segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

EVOLUÇÃO: A JORNADA DO ESPÍRITO

Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_da_evolução



Fábio José Lourenço Bezerra

            Olhando ao nosso redor, constatamos grandes diferenças intelectuais e morais entre as pessoas. Algumas, independentemente do meio em que nasceram e foram criadas, demonstram uma impressionante inteligência, muitíssimo acima da de seus parentes, tendo grande habilidade em determinada área do conhecimento (ver o texto Um Dia, O Bem Reinará na Terra? – Parte 2, neste blog). Outras demonstram inteligência mediana ou modesta.
 Todos os dias, muitas pessoas realizam trabalho voluntário, dedicando-se a ajudar o próximo. Podemos, inclusive, citar pessoas que dedicaram toda sua vida em prol do semelhante, como Madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce e Chico Xavier (Ver o texto O Bem: Elevado Estado de Consciência do Espírito, neste blog). Já outras demonstram indiferença ou até satisfação perante o sofrimento de outras pessoas, como Adolph Hitler, os assassinos em série, etc.. E isto considerando que o sentimento, responsável pelo seu comportamento, em muitos dos que citamos acima, brotam espontaneamente dos seus corações, não sendo simples escolhas. Possuem tendências para o bem ou para o mal, independentemente da educação que receberam ou da índole dos seus parentes.
Por que somos tão diferentes uns dos outros, intelectual e moralmente? Considerando que possuímos uma alma imortal, responsável pela nossa personalidade, e que fomos criados ao mesmo tempo que o nosso corpo, como poderíamos considerar que a inteligência que nos criou - Deus - é justo?
A resposta para essa pergunta é simples: se Deus é justo, a alma não foi criada ao mesmo tempo que o corpo. Ela é anterior a ele. Vejamos o que disse Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”, Capítulo V, título – CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS:
“[...] Admitamos, ao contrário, uma série de progressivas existências anteriores para cada alma e tudo se explica. Ao nascerem, trazem os homens a intuição do que aprenderam antes: são mais ou menos adiantados, conforme o número de existências que contem, conforme já estejam mais ou menos afastados do ponto de partida. Dá-se aí exatamente o que se observa numa reunião de indivíduos de todas as idades, onde cada um terá desenvolvimento proporcionado ao número de anos que tenha vivido. As existências sucessivas serão, para a vida da alma, o que os anos são para o do corpo.”
“[...] Haverá alguma doutrina capaz de resolver esses problemas? Admitam-se as existências consecutivas e tudo se explicará conformemente à justiça de Deus. O que não se pôde fazer numa existência, faz-se em outra. Assim é que ninguém escapa à lei do progresso, que cada um será recompensado segundo o seu merecimento real e que ninguém fica excluído da felicidade suprema, a que todos podem aspirar, quaisquer que sejam os obstáculos com que topem no caminho.”
E no livro "A Gênese", Capítulo III, partes 5, 6 e 7, ele diz:

"[...] Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impele para a frente, na senda do progresso.
Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provém do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissenções, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.
Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumprí-las. A consciência lhe traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lhe lembra constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda a parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não procede, é por virtude do seu  livre-arbítrio: sofre então as consequências do seu proceder.
Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impôe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais de sua existência."

