terça-feira, 25 de outubro de 2016

PEDAGOGIA ESPÍRITA: A PROPOSTA DO ESPIRITISMO PARA A EDUCAÇÃO

         
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Fonte da imagem: http://observadorespirita.blogspot.com.br/2014/05/a-proposta-educativa-de-jesus-e-do.html


          Como consta no site da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita:


"Pedagogia Espírita

 História

Os princípios da pedagogia espírita se encontram presentes na tradição filosófico-pedagógica ocidental, desde Sócrates, com a sua prática da maiêutica, de extrair a luz espiritual de dentro do educando, convocando-o a construir por si mesmo a sua perfeição moral e seu conhecimento do mundo e de si. Liberdade, emancipação do homem e da criança, relação amorosa entre educador e educando, engajamento do educador na transformação do indivíduo e da sociedade – são alguns aspectos dessa linha que vem se constituindo no decorrer dos séculos no Ocidente – e que teve como representante máximo a figura de Jesus.

Mais diretamente, porém, a pedagogia espírita remonta a três grandes precursores, Jan Amos Comenius (1592-1670), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Rivail, depois conhecido como Kardec, era discípulo de Pestalozzi, que recebeu influências de Rousseau e Comenius. Esta descendência histórica nos faz encontrar o fio condutor que desemboca no espiritismo e, portanto, na pedagogia espírita.

Kardec foi o herdeiro desta tradição pedagógica, transfundindo-a para o espiritismo, ao dar-lhe um caráter eminentemente educativo. Segundo a filosofia espírita, a existência humana é um projeto educacional, para a eternidade, pois a nossa meta é a perfeição. Caminhamos, nesta trilha evolutiva, construindo a nós mesmos, experimentando ações, em liberdade, cooperando com a obra divina em nós e fora de nós.

Com um novo conceito de ser humano (como projeto inacabado, que deve ele mesmo aperfeiçoar) e um novo conceito de criança (como ser reencarnado, herdeiro de si e dono de potencialidades únicas), Kardec abre um novo rumo à educação do ser. Entretanto, ele mesmo não teve tempo de adentrar por uma proposta pedagógica espírita – não deu tempo de ele fazer a ponte entre os seus 30 anos de educador (e suas heranças pestalozzianas) e a nova filosofia que estava fundando, a partir da ciência espírita. Apesar dos trechos, clarões, em suas obras, em que aparece o educador fazendo afirmações eminentemente pedagógicas e apesar do próprio espiritismo ter um caráter completamente educativo, Kardec não chegou a formular uma pedagogia espírita.

Essa formulação caberia aos espíritas brasileiros. Podemos considerar dois marcos históricos da constituição da pedagogia espírita no Brasil. O primeiro é a fundação do Colégio Allan Kardec, de Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento (MG), em 1907. A proposta de uma escola de vanguarda, com um educador afetivo, com uma educação livre e ativa, participativa e ética, com desenvolvimento do espírito critico, científico e de uma profunda espiritualidade – tudo isso mostra claramente a prática da pedagogia espírita no seu primeiro e no seu melhor momento até agora. Contemporânea de Eurípedes, foi a educadora Anália Franco, que fundou várias escolas no estado de São Paulo, apresentando alguns elementos que apareceriam na proposta pedagógica espírita.

O segundo marco é a formulação teórica da pedagogia espírita – com a criação do termo – feita por José Herculano Pires. O jornalista, filósofo e escritor paulista lança no início da década de 70, a revista Educação Espírita, onde escreve vários artigos de grande alcance teórico e prático sobre uma nova educação – a pedagogia espírita. Mais tarde, postumamente, seria publicado o seu livro Pedagogia Espírita, (1985), reunindo todos os seus escritos sobre o assunto.

Contemporâneos de Herculano, cada qual desenvolvendo uma experiência à mesma época da revista Educação Espírita, eram então o médico mineiro radicado em Franca (SP), Tomás Novelino, com seu Educandário Pestalozzi e o militar espírita Ney Lobo, que inaugurou a cidade-mirim no Instituto Lins de Vasconcellos (Curitiba).

A partir de 1997, porém, iniciou-se um novo período da pedagogia espírita, com o lançamento do livro A Educação segundo o Espiritismo, de Dora Incontri, seguindo-se depois a defesa de sua tese de doutorado na Faculdade de Educação da USP: A Pedagogia Espírita, um projeto brasileiro e suas raízes, depois editado pela Editora Comenius. A partir de então, a história da pedagogia espírita se identifica com a história da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita, com seus cursos, projetos, congressos."

"O que é Pedagogia Espírita

Três aspectos de uma só definição:

A pedagogia espírita é o resgate do espiritismo, como foi proposto por Allan Kardec ( educador francês, discípulo de Pestalozzi – Hippolyte Léon Denizard Rivail – 1804-1869), com seu caráter científico, filosófico e moral/espiritual, entendendo-se que a educação é a meta existencial do ser humano, enquanto ser social, político, biológico e espiritual.

A pedagogia espírita é uma nova visão teórica e uma nova proposta prática de educação – que se irmana com propostas pedagógicas de vanguarda, na linha da herança de Comenius, Rousseau e Pestalozzi. A pedagogia espírita dialoga com as pedagogias propostas por por Montessori, Janusz Korzcak, Alexander Neill, Paulo Freire, José Pacheco e outros – que também receberam influência dos mesmos antecessores. Mas a pedagogia espírita tem a especificidade de trabalhar o aspecto espiritual do ser humano, encarando-o como um ser reencarnado, sujeito autônomo, que constrói a sua própria evolução aqui, projetando-se na transcendência.

A pedagogia espírita pode se fazer presente com seus princípios, com a filosofia de Kardec e suas heranças pedagógicas, nas mais diversas áreas do conhecimento humano, dialogando com a medicina, o direito, as ciências sociais, as artes, a psicologia etc. Nesse sentido, ela é uma interface entre a educação, a espiritualidade e as diversas áreas de pesquisa acadêmica, pois à sua luz, toda e qualquer abordagem do ser humano ganha a dimensão da espiritualidade e a meta máxima da educação.

Princípios da Pedagogia Espírita:

Amor
Liberdade
Igualdade com singularidade
Naturalidade
Educação ativa
Educação integral
Uma prática em construção

Há consequências práticas que se deduzem dos fundamentos e princípios da pedagogia espírita. Entretanto, não existe, nem poderia existir, um modelo fechado de escola espírita. Trata-se de uma prática em construção a que todos os que se identificam com os ideais pedagógicos espíritas estão chamados a participar.

Podemos entretanto traçar algumas diretrizes dessa prática, a partir das inspirações dos antecessores e dos pioneiros da pedagogia espírita.

A abordagem de conteúdo numa prática pedagógica espírita deve ser inter-religiosa e plural, onde a visão espírita seja uma das visões de mundo discutidas, junto a outras visões espiritualistas ou não.
A escola espírita também deve romper completamente com a escola tradicional, adotando parâmetros de liberdade, educação ativa, em que os educandos escolham seus projetos de pesquisa, produção, tornem-se sujeitos de sua própria educação.

A escola espírita deve valorizar o estímulo estético, a vivência solidária, o cultivo da espiritualidade e a ação social transformadora.

