quarta-feira, 1 de julho de 2015

VÁRIOS CIENTISTAS ASSINAM MANIFESTO CONTRA O DOGMA MATERIALISTA NA CIÊNCIA

Fonte da imagem: http://revistaregional.com.br/portal/?p=4116


Fábio José Lourenço Bezerra

Reproduzimos abaixo, na íntegra, um excelente artigo, publicado no site “Plantando Consciência” (www.plantandoconsciencia.org), cujo autor é Eduardo Ekman Schenberg, Doutor em Neurociências pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre em psicofarmacologia e biomédico pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O artigo é sobre um manifesto, assinado por vários cientistas e publicado na revista científica Explore: The Journal of Science and Healing”, na edição Setembro-Outubro de 2014, contra a ideologia materialista que ainda impera no meio científico, apesar de várias experiências realizadas terem demonstrado fortíssimas evidências da espiritualidade (muitas destas experiências foram divulgadas neste blog).

Antes do artigo, vejamos o que Allan Kardec escreveu sobre o Espiritismo, a Ciência e o Materialismo.

No preâmbulo de sua obra “O que é o Espiritismo”, ele escreveu:

"[...] O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
Pode-se defini-lo assim:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.”

No livro “A Gênese”, no Capítulo I, lemos o seguinte:

[...] O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo.”

Na mesma obra, no Capítulo X, o codificador escreveu:

[...] O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o segundo admite; mas, avança para além do ponto onde este último pára. O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, diz um: “Não posso ir mais longe.” O outro prossegue e descobre um novo mundo. Por que, então, há de o primeiro dizer que o segundo é louco, somente porque, entrevendo novos horizontes, se decide a transpor os limites onde ao outro convém deter-se? Também Cristóvão Colombo não foi tachado de louco, porque acreditava na existência de um mundo, para lá do oceano? Quantos a História não conta desses loucos sublimes, que hão feito que a Humanidade avançasse e aos quais se tecem coroas, depois de se lhes haver atirado lama?”

            Uma vez tendo uma noção sobre a relação Espiritismo – Materialismo, vamos ao artigo:

MANIFESTO POR UMA CIÊNCIA PÓS-MATERIALISTA


“Nada é mais curioso do que a satisfação dogmática com que a humanidade, a cada período da história, celebra a ilusão de que os modos de conhecimento que possui são definitivos”
Alfred North Whitehead

Em 1962 o físico norte-americano Thomas Samuel Kuhn publicou um livro que permanece até hoje como uma das obras primas da filosofia da ciência: A estrutura das revoluções científicas. No livro, que foi publicado mais de uma década após Kuhn começar a formular a principal idéia, ele refutou a visão precedente de que a ciência progredia de forma linear, através do acúmulo de novas evidências, perpetuamente sendo usadas para refinar e ajustar as explicações existentes dentro das teorias vigentes. Como ele deixa claríssimo no livro, esta descrição do progresso científico serve apenas para certos períodos do desenvolvimento científico, que ele batizou de períodos de “ciência normal”. Mas em momentos raros a visão científica de mundo havia sido completamente transformada por novos dados e experimentos que contradiziam as teorias e modelos vigentes. Esses períodos, geralmente de duração mais curta, ele batizou de “ciência revolucionária”.  Através de um minucioso estudo da história e do ensino de ciências, Kuhn demonstrou como a cada longo período de ciência normal formava-se o que ele chamou de “paradigma”: um modelo ou teoria que dita o que é possível e como o universo funciona. Durante os longos períodos de ciência normal, o paradigma da vez vai sendo aceito por um número cada vez maior de cientistas e passa a fortemente dominar a visão de mundo por esse período. Nestas épocas, fatos e dados que não se encaixam no paradigma vigente, ou mais importante ainda, dados que contrariam o paradigma, tendem a ser rejeitados como erro, falha ou fraude. Entretanto, com o passar do tempo essas evidências também vão se acumulando, e aí então começam a gestar um novo paradigma. Os períodos de coexistência e disputa entre dois paradigmas Thomas Kuhn chamou de períodos de “crise científica”.  Uma das principais caraterísticas desses períodos de crise é uma brutal oposição e competição entre os envolvidos, sendo que ele chegou a sugerir que a imensa maioria dos cientistas ao longo da história morreram apegados ao paradigma predominante em suas épocas, sendo a nova geração apenas a capaz de levar o campo adiante. As crises na história da ciência foram, portanto, brutais, e levaram a revoluções impressionantes, que em alguns casos mudaram por completo o estilo de vida da humanidade como um todo. Nas palavras do autor (tradução minha do original em inglês):

