Allan Kardec: O codificador da Doutrina Espírita
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Fábio
José Lourenço Bezerra
Na introdução de “O Livro dos Espíritos”, Allan
Kardec escreveu um resumo da Doutrina Espírita, que transcrevemos abaixo:
“Deus é eterno,
imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.”
“Criou o Universo, formado por tudo o que tem vida
e o que não tem, o que é material e o que é imaterial.”
“Os seres materiais formam
o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espiritual,
isto é, dos Espíritos.”
“O mundo espiritual é o
mundo normal, o primeiro, eterno, que já existia e sobreviverá a tudo.”
“O mundo visível é
secundário; poderia deixar de existir, ou não ter existido jamais, sem que por
isso se alterasse a essência do mundo espiritual.”
“Os Espíritos se ligam,
temporariamente, a um corpo material perecível, que é destruído pela morte, e
depois dela eles voltam à liberdade.”
“Entre as diferentes
espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação
dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhes
superioridade moral e intelectual sobre as outras.”
“A alma é um Espírito
encarnado, sendo o corpo material apenas o seu envoltório, como uma roupa.”
“Há no homem três
coisas: 1º, o corpo material parecido com o dos animais e animado pelo mesmo
princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3º,
o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o
Espírito.”
“Tem assim o homem duas
naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, com instintos semelhantes
aos deles; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.”
“O laço ou perispírito,
que prende o Espírito ao corpo material, é uma espécie de envoltório semimaterial.
A morte é a destruição da roupagem mais grosseira, o corpo material. O Espírito
conserva o perispírito, que é para ele um corpo etéreo, invisível para nós no
estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e que poderíamos
até mesmo tocá-lo, como acontece no fenômeno das aparições.”
“O Espírito não é,
pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de se imaginar pelo pensamento.
É um ser real, circunscrito, que, em certo casos, pode ser visto, escutado e tocado.”
“Os Espíritos pertencem
a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem
em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores,
que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua
proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são
os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais
distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua
maioria, cheios das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc.
Sentem prazer com o
mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito
maus, antes perturbadores e manipuladores, do que perversos. A malícia e as
inconseqüências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos travessos
ou levianos.”
“Os Espíritos não
ocupam para sempre a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos
diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da
encarnação, que é imposta a uns como punição, a outros como missão. A vida material
é uma prova que eles devem sofrer repetidamente, até que hajam atingido a
absoluta perfeição moral.”
“Deixando o corpo, a
alma volta ao mundo dos Espíritos, de onde havia saído, para passar por nova
existência no mundo material após um intervalo de tempo mais ou menos longo,
durante o qual permanece em estado de Espírito errante.”
“Tendo o Espírito que
passar por muitas encarnações, significa que todos nós já tivemos muitas
existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja na
Terra, seja em outros mundos.”
“A encarnação dos
Espíritos ocorre sempre na espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma
ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal.”
“As diferentes existências corpóreas do
Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu
progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.”
“As qualidades da alma
são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a
encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.”
“A alma possuía sua
individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de ter se separado do
corpo.”
“Na sua volta ao mundo
dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as
suas existências anteriores aparecem na sua memória, com a lembrança de todo
bem e de todo mal que fez.”
“O Espírito encarnado
se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela
elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja
companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe
todas as suas alegrias na satisfação dos desejos grosseiros, se aproxima dos
Espíritos impuros, dando preferência à sua natureza animal.”
“Os Espíritos
encarnados habitam os diferentes mundos do Universo.”
“Os não encarnados ou
errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por toda parte
no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos a todo instante. É toda
uma população invisível, a mover-se em torno de nós.”
“Os Espíritos exercem
incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a
matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa
eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados
e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo.”
“As relações dos Espíritos
com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos
sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e
resignação. Os maus nos influenciam para o mal: é para eles um prazer nos ver cair
e ficarmos semelhantes a eles.”
“As comunicações dos
Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela
influência boa ou má que exercem sobre nós, sem sabermos. Cabe ao nosso juízo
distinguir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por
meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre
pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.”
“Os Espíritos se
manifestam espontaneamente ou através de evocação, chamando-os.”
“Podem ser chamados todos
os Espíritos: os que animaram homens não famosos, como os das personalidades
mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos
parentes, amigos, ou inimigos, e conseguir deles, por comunicações escritas ou
verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além,
sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações que sejam
permitidas a eles nos fazer.”
“Os Espíritos são
atraídos pela sua simpatia com a natureza moral do ambiente que os chama. Os
Espíritos superiores se sentem bem nas reuniões sérias, onde predominam o amor ao
bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e
melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente,
encontram livre acesso e podem atuar com toda a liberdade entre pessoas fúteis
ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos.
Longe de se conseguirem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem
esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, já que
muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.”
“Distinguir os bons dos
maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam
constantemente uma linguagem digna, nobre, da mais alta moralidade, livre de
qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria transparece dos seus conselhos,
que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A dos
Espíritos inferiores, ao contrário, é inconseqüente, com frequência vulgar e
até grosseira. Se, algumas vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito
mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da
credulidade dos homens e se divertem às custas dos que os interrogam, enaltecendo-lhes
a vaidade, alimentando-lhes os desejos com esperanças enganosas. Em resumo, as comunicações
sérias, no mais amplo significado do termo, só são dadas nos centros sérios,
onde reine íntima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.”
“A moral dos Espíritos
superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos
outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não
o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo
para as suas menores ações.”
“Ensinam-nos que o
egoísmo, o orgulho e a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza
animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da
matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se aproxima da
natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as capacidades
e os meios que Deus pôs em suas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o
Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porque desobedece à Lei de Deus
aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente,
que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será
desmascarado e colocadas à mostra todas as suas torpezas; que a presença
inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido
mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de
inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e recompensas
desconhecidas na Terra.”
“Mas, ensinam também
não haver faltas imperdoáveis, que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo
encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conforme os
seus desejos e esforços, no caminho do progresso, para a perfeição, que é o seu
destino final.”
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA:
KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos.
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