Além dessas diretrizes, os princípios da pedagogia espírita podem ser pensados e aplicados em outras relações humanas, para que ganhem um caráter mais pedagógico e menos estruturado no poder: relações entre membros da família, relações entre médicos, terapeutas e pacientes; relações entre cidadãos numa comunidade sociopolítica; relações de trabalho…

O que não é

A pedagogia espírita não é uma proposta de catequese do espiritismo.

Por quê?

Porque catequizar é impor princípios, é modelar mentes, é doutrinar numa determinada linha de pensamento, sem debate, abertura e liberdade de opção. Isso se opõe aos princípios do espiritismo e, consequentemente, da pedagogia espírita, que são princípios de liberdade de consciência, de autonomia de julgamento e de construção pessoal de visão de mundo.

A pedagogia espírita não é a Evangelização em geral praticada nos centros espíritas.

Por quê?

Por dois motivos:

1) o próprio termo evangelização (e não só o termo, mas a prática geralmente assumida) significa catequese e doutrinação. Ensinar a pensar – que é o objetivo de uma verdadeira educação – nada tem a ver com uma evangelização, no sentido tradicional do termo, que aliás, se deriva de práticas das religiões tradicionais. Isso não quer dizer que a pedagogia espírita não tenha por meta elevar moralmente o educando ou que se afaste da proposta pedagógica de Jesus. Muito ao contrário. A pedagogia do Cristo não era impositiva e catequética, mas amorosa e respeitadora da liberdade de consciência, contagiante em sua elevação moral

2) a metodologia adotada pela maioria dos centros espíritas para a prática da evangelização não é a proposta pela pedagogia espírita, porque são métodos tradicionais, com pouca autonomia e participação e quase nenhuma escolha livre dos educandos.

A pedagogia espírita não se aplica apenas a adeptos do espiritismo.

Por quê?

Se a pedagogia espírita respeita a liberdade de consciência do educando (e de suas famílias), ela não pode ter um caráter sectário de se dirigir apenas a espíritas ou, o que seria pior, pretender fazer de todos os educandos adeptos do espiritismo. Tal intento seria contraditório com a própria definição de pedagogia. Pressupõe-se que qualquer pedagogia seja universalmente aplicável a todos os seres humanos, independente de suas etnias, religiões, sexo ou qualquer outra diferenciação.

Por que Pedagogia Espírita?

Se a Pedagogia Espírita se pretende uma prática que trabalha a pluralidade e o ensino inter-religioso, por que então a chamamos de espírita?

O termo foi criado por J. Herculano Pires, dentro da herança que nos identifica, Eurípedes, Anália, Tomás Novelino, Vinicius, Herculano, Ney Lobo. Filiamo-nos a essa tradição, pois é necessário evidenciar uma história, para enraizar um conceito.

Nossa proposta é justamente resgatar a palavra espírita, no sentido em que a criou Kardec, porque não há outra que possa expressar aquilo que desejamos expressar, que se constitui nos seguintes aspectos, presentes na pedagogia espírita e que a definem:

uma espiritualidade universal, que aceita que todas as religiões são manifestações reais e podem conter verdades, sem exclusivismos e sectarismos;
uma espiritualidade crítica, que invoca os critérios da racionalidade e da ciência na sua formulação e vivência;
uma concepção de ser humano (e portanto de criança) transcendente e reencarnante, que invoca evidências empíricas da imortalidade e da reencarnação."

Para saber mais, visite a página da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita:

http://www.pedagogiaespirita.org.br/


ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS:

http://www.pedagogiaespirita.org.br/blank-5

http://www.pedagogiaespirita.org.br/blank-2

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

VÁRIOS CIENTISTAS RENOMADOS ACREDITAM QUE UMA SUPER-INTELIGÊNCIA PROGRAMOU O UNIVERSO

 (Agsandrew/iStock/Thinkstock)
Fonte da imagem: https://www.epochtimes.com.br/nossa-vida-incrivelmente-semelhante-matrix-explica-renomado-engenheiro/#.WAVQbPkrKUk

Fábio José Lourenço Bezerra


No Capítulo II de "A Gênese", temos:

"20. A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às menores coisas. É nisto que consiste a ação providencial. “Como pode Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, imiscuir-se em pormenores ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo?” Esta a interrogação que a si mesmo dirige o incrédulo, concluindo por dizer que, admitida a existência de Deus, só se pode admitir, quanto à sua ação, que ela se exerça sobre as leis gerais do universo; que o universo funcione de toda a eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha submetida na esfera de suas atividades, sem que haja mister a intervenção incessante da Providência.

21. No estado de inferioridade em que ainda se encontram, só muito dificilmente podem os homens compreender que Deus seja infinito, pois, vendo-se limitados e circunscritos, eles o imaginam também circunscrito e limitado. Imaginando-o circunscrito, figuram-no quais eles são, à imagem e semelhança deles. Os quadros em que o vemos com traços humanos não contribuem pouco para entreter esse erro no espírito das massas, que nele adoram mais a forma que o pensamento. Para a maioria, é Ele um soberano poderoso, sentado num trono inacessível e perdido na imensidade dos céus. Tendo restritas suas faculdades e percepções, não compreendem que Deus possa e se digne de intervir diretamente nas pequeninas coisas.

22. Impotente para compreender a essência mesma da Divindade, o homem não pode fazer dela mais do que uma ideia aproximativa, mediante comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que, ao menos, servem para lhe mostrar a possibilidade daquilo que, à primeira vista, lhe parece impossível. Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. Sendo ininteligente, esse fluido atua mecanicamente, por meio tão só das forças materiais. Se, porém, o supusermos dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele já não atuará às cegas, mas com discernimento, com vontade e liberdade: verá, ouvirá e sentirá.

23. As propriedades do fluido perispirítico podem nos dar uma ideia. Ele não é de si mesmo inteligente, pois que é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e percepções do Espírito. O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito; é, porém, o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo ele que o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido, e na impossibilidade em que nos achamos de isolar o pensamento, a nós parece que ele faz corpo com o fluido, dando a entender que são uma coisa só, como sucede com o som e o ar, de maneira que podemos, a bem dizer, materializá-lo. Assim como dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido se torna inteligente.

24. Seja ou não assim no que concerne ao pensamento de Deus, isto é, que o pensamento de Deus atue diretamente ou por intermédio de um fluido, para facilitar a nossa inteligência, figuremo-lo sob a forma concreta de um fluido inteligente que enche o universo infinito e penetra todas as partes da Criação: a natureza inteira está mergulhada no fluido divino. Ora, em virtude do princípio de que as partes de um todo são da mesma natureza e têm as mesmas propriedades que ele, cada átomo desse fluido, se assim nos podemos exprimir, possuindo o pensamento, isto é, os atributos essenciais da Divindade e estando o mesmo fluido em toda parte, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude. Nenhum ser haverá, por mais ínfimo que o suponhamos, que não esteja saturado dele. Achamo-nos então, constantemente, em presença da Divindade; nenhuma das nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está em contato ininterrupto com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Estamos nele, como Ele está em nós, segundo a palavra do Cristo (1 João, 4:13). Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, não precisa Deus lançar o olhar do Alto da imensidade. As nossas preces, para que Ele as ouça, não precisam transpor o espaço, nem ser ditas com voz retumbante, pois que, estando sempre ao nosso lado, os nossos pensamentos repercutem nele. Os nossos pensamentos são como os sons de um sino, que fazem vibrar todas as moléculas do ar ambiente.

