Espíritos Puros: Estado de felicidade plena
Fonte da imagem: http://conscienciadaalma.blogspot.com.br/2011/05/espiritos-puros_26.html
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Fábio José Lourenço Bezerra
O que é felicidade? podemos descrevê-la como sensação de muita satisfação, bem-estar, alegria intensa. Podemos deduzir também que, se somos filhos de Deus, e se Ele é onipotente, onisciente, infinitamente justo e bom, poderemos ser muito felizes, e para todo o sempre, bastando para isso querermos, todos nós, sem exceção. E com a mesma intensidade.
Então porque nós não somos todos felizes, durante todo o tempo, se, no final das contas, todos nós queremos ser felizes? Será que Deus não existe ou somos nós que não enxergamos que Ele nos deu todos os meios para alcançarmos a felicidade?
O grande problema é que queremos a felicidade aqui e agora. No entanto, ao observarmos as pessoas ao redor do globo terrestre, chegaremos facilmente à conclusão de que a felicidade não é deste mundo. Não é aqui que a teremos em sua plenitude.
Muitas pessoas acreditam na felicidade obtida com a beleza e o dinheiro. Afinal, se alguém é muito belo, será desejado por quem também é muito belo, e com o dinheiro pode-se comprar quase tudo, além do “status” que ele proporciona. Mas até quando durará essa felicidade?
A beleza esvai-se ao longo do tempo, apesar de todos os recursos disponibilizados pela tecnologia, que podem retardar os efeitos da idade por um breve tempo, mas não detê -los. Nossa pele perde elasticidade, adquirindo rugas, marcas de expressão, fica flácida, nossa massa muscular tende a reduzir-se, e nossa saúde, como um todo, tende a debilitar-se. Isso sem falar na fragilidade da beleza, pois podemos perdê -la a qualquer momento, seja num acidente automobilístico, num assalto, ao contrair determinadas doenças, etc. Quantos excessos algumas pessoas cometem em nome da vaidade, como cirurgias plásticas radicais, gastos financeiros além das possibilidades, etc., arcando com suas amargas consequências? Nem todas as pessoas nasceram correspondendo aos padrões estéticos estabelecidos pela sociedade. Seria, então, Deus injusto por não ter criado todos os seus filhos igualmente bonitos?
O dinheiro pode comprar quase tudo, principalmente em um país onde impera a corrupção, como o nosso. Contudo, ainda existem doenças às quais a ciência ainda não encontrou cura, e muitas delas são extremamente dolorosas. Nesse caso, o dinheiro encontra-se impossibilitado de impedir o sofrimento. Não podemos comprar a consciência das pessoas, fazê-las gostar de nós se isso não for natural, espontâneo. O que podemos comprar é fingimento, bajulação de quem estiver disposto a isso. Quantas pessoas passam uma vida inteira se dedicando a adquirir riquezas, sem hesitar em trair e prejudicar as pessoas, para obter o seu intento? Só enxergam esse objetivo e vivem para ele e por ele. Porém, na possibilidade de alcançarem a riqueza pretendida, por quanto tempo poderão desfrutar dela? Alguns anos? E quando morrerem, será que essa riqueza os servirá por toda a eternidade? Certamente que não. Isso quando, nesta vida mesmo, ao procurar a riqueza, essas pessoas não perdem a qualidade de vida, pois sequer têm tempo para usufruir daqueles prazeres que o dinheiro pode proporcionar, além de não ter convívio com sua família. Não é de admirar que muitos adolescentes e jovens passem a consumir drogas e praticar o vandalismo. Afinal, seus pais estão ocupados demais para acompanharem e atuarem na educação dos filhos, além de não lhes dispensarem o carinho e a atenção de que necessitam.
A riqueza, como a beleza, é algo frágil, podendo desaparecer a qualquer instante. Pode-se entrar em falência, perder-se o emprego, etc. De que serviria toda a riqueza do mundo, se alguém não pudesse usufruir dos prazeres efêmeros proporcionados por ela? Por exemplo, alguém muito rico que, de repente, sofre um acidente e fica tetraplégico, precisando ficar por toda a vida em uma cama e dependente das pessoas para as coisas mais básicas da vida, como para fazer as necessidades fisiológicas, as refeições, a higiene pessoal, etc. Será que podemos trazer de volta à vida, por mais dinheiro que tenhamos, as pessoas amadas levadas pela morte? Seria Deus injusto por não ter criado todas nas pessoas nas mesmas condições financeiras?
Com toda a certeza, a felicidade plena não é deste mundo. Podemos ter momentos felizes, entremeados de contrariedades e, algumas vezes, de sofrimento.
Na pergunta Nº 920 de “O Livro dos Espíritos”, temos: “Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?”
Resposta: “Não, por isso que a vida lhes foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra.”
Na pergunta Nº 921, temos: “Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso não se verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?”
Resposta: “O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira (Ver o texto “Os Sofrimentos”, neste blog).”
Na pergunta Nº 922, temos: “A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?”
Resposta: “Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranqüila e a fé no futuro.”
