Fonte da imagem: http://www.educarbrasil.org.br/publicacoes/diversidade-cultural-e-educacao/
Fábio José Lourenço
Bezerra
O
Espírito, em sua jornada evolutiva (ver o texto “Evolução: A
Jornada do Espírito”, neste blog), passa por diversas
encarnações no mundo material, com a finalidade de adquirir experiência e, como
consequência, sua perfeição intelecto-moral. Nesse processo, ele se reveste de
corpos materiais de ambos os sexos, raças, nas mais diversas culturas e adota
as mais diferentes crenças. Isso sem falarmos nas mais diferentes situações por
que passam durante essas vidas: a riqueza, a pobreza, a saúde, beleza física ou
ausência dela, diferentes doenças e gêneros de morte, seus e de pessoas de sua
afeição. Imagine a bagagem intelecto-emocional adquirida por este Espírito,
submetendo-se a esses tão diferentes contextos!
Uma vez que Deus é
soberanamente justo, trata de forma igual todos os seus filhos, sem distinção
de qualquer tipo. A reencarnação é uma demonstração disso. Sem ela, como
explicar que existam pessoas sofrendo na miséria ao lado de outras que vivem na
opulência? Umas já nascem com terríveis doenças congênitas, enquanto outras
passam toda uma vida cheias de saúde? Gênios ao lado de pessoas de pouca
inteligência? Só as vidas sucessivas, juntamente com a Lei de Causa
e Efeito, podem explicar essas aparentes injustiças (ver o texto “Por que Devemos
Fazer o Bem?” neste blog).
Uma das
consequências da reencarnação é a igualdade entre os sexos e as raças. Estando
hoje o Espírito encarnado no corpo de um homem, pode vir a reencarnar como
mulher; se hoje é branco, amanhã poderá ser negro. Uma vez que se toma
consciência disso, tem-se um poderoso motivo para abandonar-se os preconceitos
de sexo e raça, que ainda persiste no mundo em pleno século XXI. O mesmo ocorre
com as classes sociais, pois alguém pode ser rico hoje, e numa próxima vida
pode, até mesmo, nascer na extrema miséria.
Quanto às culturas,
torna-se sem fundamento discriminar alguém por nascer em determinado país, pois
o Espírito poderá renascer em qualquer um, dependendo do que seja necessário
para seu aprendizado. Como consequência disso, faz parte de famílias que adotam
os mais diferentes tipos de culturas e crenças e, devido à essa influência,
pode vir a adotar qualquer uma delas.
O ensinamento
essencial, comum à praticamente todas as religiões, mesmo as não cristãs, é amar
ao próximo como a si mesmo, ou seu equivalente: não desejar
ao próximo o que não se quer para si (ver o texto “Por Que Devemos
Fazer o Bem ?”, neste blog). Ocorre que, ao longo dos
séculos, muitas delas deixaram esse ensinamento em segundo plano, sobrepondo a
ele dogmas e rituais.
A finalidade da
reencarnação é, justamente, a evolução moral do Espírito, a ponto de, ao final
da jornada, ser capaz de amar incondicionalmente o seu semelhante,
juntamente com o pleno desenvolvimento intelectual. Algo, diga-se de passagem,
impossível de se alcançar em uma só vida. Consequentemente, o
Espírito não depende da adoção de uma crença particular para alcançar o
paraíso, ou seja, entrar em comunhão com Deus e evitar os suplícios
eternos do inferno (como pregam certas doutrinas). Ora, se sofrer eternamente ou não após a morte depende da
adoção de determinada crença, então porque várias pessoas, diariamente, morrem
sem nada conhecer da mesma? (por exemplo, um indiano que nunca ouviu sequer
falar de Jesus) E os milhões que morreram no passado sem conhecê-la? Caso sejam
salvos porque não conheceram essa crença, porque este privilégio, enquanto
outros são apresentados a ela, arriscando-se a não aceitá-la? Se não são
salvos, porque então nasceram impossibilitados de conhecê-la? Estariam
destinados à condenação desde o momento do seu nascimento; Se Deus é bom, então
porque ele não daria mais oportunidades para arrependimento, antes de jogar seu
filho em um suplício eterno? Se alguém, por exemplo, viveu 20 anos e não adotou
a crença supracitada, morrendo e indo para o inferno, será que se pudesse ter
vivido até os 100 anos (como muitos vivem atualmente), durante os 80 anos
restantes não poderia ter se arrependido e, assim, ganho o céu? E enquanto arde
no inferno, será que também aí não poderia se arrepender? Se sim, então porque
Deus não lhe daria uma chance?