Deus destinou aos Espíritos a suprema felicidade, esta sendo fruto da plena sabedoria, da comunhão entre eles e com o Criador. Contudo, quis Deus que este ser aprendesse, logo de início, os valores da humildade e do trabalho: criou-o simples e ignorante, tendo que conquistar a sabedoria através de muito esforço, para dar valor à mesma. Assim, o mérito pela sabedoria adquirida é todo seu.
Dando meios de aprendizado para o Espírito, além do Mundo Espiritual, criou o Mundo Material. Aqui, ele recebe como veículo o corpo físico, frágil e perecível, capaz de lhe transmitir dor, que ele tem de sustentar com o trabalho (o seu corpo e daqueles que dependem dele, como no caso dos filhos), e onde ele está, temporariamente, esquecido de sua condição de Ser Imortal. Assim, na luta pela sobrevivência, pela fuga do sofrimento e em busca de prazer e conforto, ele é impelido a desenvolver sua inteligência e emoções.
Contudo, estagiar uma única vez no mundo material é insuficiente, pois múltiplas devem ser as experiências a que tem de se submeter o Espírito, a fim de se desenvolver, da mesma forma que um estudante tem de passar por várias séries na escola, para a conclusão do seu curso. Dessa forma, são inúmeras as vezes em que ele se reveste de um corpo físico, ou seja, reencarna.
É no mundo material que os Espíritos põem em prática as idéias e resoluções que tiveram no mundo espiritual, no intervalo entre as encarnações e também, muitas vezes, durante o sono, quando estão parcialmente desprendidos do corpo físico. Estas surgem para eles, enquanto encarnados e despertos, na forma de intuições e tendências, que os impelem a executá-las. A tarefa, de nos aconselhar e lembrar, através da inspiração, dos compromissos assumidos no mundo espiritual, também fica a cargo dos bons Espíritos, especificamente aqueles que se encarregaram de nos tutelar em nosso aprendizado e nos proteger.  São os Espíritos protetores e guias espirituais, popularmente conhecidos como anjos da guarda. Contudo, nem sempre acatamos suas sugestões, envolvidos que ficamos pelo mundo material.
Conforme já mencionamos acima, as fontes da suprema felicidade do Espírito, além da plena sabedoria, são a comunhão com seus irmãos e com Deus. O Criador, dessa forma, criou os Espíritos interligados entre si. Quando um deles faz algum malefício ao outro, é como estivesse sendo feito consigo próprio, pois se reverterá para ele, obedecendo à Lei de Causa e Efeito. Dessa forma, o egoísmo é um sentimento ilusório, característico de Espíritos ainda bastante inexperientes.
Cansados de sofrer, devido às conseqüências da prática de malefícios e excessos de toda ordem, e constatando a fragilidade e transitoriedade dos bens e prazeres materiais, os Espíritos, finalmente, convencem-se de que o caminho para a felicidade plena e duradoura está no cultivo, em si mesmo, de valores de vida eterna. O amor ao próximo, a humildade e o total desapego do mundo material proporcionam-lhes grande leveza e paz interior. A harmonia e a união entre eles, em total sintonia uns com os outros, e a satisfação com a prática do bem, constitui-se em fonte de incomensurável alegria. O imenso intelecto, construído ao longo das várias vidas pelas quais passaram, dá-lhes uma visão de conjunto que lhes permite admirar a perfeita obra do Criador de forma muito mais completa. Nesse estágio, são capazes até mesmo de receber as inspirações diretas de Deus.
Contudo, Deus não lhes destinou à inatividade, a ficar eternamente em contemplação (aliás, isso seria uma verdadeira tortura para os Espíritos. Um tédio eterno). Conforme o grau de evolução intelectual e de maturidade moral, Ele lhes atribui tarefas, que executam com grande satisfação. São inúmeras as tarefas destes Espíritos, que vão desde auxiliar diretamente o aprendizado dos menos experientes, até a criação e o governo de universos, de mundos e das mais variadas formas de vida material. Como nos diz o Espírito André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier: ”Quando o servidor está pronto, o serviço aparece”.
Conforme o exposto acima, devemos cultivar em nós, pouco a pouco, na medida de nossas possibilidades, os valores de vida eterna, aqueles que não se destroem, nos fortalecem e encorajam diante da morte, da velhice, das doenças, da escassez de bens materiais, enfim, diante de todas as mazelas do mundo material. Dessa forma, já nesta existência, adquirimos uma felicidade relativa, também nos livrando das torturas morais provocadas pela inveja, pelo ciúme, pelo orgulho ferido, pela vaidade frustrada, pelos desentendimentos e a ansiedade por adquirir bens materiais e poder. Criamos para nós, muitas vezes, falsas necessidades, muito acima do que realmente é necessário para a nossa vida, e devido a isso nos atormentamos voluntariamente.
Auxiliando o próximo, obtemos a alegria de sermos úteis a alguém. Sim, podemos nos sentir felizes com a felicidade dos outros. Podem atestar este fato aqueles que realizam trabalho voluntário, os que dedicam parte de seu tempo, seus recursos intelectuais e financeiros para ajudar as pessoas. Fazer o bem faz bem, sendo a aquisição desta forma de felicidade apenas uma questão de desenvolvimento de potencialidades adormecidas em nossa alma.
Além disso, todos nós somos irmãos em Deus, e é nosso dever nos ajudarmos mutuamente. Tudo o que fizermos de mal, conscientemente, aos nossos irmãos, ou toda a ajuda que deixarmos de prestar e, por conta disso, eles sofrerem, este mal se voltará contra nós, obedecendo à Lei de Causa e Efeito, conforme já mencionamos acima. Podemos não sentir enquanto estamos no corpo físico, mas, após a morte, temos nossa sensibilidade bastante aumentada, e é outro o nosso ponto de vista. Nossas imperfeições, quando estamos no mundo espiritual, são, para nós, como nódoas, manchas em nosso Espírito, que repercutem em nosso corpo espiritual de diversas formas. O sentimento de culpa, advindo de nossos erros, castiga nossa consciência (muitas vezes de forma bastante violenta), que necessita, para seu alívio, reparar o erro cometido. Esta reparação é feita, muitas vezes, em encarnações onde nos comprometemos a fazer o bem, ajudando aqueles a quem fizemos mal, ou a outras pessoas, ou voltamos para sofrer da mesma forma que aqueles a quem prejudicamos. Tal mecanismo não possui caráter de castigo, mas tão somente educativo, para modificar as disposições íntimas do Espírito, que, sabendo aproveitar as reflexões aí proporcionadas, avança muito na sua evolução moral.
Os hábitos é que fazem da pessoa o que ela é. Nossa personalidade é o somatório de tudo aquilo que adquirimos ao longo desta vida e nas anteriores. Bem sabemos que modificar nossas tendências não é nada fácil. Contudo, nossa reforma íntima deve ser realizada pouco a pouco, na medida de nossas possibilidades. A prática do bem ao nosso semelhante possui fundamental importância nesse processo, pois, através dela, com o tempo, adquirimos o hábito de fazer o bem. O que inicialmente sentimos como uma obrigação passa a ser algo muito natural, incorporado que fica à nossa personalidade.
Os Espíritos da codificação disseram a Kardec, na pergunta nº 908 de “O Livro dos Espíritos”, que nossas emoções são como um cavalo, que só é útil quando governado, e se torna perigoso quando passa a governar. Ou seja, nossas emoções são as forças que nos impulsionam, nos dão ânimo, mas cabe à nossa inteligência dar o rumo certo para nossos pensamentos e atitudes.
 Já o Cristo nos aconselhou a orar e vigiar para não cairmos em tentação. Ou seja, nossa mudança, rumo à melhoria de nós mesmos, é exercício constante. Devemos vigiar sempre nossa atitude íntima, para não cairmos no erro, solicitando sempre a inspiração dos benfeitores espirituais.
Cabe a cada um de nós a realização da reforma íntima, eliminando gradualmente nossas imperfeições, para que sejamos felizes, educarmos nesse sentido os nossos filhos e darmos o exemplo a eles e ao nosso próximo, inspirando-os, dessa forma, a fazerem o mesmo.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].
2 _______________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed. São Paulo: Petit, [1997].

