Fábio José
Lourenço Bezerra
Os detalhes sobre o retorno ao
mundo espiritual, fornecidos por diversos Espíritos durante a codificação do
Espiritismo por Allan Kardec (ver, especialmente, a parte intitulada “Exemplos”
da obra “O Céu e o Inferno”, desse autor), vêm sendo confirmados por
diferentes estudos. Abaixo, citamos alguns exemplos deles.
O filósofo italiano Ernesto
Bozzano, grande estudioso dos Fenômenos Parapsíquicos, após
estudar, minuciosamente, 17 casos ocorridos nos Estados Unidos e na Inglaterra,
de falecidos que se comunicaram através de médiuns, revelando detalhes do que
passaram no mundo espiritual, fez uma análise comparada entre eles, anotando coincidências
nos relatos. Ele observou que alguns dos casos estudados, colhidos pelos
primeiros pesquisadores no começo do movimento espírita (meados do século 19), tinham
mensagens mediúnicas em que a existência e o meio espirituais são descritos em
termos idênticos aos das que se obtinham na época do seu estudo (começo do
século 20), apesar de a mentalidade dos médiuns ter sido, inicialmente, dominada
pelas concepções tradicionais referentes ao paraíso (com nuvens e anjos com
asas, auréolas nas suas cabeças e tocando harpas, etc.) e ao inferno (fogo por
todos os lados e demônios com chifres usando tridentes, etc.). Isto é, a religião
e os conhecimentos dos médiuns não influíram nas descrições que os Espíritos,
por seu intermédio, fizeram acerca do mundo espiritual.
Este
trabalho está relatado em seu livro “A Crise da Morte”, de 1926. Assim
ele se exprimiu sobre seu estudo:
“[...] Para atingir
o fim a que me propunha, era-me, primeiramente, indispensável demonstrar, de
modo adequado, que as revelações transcendentais, longe de se contradizerem
mutuamente, concordam entre si e se confirmam umas às outras. Era-me
preciso demonstrar, ao mesmo tempo, que essas concordâncias não podem ser
atribuídas nem a coincidências fortuitas, nem a reminiscências
subconscientes de conhecimentos adquiridos pelos médiuns (criptomnesia).
Nessas condições,
importa resumir abreviadamente o conteúdo desta obra, a fim de positivar
até que ponto esse objetivo foi alcançado.
Em primeiro lugar,
cheguei a demonstrar incontestavelmente, fundando-me em fatos, que as mensagens
mediúnicas, em que os Espíritos dos defuntos descrevem as fases por que
passaram na crise da morte e as circunstâncias em que fizeram sua entrada
no meio espiritual, concordam admiravelmente entre si, de maneira tal que
nelas não se encontra uma só discordância absoluta com as afirmações
dos outros Espíritos que se hão comunicado com os vivos.
[...] São estes os
detalhes fundamentais, a cujo respeito se acham de acordo os Espíritos autores
das mensagens, salvo sempre inevitáveis exceções, que confirmam a regra e
que, por vezes, intervêm, modificando, restringindo, eliminando algumas
das experiências habituais, inerentes à crise da morte, ou, então,
determinando a realização de outras experiências, desabituais no período
de início da existência espiritual:
1. Todos afirmam terem
se encontrado novamente com a forma humana, nessa existência;
2. Terem ignorado,
durante algum tempo, que estavam mortos;
3. Haverem passado,
no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência
sintética de todos os acontecimentos de existência que se lhes acabava
(visão panorâmica, ou epílogo da morte);
4. Terem sido
acolhidos no mundo espiritual pelos Espíritos das pessoas de suas
famílias e de seus amigos mortos;
5. Haverem passado,
quase todos, por uma fase mais ou menos longa de sono reparador;
6. Terem-se achado
num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos moralmente
normais), e num meio tenebroso e opressivo (no caso de mortos moralmente
depravados);
7. Terem reconhecido
que o meio espiritual era um novo mundo objetivo, substancial, real, análogo ao
meio terrestre espiritualizado;
8. Haverem aprendido
que isso era devido ao fato de que, no mundo espiritual, o pensamento
constitui uma força criadora, por meio da qual todo Espírito existente no
plano astral pode reproduzir em torno de si o meio de suas recordações;
9. Não terem tardado
a saber que a transmissão do pensamento é a forma da linguagem espiritual, se
bem certos Espíritos recém-chegados se iludam e julguem conversar por meio da
palavra;
10. Terem verificado
que, graças à faculdade da visão espiritual, se achavam em estado de perceber
os objetos de um lado e outro, pelo seu interior e através deles;
11. Haverem
comprovado que os Espíritos se podem transferir temporariamente de um lugar
para outro, ainda que muito distante, por efeito apenas de um ato da
vontade, o que não impede também possam passear no meio espiritual, ou
voejar a alguma distância do solo;
12. Terem aprendido
que os Espíritos dos mortos gravitam fatalmente e automaticamente para a
esfera espiritual que lhes convém, por virtude da lei de afinidade.”