Evidentemente
que, se Deus é infinitamente bom, Ele dá infinitas oportunidades para que os
seus filhos venham a habitar o seu seio. Entrar em comunhão com Deus depende da
vontade e da iniciativa de progredir do Espírito, sendo este livre para
estacionar ou avançar na senda do progresso por seu próprio esforço, e a
lei fundamental da evolução espiritual é o exercício do amor.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro :
Editora FEB,1995.;
2_______________ . O Evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo : Editora
Petit, 1997.;
3________________.A Gênese: Os milagres e as predições segundo o
Espiritismo. Rio de Janeiro: Editora FEB, 1988.
Fonte da imagem: http://xpock.com.br/paula-fernandes-a-musa-do-sertanejo/
Fábio José Lourenço Bezerra
Transcrevemos, abaixo, lamentável notícia postada
no site do BOL:
“Grupo de Testemunhas de Jeová condena Paula
Fernandes por declaração sobre espiritismo
19/02/2013 - 11h37 | do BOL
Do BOL, em São Paulo
A cantora Paula Fernandes causou
revolta em um grupo de pessoas da religião Testemunhas de Jeová após dizer, em
entrevista ao apresentador João Doria Jr., que segue o espiritismo, acredita em
reencarnação e que suas composições têm relação direta com o plano espiritual.
“A doutrina espírita justifica muitas coisas que eu sinto, meu dom. Deus é um
só! Mas eu não componho sozinha. E acho que não estamos aqui sozinhos. No
momento em que leio [o que escrevo], vêm palavras que eu não conheço. Então, de
onde vem isso?”, comentou Paula. Por conta da declaração, um grupo que se diz
Testemunha de Jeová começou a espalhar um “alerta” a respeito da cantora no
Facebook, condenando o espiritismo. A mensagem contra Paula já teve milhares
compartilhamentos e muitas pessoas reagiram negativamente ao saber que a
cantora é espírita.”
Para assistir a um vídeo com o trecho da entrevista acima mencionada,
acessem a reportagem no site do BOL, no link abaixo:
“Veja alguns
comentários feitos após a divulgação da entrevista: "
Não há dúvidas de que muitos líderes
religiosos (não todos, que fique claro), vociferam contra o Espiritismo,
insuflando seus fiéis (vários deles de pouca instrução e/ou sem cultura de
pesquisa e questionamento) contra o mesmo. Chegam a acusá-lo, até mesmo, de
instrumento do diabo para enganá-los e atraí-los para o inferno. Ocorre que
esses líderes estão movidos seja pela má-fé, seja pelo fanatismo, ignorância ou
insegurança em relação à sua própria religião, desvirtuando o que ensina o
Espiritismo com medo de perder fiéis.
Muitos fiéis, por outro lado, não se
dão ao trabalho de pesquisar a fundo sobre o que criticam, acomodando-se ao que
seu líder religioso diz. Não procuram pesquisar, inclusive, sobre sua própria
religião, seus fundamentos, adotando uma fé cega.
Além do mais, todos somos dotados,
por Deus, de livre-arbítrio e, portanto, somos livres para escolhermos o
caminho que quisermos, uma vez estando conscientes das consequências advindas
dessa escolha.
A própria lei do nosso país
reconhece e resguarda nossa liberdade de escolha religiosa. Vejamos o que diz a
Constituição Federal, no seu Artigo 5º, inciso VI:
“é
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma lei, a proteção aos
locais de culto e suas liturgias”
O Espiritismo ensina o livre
pensamento, guiando-se pelo estudo e pela razão. Aconselha a todo espírita a
questionar o que ele mesmo ensina. Tanto é assim, que o codificador do
Espiritismo, Allan Kardec, disse: “Não há fé inabalável senão aquela que pode
encarar a razão face-a-face, em todas as épocas da humanidade”. Também disse:
"O
Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será ultrapassado, porque, se
novas Descobertas lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se
modificará nesse ponto; se uma verdade nova se revelar, ela a aceitará."
No entanto, até o momento, nenhum de seus postulados foi
contraditado pela ciência (Ver o texto “Espiritismo: Estímulo à Prática do Bem, à Busca do Conhecimento e ao Pensamento Crítico”, neste blog).
No momento em que fiéis de um
segmento religioso, ao saber que uma cantoraadota
uma religião diversa da deles, cujas músicas gostam, deixam de escutá-las, as
deletam ou quebram o CD, músicas que não falam sobre a religião adotada por ela,
há uma lamentável demonstração de intolerância religiosa. Cada um escuta o que
quer, mas o motivo, neste caso, é que deixa evidente uma hostilidade inútil
quando, na verdade, todos nós, das diversas religiões, precisamos nos unir no
que temos em comum: o ensinamento "amar ao próximo como a si mesmo". Uma convivência pacífica e salutar entre as diversas crenças é do que o mundo precisa para se tornar melhor.