25. Longe de nós a ideia de materializar a Divindade. A imagem de um fluido inteligente universal evidentemente não passa de uma comparação apropriada a dar de Deus uma ideia mais exata do que os quadros que o apresentam debaixo de uma figura humana. Essa imagem se destina a fazer compreensível a possibilidade que tem Deus de estar em toda parte e de se ocupar com todas as coisas.

26. Temos constantemente sob as vistas um exemplo que nos permite fazer ideia do modo por que talvez se exerça a ação de Deus sobre as partes mais íntimas de todos os seres e, conseguintemente, do modo por que lhe chegam as mais sutis impressões de nossa alma. Esse exemplo tiramo-lo de certa instrução que a tal respeito deu um Espírito.

27. “O homem é um pequeno mundo, que tem como diretor o Espírito e como dirigido o corpo. Nesse universo, o corpo representará uma criação cujo Espírito seria Deus. (Compreendei bem que aqui há uma simples questão de analogia e não de identidade.) Os membros desse corpo, os diferentes órgãos que o compõem, os músculos, os nervos, as articulações são outras tantas individualidades materiais, se assim se pode dizer, localizadas em pontos especiais do corpo. Se bem seja considerável o número de suas partes constitutivas, de natureza tão variada e diferente, a ninguém é lícito supor que se possam produzir movimentos, ou uma impressão em qualquer lugar, sem que o Espírito tenha consciência do que ocorra. Há sensações diversas em muitos lugares simultaneamente? O Espírito as sente todas, distingue, analisa, assinala a cada uma a causa determinante e o ponto em que se produziu, tudo por meio do fluido perispirítico. “Análogo fenômeno ocorre entre Deus e a Criação. Deus está em toda parte, na natureza, como o Espírito está em toda parte, no corpo. Todos os elementos da Criação se acham em relação constante com Ele, como todas as células do corpo humano se acham em contato imediato com o ser espiritual. Não há, pois, razão para que fenômenos da mesma ordem não se produzam de maneira idêntica, num e noutro caso. “Um membro se agita: o Espírito o sente; uma criatura pensa: Deus o sabe. Todos os membros estão em movimento, os diferentes órgãos estão a vibrar; o Espírito se ressente de todas as manifestações, as distingue e localiza. As diferentes criações, as diferentes criaturas se agitam, pensam, agem diversamente: Deus sabe o que se passa e assina a cada um o que lhe diz respeito. “Daí se pode igualmente deduzir a solidariedade da matéria e da inteligência, a solidariedade entre si de todos os seres de um mundo, a de todos os mundos e, por fim, de todas as criações com o Criador.” (Quinemant, Sociedade de Paris, 1867.)"


"[...] 34. Sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem perceber. Pelo fato de os Espíritos imperfeitos não verem a Deus, não se segue que eles estejam mais distantes de Deus do que os outros; esses Espíritos, como os demais, como todos os seres da natureza, se encontram mergulhados no fluido divino, do mesmo modo que nós o estamos na luz. O que há é que as imperfeições daqueles Espíritos são vapores que os impedem de vê-lo. Quando o nevoeiro se dissipar, vê-lo-ão resplandecer. Para isso, não lhes é preciso subir, nem procurá-lo nas profundezas do infinito. Desimpedida a visão espiritual das belidas que a obscureciam, eles o verão de todo lugar onde se achem, mesmo da Terra, porquanto Deus está em toda parte.

35. O Espírito só se depura com o tempo, sendo as diversas encarnações o alambique em cujo fundo deixa de cada vez algumas impurezas. Com o abandonar o seu invólucro corpóreo, os Espíritos não se despojam instantaneamente de suas imperfeições, razão por que, depois da morte, não veem a Deus mais do que o viam quando vivos; mas, à medida que se depuram, têm dele uma intuição mais clara. Não o veem, mas compreendem-no melhor; a luz é menos difusa. Quando, pois, alguns Espíritos dizem que Deus lhes proíbe respondam a uma dada pergunta não é que Deus lhes apareça, ou dirija a palavra, para lhes ordenar ou proibir isto ou aquilo, não; eles, porém, o sentem; recebem os eflúvios do seu pensamento, como nos sucede com relação aos Espíritos que nos envolvem em seus fluidos, embora não os vejamos."

E nas questões seguintes de "O Livro dos Espíritos", temos:

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?

“Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria  constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”

558. Alguma outra coisa incumbe aos Espíritos fazer, que não seja melhorarem-se pessoalmente?

“Concorrem para a harmonia do Universo, executando as vontades de Deus, cujos ministros eles são. A vida espírita é uma ocupação contínua, mas que nada tem de penosa, como a vida na Terra, porque não há a fadiga corporal, nem as angústias das necessidades.”

562. Já não tendo o que adquirir, os Espíritos da ordem mais elevada se acham em repouso absoluto, ou também lhes tocam ocupações?

“Que quererias que fizessem na eternidade? A ociosidade eterna seria um eterno suplício.”

a) - De que natureza são as suas ocupações?

“Receber diretamente as ordens de Deus, transmiti-las ao universo inteiro e velar para que sejam cumpridas.”

O físico inglês Sir William Barret, autor de várias descobertas científicas, membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres e investigador dos fenômenos espíritas no final do século XIX e início do século XX, escreveu em sua obra  "On the Threshold of the Unseen" (No limiar do invisível):

“[...] A Criação não é mais que o pensamento divino exteriorizado, e desse atributo divino nós partilhamos muito limitadamente, como parcelas da Inteligência Infinita.” 

“[...] Somos, por isso, levados a emitir o postulado da existência de uma Inteligência Suprema e a considerar o Universo como expressão do pensamento divino, sustentado perpetuamente pela sua divina vontade. Esta é, incontestavelmente, a mais racional e segura interpretação da Natureza.” 

À medida em que a ciência e a tecnologia vão avançando, mais condições tem o homem de formular hipóteses acerca da natureza da Criação.

Imaginemos que Deus tenha criado um universo (tanto o mundo material quanto o espiritual) não baseado em matéria e energia, mas em INFORMAÇÃO.

Imaginemos também que todos estamos interconectados, tanto entre nós como com Deus.

Imaginemos agora que Deus, usando sua suprema inteligência e imaginação, projete em nossa mente um universo que simula matéria e energia, com leis que o regem e com níveis cada vez mais sutis, mais imateriais, partindo do mundo físico, os planos espirituais, até chegar ao plano dos Espíritos puros.

Imaginemos também que nós, Espíritos, à medida em que adquirimos mais e mais inteligência, conhecimentos e amor ao próximo, conquistamos a permissão de poder habitar níveis cada vez mais sutis do universo, e adquirimos, ao longo da nossa evolução, uma capacidade crescente de interferir na simulação, criando as nossas próprias simulações dentro da simulação. Ao adquirirmos cada vez mais elevados níveis de evolução, cooperaremos com Deus, criando mundos, galáxias, universos... e os administraremos em nome Dele.