A
obtenção de comunicações de Espíritos, através de um gravador de áudio (Transcomunicação
Instrumental), teve início em Estocolmo, Suécia, com Friedrich Jurgenson, em 12 de junho de 1959 (Ver o texto “OsEspíritos Se Comunicam Por Aparelhos Eletrônicos ?”, neste
blog). Após o primeiro contato direto com
Jurgenson, amigos e parentes dele comunicaram-se por este meio. As “vozes”
eletrônicas passaram, então, a descrever como era o “mundo” em que viviam.
Vejamos o que o próprio Jurgenson declarou sobre isso:
“[...] Primeiro fizeram-me uma
descrição detalhada do além, com um quadro bastante claro de um determinado
plano de existência, ao qual meus amigos demonstravam especial dedicação. Esse
local - se quisermos adotar essa palavra - denominava-se subúrbio e abrangia
uma série de ‘distritos’ ou planos de existência (estados de consciência).
Depois me foi descrito o plano
inferior, que abriga os representantes de pavorosas deformações do espírito
humano. Tais deformações podiam assinalar-se como conseqüência direta da
crueldade em geral, cuja força cega criou, dentro da plasticidade de fácil
configuração da matéria das esferas sutis, regiões ocas, que os meus amigos
chamavam cavernas. As ondas negativas de pensamento e emoções – sobretudo o pavor,
a inveja e o ódio – mediante a força do desejo e da imaginação, formam
facilmente, com a matéria astral, elementos que correspondem exatamente ao
caráter desses impulsos emocionais. O estado da coisa em si, ou seja, a
formação do ambiente, parece processar-se de modo quase automático,
independentemente, portanto, da vontade individual. Para o interior dessas
covas negras do plano astral, costumam resvalar automaticamente os condenados à
morte e criminosos de todo o tipo”.
“[...] Pode parecer fantástico, mas,
ao que tudo indica, a maioria dos mortos das regiões do astral inferior
encontram-se num estado de sono profundo, principalmente aqueles que tiveram
morte violenta. Considerando bem, o despertamento equivale a uma intervenção
psíquica, por meio da qual os adormecidos devem ser arrancados do jugo dos seus
pesadelos e obsessões. Este sonho astral, que é uma espécie de estado de
tolhimento, é intensamente vivido pelos adormecidos como imaginação plástica
fluídica, portanto como realidade objetiva. Com o despertar, eliminar-se–ia uma
parte das maiores dificuldades, pois então os mortos encontrariam aberto o
caminho para os seus novos planos de existência em comunhão com as almas
humanas.”
Em 1975, o pioneiro dos estudos
sobre as Experiências de Quase-Morte, o médico americano Dr.
Raymond Moody Jr., chamou a atenção da comunidade científica com a
publicação do seu livro Life
After Life (no Brasil, foi publicado com o título Vida Depois da Vida, pela editora
Nórdica), baseado no depoimento de 150 sobreviventes da ”quase-morte”.
Ele classificou os casos relatados
em 3 categorias:
1. Experiências de pessoas que foram ressuscitadas depois de
terem sido julgadas, consideradas ou declaradas mortas pelos seus médicos;
2. Experiências de pessoas que, no decorrer de acidentes ou
doenças ou ferimentos graves, estiveram muito próximas da morte física;
3. Experiências de pessoas que, enquanto morriam,
contaram-nas a outras pessoas que estavam presentes. Mais tarde, essas outras
pessoas relataram ao Dr.Moody o conteúdo das experiências de morte.
O Dr.Moody cunhou o nome de “Experiências
de Quase-Morte” (EQMs) para esses casos. Devido à grande semelhança nos
vários relatos, o Dr. Moody, em seu livro, construiu o que seria um “caso
ideal”, contendo todos os detalhes que, tipicamente, estão presentes nessas
experiências, embora nenhuma das experiências apresentem todos esses detalhes,
mas alguns ou a maioria deles:
“Um homem está morrendo e, quando
chega ao ponto de maior aflição física, ouve seu médico declará-lo morto. Começa
a ouvir um ruído desagradável, um zumbido alto ou toque de campainhas, e ao
mesmo tempo se sente movendo muito rapidamente através de um túnel longo e
escuro. Depois disso, repentinamente se encontra fora do seu corpo físico, mas
ainda na vizinhança imediata do ambiente físico, e vê seu próprio corpo a
distância, como se fosse um espectador. Assiste às tentativas de ressurreição
desse ponto de vista inusitado em um estado de perturbação emocional.
Depois de algum tempo, acalma-se e
vai se acostumando à sua estranha condição. Observa que ainda tem um “corpo”,
mas um corpo de natureza muito diferente e com capacidades muito diferentes das
do corpo físico que deixou para trás. Logo outras coisas começam a acontecer.