Vejamos o que disse, de maneira bastante
lúcida, artigo do pastor evangélico Ed Rene Kivitz em relação a outro caso recente de
intolerância religiosa, postado no site Formadores de Opinião:
Klebber S
Nascimento
28.05.2011
Excelente
reflexão!!!
Parece
mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, embora já tenha mais de 1 ano, é
bastante atual, onde o elenco do Santos, atual campeão paulista de futebol, foi
a uma instituição que abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir
ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.
Ocorreu que
boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.
Entre
estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval
(29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a) todos ídolos super-aguardados.
O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da
Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral
Visivelmente
constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da
ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não
entraram no local simplesmente porque não quiseram.
Dentro da
instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre
eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a),
que conversaram e brincaram com as crianças.
Eis que o
escritor, conferencista e Pastor (com Pmaiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja
Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e
escreveu o texto No Brasil, futebol é religião, que abaixo tenho o prazer de
compartilhar:
No Brasil,
futebol é religião por Ed Rene Kivitz:
"Os
meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não
erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a
cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo
implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas
categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião
está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada
tradição de fé.
A
espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma
das tradições de fé.
Quando você
começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a
favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir
uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus,
você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a
reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e
se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando
você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista,
evangélica, ou católica, você está discutindo religião.
O problema
é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das
outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os
adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores
de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda,
e por aí vai.
E cada
grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua
religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se
tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus,
ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende
se passar por Deus.
Mas, quando
você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação,
perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no
horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando
você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você
promove a justiça e a paz.
Os valores
espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes
no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do
sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça,
gênero, e inclusive religião.
Em síntese,
quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no
mundo da espiritualidade que a sua religião ensina ou pelo menos deveria
ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre
a tragédia e miséria de uma paralisia mental."
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
1 KARDEC, ALLAN. O
Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro : Editora FEB,1995.;
2_______________ . O
Evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo : Editora Petit, 1997.;
3________________.A
Gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro:
Editora FEB, 1988.
Fonte da imagem: http://blog-do-caminho.blogspot.com.br/2011/02/21-verdades-sobre-evolucao-espiritual.html
Fábio José Lourenço Bezerra
Dando
continuidade aos dois textos anteriores, “Quem é Jesus?” e “Quem é Jesus Parte 2 – Jesus é Deus?”, neste blog, segundo determinadas
doutrinas religiosas, Jesus veio ao mundo para redimir o pecado dos homens. Era
o cordeiro de Deus, oferecido em sacrifício na cruz para aplacar ira de Deus,
perante a iniquidade dos seres humanos. Ainda segundo essas doutrinas, a partir
do sacrifício de Jesus, basta aos homens crerem nele como sendo o salvador,
para serem salvos. Quem recusar-se a crer nisso, estará condenado a sofrer
eternamente no inferno, após a morte. Trata-se de uma doutrina de origem
medieval, utilizando-se de uma antiga crença judaica, onde oferece-se um
sacrifício para apagar os próprios pecados. Na páscoa, os judeus costumavam
sacrificar um cordeiro como oferenda a Deus, com esse intuito.
Contudo, se considerarmos que
Deus é todo-poderoso, soberanamente justo e bom, veremos que essa ideia é
bastante ilógica. Então, vejamos:
- Se sofrer eternamente ou não
após a morte depende da adoção de determinada crença, então porque várias
pessoas, diariamente, morrem sem nada conhecer desta crença? (por exemplo, um indiano
que nunca ouviu sequer falar de Jesus) E os milhões que morreram no passado sem
dela nada conhecer? Caso sejam salvos porque não conheceram essa crença, porque
o privilégio de não a terem conhecido, enquanto outros são apresentados a ela,
arriscando-se a não aceitá-la? Se não são salvos, porque então nasceram impossibilitados
de conhecê-la? Estariam destinados à condenação desde o momento do seu nascimento;
- Se Deus é bom, então porque ele
não daria mais oportunidades para arrependimento, antes de jogar seu filho em
um suplício eterno? Se alguém, por exemplo, viveu 20 anos e não adotou a crença
supracitada, morrendo e indo para o inferno, será que se pudesse ter vivido até
os 100 anos (como muitos vivem atualmente), durante os 80 anos restantes não
poderia ter se arrependido e, assim, ganho o céu? E enquanto arde no inferno,
será que também aí não poderia se arrepender? Se sim, então porque Deus não lhe
daria uma chance?
