Fonte da imagem: http://observadorespirita.blogspot.com.br/2014/05/a-proposta-educativa-de-jesus-e-do.html
Como consta no site da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita:
"Pedagogia Espírita
História
Os princípios da pedagogia espírita se encontram presentes na tradição filosófico-pedagógica ocidental, desde Sócrates, com a sua prática da maiêutica, de extrair a luz espiritual de dentro do educando, convocando-o a construir por si mesmo a sua perfeição moral e seu conhecimento do mundo e de si. Liberdade, emancipação do homem e da criança, relação amorosa entre educador e educando, engajamento do educador na transformação do indivíduo e da sociedade – são alguns aspectos dessa linha que vem se constituindo no decorrer dos séculos no Ocidente – e que teve como representante máximo a figura de Jesus.
Mais diretamente, porém, a pedagogia espírita remonta a três grandes precursores, Jan Amos Comenius (1592-1670), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Rivail, depois conhecido como Kardec, era discípulo de Pestalozzi, que recebeu influências de Rousseau e Comenius. Esta descendência histórica nos faz encontrar o fio condutor que desemboca no espiritismo e, portanto, na pedagogia espírita.
Kardec foi o herdeiro desta tradição pedagógica, transfundindo-a para o espiritismo, ao dar-lhe um caráter eminentemente educativo. Segundo a filosofia espírita, a existência humana é um projeto educacional, para a eternidade, pois a nossa meta é a perfeição. Caminhamos, nesta trilha evolutiva, construindo a nós mesmos, experimentando ações, em liberdade, cooperando com a obra divina em nós e fora de nós.
Com um novo conceito de ser humano (como projeto inacabado, que deve ele mesmo aperfeiçoar) e um novo conceito de criança (como ser reencarnado, herdeiro de si e dono de potencialidades únicas), Kardec abre um novo rumo à educação do ser. Entretanto, ele mesmo não teve tempo de adentrar por uma proposta pedagógica espírita – não deu tempo de ele fazer a ponte entre os seus 30 anos de educador (e suas heranças pestalozzianas) e a nova filosofia que estava fundando, a partir da ciência espírita. Apesar dos trechos, clarões, em suas obras, em que aparece o educador fazendo afirmações eminentemente pedagógicas e apesar do próprio espiritismo ter um caráter completamente educativo, Kardec não chegou a formular uma pedagogia espírita.
Essa formulação caberia aos espíritas brasileiros. Podemos considerar dois marcos históricos da constituição da pedagogia espírita no Brasil. O primeiro é a fundação do Colégio Allan Kardec, de Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento (MG), em 1907. A proposta de uma escola de vanguarda, com um educador afetivo, com uma educação livre e ativa, participativa e ética, com desenvolvimento do espírito critico, científico e de uma profunda espiritualidade – tudo isso mostra claramente a prática da pedagogia espírita no seu primeiro e no seu melhor momento até agora. Contemporânea de Eurípedes, foi a educadora Anália Franco, que fundou várias escolas no estado de São Paulo, apresentando alguns elementos que apareceriam na proposta pedagógica espírita.
O segundo marco é a formulação teórica da pedagogia espírita – com a criação do termo – feita por José Herculano Pires. O jornalista, filósofo e escritor paulista lança no início da década de 70, a revista Educação Espírita, onde escreve vários artigos de grande alcance teórico e prático sobre uma nova educação – a pedagogia espírita. Mais tarde, postumamente, seria publicado o seu livro Pedagogia Espírita, (1985), reunindo todos os seus escritos sobre o assunto.
Contemporâneos de Herculano, cada qual desenvolvendo uma experiência à mesma época da revista Educação Espírita, eram então o médico mineiro radicado em Franca (SP), Tomás Novelino, com seu Educandário Pestalozzi e o militar espírita Ney Lobo, que inaugurou a cidade-mirim no Instituto Lins de Vasconcellos (Curitiba).
A partir de 1997, porém, iniciou-se um novo período da pedagogia espírita, com o lançamento do livro A Educação segundo o Espiritismo, de Dora Incontri, seguindo-se depois a defesa de sua tese de doutorado na Faculdade de Educação da USP: A Pedagogia Espírita, um projeto brasileiro e suas raízes, depois editado pela Editora Comenius. A partir de então, a história da pedagogia espírita se identifica com a história da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita, com seus cursos, projetos, congressos."
"O que é Pedagogia Espírita
Três aspectos de uma só definição:
A pedagogia espírita é o resgate do espiritismo, como foi proposto por Allan Kardec ( educador francês, discípulo de Pestalozzi – Hippolyte Léon Denizard Rivail – 1804-1869), com seu caráter científico, filosófico e moral/espiritual, entendendo-se que a educação é a meta existencial do ser humano, enquanto ser social, político, biológico e espiritual.
A pedagogia espírita é uma nova visão teórica e uma nova proposta prática de educação – que se irmana com propostas pedagógicas de vanguarda, na linha da herança de Comenius, Rousseau e Pestalozzi. A pedagogia espírita dialoga com as pedagogias propostas por por Montessori, Janusz Korzcak, Alexander Neill, Paulo Freire, José Pacheco e outros – que também receberam influência dos mesmos antecessores. Mas a pedagogia espírita tem a especificidade de trabalhar o aspecto espiritual do ser humano, encarando-o como um ser reencarnado, sujeito autônomo, que constrói a sua própria evolução aqui, projetando-se na transcendência.
