força criadora,  por meio da qual todo Espírito existente no plano astral pode  reproduzir em torno de si o meio de suas recordações;
9. Não terem tardado a saber que a transmissão do pensamento é a forma da linguagem espiritual, se bem certos Espíritos recém-chegados se iludam e julguem conversar por meio da palavra;
10. Terem verificado que, graças à faculdade da visão espiritual, se achavam em estado de perceber os objetos de um lado e outro,  pelo seu interior e através deles;
11. Haverem comprovado que os Espíritos se podem transferir temporariamente de um lugar para outro, ainda que muito  distante, por efeito apenas de um ato da vontade, o que não  impede também possam passear no meio espiritual, ou voejar a  alguma distância do solo;
12. Terem aprendido que os Espíritos dos mortos gravitam  fatalmente e automaticamente para a esfera espiritual que lhes  convém, por virtude da lei de afinidade.”

A obtenção de comunicações de Espíritos, através de um gravador de áudio (Transcomunicação Instrumental), teve início em Estocolmo, Suécia, com  Friedrich Jurgenson, em 12 de junho de 1959 (Ver o textoOsEspíritos Se Comunicam Por Aparelhos Eletrônicos ?, neste blog). Após o primeiro contato direto com Jurgenson, amigos e parentes dele comunicaram-se por este meio. As “vozes” eletrônicas passaram, então, a descrever como era o “mundo” em que viviam. Vejamos o que o próprio Jurgenson declarou sobre isso:

“[...] Primeiro fizeram-me uma descrição detalhada do além, com um quadro bastante claro de um determinado plano de existência, ao qual meus amigos demonstravam especial dedicação. Esse local - se quisermos adotar essa palavra - denominava-se subúrbio e abrangia uma série de ‘distritos’ ou planos de existência (estados de consciência).
Depois me foi descrito o plano inferior, que abriga os representantes de pavorosas deformações do espírito humano. Tais deformações podiam assinalar-se como conseqüência direta da crueldade em geral, cuja força cega criou, dentro da plasticidade de fácil configuração da matéria das esferas sutis, regiões ocas, que os meus amigos chamavam cavernas. As ondas negativas de pensamento e emoções – sobretudo o pavor, a inveja e o ódio – mediante a força do desejo e da imaginação, formam facilmente, com a matéria astral, elementos que correspondem exatamente ao caráter desses impulsos emocionais. O estado da coisa em si, ou seja, a formação do ambiente, parece processar-se de modo quase automático, independentemente, portanto, da vontade individual. Para o interior dessas covas negras do plano astral, costumam resvalar automaticamente os condenados à morte e criminosos de todo o tipo”.
“[...] Pode parecer fantástico, mas, ao que tudo indica, a maioria dos mortos das regiões do astral inferior encontram-se num estado de sono profundo, principalmente aqueles que tiveram morte violenta. Considerando bem, o despertamento equivale a uma intervenção psíquica, por meio da qual os adormecidos devem ser arrancados do jugo dos seus pesadelos e obsessões. Este sonho astral, que é uma espécie de estado de tolhimento, é intensamente vivido pelos adormecidos como imaginação plástica fluídica, portanto como realidade objetiva. Com o despertar, eliminar-se–ia uma parte das maiores dificuldades, pois então os mortos encontrariam aberto o caminho para os seus novos planos de existência em comunhão com as almas humanas.”
  
Em 1975, o pioneiro dos estudos sobre as Experiências de Quase-Morte, o médico americano Dr. Raymond Moody Jr., chamou a atenção da comunidade científica com a publicação do seu livro Life After Life (no Brasil, foi publicado com o título Vida Depois da Vida, pela editora Nórdica), baseado no depoimento de 150 sobreviventes da ”quase-morte”.

Ele classificou os casos relatados em 3 categorias:

1. Experiências de pessoas que foram ressuscitadas depois de terem sido julgadas, consideradas ou declaradas mortas pelos seus médicos;

2. Experiências de pessoas que, no decorrer de acidentes ou doenças ou ferimentos graves, estiveram muito próximas da morte física;

3. Experiências de pessoas que, enquanto morriam, contaram-nas a outras pessoas que estavam presentes. Mais tarde, essas outras pessoas relataram ao Dr.Moody o conteúdo das experiências de morte.

O Dr.Moody cunhou o nome de “Experiências de Quase-Morte” (EQMs) para esses casos. Devido à grande semelhança nos vários relatos, o Dr. Moody, em seu livro, construiu o que seria um “caso ideal”, contendo todos os detalhes que, tipicamente, estão presentes nessas experiências, embora nenhuma das experiências apresentem todos esses detalhes, mas alguns ou a maioria deles:

“Um homem está morrendo e, quando chega ao ponto de maior aflição física, ouve seu médico declará-lo morto. Começa a ouvir um ruído desagradável, um zumbido alto ou toque de campainhas, e ao mesmo tempo se sente movendo muito rapidamente através de um túnel longo e escuro. Depois disso, repentinamente se encontra fora do seu corpo físico, mas ainda na vizinhança imediata do ambiente físico, e vê seu próprio corpo a distância, como se fosse um espectador. Assiste às tentativas de ressurreição desse ponto de vista inusitado em um estado de perturbação emocional.
Depois de algum tempo, acalma-se e vai se acostumando à sua estranha condição. Observa que ainda tem um “corpo”, mas um corpo de natureza muito diferente e com capacidades muito diferentes das do corpo físico que deixou para trás. Logo outras coisas começam a acontecer. Outros vêm ao seu encontro e o ajudam. Vê de relance os espíritos de parentes e amigos que já morreram e aparece diante dele um caloroso espírito de uma espécie que nunca encontrou antes – um espírito de luz. Este ser pede-lhe, sem usar palavras, que reexamine sua vida, e o ajuda mostrando uma recapitulação panorâmica e instantânea dos principais acontecimentos de sua vida. Em algum ponto encontra-se chegando perto de uma espécie de barreira ou fronteira, representando aparentemente o limite entre a vida terrena e a vida seguinte. No entanto, descobre que precisa voltar para a Terra, que o momento da sua morte ainda não chegou. A essa altura oferece resistência, pois está agora tomado pelas suas experiências no após-vida e não quer voltar. Está agora inundado de sentimentos de alegria, amor e paz. Apesar dessa atitude, porém, de algum modo se reúne ao seu corpo físico e vive.
Mais tarde tenta contar o acontecido a outras pessoas, mas tem dificuldade em fazê-lo. Em primeiro lugar, não consegue encontrar palavras humanas adequadas para descrever esses episódios não-terrenos. Descobre também que os outros caçoam dele, e então deixa de dizer essas coisas. Ainda assim, a experiência afeta profundamente sua vida, especialmente suas opiniões sobre a morte e as relações dela com a vida”.
Já no posfácio do mesmo livro, já referido, o Dr. Moody revelou que as EQMs associadas à tentativa de suicídio foram uniformemente desagradáveis.
        As pessoas relataram que as dificuldades das quais quiseram escapar tentando o suicídio ainda estavam presentes depois que elas “morriam", acrescidas de mais complicações. Estando fora do corpo, não eram capazes de fazer nada para resolver seus problemas, e ainda tinham que ver as conseqüências infelizes resultantes de seus atos.

No seu livro seguinte, de 1977, “Reflexões Sobre Vida Depois da Vida”, o Dr. Moody escreveu: “Diversas pessoas contaram-me que, a certa altura, viram de relance outros entes que pareciam estar “presos” num estado de existência aparentemente infeliz. Os indivíduos que descreveram esses entes confusos concordam em vários pontos. Em primeiro lugar, declaram que tais entes pareciam, com efeito, incapazes de abrir mão de seus apegos ao mundo físico. Um homem afirmou que os espíritos por ele avistados pareciam “não conseguirem progredir no outro lado porque seu Deus ainda continua a viver do lado de cá”. Isto é, pareciam ligados a um determinado objeto, pessoa ou hábito. Em segundo lugar, todos comentam que os referidos entes pareciam “embotados”, que sua consciência dava a impressão de estar, de algum modo, limitada em comparação com a dos demais.  E terceiro lugar, dizem que tais “espíritos embotados” pareciam destinados a permanecer ali apenas até que conseguissem solucionar o problema ou dificuldade que os mantinha naquele estado de perplexidade.” 

O Dr.Sam Parnia, especialista em ressuscitação e estudioso das EQMs, no seu livro “O Que Acontece Quando Morremos?”, nos informa que, nos relatórios dos anos 80, começaram a aparecer informações de pessoas que haviam tido experiências negativas de Quase-Morte. Essas pessoas, com freqüência, descreviam:
  • vácuos assustadores,
  • demônios,
  • criaturas-zumbi,
  • torturas
  • e outras experiências desagradáveis.

As descrições do mundo espiritual, seja no estudo de Ernesto Bozzano, através de um gravador de áudio com Jurgenson, nos casos de EQMs colhidos pelo Dr Moody e os citados pelo Dr.Sam Parnia, são muito semelhantes às que nos foram reveladas por diversos Espíritos, como André Luiz, Manoel Philomeno de Miranda, Camilo Castelo Branco, White Eagle e Silver Birch, além de muitos outros, através de vários médiuns brasileiros e estrangeiros. Dessa forma, estas informações condizem com o princípio espírita do Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos (Ver os textos Os Mortos Voltam para Contar?” e “O Mundo Espiritual, neste blog). Podemos, por exemplo, reconhecer perfeitamente, nas comunicações obtidas por Jurgenson e os casos colhidos pelo Dr.Moody, o plano de existência purgatorial chamado Umbral. Lá passam, às vezes longo tempo, os Espíritos em desequilíbrio, como tão bem nos informou o Espírito André Luiz, pela psicografia do médium Chico Xavier.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 BOZZANO, Ernesto. A crise da morte. Rio de Janeiro : Editora FEB,1926;

2 KARDEC, Allan O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro : Editora FEB,1995;

3_____________ O céu e o inferno. A justiça divina segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro : Editora FEB;

4 MOODY JR., Raymond A. Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1979.172p;

5 ______________________ Reflexões sobre Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1987. 166 p;

6 PARNIA, Sam. O que acontece quando morremos: um estudo sobre a vida após a morte. São Paulo: Larrouse, 2008. 246 p.;

7 ARGOLLO, Djalma Motta. Espiritismo e Transcomunicação. 2.ed. São Paulo: Mnêmio Túlio, 1994.

8 XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar: quando o servidor está pronto, o serviço aparece. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1944. 281 p. (ditado pelo espírito André Luiz).





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