Sem dúvida, são perguntas de
difícil resposta, caso consideremos Deus todo-poderoso, infinitamente bom e
justo. É que esta doutrina teve origem em mentes medievais, que possuíam o
conhecimento limitado de sua época, o que acabou refletindo-se na teologia que
criaram. Consideravam Deus como um rei orgulhoso e implacável em suas punições,
tal como eram muitos reis da idade média. Ou, quem sabe, uma vez que a Igreja e
os reis andavam de mãos dadas naquela época, não adotaram essa crença como
forma de ter poder sobre a população? Aliás, os próprios reis temiam ir para o
inferno. Assim, a Igreja detinha poder sobre eles. Se, em uma ou outra passagem
dos evangelhos, existe a possibilidade de interpretar-se os ensinamentos de
Jesus da maneira como pregam as crenças supracitadas, em muitos casos deve-se à
adulteração dos textos originais, má tradução das cópias existentes ou má
interpretação dos próprios apóstolos que, afinal de contas, possuíam suas
próprias crenças antes do aparecimento de Jesus (ver o texto “Quem é Jesus?”, neste blog).
Seja como for, esse Deus que
pregam é bem diferente daquele que Jesus citou na seguinte passagem, que
inclusive aparece em três evangelhos, quando ele encontra-se com um jovem rico,
que lhe chama de Bom Mestre: “Por que me chamas bom? Bom não é senão o Pai que
está nos céus” (Mateus 19:17, Marcos 10:17, Lucas 18:18). Jesus, que tanto
bem fez às pessoas enquanto estava na Terra, recusava-se a ser chamado de bom
naquela ocasião. Com certeza, fez isto não apenas por sua humildade, mas também
porque seu ponto de referência de bondade era Deus, e aproveitou a ocasião demonstrar
o quanto Deus é bom.
Essas
doutrinas também vão contra as palavras de Jesus nessa passagem: “Porque o
Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a
cada um segundo as suas obras” (Mateus 16:27).
Vejamos o que disse Allan Kardec
em sua obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo XV. Ele começa
citando algumas passagens do Novo Testamento:
“O DE QUE PRECISA O ESPÍRITO PARA
SE SALVAR.
PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
“Ora, quando o filho do
homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, sentar-se-á no
trono de sua glória; reunidas diante dele todas as nações, separará uns dos
outros, como o pastor separa dos bodes as ovelhas e colocará as ovelhas à sua
direita e os bodes à sua esquerda”.
“Então, dirá o Rei aos que
estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que
vos foi preparado desde o princípio do mundo; porquanto, tive fome e me destes
de comer; tive sede e me destes de beber; careci de teto e me hospedastes;
estive nu e me vestistes; achei-me doente e me visitastes; estive preso e me
fostes ver”.
“Então, responder-lhe-ão os
justos: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com
sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos sem teto e te hospedamos; ou
despido e te vestimos? E quando foi que te soubemos doente ou preso e fomos
visitar-te ?’ O Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo, todas as vezes que
isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim mesmo que
o fizestes’ ”.
“Dirá em seguida aos que
estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos; ide para o fogo
eterno, que foi preparado para o diabo e seus anjos; porquanto, tive fome e não
me destes de comer, tive sede e não me destes de beber; precisei de teto e não
me agasalhastes; estive sem roupa e não me vestistes; estive doente e no cárcere
e não me visitastes’”.
“Também eles replicarão: ‘Senhor,
quando foi que te vimos com fome e não te demos de comer, com sede e não te
demos de beber, sem teto ou sem roupa, doente ou preso e não te assistimos?’
Ele então lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: todas as vezes que faltastes
com a assistência a um destes mais pequenos, deixastes de tê-la para comigo
mesmo. E esses irão para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna’”.(MATEUS,
25:31 a 46)
2. Então, levantando-se, disse-lhe um doutor
da lei, para o tentar: “Mestre, que preciso fazer para possuir a vida eterna?”
Respondeu-lhe Jesus: “Que é o que está escrito na lei? Que é o que lês nela?”
Ele respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma,
com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti
mesmo”.Disse-lhe Jesus: “Respondeste muito bem; faze isso e viverás”. Mas, o
homem, querendo parecer que era um justo, diz a Jesus: “Quem é o meu próximo?”
Jesus, tomando a palavra, lhe diz: “Um homem, que descia de Jerusalém para
Jericó, caiu em poder de ladrões, que o despojaram, cobriram de ferimentos e se
foram, deixando-o semimorto. Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo
pelo mesmo caminho, o viu e passou adiante. Um levita, que também veio àquele
lugar, tendo-o observado, passou igualmente adiante. Mas, um samaritano que
viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado
de compaixão. Aproximou-se
dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou;
depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia
seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: ‘Trata muito bem
deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar’.
Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos
ladrões?” O doutor respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
“Então, vai!” – diz Jesus – “E faze o mesmo”.(LUCAS, 10:25 a 37)
3. Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na
humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em
todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que
conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito,
isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que
têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventuradosos
que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos
outros o que quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as
ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a
vós mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade e caridade, eis o que não
cessa de recomendar e o de que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo,
eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade;
põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade
futura.
No quadro que traçou do juízo
final, deve-se, como em muitas outras coisas, separar o que é apenas figura,
alegoria. A homens como os a quem falava, ainda incapazes de compreender as
questões puramente espirituais, tinha ele de apresentar imagens materiais
chocantes e próprias a impressionar. Para melhor apreenderem o que dizia, tinha
mesmo de não se afastar muito das idéias correntes, quanto à forma, reservando
sempre ao porvir a verdadeira interpretação de suas palavras e dos pontos sobre
os quais não podia explicar-se claramente. Mas, ao lado da parte acessória ou
figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade reservada ao justo
e da infelicidade que espera o mau.
Naquele julgamento supremo, quais
os considerandos da sentença? Sobre que se baseia o libelo? Pergunta,
porventura, o juiz se o inquirido preencheu tal ou qual formalidade, se
observou mais ou menos tal ou qual prática exterior? Não; inquire tão somente de
uma coisa: se a caridade foi praticada, e se pronuncia assim: Passai à direita,
vós que assististes os vossos irmãos; passai à esquerda, vós que fostes duros
para com eles. Informa-se, por acaso, da ortodoxia da fé? Faz qualquer distinção
entre o que crê de um modo e o que crê de outro? Não, pois Jesus coloca o samaritano,
considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que
falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como uma das
condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a
serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro
lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura,
a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque é a negação absoluta
do orgulho e do egoísmo.”
O MANDAMENTO MAIOR
4. Mas, os fariseus, tendo sabido que ele tapara a
boca aos saduceus, se reuniram; e um deles, que era doutor da lei, foi propor-lhe
esta questão, para o tentar: “Mestre, qual o grande mandamento da lei?” Jesus
lhe respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma, de todo o teu espírito. Esse o maior e o primeiro mandamento. E aqui está
o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo.
Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois
mandamentos”. (MATEUS, 22: 34 a 40)
5. Caridade e humildade, tal a senda única da
salvação. Egoísmo e orgulho, tal a da perdição. Este princípio se acha
formulado nos seguintes precisos termos: “Amarás a Deus de toda a tua alma e a
teu próximo como a ti mesmo; toda a lei e os profetas se acham contidos
nesses dois mandamentos.” E, para que não haja equívoco sobre a interpretação
do amor de Deus e do próximo, acrescenta: “E aqui está o segundo mandamento que
é semelhante ao primeiro”, isto é, que não se pode verdadeiramente amar a Deus
sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se
faça contra o próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a
Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se
resumem nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.
NECESSIDADE DA CARIDADE, SEGUNDO S. PAULO
6. “Ainda quando eu falasse todas as línguas dos
homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o
bronze que soa e um címbalo que retine; ainda quando tivesse o dom de profecia,
que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as
coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas,
se não tiver caridade, nada sou. E, quando houvesse distribuído os meus bens
para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se
não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria”.
“A caridade é paciente; é branda
e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não
se enche de orgulho; não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se
agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a
injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera,
tudo sofre”.
“Agora, estas três virtudes: a
fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a
caridade”. (S. PAULO, 1ª Epístola aos Coríntios, 13:1 a 7 e 13)
7. De tal modo compreendeu S. Paulo essa grande
verdade, que disse: Quando mesmo eu tivesse a linguagem dos anjos; quando
tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios; quando tivesse
toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver
caridade, nada sou. Dentre estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade,
a mais excelente é a caridade. Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até
da fé. É que a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do
sábio, do rico, como do pobre, e independe de qualquer crença particular.
Faz mais: define a verdadeira
caridade, mostra-a não só na beneficência, como também no conjunto de todas as
qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com o próximo.”
A salvação, isto é, a chegada do
Espírito ao seio de Deus, dar-se-á quando ele atingir o pleno desenvolvimento
intelecto-moral, isto é, a perfeição (ver o texto “Evolução: A Jornada do Espírito”, neste blog), como disse o próprio Jesus:
“Amai os vossos
inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e
caluniam. Porque, se somente amardes os que vos amam, que recompensa tereis
disso? Não fazem assim também os publicanos? Se unicamente saudardes os vossos
irmãos, que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? Sede,
pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial” (MATEUS,
5:44, 46 a 48).