A pedagogia espírita pode se fazer presente com seus princípios, com a filosofia de Kardec e suas heranças pedagógicas, nas mais diversas áreas do conhecimento humano, dialogando com a medicina, o direito, as ciências sociais, as artes, a psicologia etc. Nesse sentido, ela é uma interface entre a educação, a espiritualidade e as diversas áreas de pesquisa acadêmica, pois à sua luz, toda e qualquer abordagem do ser humano ganha a dimensão da espiritualidade e a meta máxima da educação.
Princípios da Pedagogia Espírita:
Amor
Liberdade
Igualdade com singularidade
Naturalidade
Educação ativa
Educação integral
Uma prática em construção
Há consequências práticas que se deduzem dos fundamentos e princípios da pedagogia espírita. Entretanto, não existe, nem poderia existir, um modelo fechado de escola espírita. Trata-se de uma prática em construção a que todos os que se identificam com os ideais pedagógicos espíritas estão chamados a participar.
Podemos entretanto traçar algumas diretrizes dessa prática, a partir das inspirações dos antecessores e dos pioneiros da pedagogia espírita.
A abordagem de conteúdo numa prática pedagógica espírita deve ser inter-religiosa e plural, onde a visão espírita seja uma das visões de mundo discutidas, junto a outras visões espiritualistas ou não.
A escola espírita também deve romper completamente com a escola tradicional, adotando parâmetros de liberdade, educação ativa, em que os educandos escolham seus projetos de pesquisa, produção, tornem-se sujeitos de sua própria educação.
A escola espírita deve valorizar o estímulo estético, a vivência solidária, o cultivo da espiritualidade e a ação social transformadora.
Além dessas diretrizes, os princípios da pedagogia espírita podem ser pensados e aplicados em outras relações humanas, para que ganhem um caráter mais pedagógico e menos estruturado no poder: relações entre membros da família, relações entre médicos, terapeutas e pacientes; relações entre cidadãos numa comunidade sociopolítica; relações de trabalho…
O que não é
A pedagogia espírita não é uma proposta de catequese do espiritismo.
Por quê?
Porque catequizar é impor princípios, é modelar mentes, é doutrinar numa determinada linha de pensamento, sem debate, abertura e liberdade de opção. Isso se opõe aos princípios do espiritismo e, consequentemente, da pedagogia espírita, que são princípios de liberdade de consciência, de autonomia de julgamento e de construção pessoal de visão de mundo.
A pedagogia espírita não é a Evangelização em geral praticada nos centros espíritas.
Por quê?
Por dois motivos:
1) o próprio termo evangelização (e não só o termo, mas a prática geralmente assumida) significa catequese e doutrinação. Ensinar a pensar – que é o objetivo de uma verdadeira educação – nada tem a ver com uma evangelização, no sentido tradicional do termo, que aliás, se deriva de práticas das religiões tradicionais. Isso não quer dizer que a pedagogia espírita não tenha por meta elevar moralmente o educando ou que se afaste da proposta pedagógica de Jesus. Muito ao contrário. A pedagogia do Cristo não era impositiva e catequética, mas amorosa e respeitadora da liberdade de consciência, contagiante em sua elevação moral
2) a metodologia adotada pela maioria dos centros espíritas para a prática da evangelização não é a proposta pela pedagogia espírita, porque são métodos tradicionais, com pouca autonomia e participação e quase nenhuma escolha livre dos educandos.
A pedagogia espírita não se aplica apenas a adeptos do espiritismo.
Por quê?
Se a pedagogia espírita respeita a liberdade de consciência do educando (e de suas famílias), ela não pode ter um caráter sectário de se dirigir apenas a espíritas ou, o que seria pior, pretender fazer de todos os educandos adeptos do espiritismo. Tal intento seria contraditório com a própria definição de pedagogia. Pressupõe-se que qualquer pedagogia seja universalmente aplicável a todos os seres humanos, independente de suas etnias, religiões, sexo ou qualquer outra diferenciação.
Por que Pedagogia Espírita?
Se a Pedagogia Espírita se pretende uma prática que trabalha a pluralidade e o ensino inter-religioso, por que então a chamamos de espírita?
O termo foi criado por J. Herculano Pires, dentro da herança que nos identifica, Eurípedes, Anália, Tomás Novelino, Vinicius, Herculano, Ney Lobo. Filiamo-nos a essa tradição, pois é necessário evidenciar uma história, para enraizar um conceito.
Nossa proposta é justamente resgatar a palavra espírita, no sentido em que a criou Kardec, porque não há outra que possa expressar aquilo que desejamos expressar, que se constitui nos seguintes aspectos, presentes na pedagogia espírita e que a definem:
uma espiritualidade universal, que aceita que todas as religiões são manifestações reais e podem conter verdades, sem exclusivismos e sectarismos;
uma espiritualidade crítica, que invoca os critérios da racionalidade e da ciência na sua formulação e vivência;
uma concepção de ser humano (e portanto de criança) transcendente e reencarnante, que invoca evidências empíricas da imortalidade e da reencarnação."
Para saber mais, visite a página da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita:
http://www.pedagogiaespirita.org.br/
ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS:
http://www.pedagogiaespirita.org.br/blank-5
http://www.pedagogiaespirita.org.br/blank-2
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