Estaríamos, na verdade, em um enorme videogame, e ao evoluirmos, passamos de estágio em estágio, até sermos programadores sob as ordens do programador supremo.

          Fica fácil, nesse universo virtual, saber como Deus tudo pode e tudo sabe.

Nas nossas reencarnações  estaríamos dentro da simulação chamada mundo material, para evoluírmos.

Muita viagem essa ideia ?

Existe a possibilidade de o universo funcionar exatamente assim !!!

Muitos cientistas estão encarando, com bastante seriedade, a possibilidade de estarmos, de fato, em uma gigantesca simulação, criada por uma super-inteligência. É claro que  muitos desses cientistas evitam falar em Deus como o autor da simulação, uma vez que o materialismo domina a  maior parte deles. preferem acreditar que homens do futuro ou aliens sejam os programadores. Mas uma ideia parece óbvia: se o universo que percebemos é uma simulação, como podemos saber a real natureza da inteligência que está por trás dele ? (caso não sejam consideradas as revelações que nos trouxeram os Espíritos Superiores, evidentemente).

Abaixo colocamos alguns artigos, bastante recentes, que tratam desse assunto. O último tem uma tendência espiritualista, bem mais próximo do que nos informa o Espiritismo. 

Vejamos trechos do que disse a respeito Richard Terrile, um importante cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em um artigo do site do jornal The Guardian, de 11 de outubro desse ano :

"Francamente, não estarmos vivendo em uma simulação é uma circunstância extremamente improvável"

Estarmos em uma simulação, segundo Terrile, é uma explicação mais simples para a nossa existência do que a idéia de que somos a primeira geração a levantar-se de lodo primordial e evoluir em moléculas, seres vivos e, eventualmente, para a inteligência e a auto-consciência. A hipótese da simulação também explica peculiaridades na mecânica quântica, em particular o problema da medição, em que as partículas subatômicas só se tornam definidas quando são observadas (Ver o texto "Por Que Ser Espírita ?", neste blog).

"Por décadas isso tem sido um problema. Os cientistas tentaram encontrar uma forma de  eliminar a ideia de que precisamos de um observador consciente. Talvez a solução real é que você precisa de uma entidade consciente como um jogador consciente de um jogo de vídeo ", disse ele.

 "Mesmo as coisas que nós pensamos como contínuas - tempo, energia, volume de espaço - todos têm um limite finito ao seu tamanho. Se for esse o caso, então o nosso universo é tanto computável quanto finito. Essas propriedades permitem que o universo seja simulado."

Então, quem criou esta simulação? "Os nossos eus futuros", disse Terrile. Ele acredita na possibilidade de que uma supercivilização do futuro, aqui mesmo da Terra, com computadores poderosíssimos, criaram uma simulação do universo e da sociedade do passado deles, isto é, o nosso presente.

Terrile acredita que o fato de reconhecermos que provavelmente estamos vivendo em uma simulação é como um jogo mudando, como quando Copérnico percebeu que a Terra não era o centro do universo. "Foi uma idéia profunda de tal forma que nem sequer foi pensada como uma suposição", disse ele.

Antes de Copérnico, os cientistas tentaram explicar o comportamento peculiar do movimento dos planetas com modelos matemáticos complexos. "Quando caiu a suposição, todo o resto se tornou muito mais simples de entender."

Para Terrile, a hipótese da simulação tem implicações "belas e profundas".

Primeiro, ela fornece uma base científica para algum tipo de vida após a morte em um domínio maior da realidade acima do nosso mundo. "Você não precisa de um milagre, fé ou nada de especial para acreditar. Ela vem naturalmente a partir das leis da física ", disse ele.

Em segundo lugar, isso significa que em breve teremos a mesma capacidade de criar as nossas próprias simulações.

"Teremos o poder da mente e da matéria para ser capaz de criar o que quisermos e ocupar esses mundos."

      Artigo do site da revista Scientific American:
Estamos vivendo em uma simulação de computador?

Físicos de alto perfil e filósofos se reuniram para debater se estamos vivendo em um mundo real ou virtual e o que isso pode significar
Por Clara Moskowitz em 07 de abril de 2016
NEW YORK-Se você, eu e todas as pessoas e coisas no cosmos somos na verdade personagens em algum jogo de computador gigante, que não necessariamente sabem disso. A ideia de que o universo é uma simulação soa mais como o enredo de "The Matrix", mas também é uma hipótese científica legítima. Os pesquisadores ponderaram sobre essa noção controversa terça-feira no Debate anual Isaac Asimov Memorial  aqui no Museu Americano de História Natural.

O moderador Neil de Grasse Tyson, diretor do museu Hayden Planetarium, mencionou as probabilidades em 50-50 de que toda a nossa existência é um programa em outra pessoa é disco rígido. "Eu acho que a probabilidade pode ser muito alta", disse ele. Ele notou a diferença entre a inteligência do ser humano e a dos chimpanzés, apesar do fato de que nós compartilhamos com eles mais de 98 porcento do nosso DNA. Em algum lugar lá fora, poderia existir um ser cuja inteligência é muito maior que a nossa. "Poderíamos  ficar babando, como idiotas, em sua presença", disse ele. "Se for esse o caso, é fácil para mim imaginar que tudo em nossas vidas é apenas uma criação de alguma outra entidade para o seu entretenimento."

Um argumento popular para a hipótese da simulação veio do filósofo Nick Bostrom, da Universidade de Oxford, em 2003, quando ele sugeriu que os membros de uma civilização avançada, com enorme poder de computação, podem ter decidido executar simulações de seus antepassados. Eles provavelmente teriam a capacidade de executar muitas, muitas dessas simulações, até o ponto onde a grande maioria das mentes seriam realmente artificiais dentro de tais simulações, em vez das mentes ancestrais originais. Então estatísticas simples sugerem que é muito mais provável estarmos entre as mentes simuladas.

E há outras razões para pensar que tudo pode ser virtual. Por exemplo, quanto mais aprendemos sobre o universo, mais ele parece se basear em leis matemáticas. Talvez isso não seja um dado, mas em função da natureza do universo em que estamos vivendo. "Se eu fosse um personagem em um jogo de computador, também poderia descobrir, eventualmente, que as regras parecem completamente rígidas e matemáticas", disse Max Tegmark, um cosmólogo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "Isso apenas reflete o código de computador em que foi escrito".

Além disso, as idéias da teoria da informação continuam aparecendo na física. "Na minha pesquisa eu encontrei essa coisa muito estranha", disse James Gates, um físico teórico da Universidade de Maryland. "Fui levado a erro de correção de códigos - eles são o que fazem os navegadores funcionarem. Então, por que eles estavam nas equações que eu estava estudando sobre quarks e elétrons e supersimetria? Isso me levou à constatação gritante de que eu já não podia dizer que pessoas como Max (Tegmark )10 são loucos ".

Artigo do site da BBC de Londres:

"Podemos estar vivendo em um programa de computador, mas isso pode não ser importante

Vários físicos têm sugerido que o nosso Universo não é real e em vez disso é uma simulação gigante. Devemos nos preocupar?
Por Philip Ball
05 de setembro de 2016

"[...] Vários físicos, cosmólogos e tecnólogos agora estão entusiasmados com a idéia de que todos nós estamos vivendo dentro de uma simulação de computador gigantesca, experimentando uma Matriz de estilo mundo virtual que pensamos erroneamente ser real.