Contudo,
uma vida só, evidentemente, é insuficiente para que o Espírito atinja a perfeição.
Para isso, torna-se necessária a experiência adquirida após várias encarnações.
Como falou Jesus na seguinte passagem do Evangelho de João:
“Ora, entre os
fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus, que veio à
noite ter com Jesus e lhe disse: “Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus
para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres
que fazes, se Deus não estivesse com ele.” Jesus lhe respondeu: “Em
verdade, em verdade digo-te: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de
novo.”
Disse-lhe
Nicodemos: “Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre
de sua mãe, para nascer segunda vez?” Retorquiu-lhe Jesus: “Em verdade, em
verdade, digo-te: Se um homem não renasce da água e do Espírito, não pode
entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do
Espírito é Espírito. Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças
de novo. O Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz mas não sabes donde vem
ele, nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do Espírito.”
(S. JOÃO, 3:1 a 8.)
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
1
KARDEC, Allan.O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB. Versão
digital: Ery Lopes – 2007.
2 EHRMAN,
Bart D. Evangelhos Perdidos. Rio de janeiro: Editora Record,
2008;
3______________.O
Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse?: quem mudou a Bíblia e porque.
São Paulo: Editora Prestígio, 2006;
4______________.Quem
Jesus Foi? Quem Jesus Não Foi? : mais revelações inéditas sobre
as contradições da Bíblia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010;
5
______________.O Problema Com Deus: as respostas que a Bíblia não
dá ao sofrimento. Rio de Janeiro, Editora Agir, 2008;
6 RANGEL, Liszt. Arqueologia dos
Evangelhos: uma releitura histórica do pensamento de Jesus. Recife:
Editora Bom Livro, 2009;
7 SILVA, Severino Celestino da. Analisando
as Traduções Bíblicas: refletindo a essência da mensagem bíblica. João
Pessoa: Editora Núcleo Espírita Bom Samaritano, 2000;
8 PROPHET, Elizabeth Clare e PROPHET, Erin L.Reencarnação: o
elo perdido do cristianismo. Rio de janeiro: Editora Nova Era, 2003.
Fonte da imagem:http://averdadequeamidianaomostra.blogspot.com.br/2012/04/nao-e-brincadeira-uma-grande-tsunami.html
Fábio José Lourenço
Bezerra
Em terremotos,
tsunamis, incêndios, desastres aéreos e automobilísticos, além de outros tipos
de tragédia, várias pessoas morrem ao mesmo tempo e da mesma forma, muitas
vezes sob intenso sofrimento. Outras, nessas mesmas ocorrências, incrivelmente,
sobrevivem, quando eram enormes as probabilidades de terem morrido. Quais as
causas dessas mortes coincidentes, e dessas inacreditáveis sobrevivências?
Sendo
Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom, jamais permitiria que suas
criaturas sofressem sem uma finalidade que lhes fosse benéfica posteriormente.
Conforme
já mencionamos no texto “Por Que Devemos Fazer o Bem?”,
neste blog,todos nós
somos irmãos em Deus, e é nosso dever nos ajudarmos mutuamente. Tudo o que
fizermos de mal, conscientemente, aos nossos irmãos, ou toda a ajuda que
deixarmos de prestar e, por conta disso, eles sofrerem, este mal se voltará
contra nós, obedecendo àLei de Causa e Efeito. Podemos não sentir enquanto estamos no corpo
físico, mas, após a morte, temos nossa sensibilidade bastante aumentada, e é
outro o nosso ponto de vista. Nossas imperfeições, quando estamos no mundo
espiritual, são, para nós, como nódoas, manchas em nosso Espírito, que
repercutem em nosso corpo espiritual de diversas formas. O sentimento de culpa,
advindo de nossos erros, castiga nossa consciência (muitas vezes de forma
bastante violenta), que necessita, para seu alívio, reparar o erro cometido.
Esta reparação é feita, muitas vezes, em encarnações onde nos comprometemos a
fazer o bem, ajudando aqueles a quem fizemos mal, ou a outras pessoas, ou voltamos
para sofrer da mesma forma que aqueles a quem prejudicamos. Tal
mecanismo não possui caráter de castigo, mas tão somente educativo, para
modificar as disposições íntimas do Espírito, más tendências profundamente
enraizadas em seu subconsciente. Sabendo aproveitar as reflexões aí
proporcionadas, avança muito na sua evolução moral.