“Examinando o registro das pesquisas passadas do ponto de vista vantajoso da historiografia contemporânea, o historiador da ciência pode se sentir tentado a dizer que quando o paradigma muda, o mundo muda junto. Inspirados pelo novo paradigma, cientistas adotam novos instrumentos e olham em novos lugares. Ainda mais importante, durante as revoluções os cientistas enxergam coisas novas e diferentes quando usando instrumentos familiares em lugares que já examinaram antes. É como se a comunidade científica tivesse sido subitamente transportada para outro planeta onde objetos familiares são vistos sob uma nova luz; e a eles se juntam novos objetos nunca antes vistos.”

Fonte da imagem (traduzida para o português): http://plantandoconsciencia.org/novoblog/2014/11/19/manifesto-ciencia-pos-materialista/

Exemplos famosos de revoluções científicas incluem a revolução Copernicana, que derrubou o modelo que propunha a Terra no centro do universo, a evolução Darwiniana e mais recentemente a relatividade e a física quântica. Nenhum desses modelos foi aceito rapidamente, nem foi adotado sem que houvesse imensa resistência contrária exercida por cientistas de prestígio e poder em suas respectivas épocas. Mas como o modelo propõe ciclos, é de se esperar que hajam evidências contrárias ao modelo atualmente adotado. É também predizível pelo modelo de Kuhn que evidências contrárias serão novamente rejeitadas como sendo erro, falha ou mesmo fraude. E como em todas as épocas, de fato há erros e fraudes, que precisam ser distinguidos dos dados e resultados verídicos e confiáveis. Assim a tensão vai crescendo e o confronto de paradigmas se aproximando.
Pois na edição de Setembro-Outubro de 2014 da revista científica Explore: The Journal of Science and Healing oito cientistas de diversas áreas publicaram o Manifesto pela Ciência Pós-Materialista. Os autores são Mario Beauregard(neurocientista, trabalha no Laboratory for Advances in Consciousness and Health, Department of Psychology, University of Arizona, Tucson, USA), Gary E. Schwartz (Professor de psicologia, medicina, psiquiaria e cirurgia e chefe do Laboratory for Advances in Consciousness and Health, Department of Psychology, University of Arizona, Tucson, USA), Lisa Miller(Psicóloga clínica, Professora na Columbia University, USA), Larry Dossey (Médico e escritor), Alexander Moreira-Almeida (Psiquiatra, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil), Marilyn Schlitz (Psicóloga, diretora de pesquisa no Institute of Noetic Sciences), Rupert Sheldrake (Biólogo, escritor e historiador da ciência, autor de vários best-sellers) e Charles Tart (Psicólogo, estudioso dos estados alterados de consciência, professor no Institute of Transpersonal Psychology, USA).

No começo do Manifesto eles afirmam o seguinte (tradução minha do original em inglês):

