quinta-feira, 14 de junho de 2012

O QUE SÃO MÉDIUNS?



Fábio José Lourenço Bezerra

Conforme os Espíritos responsáveis pela codificação da Doutrina Espírita (Ver o texto “O Início do Espiritismo Parte 2 - A Codificação”, neste blog), o que foi confirmado por uma gama enorme de evidências, mediante inúmeras pesquisas (Ver o texto “Por que Ser Espírita?”, neste blog), paralelo a nosso universo material existe um Universo de matéria sutil, imperceptível aos nossos cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) e aos nossos atuais instrumentos, que poderíamos chamar de Mundo Espiritual. Ele já existia antes da formação do nosso Universo, sendo muito mais amplo e complexo do que este (Ver os textos “O Mundo Espiritual”, Parte 1 e Parte 2, neste blog).
Ainda conforme os Espíritos da codificação, existe um único elemento primitivo, chamado Fluido Cósmico Universal, cujas modificações e combinações dão origem tanto à matéria do nosso mundo material quanto à do mundo espiritual.
 O Espírito, sede do pensamento e das sensações, aglutinando em torno de si matéria espiritual, forma e organiza o chamado corpo espiritual, também chamado de Perispírito (palavra que significa: em torno do Espírito). É ele que é visto quando acontecem as aparições de fantasmas. O corpo espiritual serve de intermediário entre o Espírito e o corpo físico, funcionando como elo de ligação e canal de troca de informações entre ambos. 
Assim como o corpo físico nos serve para transitar pelo mundo material, percebê-lo e interagir com ele, da mesma forma, o corpo espiritual nos serve como veículo e meio de interação com o mundo espiritual, assumindo a forma do corpo físico que tivemos em nossa última encarnação (Espíritos que já atingiram certo grau evolutivo podem dar a seu corpo espiritual a forma que desejarem).
Com o corpo espiritual, o Espírito estabelece a sua individualidade, perante os demais, no mundo espiritual, além de servir de meio de comunicação entre eles.
Assim como as estações de rádio FM emitem ondas nas mais diversas freqüências, transportando através delas sua programação, os Espíritos irradiam seus pensamentos, através de energia emitida pelo seu corpo espiritual, que são captados por outros Espíritos sintonizados com eles. Da mesma forma que os ouvintes escutam sua programação sintonizando com determinada estação, ao ajustar o seletor do aparelho de rádio na freqüência correta. O Fluido Cósmico Universal é o veículo do pensamento, assim como, no mundo material, o ar transporta o som.
Contudo, apenas quando desencarnado, isto é, após a morte, ele pode perceber o mundo espiritual, pois, uma vez estando ligado a um corpo físico, ele só percebe através deste, pelos cinco sentidos, as impressões do mundo material. A exceção a esta regra são os médiuns, que, devido à sua organização cerebral, possuem certo grau de liberdade e, assim, podem perceber o mundo espiritual mesmo estando encarnados, conforme o seu tipo, ou tipos, de mediunidade, e do quanto esta está desenvolvida. O único tipo de percepção que todos os Espíritos encarnados possuem, sem exceção, relativamente ao mundo espiritual, é a intuição. É através dela que recebemos sugestões dos Espíritos desencarnados, sejam eles bons ou maus, e que, muitas vezes, tomamos como se fossem nossos próprios pensamentos. Dessa forma, todos nós somos médiuns inspirados.
Os Espíritos desencarnados podem atuar no mundo material, produzindo pancadas; movimento e levitação de objetos; materializar-se, tornando-se visíveis e tangíveis; e muitos outros tipos de fenômenos. Para isso, Combinam matéria e energia do mundo espiritual à matéria e energia do mundo material, estas últimas emitidas pelo corpo físico do médium (estando este consciente disso ou não).

Materialização do Espírito Katie King, pela mediunidade de Florence Cook, ao lado do famoso cientista inglês William Crookes (Fonte da imagem: http://www.portalnet.cl/comunidad/cementerio-de-temas.635/745703-la-materia-de-los-espiritus.html)

No Capítulo XIV, Nº159, de “O Livro dos Médiuns”, temos: “ Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuem alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações. As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes, ou psicógrafos.
No Capítulo XVI, da mesma obra, temos: “Podem dividir-se os médiuns em duas grandes categorias:
Médiuns de efeitos físicos, os que têm o poder de provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas.
Médiuns de efeitos intelectuais, os que são mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes.
Todas as outras espécies se prendem mais ou menos diretamente a uma ou outra dessas duas categorias; algumas participam de ambas. Se analisarmos os diferentes fenômenos produzidos sob a influência mediúnica, veremos que, em todos, há um efeito físico e que aos efeitos físicos se alia quase sempre um efeito inteligente. Difícil é muitas vezes determinar o limite entre os dois, mas isso nenhuma conseqüência apresenta. Sob a denominação de médiuns de efeitos intelectuais abrangemos os que podem, mais particularmente, servir de intermediários para as comunicações regulares e fluentes.

Espécies comuns a todos os gêneros de mediunidade

            Médiuns sensitivos: pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos, por uma impressão geral ou local, vaga ou material. A maioria dessas pessoas distingue os Espíritos bons dos maus, pela natureza da impressão.
            ‘Os médiuns delicados e muito sensitivos devem abster-se das comunicações com os Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí resulta.’
Médiuns naturais ou inconscientes: os que produzem espontaneamente os fenômenos, sem intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia.
 Médiuns facultativos ou voluntários: os que têm o poder de provocar os fenômenos por ato da própria vontade.
‘Qualquer que seja essa vontade, eles nada podem, se os Espíritos se recusam, o que prova a intervenção de uma força estranha.’