Ocorre que muitos Espíritos, juntos
ou não, praticaram o mal de forma semelhante em existências pretéritas, e lhes
é concedido resgatarem o sofrimento que infligiram ao semelhante ao mesmo tempo,
através de calamidades naturais ou acidentes. Assim, não é necessário que haja malfeitores
para provocarem-lhe o sofrimento reparador. No Espiritismo, o fenômeno destas
mortes semelhantes e simultâneas chama-se Resgate Coletivo.
Mas como isso se dá? Por fatalidade,
isto é, acontecimentos que estão irremediavelmente programados para ocorrer? Aliás, existe fatalidade nos acontecimentos da
vida?
Na pergunta
Nº 851 de “O Livro dos Espíritos”, temos: “Haverá
fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este
vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste
caso, que vem a ser do livre-arbítrio?”
Resposta: “A fatalidade
existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela
prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que
é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das
provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o
Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor
de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquear, um bom Espírito pode vir-lhe em
auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um
Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um
perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a
vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias.”
Na pergunta
Nº 852, temos: “Há pessoas que parecem perseguidas por uma fatalidade,
independente da maneira por que procedem. Não lhes estará no destino o
infortúnio?”
Resposta:“São, talvez,
provas que lhes caiba sofrer e que elas escolheram. Porém, ainda aqui lançais à
conta do destino o que as mais das vezes é apenas consequência de vossas
próprias faltas. Trata de ter pura a consciência em meio dos males que te
afligem e já bastante consolado te sentirás.”
Comentário de Allan
Kardec: "As idéias exatas ou falsas que fazemos das coisas nos levam a ser bem
ou malsucedidos, de acordo com o nosso caráter e a nossa posição social.
Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso amor próprio atribuir
antes à sorte ou ao destino os insucessos que experimentamos, do que à nossa
própria falta. É certo que para isso contribui algumas vezes a influência dos
Espíritos, mas também o é que podemos sempre forrarnos a essa influência,
repelindo as idéias que eles nos sugerem, quando más".
Na pergunta
Nº 853, temos: “Algumas pessoas só escapam de um perigo mortal
para cair em outro. Parece que não podiam escapar da morte. Não há nisso
fatalidade?”
Resposta:“Fatal, no
verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse
momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos.”
a) — “Assim,
qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou,
não morreremos?”
“Não; não perecerás
e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida,
nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte
do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado,
quando escolheu tal ou qual existência.”
Na pergunta
Nº 854, temos: “Do fato de ser infalível a hora da morte, poder-se-á deduzir
que sejam inúteis as precauções que tomemos para evitá-la?”
Resposta:“Não, visto que as
precauções que tomais vos são sugeridas com o fito de evitardes a morte que vos
ameaça. São um dos meios empregados para que ela não se dê.”
Na pergunta
Nº 855, temos: “Com que fim nos faz a Providência correr perigos que
nenhuma conseqüência devem ter?”
Resposta:“O fato de ser a tua vida posta em
perigo constitui um aviso que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal
e te tornares melhor. Se escapas desse perigo, quando ainda sob a impressão do
risco que correste, cogitas, mais ou menos seriamente, de te melhorares,
conforme seja mais ou menos forte sobre ti a influência dos Espíritos bons.
Sobrevindo o mau Espírito (digo mau, subentendendo o mal que ainda existe
nele), entras a pensar que do mesmo modo escaparás a outros perigos e deixas
que de novo tuas paixões se desencadeiem. Por meio dos perigos que correis,
Deus vos lembra a vossa fraqueza e a fragilidade da vossa existência. Se examinardes
a causa e a natureza do perigo, verificareis que, quase sempre, suas conseqüências
teriam sido a punição de uma falta cometida ou da negligência no cumprimento de
um dever. Deus, por essa forma, exorta o Espírito a cair em si e a se emendar.”
Na pergunta
Nº 856: “Sabe o Espírito antecipadamente de que gênero será sua morte?”
Resposta: “Sabe que o gênero
de vida que escolheu o expõe mais a morrer desta do que daquela maneira. Sabe
igualmente quais as lutas que terá de sustentar para evitá-lo e que, se Deus o
permitir, não sucumbirá.”
Na pergunta
Nº 859: “Com todos os acidentes, que nos sobrevêm no curso da
vida, se dá o mesmo que com a morte, que não pode ser evitada, quando tem de
ocorrer?”
Resposta: “São de ordinário
coisas muito insignificantes, de sorte que vos podemos prevenir deles e fazer
que os eviteis algumas vezes, dirigindo o vosso pensamento, pois nos desagradam
os sofrimentos materiais. Isso, porém, nenhuma importância tem na vida que
escolhestes. A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que
deveis aparecer e desaparecer deste mundo.”
a) — “Haverá
fatos que forçosamente devam dar-se e que os Espíritos não possam conjurar,
embora o queiram?”