“Desde seu surgimento, a ciência tem continuamente evoluído por uma razão fundamental: a acumulação de evidências empíricas que não podem ser acomodadas em visões enrijecidas. Por vezes as mudanças são pequenas, mas em alguns casos são titânicas, como na revolução relativística-quântica nas primeiras décadas do século 20. Muitos cientistas acreditam que uma transição similar seja agora necessária, porque o foco materialista que dominou a ciência moderna não pode acomodar um conjunto crescente de evidências empíricas no domínio da consciência e espiritualidade”
.
O Manifesto foi publicado online em Julho de 2014, aberto para assinaturas e já conta com mais de 50 adesões. Trata-se de um chamado claro para que a ciência não se deixe emperrar pelo dogmatismo que se formou em torno do paradigma convencionalmente chamado de “materialismo científico”. O Manifesto reconhece os tremendos avanços da ciência materialista, mas admite que a dominância desta filosofia nos meios acadêmicos e universitários chegou a ponto de ser prejudicial, em especial ao estudo da consciência e da espiritualidade. O materialismo se tornou tão dominante que estudos bem feitos nestas áreas têm sido rejeitados para publicação não por reais falhas, mas simplemente porque não se encaixam no modelo proposto pelo materialismo. Como mostrou Thomas Kuhn, é a “ciência normal” de um certo período rejeitando as evidências conflitantes com argumentos de que tais evidências são fruto de erro ou fraude. Dado que o valor das evidências é fundamental para o progresso científico, o manifesto termina então por indicar uma nova plataforma, a OpenSciences, onde diversos artigos e livros sobre as evidências que desafiam o materialismo científico podem ser acessadas.
De acordo com o Manifesto, a Ciência Pós-Materialista reconhece que:

a. A mente representa um aspecto da realidade tão primordial quanto o mundo físico, isto é, ela não pode ser derivada da matéria nem reduzida a algo mais simples.

b. Há uma conexão profunda entre a mente e o mundo físico

c. A mente (a intenção) pode influenciar o estado do mundo físico e operar de maneira não-local (ou extendida). Isto é, a mente não está confinada a pontos específicos do espaço, como cérebros e corpos, ou pontos específicos do tempo, como o presente. Dado que a mente pode influenciar o mundo físico de maneira não-local, as intenções, emoções e desejos de um experimentador não podem ser completamente isoladas dos resultados experimentais, mesmo em situações controladas e desenhos experimentais “cegos”.

d. Mentes são aparentemente ilimitadas e podem se unir, sugerindo uma Mente Unitária que inclui todas as mentes individuais.

e.Experiências de quase morte durante paradas cardíacas sugerem que o cérebro atue como transdutor da atividade mental, isto é, a mente pode trabalhar através do cérebro, mas não é produzida por ele. As experiências de quase morte durante paradas cardíacas, junto a evidências de pesquisa em mediunidade sugerem a sobrevivência da consciência após a morte do corpo e a existência de níveis de realidade não-físicos.

f. Cientistas não devem temer a investigação da espiritualidade e das experiências espirituais dado que elas representam um aspecto central da existência humana.”

A ciência Pós Materialista, portanto, não rejeita os avanços do materialismo científico e considera a matéria como uma das partes fundamentais da existência. A Ciência Pós-Materialista busca expandir a capacidade humana para melhor entender as maravilhas da natureza e redescrobrir a importância da mente e do espírito como partes fundamentais do universo. O Pós-materialismo é, portanto, “inclusivo com a matéria, que é vista como um constituinte básico do universo”.
O resgate da mente e da espiritualidade nos traz liberdade e nos reconecta com uma visão mais ampla do que é ser humano e de como atuar nesse mundo. A conclusão do manifesto é que

“ao enfatizar uma conexão profunda entre nós mesmos e a natureza como um todo, o paradigma pós-materialista promove uma consciência ambiental e a preservação da biosfera. Além disso, não é novo, mas apenas foi esquecido por cerca de 400 anos, que um entendimento transmaterial pode ser a peça fundamental da saúde e bem estar, como reconhecido e preservado em práticas espirituais ancestrais, tradições religiosas e abordagens contemplativas. A mudança da ciência materialista para a pós-materialista pode ser de vital importância para a evolução da civilização humana. Pode ser ainda mais vital que a transição do geocentrismo para o heliocentrismo”.

Como expressou o matemático Dave Pruett, que foi pesquisador da NASA e Professor Emérito na James Madison University, em artigo no jornal britânico Huffington Post, “A ciência atinge seu melhor quando está aberta para os fatos incômodos e contraditórios. Mas ela atinge seu pior quando, restrita por dogmas, ignora estes fatos.”

Para acessar o artigo do manifesto, em inglês, é só acessar o link: http://www.explorejournal.com/article/S1550-8307(14)00116-5/fulltext

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. FEB. Versão digital por: ERY LOPES © 2007;

2 ______________.O que é o Espiritismo. São Paulo: Instituto de difusão espírita. [2000].


ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:





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