3________________.A Gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 1988;

2 comentários:

  1. A JEOVA NAO PODE E NAO DEVE CRITICAR UMA PESSOA POR SER ESPIRITAOU OUTRA RELIGIAO,A JEOVA E UMA RELIGIAO QUE NAO PERMITE UMA PESSOA FAÇA UMA TRANSFUSAO DE SANGUE ISTO NO CASO SE UM SEU MENBRO FOR LEVADO PARA UM HOSPITAL PORQUE?VAMOS DEIXAR MORRER UMA PESSOA POR CAUSA DA RELIGIAO?COMO ESTE EXEMPLO A MUITO MAIS POR ISSO E MAIS GRAVE ESTE EPISODIO QUE SER ESPIRITA CADA UM SEGUE O SEU DESTINO E NAO VAMOS ESTAR AQUI A CRITICAR OS IDIAES DE CADA UM.A LIBERDADE RELIGIOSA E UM DADO ADQUIRIDO EM DEMOCRACIA NAS DITADURAS E QUE NOS IMPOEM UMA RELIGIAO A FORÇA POR ISSO E MAIS GRAVE O QUE FAZ OS JEOVAS COMO DIZ O DITADO DO POVO:"NAO CUSPAS PARA O AR,QUE ELE TE CAI EM CIMA"
    UM AMIGO
    TONY REYS JESUS
    CATOLICO E EX.ALUNO SALASIANO

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    1. Oi, Toni Reis!
      Acredito que sua intenção era postar este comentário no texto INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: A CANTORA PAULA FERNANDES SE DECLARA ESPÍRITA E GERA REVOLTA EM GRUPO DE ADEPTOS DE DOUTRINA RELIGIOSA.

      Abraço fraterno,

      Fábio

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