“Há, mas que tu
viste e pressentiste quando, no estado de Espírito, fizeste a tua escolha. Não
creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer.
Um acontecimento qualquer pode ser a conseqüência de um ato que praticaste por
tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesses praticado, o acontecimento
não se teria dado. Imagina que queimas o dedo. Isso nada mais é senão resultado
da tua imprudência e efeito da matéria. Só as grandes dores, os fatos importantes e
capazes de influir no moral, Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e
à tua instrução (grifo nosso).”
Na pergunta
Nº 860: Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer que
se não dêem acontecimentos que deveriam verificar-se e reciprocamente?
Resposta: “Pode-o, se essa
aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na seqüência da vida que
ele escolheu. Acresce que, para fazer o bem, como lhe cumpre, pois que isso
constitui o objetivo único da vida, facultado lhe é impedir o mal, sobretudo
aquele que possa concorrer para a produção de um mal maior.”
As grandes calamidades
naturais também possuem uma finalidade geral para o progresso da humanidade. Vejamos:
Na pergunta
Nº737: “Com que fim fere Deus a
Humanidade por meio de flagelos destruidores?”
Resposta:“Para fazê-la progredir
mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a
regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência,sobem um degrau
na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os
resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os
apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que
vos causam. Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais
pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns
anos o que teria exigido muitos séculos.”
Na pergunta
Nº 738: “Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus
empregar outros meios que não os flagelos destruidores?
Resposta:“Pode e os emprega
todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento
do bem e do mal. O homem, porém não se aproveita desses meios. Necessário,
portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a
sua fraqueza.”
a) — “Mas,
nesses flagelos, tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será justo isso?”
“Durante a vida, o
homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensa depois da
morte. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo bem pouca coisa é. Um século
no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade . Logo, nada
são os sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos
queixais. Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os
Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real. Esses os
filhos de Deus e o objeto de toda a sua solicitude. Os corpos são meros disfarces
com que eles aparecem no mundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam
os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante
a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos. O general
se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.”
b) — Mas, nem
por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.
“Se considerásseis
a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos
importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação
aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”
Comentário de Allan
Kardec: “Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa
por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença,
em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo. Se, pelo
pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e a abrangê-la
em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras
tempestades no destino do mundo.”
Na pergunta
Nº 739: “Têm os flagelos destruidores utilidade, do ponto de vista
físico, não obstante os males que ocasionam?”
Resposta:“Têm. Muitas vezes
mudam as condições de uma região. Mas, o bem que deles resulta só as gerações
vindouras o experimentam.”
Na pergunta
Nº 740: “Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o
homem, por porem-no a braços com as mais aflitivas necessidades?”
Resposta: “Os flagelos são
provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar
sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de
manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo,
se o não domina o egoísmo.”
Na pergunta
Nº 741: “Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?”
Resposta: “Em parte, é;
não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam da
imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele
os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas.
Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral,
que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou
menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à
vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava
pela sua negligência.”
Comentário de
Kardec: “Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes
do homem, devem ser colocados a peste, a fome, as inundações, as intempéries
fatais às produções da terra. Não tem, porém, o homem encontrado na Ciência,
nas obras de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas
irrigações, no estudo das condições higiênicas, meios de impedir, ou, quando
menos, de atenuar muitos desastres? Certas regiões, outrora assoladas por
terríveis flagelos, não estão hoje preservadas deles? Que não fará, portanto, o
homem pelo seu bem estar material, quando souber aproveitar-se de todos os
recursos da sua inteligência e quando, aos cuidados da sua conservação pessoal,
souber aliar o sentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes?"
Pergunta Nº 783: Segue sempre
marcha progressiva e lenta o aperfeiçoamento da Humanidade?
Resposta: “Há o progresso
regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém, um povo não
progride tão depressa quanto devera, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um
abalo físico ou moral que o transforma.”
Comentário de
Kardec: “O homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque
tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela
força das coisas. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se
infiltram nas idéias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem
subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que
deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas
aspirações. Nessas comoções, o homem quase nunca percebe senão a desordem e a
confusão momentâneas que o ferem nos seus interesses materiais. Aquele, porém,
que eleva o pensamento acima da sua própria personalidade, admira os desígnios
da Providência, que do mal faz sair o bem. São a procela, a tempestade que
saneiam a atmosfera, depois de a terem agitado violentamente.” Abaixo, colocamos um vídeo de Divaldo Pereira Franco, que fala, como sempre com bastante propriedade, sobre os resgates coletivos:
OBRA
CONSULTADA:
KARDEC, Allan O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita. FEB.
Versão digital: L.Neilmoris – 2007;