Nosso instinto é rebelde, claro. Tudo parece muito real para ser uma simulação. O peso da taça na mão, o rico aroma do café, os sons ao meu redor - como pode tal riqueza de experiências de serem falsificadas?

Mas, em seguida, analisamos os progressos extraordinários em tecnologias de computação e informação ao longo das últimas décadas. Computadores nos deram jogos de realismo incrível - com personagens autônomos que respondem às nossas escolhas - bem como simuladores de realidade virtual de tremendo poder persuasivo."

"[...] A idéia de que vivemos numa simulação tem alguns defensores de alto perfil.

Em junho de 2016, o empresário de tecnologia  Elon Musk afirmou que as chances são "um bilhão para um" contra nós de que vivemos na "realidade base".

Da mesma forma, o guru da máquina de inteligência do Google, Ray Kurzweil, sugere que "talvez todo o nosso universo seja um experimento científico de algum estudante de ensino médio júnior em outro universo".

Além do mais, alguns físicos estão dispostos a considerar a possibilidade. Em abril de 2016, vários deles debateram a questão no Museu Americano de História Natural, em Nova York, EUA."

"[...] O Cosmólogo Alan Guth, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, sugeriu que todo o nosso Universo pode ser real e ainda assim uma espécie de experimento de laboratório. A ideia é que o nosso universo foi criado por alguma super-inteligência, como os biólogos produzem colônias de microrganismos.

Não há nada, em princípio, que exclua a possibilidade da fabricação de um universo em um Big Bang artificial, cheio de matéria real e energia, diz Guth."

"[...] Mas por que acreditar em tal possibilidade bizarra ? O argumento é bastante simples: nós já fazemos simulações, e com melhor tecnologia deve ser possível para criar uma final, com agentes conscientes que o experimentam como totalmente realista.

Realizamos simulações de computador não apenas em jogos, mas em pesquisas. Os cientistas tentam simular aspectos do mundo em níveis que vão desde o subatômico para sociedades inteiras ou galáxias, e até universos inteiros.

Por exemplo, simulações de animais em computador podem nos dizer como eles se desenvolvem comportamentos complexos como flocagem e enxameação. Outras simulações nos ajudar a entender como os planetas, estrelas e galáxias se formam.

Nós também podemos simular as sociedades humanas usando "agentes" em vez simples que fazem escolhas de acordo com certas regras. Estes nos dão insights sobre como aparece a cooperação, como as cidades evoluem, como o tráfego rodoviário e funções de economias, e muito mais.

"[...] Alguns cientistas argumentam que já existem boas razões para pensar que estamos dentro de uma simulação. Um deles é o fato de que nosso Universo parece concebido.

As constantes da natureza, tais como os pontos fortes das forças fundamentais, têm valores que parecem aperfeiçoá-lo para tornar a vida possível. Mesmo pequenas alterações significaria que os átomos não eram mais estáveis, ou que as estrelas não poderiam formar. Porque isto é assim é um dos mais profundos mistérios da cosmologia  (Ver o texto "Cientistas Encontraram Fortíssimas Evidências de Deus", neste blog).

"[...]A mecânica quântica, a teoria do muito pequeno, trouxe para nós todos os tipos de coisas estranhas. Por exemplo, tanto a matéria quanto a energia parecem ser granulares. Além do mais, há limites para a resolução com a qual podemos observar o universo, e se tentarmos estudar qualquer coisa menor, as coisas parecem "indefinidas".

Smoot diz que estas características desconcertantes da física quântica são apenas o que seria de esperar em uma simulação. Eles são como os pixels de uma tela quando você olha muito de perto.

No entanto, isso é apenas uma analogia grosseira. Ele está começando a parecer como se a poeira quântica da natureza pode não ser realmente tão fundamental, mas é uma consequência de princípios mais profundos à medida em que a realidade é cognoscível.

Um segundo argumento é que o Universo parece circular em linhas matemáticas, como seria o esperado de um programa de computador. Em última análise, dizem alguns físicos, a realidade pode ser nada além de matemática.

Max Tegmark do Instituto de Tecnologia de Massachusetts argumenta que isto é apenas o que seria o esperado se as leis da física fossem baseadas em um algoritmo computacional.

"[...] A teoria quântica em si está, cada vez mais, sendo redigida em termos de informação e computação. Alguns físicos sentem que, em seu nível mais fundamental, a natureza não pode ser matemática pura, mas pura informação: bits, como os uns e zeros de computadores. O físico teórico influente John Wheeler apelidou essa ideia de "It From Bit " (Coisas de bit).

Neste ponto de vista, tudo o que acontece, a partir das interações de partículas fundamentais para cima, é uma espécie de computação.

"O universo pode ser considerado como um computador quântico gigante", diz Seth Lloyd , do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. "Se olharmos para as "entranhas" do universo - a estrutura da matéria em sua menor escala - então essas tripas consistem em nada mais do que pedaços [quânticos] submetidos, operações digitais locais.""

Artigo do site da Epoch Times:

"Nossa vida é incrivelmente semelhante ao Matrix, explica renomado engenheiro

ARTIGO - Publicado em 09/01/2015 às 13:51

Por Tara MacIsaac, Epoch Times em Ciência e Tecnologia - Além da Ciência

O universo é cheio de mistérios que desafiam o nosso conhecimento atual. Em “Além da Ciência”, o Epoch Times coleta histórias sobre alguns estranhos fenômenos para estimular a imaginação e abrir a mente para novas possibilidades. Elas são reais? Você decide.

Nosso mundo não é necessariamente um programa de computador projetado por robôs parasitários do futuro, como no filme Matrix. Porém, ele carrega uma impressionante semelhança com uma simulação digital ou um programa de computador, de acordo com o engenheiro Jim Elvidge.

Elvidge tem trabalhado com a tecnologia digital durante décadas. Ele possui mestrado em engenharia elétrica pela Universidade de Cornell, bem como diversas patentes em processamento de sinal digital, e tem publicado artigos sobre sensoriamento remoto, e outros tópicos relacionados em revistas e jornais. Combinando seus conhecimentos sobre sistemas digitais com mecânica quântica, Elvidge descobriu que podemos estar vivendo em algo como um programa de computador.

A matéria, as “coisas” que pensamos estar tocando e sentindo, é na verdade um espaço quase vazio. Os nossos sentidos nos enganam.

Os primeiros físicos retrataram os átomos como bolas de Pin-ball amontoadas, firmemente juntas para formar moléculas. Cientistas descobriram mais tarde que há um monte de espaço entre esses átomos. E dentro dos átomos, há um monte de espaço também. Quanto mais nos aprofundamos no mundo subatômico, mais espaço encontramos, e tudo parece menos material. O sólido e tangível se torna etéreo.

Quanto ao que esse espaço é exatamente, existem vários entendimentos e teorias. Elvidge entende serem dados. Elvidge acredita que, assim como os progressos da física das partículas, vamos encontrar que não há nada no final; matéria é apenas dados. E o que está por trás daqueles dados é algo como o código binário de um programa de computador. Além disso, a consciência humana pode viver em uma espécie de internet cósmica, apenas podendo ser acessada através da interface de nossos computadores cerebrais.