Outros vêm ao seu encontro e o ajudam. Vê de relance os espíritos de parentes e
amigos que já morreram e aparece diante dele um caloroso espírito de uma
espécie que nunca encontrou antes – um espírito de luz. Este ser pede-lhe, sem
usar palavras, que reexamine sua vida, e o ajuda mostrando uma recapitulação
panorâmica e instantânea dos principais acontecimentos de sua vida. Em algum
ponto encontra-se chegando perto de uma espécie de barreira ou fronteira,
representando aparentemente o limite entre a vida terrena e a vida seguinte. No
entanto, descobre que precisa voltar para a Terra, que o momento da sua morte
ainda não chegou. A essa altura oferece resistência, pois está agora tomado
pelas suas experiências no após-vida e não quer voltar. Está agora inundado de
sentimentos de alegria, amor e paz. Apesar dessa atitude, porém, de algum modo
se reúne ao seu corpo físico e vive.
Mais tarde tenta contar o acontecido
a outras pessoas, mas tem dificuldade em fazê-lo. Em primeiro lugar, não
consegue encontrar palavras humanas adequadas para descrever esses episódios
não-terrenos. Descobre também que os outros caçoam dele, e então deixa de dizer
essas coisas. Ainda assim, a experiência afeta profundamente sua vida,
especialmente suas opiniões sobre a morte e as relações dela com a vida”.
Já no posfácio do mesmo livro, já referido, o Dr. Moody revelou que as EQMs associadas à tentativa de suicídio foram
uniformemente desagradáveis.
As pessoas relataram que as dificuldades das quais quiseram escapar tentando o suicídio ainda estavam presentes depois que
elas “morriam", acrescidas de mais complicações. Estando fora do corpo,
não eram capazes de fazer nada para resolver seus problemas, e ainda tinham que
ver as conseqüências infelizes resultantes de seus atos.
No seu livro seguinte, de 1977, “Reflexões
Sobre Vida Depois da Vida”, o Dr.
Moody escreveu: “Diversas pessoas contaram-me que, a certa altura,
viram de relance outros entes que pareciam estar “presos” num estado de
existência aparentemente infeliz. Os indivíduos que descreveram esses entes
confusos concordam em vários pontos. Em primeiro lugar, declaram que tais entes
pareciam, com efeito, incapazes de abrir mão de seus apegos ao mundo físico. Um
homem afirmou que os espíritos por ele avistados pareciam “não conseguirem
progredir no outro lado porque seu Deus ainda continua a viver do lado de cá”.
Isto é, pareciam ligados a um determinado objeto, pessoa ou hábito. Em segundo
lugar, todos comentam que os referidos entes pareciam “embotados”, que sua
consciência dava a impressão de estar, de algum modo, limitada em comparação
com a dos demais. E terceiro lugar, dizem que tais “espíritos embotados”
pareciam destinados a permanecer ali apenas até que conseguissem solucionar o
problema ou dificuldade que os mantinha naquele estado de perplexidade.”
O
Dr.Sam Parnia, especialista em ressuscitação e estudioso das EQMs, no seu livro
“O
Que Acontece Quando Morremos?”, nos informa que, nos relatórios dos
anos 80, começaram a aparecer informações de pessoas que haviam
tido experiências negativas de Quase-Morte. Essas pessoas, com freqüência,
descreviam:
- vácuos
assustadores,
- demônios,
- criaturas-zumbi,
- torturas
- e
outras experiências desagradáveis.
As
descrições do mundo espiritual, seja no estudo de Ernesto Bozzano, através de
um gravador de áudio com Jurgenson, nos casos de EQMs colhidos pelo Dr Moody e
os citados pelo Dr.Sam Parnia, são muito semelhantes às que nos foram reveladas
por diversos Espíritos, como André Luiz, Manoel Philomeno de Miranda, Camilo
Castelo Branco, White Eagle e Silver Birch, além de muitos outros, através de
vários médiuns brasileiros e estrangeiros. Dessa forma, estas informações
condizem com o princípio espírita do Controle
Universal dos Ensinamentos dos Espíritos (Ver os textos “Os Mortos Voltam para Contar?” e “O Mundo Espiritual”, neste
blog). Podemos, por exemplo, reconhecer perfeitamente, nas comunicações obtidas
por Jurgenson e os casos colhidos pelo Dr.Moody, o plano de existência
purgatorial chamado Umbral.
Lá passam, às vezes longo tempo, os Espíritos em desequilíbrio, como tão bem
nos informou o Espírito André Luiz, pela psicografia do
médium Chico Xavier.
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA:
1 BOZZANO, Ernesto. A
crise da morte. Rio de Janeiro : Editora FEB,1926;
2 KARDEC, Allan O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro
: Editora FEB,1995;
3_____________ O céu e o inferno. A justiça divina segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro : Editora FEB;
4 MOODY JR., Raymond A. Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1979.172p;
4 MOODY JR., Raymond A. Vida depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1979.172p;
5 ______________________ Reflexões sobre Vida
depois da vida. Rio de Janeiro: Nórdica, 1987. 166 p;
6 PARNIA, Sam. O que acontece quando morremos: um estudo sobre a vida após a morte. São Paulo: Larrouse, 2008. 246 p.;
7 ARGOLLO, Djalma Motta. Espiritismo e Transcomunicação. 2.ed. São Paulo: Mnêmio Túlio, 1994.
8 XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar: quando o servidor está pronto, o serviço aparece. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1944. 281 p. (ditado pelo espírito André Luiz).
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