Fonte da imagem: http://www.centroespiritasearadomestre.net/products/das-leis-morais/
Fábio José Lourenço Bezerra
O mais recente vestibular da Universidade
Estadual Paulista (UNESP), teve uma questão que citou O
Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, contrapondo-a à visão materialista das habilidades inatas do
ser humano. Transcrevemos a notícia a seguir, na íntegra, do site da Federação
Espírita Brasileira:
17/12/2015
10h33 - Atualizado em 17/12/2015 10h42
Vestibular da
Unesp cita Livro dos Espíritos
Os
vestibulandos da Unesp (Conhecimentos Específicos) depararam-se, no
último domingo (15), com uma questão no mínimo surpreendente. O enunciado
trazia dois textos para explicar as capacidades morais e intelectuais do homem
— o conceito filosófico do inatismo –, especialmente as habilidades no campo da
Música. Um dos textos vinha de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O
outro fora extraído de um artigo da revista Superinteressante, assinado por
Nelson Jobim. O que explicaria o virtuosismo de alguns indivíduos?
Antes
de mais nada, cabe destacar aqui a atualidade do pensamento espírita, capaz de
confrontar a Ciência Oficial e apresentar resposta para questões
complexas. A resposta dos Espíritos, com adaptações ao texto original, foi
apresentada assim ao vestibulando:
“Não
confundais o efeito com a causa. O Espírito tem sempre as capacidades que lhe
são próprias; ora, não são os órgãos que produzem as capacidades, mas as
capacidades que conduzem ao desenvolvimento dos órgãos. O Espírito,
se encarnando, traz certas predisposições, admitindo-se, para cada uma, um
órgão correspondente no cérebro. O desenvolvimento desses órgãos será
um efeito e não uma causa. Se as capacidades se originassem nesses órgãos,
o homem seria uma máquina sem livre-arbítrio e sem responsabilidade dos
seus atos. Seria preciso admitir que os maiores gênios, sábios, poetas,
artistas, não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais”.
Contrapondo
a visão espírita, o examinador apresentou o artigo na Supeinteressante (“Um dom
de Gênio”, maio de 2015), em que o autor cita pesquisa do neurologista alemão,
Helmut Steinmetz, pesquisador da Universidade Henrich Heine, de
Düsseldorf, que comparou cérebros de um grupo de 30 músicos com os de outros 30
que não se dedicavam à arte musical.
Na
conclusão do cientista, o virtuosismo dos primeiros explicar-se-ia por um
acentuado desenvolvimento do lobo temporal esquerdo (região do córtex
cerebral onde são processados os sinais sonoros). “Nos músicos, esse tamanho
pode ser duas vezes maior”, diz o texto.
Resolução do Colégio Objetivo
Interessante notar também a resposta preparada pelos
professores do Objetivo: “No
texto de Kardec, codificador do Espiritismo, religião amplamente professada no
Brasil, o Universo é visto como constituído de matéria e espírito. Essa
concepção tem ressonância no pensamento de Platão e Descartes, considerados
também pensadores dualistas. Assim, o corpo material é plasmado pelo Espirito
que o encarna. A alma, entendida por Kardec como o espírito encarnado, é o
portador de uma bagagem cultural e moral de existências passadas. conceito
semelhante ao inatismo cartesiano e platônico, em que a razão humana é
portadora e produtora de conhecimento humano.”
No artigo de Nelson Jobim, extraído da revista Superinteressante, a genialidade
humana surge como produto de determinação biológica. “Tal concepção se
aproximaria mais dos empiristas, para quem toda inteligência nasce como
tábula rasa, e nesse caso poderíamos admitir que a genialidade resultaria
do acaso. O que, na crítica de Kardec, ‘os maiores gênios, sábios, poetas
e artistas não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais’”.
Como
terão reagido os vestibulandos frente a essa questão? Na verdade, essa não foi
a única a questionar temas filosóficos. O pensamento atualíssimo de Voltaire, o
grande mestre do Iluminismo, também foi tema da questão que abordou, de forma
implícita, as lutas étnicas e a ação de grupos extremistas. No texto de
Voltaire, o pensador apresenta Deus não como uma divindade de um povo, de uma raça
ou de uma nação, mas como o criador do Universo e pai de todos os homens. Uma
visão, com certeza, coerente e compatível com o ensino trazido pelo
Espiritismo.
Que
os estudantes tenham tido um bom desempenho na prova. E levem para os bancos
universitários o desejo de estudar mais a Doutrina Consoladora, que, com muita
razão, foi considerado por alguns como uma faculdade que reúne todos os ramos
do conhecimento humano.
Fonte: USE São Paulo
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