Um mundo de dados

Elvidge baseia-se nas ideias do físico teórico John Archibald Wheeler (1911-2008) que escreveu em seu livro “Geons, Black Holes and Quantum Foam: A Life in Physics” (Geons, Buracos Negros e Espuma Quântica: Uma Vida na Física): “Não é razoável imaginar que a informação se situa no centro da física, da mesma forma como ela se situa no centro de um computador”.

Wheeler resumiu sua teoria com as palavras “It from bit” (Coisas de bit).

Tudo é feito de bits; a palavra “bit” é definida como uma unidade básica de informação, também chamada de dígito binário, usado em conexão de computadores.

Em seu artigo “Information, Physics, Quantum: The Search for Links” (Informação, Física, Quântica: A Busca por Ligações), Wheeler escreveu: “Cada ‘coisa’ – toda partícula, todo campo de força, até mesmo o espaço-tempo contínuo – deriva suas funções, seu significado, inclusive toda a sua existência (mesmo que indiretamente em alguns contextos) do aparato de repostas suscitado por questões sim-ou-não, escolhas binárias, bits. “It from bit” simboliza a ideia de que cada item no mundo físico, no fundo, bem no fundo na maioria dos casos, possui uma fonte imaterial e explicações; o que chamamos de realidade surge em última análise a partir do levantamento de respostas sim-ou-não e do registro de respostas equivocadas.”

Nas escolhas binárias, as questões sim-ou-não, a consciência humana pode afirmar o seu livre-arbítrio. Wheeler nomeou isso de “universo participativo”. Elvidge chamou de “realidade digital orientada pela consciência”.

Os físicos quânticos tem mostrado que a matéria existe em um estado indeterminado ou oscilante até que um observador fixe-a de alguma forma particular. Por exemplo, fótons podem existir tanto como ondas como em forma de partículas, mas é o ato de observar que determina qual a forma que vão assumir; é a consciência humana que impulsiona a mudança.

Aqui está um experimento de pensamento para ilustrar como Elvidge aplica estas observações da física quântica na nossa realidade diária em um “sistema digital”.

Um experimento do pensamento

Finja que seu entorno agora faz parte de uma realidade virtual. A caneta sobre a mesa ou a flor no jardim pode existir de uma forma essencialmente indeterminada. Tudo o que é necessário é a informação, ou bits, que determina a sua aparência exterior. Somente quando você abrir a caneta ou olhar para as pétalas das flores através de um microscópio, é que o programa precisará preencher mais dados.

Algo se torna “real” apenas quando alguém o observa. Caso contrário, o interior da caneta ou a estrutura molecular da flor vão existir como uma espécie de potencial indeterminado. Elvidge compara isso à maneira que as partículas subatômicas se transformam de forma indeterminada ou oscilante para uma forma mais estável após observação.

Como seu cérebro se parece com um computador

Elvidge diz que a consciência não se origina no cérebro. Ela é acessada através do cérebro. A consciência poderia existir em algo como uma rede de internet. Ele diz que podemos chamar essa rede de origem, Deus ou divino, se quiser, embora ele não use essas palavras.

“O cérebro é como um cache”, disse ele. “Em nossos navegadores, temos caches dos websites que navegamos recentemente… O cache é uma maneira eficiente de processar informações e nossos cérebros podem estar fazendo a mesma coisa”.

Além disso, se a consciência existe em uma rede, ela pode acessar informações além do cérebro, além da experiência da própria pessoa. Ele incentiva os outros a ouvirem mais a intuição.

“Algumas perguntas sobre esse problema podem estar embaladas em algum lugar em seu cérebro, ou não”, disse Elvidge. “Se você meditar e pedir ajuda para resolver um problema, muitas vezes você consegue essa ajuda”. A inspiração pode vir de outras pessoas ou até de outras entidades na internet cósmica onde a consciência reside.

Sua compreensão do universo como um sistema digital não significa que ele exista como algo duro, frio e mecânico. Ainda há muita beleza neste “laboratório digital de aprendizagem que chamamos de vida aqui na terra”, disse Elvidge. Há espaço para a espiritualidade e o divino nesse conceito de realidade digital.

Pode ser digital, mas também pode ser ‘espiritual’

Elvidge citou evidências de reencarnação, incluindo a declaração do Jornal da Associação Médica Americana em 1975 em relação à pesquisa sobre reencarnação realizada pelo Dr. Ian Stevenson: “No que diz respeito à reencarnação, ele tem cuidadosamente e sem sentimentalismo coletado uma série de casos detalhados… cujas evidências são difíceis de explicar em outros termos”.

“Não há nada como a morte, é apenas terminar com esta simulação”, disse Elvidge, observando que “simulação” tem certas conotações que preferia evitar, mas para simplificar o conceito ele utiliza esta palavra. “Espiritual” também é uma palavra com certas conotações, disse ele, embora sua teoria digital incorpore muitos fenômenos que as pessoas consideram espirituais.

Niels Bohr, um dos pais fundadores da física quântica, encontrou na antiga ciência chinesa do Taoismo verdadeiros princípios da dualidade e interconectividade. Chamando de Yin e Yang ou código binário, você está tentando descrever a natureza fundamental da realidade.

No que diz respeito à antiga sabedoria das práticas espirituais, Elvidge diz, “Essas coisas não vieram do nada, elas vieram da experiência das pessoas”. Elas podem certamente carregar alguma verdade e não deveriam ser tão facilmente descartadas.

A esquiva Teoria de Tudo?

Elvidge espera que a teoria de uma realidade digital dirigida pela consciência possa ser considerada como a tão procurada Teoria do Tudo. Os físicos têm procurado por uma Teoria de Tudo para conciliar as divergências aparentes entre a física clássica e a física quântica. Elvidge disse que a teoria digital reconhece os fenômenos observados em ambas físicas.

Olhando para a história da ciência e traçando seu potencial curso futuro, Elvidge disse que podemos esperar uma grande mudança em breve. No passado distante, ele disse que os humanos viam o mundo com fronteiras tribais. Mais tarde, as pessoas perceberam que haviam vários continentes, outros planetas, um sistema solar e uma galáxia. Agora, os físicos estão falando sobre outros universos. Se você traçar essas expansões de forma logarítmica, disse Elvidge, vai formar uma linha reta. Ele disse que nós estamos “exponencialmente alargando os limites de nosso pensamento”.

Elvidge disse que há dois tipos de dados. Os dados que descrevem nossos corpos ou uma árvore, por exemplo, podem ser comparados com os dados que descrevem um arquivo de imagem (JPEG) ou um arquivo de música (MP3). Este tipo de dado nunca é referido como um código. “Embora a palavra ‘código’ possa ser usada como ‘algo que codifica’, então de algum modo, o ‘código digital’ de uma árvore pode ter tal significado”, disse ele. Código binário em um programa de computador se refere aos dados que são executados por um computador. Nesse sentido, nossa consciência pode emergir dos dados de um grande sistema, e as ‘coisas’ de nosso mundo seriam determinadas e trabalhadas por este código binário."