Variedades especiais para os efeitos físicos

            Médiuns tiptólogos: aqueles cuja influência dos quais se produzem os ruídos, as pancadas. Variedade muito comum, com ou sem intervenção da vontade.
            Médiuns motores: os que produzem o movimento dos corpos inertes. Muito comuns.      
            Médiuns de translações e suspensões: os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si mesmos. Mais ou menos raros, conforme a amplitude do fenômeno; muito raros, no último caso.
            Médiuns de efeitos musicais: provocam a execução de composições, em certos instrumentos de música, sem contacto com estes. Muito raros.
            Médiuns de aparições: os que podem provocar aparições fluídicas ou tangíveis, visíveis para os assistentes. Muito excepcionais.
            Médiuns de transporte: os que podem servir de auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais. Variedade dos Médiuns motores e de translações. Excepcionais.
            Médiuns noturnos: os que só na obscuridade obtêm certos efeitos físicos.
Médiuns pneumatógrafos: os que obtêm a escrita direta. Fenômeno muito raro e, sobretudo, muito fácil de ser imitado por trapaceiros.”

            Esclarecendo: escrita direta é quando obtêm-se palavras, ou até frases e textos completos, que aparecem “do nada” em uma folha de papel, estando esta dentro de uma gaveta fechada ou livro, por exemplo.

            “Médiuns curadores: os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece.
            Médiuns excitadores: pessoas que têm o poder de, por sua influência, desenvolver nas outras a faculdade de escrever.

Médiuns especiais para efeitos intelectuais. Aptidões diversas

Médiuns audientes: os que ouvem os Espíritos. Muito comuns.
‘Muitos há que imaginam ouvir o que apenas lhes está na imaginação’
Médiuns falantes: os que falam sob a influência dos espíritos. Muito comuns.
Médiuns videntes: os que, em estado de vigília, vêem os Espíritos. A visão acidental e fortuita, de um Espírito, numa circunstância especial, é muito freqüente; mas, a visão habitual, ou facultativa dos Espíritos, sem distinção, é excepcional.
Médiuns inspirados: aqueles a quem, quase sempre mau grado seu, os Espíritos sugerem idéias quer relativas aos atos da vida ordinária, quer com relação aos grandes trabalhos da inteligência.
Médiuns de pressentimentos: pessoas que, em dadas circunstâncias, têm uma intuição vaga das coisas vulgares que ocorrerão no futuro.
Médiuns proféticos: variedade dos médiuns inspirados, ou de pressentimentos. Recebem, permitindo-o Deus, com mais precisão do que os médiuns de pressentimentos, a revelação de futuras coisas de interesse geral e são incumbidos de dá-las a conhecer aos homens, para instrução destes.
Médiuns sonâmbulos: os que, em estado de sonambulismo, são assistidos por Espíritos.
Médiuns extáticos: os que, em estado de êxtase, recebem revelações da parte dos Espíritos.
Médiuns pintores ou desenhistas: os que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos. Falamos dos que obtêm trabalhos sérios, visto não se poder dar esse nome a certos médiuns que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas, que desabonariam o mais atrasado estudante.
Médiuns músicos: os que executam, compõem, ou escrevem músicas, sob a influência dos Espíritos.”
“[...] Médiuns escreventes ou psicógrafos: os que têm a faculdade de escrever por si mesmos sob a influência dos Espíritos.”

Esclarecendo: deste último tipo de médium, existem os mecânicos, cuja mão recebe um impulso involuntário, não tendo o médium consciência do que escreve;  semimecânicos, com impulso involuntário da mão, mas que têm consciência do que estão escrevendo; e os intuitivos, que recebem inspiração dos Espíritos e cuja mão é conduzida voluntariamente pelo médium.

Podemos incluir na lista os Médiuns de incorporação, que são aqueles cujo corpo físico é, temporariamente, controlado pelo Espírito comunicante, que fala, se movimenta e percebe o ambiente ao seu redor através dele.

Como exemplo de médium, temos o mais famoso médium brasileiro, Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier (na foto do início deste texto).
Nas palavras de J. Herculano Pires, grande escritor espírita, Chico Xavier era um “ser interexistencial”, pois possuía vários dos tipos de mediunidade acima citados. Tendo psicografado mais de 400 livros e inúmeras cartas, por diversos Espíritos, forneceu um volumoso conjunto de provas da sobrevivência. Em alguns de seus livros, antecipou descobertas científicas que só seriam anunciadas muitos anos depois, e em suas diversas cartas psicografadas, haviam detalhes fornecidos pelos falecidos, às vezes coisas muito íntimas, que só os parentes poderiam ter conhecimento, consolando muitos familiares saudosos. Inclusive ocorreram casos de cartas ditadas em outras línguas, desconhecidas do médium (ver o texto “Existe Vida Após a Morte?” neste blog). É fato digno de nota que Chico Xavier vendeu mais de 50 milhões de exemplares dos seus livros, porém toda a renda foi revertida para instituições de caridade, pois o médium fazia questão de sobreviver apenas da sua aposentadoria como ex-funcionário do Ministério da Agricultura, vivendo modestamente até seu desencarne. Como ele mesmo dizia: “Estas obras não me pertencem. Pertencem aos Espíritos que as ditaram.”

Ampla informação sobre os grandes médiuns e pesquisadores dos fenômenos mediúnicos, que confirmaram os postulados trazidos pelos Espíritos Superiores durante a codificação, pode ser encontrada no blog do Núcleo Espírita Verbo de Luz, na parte Clássicos e  Médiuns, através deste link:

            Continuando este texto, ver "O Que São Médiuns? - Parte 2", neste blog.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].

2 _____________. O Livro dos Médiuns: ou guia dos médiuns e evocadores: espiritismo experimental Rio de Janeiro: FEB, [1997]. 

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