E, na pergunta Nº 933, temos: “Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?”
Resposta: “Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma. “A inveja e o ciúme! Felizes os que desconhecem estes dois vermes roedores! Para aquele que a inveja e o ciúme atacam, não há calma, nem repouso possíveis. À sua frente, como fantasmas que lhe não dão tréguas e o perseguem até durante o sono, se levantam os objetos de sua cobiça, do seu ódio, do seu despeito. O invejoso e o ciumento vivem ardendo em contínua febre. Será essa uma situação desejável e não compreendeis que, com as suas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários, tornando-se-lhe a Terra verdadeiro inferno?”
Na pergunta Nº 967, lemos: “Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?”
Resposta: “Em conhecer todas as coisas; em não sentirem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que ocasionam a desgraça dos homens. O amor que os une lhes é fonte de suprema felicidade. Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Contudo, a felicidade dos Espíritos é proporcional à elevação de cada um. Somente os puros Espíritos gozam, é exato, da felicidade suprema, mas nem todos os outros são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus em que os gozos são relativos ao estado moral. Os que já estão bastante adiantados compreendem a ventura dos que os precederam e aspiram a alcançá-la. Mas, esta aspiração lhes constitui uma causa de emulação, não de ciúme. Sabem que deles dependem consegui-la e para conseguirem trabalham, porém com a calma da consciência tranqüila e ditosos se consideram por não terem que sofrer o que sofrem os maus.”
E na pergunta Nº 968, temos: “Citais, entre as condições da felicidade dos bons Espíritos, a ausência das necessidades materiais. Mas, a satisfação dessas necessidades não representa para o homem uma fonte de gozos?”
Resposta: “Sim, gozo do animal. Quando não podem satisfazer a essas necessidades, passas por uma tortura.”
Os homens estão apegados a este mundo, pensando e comportando-se como se esta fosse a verdadeira e única existência. Contudo, a vida material é transitória, uma escola, pois somos consciências eternas em fase de aprendizado, desenvolvendo a inteligência, adquirindo conhecimentos e maturidade moral ao longo de várias existências.
Podemos possuir bens, sermos belos e gozarmos de plena saúde nessa vida, mas nas vidas seguintes nada disso termos. Isso quando não perdemos estas “vantagens” aqui mesmo nessa vida.
Precisamos desenvolver a humildade, o desapego às coisas materiais, a compreensão do nosso semelhante, aprendendo a nos colocar no lugar das pessoas em todas as situações, sermos generosos e benevolentes para com os outros, para que possamos gozar de uma felicidade relativa, ainda neste mundo, e darmos um passo à frente no caminho da felicidade suprema.
Se Deus nos criou a todos simples e ignorantes, com as mesmas potencialidades e condições para atingir a perfeição moral e intelectual, sendo nossas aparentes diferenças apenas uma questão de experiência maior ou menor, adquirida ao longo de sucessivas reencarnações, então porque sermos orgulhosos, se ninguém é melhor de que ninguém? Se a beleza física é algo frágil, passageiro, então porque sermos vaidosos? Nos apegarmos a algo que fatalmente um dia iremos perder? Se os bens materiais são transitórios, e nada, na verdade, nos pertence, a não ser aquilo que adquirimos para nossa consciência, porque condicionarmos nossa felicidade à posse de bens que o consumismo insiste que devemos ter? Se nos sentimos bem quando alguém nos ajuda, ou quando superamos uma dificuldade por nosso esforço, que tal fazer com que os outros sintam esse mesmo bem-estar, ao ajudá-los? Nos coloquemos, nesse momento, no lugar dessas pessoas que ajudamos e nós próprios nos sentiremos felizes.
Cada cabeça é um mundo. Cada um de nós tem um somatório de experiências, de conhecimentos, criando em nós mesmos nossas verdades, maneiras diversas de enxergar o mundo. Então porque exigir das pessoas que elas se comportem da maneira que nós nos comportamos? Precisamos compreender o outro em sua totalidade, mergulhar em seu mundo. Assim, enxergando com os olhos do outro, não faremos julgamentos precipitados e preconceituosos acerca do mesmo, evitando nos ofendermos com atitudes do outro diferentes das que tomaríamos em determinada situação. Evitamos, dessa forma, desentendimentos, conflitos.
Pense, por um momento, no alívio que se experimenta ao nos sentirmos livres de todas as angústias que nos são impostas pelo orgulho ferido, a vaidade frustrada, o egoísmo, que só gera a antipatia das pessoas, e o apego aos bens materiais, e em nos sentirmos bem ao fazer o bem aos outros.
Pense, agora, na sensação de se possuir imensa inteligência e conhecimentos, a ponto de compreender, até, a essência de Deus, sendo os executores diretos e conscientes de Sua vontade.
Estas são as sensações imorredouras de Espíritos puros como Jesus Cristo, nosso guia e modelo.
Esta sim é a verdadeira e plena FELICIDADE, a meta de nossa existência.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1990].
2 _______________. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].
3 _______________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed. São Paulo: Petit, [1997].
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