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

KARDEC, Allan. A gênese.

_____________. O livro dos Espíritos.

BARRET, William. On the Threshold of the Unseen.


ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS:

https://www.theguardian.com/technology/2016/oct/11/simulated-world-elon-musk-the-matrix

 https://www.scientificamerican.com/article/are-we-living-in-a-computer-simulation/

http://www.bbc.com/earth/story/20160901-we-might-live-in-a-computer-program-but-it-may-not-matter

https://www.epochtimes.com.br/nossa-vida-incrivelmente-semelhante-matrix-explica-renomado-engenheiro/#.WAVQbPkrKUk

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O CÉU E O INFERNO SÃO ESTADOS DE CONSCIÊNCIA

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Fonte da imagem : https://www.youtube.com/watch?v=N8dTJsrsDkE

Fábio José Lourenço Bezerra

O que causa o sofrimento dos Espíritos, bem como sua felicidade, estejam eles encarnados (ligados a um corpo no mundo material) ou desencarnados, não é o ambiente em que eles se encontram, mas como eles encaram esse ambiente e agem nele. Isto está diretamente ligado ao grau de desenvolvimento intelectual e moral dos Espíritos. Assim, as suas más tendências, quando ainda estão muito distantes da perfeição, como o egoísmo, orgulho, vaidade, apego às coisas materiais, além de um comportamento irrefletido, imprevidente e vicioso, lhes são causa de diversos sofrimentos. Já os Espíritos que  vão se livrando das imperfeições já mencionadas, adquirindo cada  vez mais  generosidade, humildade, desapego da matéria, ponderação e moderação, sentem-se mais leves, e evitam  muitas contrariedades tanto no mundos material quanto no espiritual, aproximando-se da verdadeira e duradoura felicidade reservada aos Espíritos Puros. Essa purificação se dá através do aprendizado intelecto-moral proporcionado por diversas experiências por que passam em várias encarnações, até que não precisem mais reencarnar, a não ser em missão.

Assim, no Capítulo V de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", temos:

Causas atuais das aflições

4. De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!

Quantos se arruinam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!

Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!

Quantos desentendimentos e graves disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos irritabilidade!

Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!

Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.

A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.

Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente.

5. A lei humana atinge certas faltas e as pune. Pode, então, o condenado reconhecer que sofre a conseqüência do que fez. Mas a lei não atinge, nem pode atingir todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo â sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem, Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto, Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis conseqüências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que, motivo não haveria para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria seu avanço e, conseqüentemente, a sua felicidade futura.

Entretanto, a experiência, algumas vezes, chega um pouco tarde: quando a vida já foi desperdiçada e turbada; quando as forças já estão gastas e sem remédio o mal, Põe-se então o homem a dizer: "Se no começo dos meus dias eu soubera o que sei hoje, quantos passos em falso teria evitado! Se houvesse de recomeçar, conduzir-me-ia de outra maneira. No entanto, já não há mais tempo!" Como o obreiro preguiçoso, que diz: "Perdi o meu dia", também ele diz: "Perdi a minha vida". Contudo, assim como para o obreiro o Sol se levanta no dia seguinte, permitindo-lhe neste reparar o tempo perdido, também para o homem, após a noite do túmulo, brilhará o Sol de uma nova vida, em que lhe será possível aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.

Causas anteriores das aflições

6. Mas, se há males nesta vida cuja causa primária é o homem, outros há também aos quais, pelo menos na aparência, ele é completamente estranho e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Tal, por exemplo, a perda de entes queridos e a dos que são o amparo da família. Tais, ainda, os acidentes que nenhuma previsão poderia impedir; os reveses da fortuna, que frustram todas as precauções aconselhadas pela prudência; os flagelos naturais, as enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram a tantos infelizes os meios de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc.

Os que nascem nessas condições, certamente nada hão feito na existência atual para merecer, sem compensação, tão triste sorte, que não podiam evitar, que são impotentes para mudar por si mesmos e que os põe à mercê da comiseração pública. Por que, pois, seres tão desgraçados, enquanto, ao lado deles, sob o mesmo teto, na mesma família, outros são favorecidos de todos os modos?

Que dizer, enfim, dessas crianças que morrem em tenra idade e da vida só conheceram sofrimentos? Problemas são esses que ainda nenhuma filosofia pôde resolver, anomalias que nenhuma religião pôde justificar e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, se se verificasse a hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o corpo e de estar a sua sorte irrevogavelmente determinada após a permanência de alguns instantes na Terra. Que fizeram essas almas, que acabam de sair das mãos do Criador, para se verem, neste mundo, a braços com tantas misérias e para merecerem no futuro urna recompensa ou uma punição qualquer, visto que não hão podido praticar nem o bem, nem o mal?

Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. E uma alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus.

O homem, pois, nem sempre é punido, ou punido completamente, na sua existência atual; mas não escapa nunca às conseqüências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado. O infortúnio que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: 'Perdoa-me, Senhor, porque pequei.

7. Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a conseqüência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros. Se foi duro e desumano, poderá ser a seu turno tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em humilhante condição; se foi avaro, egoísta, ou se fez mau uso de suas riquezas, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer pelo procedimento de seus filhos, etc.

Assim se explicam pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra, como mundo expiatório, as anomalias que apresenta a distribuição da ventura e da desventura entre os bons e os maus neste planeta. Semelhante anomalia, contudo, só existe na aparência, porque considerada tão-só do ponto de vista da vida presente. Aquele que se elevar, pelo pensamento, de maneira a apreender toda uma série de existências, verá que a cada um é atribuída a parte que lhe compete, sem prejuízo da que lhe tocará no mundo dos Espíritos, e verá que a justiça de Deus nunca se interrompe.

Jamais deve o homem esquecer que se acha num mundo inferior, ao qual somente as suas imperfeições o conservam preso. A cada vicissitude, cumpre-lhe lembrar-se de que, se pertencesse a um mundo mais adiantado, isso não se daria e que só de si depende não voltar a este, trabalhando por se melhorar.

8. As tribulações podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa. Os Espíritos penitentes, porém, desejosos de reparar o mal que hajam feito e de proceder melhor, esses as escolhem livremente. Tal o caso de um que, havendo desempenhado mal sua tarefa, pede lha deixem recomeçar, para não perder o fruto de seu trabalho As tribulações, portanto, são, ao mesmo tempo, expiações do passado, que recebe nelas o merecido castigo, e provas com relação ao futuro, que elas preparam. Rendamos graças a Deus, que, em sua bondade, faculta ao homem reparar seus erros e não o condena irrevogavelmente por uma primeira falta.

9. Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.

Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso.

10. Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como os passageiros de um navio onde há pessoas doentes de peste, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à idéia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.

Em "O Livro dos Espíritos", na questões abaixo: 

933. Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?

“Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma.

“A inveja e o ciúme! Felizes os que desconhecem estes dois vermes roedores! Para aquele que a inveja e o ciúme atacam, não há calma, nem repouso possíveis. À sua frente, como fantasmas que lhe não dão tréguas e o perseguem até durante o sono, se levantam os objetos de sua cobiça, do seu ódio, do seu despeito. O invejoso e o ciumento vivem ardendo em contínua febre. Será essa uma situação desejável e não compreendeis que, com as suas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários, tornando-se-lhe a Terra verdadeiro inferno?”

Muitas expressões pintam energicamente o efeito de certas paixões. Diz-se: ímpar de orgulho, morrer de inveja, secar de ciúme ou de despeito, não comer nem beber de ciúmes, etc. Este quadro é sumamente real. Acontece até não ter o ciúme objeto determinado. Há pessoas ciumentas, por natureza, de tudo o que se eleva, de tudo o que sai da craveira vulgar, embora nenhum interesse direto tenham, mas unicamente porque não podem conseguir outro tanto. Ofusca-as tudo o que lhes parece estar acima do horizonte e, se constituíssem maioria na sociedade, trabalhariam para reduzir tudo ao nível em que se acham. É o ciúme aliado à mediocridade. 

De ordinário, o homem só é infeliz pela importância que liga às coisas deste mundo.

Fazem-lhe a infelicidade a vaidade, a ambição e a cobiça desiludidas. Se se colocar fora do círculo acanhado da vida material, se elevar seus pensamentos para o infinito, que é seu destino, mesquinhas e pueris lhe parecerão as vicissitudes da Humanidade, como o são as tristezas da criança que se aflige pela perda de um brinquedo, que resumia a sua felicidade suprema.

Aquele que só vê felicidade na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz, desde que não os pode satisfazer, ao passo que aquele que nada pede ao supérfluo é feliz com os que outros consideram calamidades.

 967. Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?

“Em conhecerem todas as coisas; em não sentirem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que ocasionam a desgraça dos homens. O amor que os une lhes é fonte de suprema felicidade. Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Contudo, a felicidade dos Espíritos é proporcional à elevação de cada um. Somente os puros Espíritos gozam, é exato, da felicidade suprema, mas nem todos os outros são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus em que os gozos são relativos ao estado moral. Os que já estão bastante adiantados compreendem a ventura dos que os precederam e aspiram a alcançá-la. Mas, esta aspiração lhes constitui uma causa de emulação, não de ciúme. Sabem que deles depende o consegui-la e para a conseguirem trabalham, porém com a calma da consciência tranquila e felizes se consideram por não terem que sofrer o que sofrem os maus.”

970. Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?

“São tão variados como as causas que os determinam e proporcionados ao grau de inferioridade, como os gozos o são ao de superioridade. Podem resumir-se assim: Invejarem o que lhes falta para ser felizes e não obterem; verem a felicidade e não na poderem alcançar; pesar, ciúme, raiva, desespero, motivados pelo que os impede de ser ditosos; remorsos, ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não podem satisfazer: eis o que os tortura.”

973. Quais os sofrimentos maiores a que os Espíritos maus se vêem sujeitos?

“Não há descrição possível das torturas morais que constituem a punição de certos crimes. Mesmo o que as sofre teria dificuldade em vos dar delas uma idéia. Indubitavelmente, porém, a mais horrível consiste em pensarem que estão condenados sem remissão.”

Das penas e gozos da alma após a morte forma o homem idéia mais ou menos elevada, conforme o estado de sua inteligência. Quanto mais ele se desenvolve, tanto mais essa idéia se apura e se escoima da matéria; compreende as coisas de um ponto de vista mais racional, deixando de tomar ao pé da letra as imagens de uma linguagem figurada. Ensinando-nos que a alma é um ser todo espiritual, a razão, mais esclarecida, nos diz, por isso mesmo, que ela não pode ser atingida pelas impressões que apenas sobre a matéria atuam. Não se segue, porém, daí que esteja isenta de sofrimentos, nem que não receba o castigo de suas faltas. 

As comunicações espíritas tiveram como resultado, mostrar o estado futuro da alma, não mais em teoria, porém na realidade. Põem-nos diante dos olhos todas as peripécias da vida de além-túmulo. Ao mesmo tempo, entretanto, no-las mostram como conseqüências perfeitamente lógicas da vida terrestre e, embora despojadas do aparato fantástico que a imaginação dos homens criou, não são menos pessoais para os que fizeram mau uso de suas faculdades. Infinita é a variedade dessas conseqüências. Mas, em tese geral, pode-se dizer: cada um é punido por aquilo em que pecou. Assim é que uns o são pela visão incessante do mal que fizeram; outros, pelo pesar, pelo temor, pela vergonha, pela dúvida, pelo insulamento, pelas trevas, pela separação dos entes que lhes são caros, etc.

1012. Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos segundo seus merecimentos? 

“Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”

- De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?

“São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto, conforme também há dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”

A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender.

1013. Que se deve entender por purgatório?

“Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.”

O que o homem chama purgatório é igualmente uma alegoria, devendo-se entender como tal, não um lugar determinado, porém, o estado dos Espíritos imperfeitos que se acham em expiação até alcançarem a purificação completa, que os levará à categoria dos Espíritos bem-aventurados. Operando-se essa purificação por meio das diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corporal.

1014. Como se explica que Espíritos, cuja superioridade se revela na linguagem de que usam, tenham respondido a pessoas muito sérias, a respeito do inferno e do purgatório, de conformidade com as idéias correntes?

“É que falam uma linguagem que possa ser compreendida pelas pessoas que os interrogam. Quando estas se mostram imbuídas de certas idéias, eles evitam chocá-las muito bruscamente, a fim de lhes não ferir as convicções. Se um Espírito dissesse a um muçulmano, sem precauções oratórias, que Maomet não foi profeta, seria muito mal acolhido.”

- Concebe-se que assim procedam os Espíritos que nos querem instruir. Como, porém, se explica que, interrogados acerca da situação em que se achavam, alguns Espíritos tenham respondido que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório?

“Quando são inferiores e ainda não completamente desmaterializados, os Espíritos conservam uma parte de suas idéias terrenas e, para dar suas impressões, se servem dos termos que lhes são familiares. Acham-se num meio que só imperfeitamente lhes permite sondar o futuro. Essa a causa de alguns Espíritos errantes, ou recém-desencarnados, falarem como o fariam se estivessem encarnados. Inferno pode traduzir por uma vida de provações, extremamente dolorosa, com a incerteza de haver outra melhor; purgatório, por uma vida também de provações, mas com a consciência de melhor futuro. Quando experimentas uma grande dor, não costumas dizer que sofres como um danado? Tudo isso são apenas palavras e sempre ditas em sentido figurado.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos.

__________. O Evangelho segundo o Espiritismo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O MATERIALISMO NÃO ESTÁ MAIS FAZENDO SENTIDO POR FALTA DE... MATÉRIA ! A SOLIDARIEDADE É UMA LEI DA NATUREZA - PALESTRA DE HAROLDO DUTRA DIAS


Excelente palestra do pesquisador e orador espírita Haroldo Dutra Dias. Ele percorre os estudos sobre a natureza da matéria física, desde o século XIX até nossos dias, demonstrando que o materialismo científico vem, cada vez mais, perdendo a razão de ser por falta de... matéria !
Nessa palestra ele também demonstra que a solidariedade é uma Lei da Natureza, pois estamos todos conectados em um nível mais profundo, o que a ciência, a cada dia, nos pôe à mostra !


ENDEREÇO ELETRÔNICO:

https://www.youtube.com/watch?v=9niKRm9misA