Fonte da imagem: http://kurtpensar-gil.blogspot.com.br/2011/09/charutos-lincoln-kennedy-e-espiritismo.html
Fábio José Lourenço Bezerra
Ainda nos dias de hoje, o ex-presidente
dos Estados Unidos, Abrahan Lincoln, é muito admirado
naquele país. Sendo filho de um carpinteiro, formou-se em advocacia e conseguiu
a presidência. Contudo, isso se deu em um momento conturbado, quando a guerra
dividia o país em dois. Apesar das circunstâncias, corajosamente, decretou o
fim da escravidão no ano de 1863.
No entanto, seus biógrafos omitiram
certos fatos da vida desse grande homem, que foram de grande importância não só
para a história do Espiritismo, como também para o destino dos Estados Unidos,
como veremos a seguir.
O autor Wallace Leal Rodrigues,
após uma intensa pesquisa em documentos, livros e jornais, escreveu o livro “Sessões
Espíritas na Casa Branca”, que inclui o texto da médium norte-americana Nettie
Colburn Maynard, amiga de Lincoln, e declarações de um conhecido do
ex-presidente, o coronel do exército Simon P.Kase. Nesse
livro, podemos tomar conhecimento das várias sessões mediúnicas realizadas com
a presença de Lincoln, algumas na Casa Branca, onde ocorreram fenômenos de
efeitos físicos e incorporação de Espíritos (Ver o texto “O Que São Médiuns?”, neste blog). Por
exemplo, houve a levitação de um pesado piano. O ex-presidente, através da
mediunidade de Nettie, recebeu diversas comunicações dos Espíritos, que o
aconselharam sobre táticas de guerra e, inclusive, a decretar o fim da
escravidão.
Abaixo, transcrevemos parte do texto do
site O Mensageiro – Revista Espírita-Cristã do Terceiro Milênio,
bastante esclarecedor:
“Abraham Lincoln (1809-1865) foi o décimo-sexto
presidente dos Estados Unidos. Foi casado com Mary Todd Lincoln, desencarnada
em 1882. O casal teve quatro filhos, dois deles morreram antes da morte de
Lincoln. Após o seu casamento em 1842, ele passou a freqüentar a Igreja
Presbiteriana.
Apesar do abalo que a Guerra Civil
norte-americana causou em Abraham, sua maior decepção foi a morte de seu filho
Willie Lincoln, em 1862. Alguns relatos dão conta que após a morte de Willie, o
estadista se trancou por uma semana em seu escritório e ficou a lamentar a
perda do ente querido.O acontecimento serviu para despertar o interesse do
Presidente por assuntos espirituais, ele falava constantemente que sentia a
presença do filho na casa e no escritório.
Até que Mary Todd conheceu a médium
Henrietta “Nettie” Colburn (1841-1892), quando esta visitou Washington no
inverno de 1862, à procura de seu irmão que estava interno no Hospital do
Exercito Federal.
Ao assistir uma sessão com Nettie, cujo
nome de casada era Henrietta Maynard, ela ficou tão impressionada que a
convidou para estar com o Presidente no dia seguinte.
Nettie atendeu ao pedido da
primeira-dama e se encontrou com Abraham. Depois ela relatou em seu livro
autobiográfico a conversa que Lincoln teve com os Espíritos:
Durante mais de uma hora fizeram falar
com ele e, pelos amigos, soube mais tarde que a conversa girava sobre coisas
que ele parecia entender muito bem, ao passo que eles pouco entendiam,
inclusive a parte relacionada com a próxima Proclamação da Emancipação. Foi-lhe
ordenado com a maior solenidade e força de expressão que não modificasse os
termos da sua proposição e não adiasse a sua transformação em lei até o começo
do ano; foi-lhe assegurado que isto seria o coroamento de sua administração e
de sua vida; e que, enquanto ele estava sendo aconselhado por fortes elementos
para adiar aquela medida, substituindo-a por outras medidas e por uma dilação,
não deveria dar atenção a tais conselhos, mas firmar-se nas suas convicções e
destemerosamente realizar o trabalho e cumprir a missão para a qual tinha sido
elevado pela Providência. Os presentes declararam que esqueceram a presença da
jovem tímida, em face da majestade de sua advertência, a força e o poder de sua
linguagem e a importância da sua mensagem, que dava a impressão de que uma
poderosa força espiritual masculina falava sob um comando divino.
Jamais esquecerei a cena em meu redor,
quando recuperei a consciência. Achava-me de pé em frente a Mr. Lincoln, o qual
se achava afundado em sua cadeira, com os braços cruzados sobre o peito,
olhando-me intensamente. Recuei, naturalmente confusa com a situação – sem me
lembrar de momento onde me achava; relanceei o olhar sobre o grupo no qual
reinava absoluto silêncio. Durante um momento procurei recordar-me das coisas.
Um cavalheiro presente disse então, em
voz baixa: - O Senhor Presidente notou algo de peculiar na maneira da mensagem?
Mr. Lincoln levantou-se, como que abalado. Pousou o olhar sobre o retrato de
corpo inteiro de Daniel Webster, acima do piano, e com muita ênfase, respondeu:
- Sim, e é muito singular, muito!
Mr. Somes disse: - Senhor Presidente,
seria impróprio que eu perguntasse se houve qualquer pressão sobre V.EX. no
sentido de adiar a aplicação da Proclamação? Ao que o Presidente respondeu: -
Nestas circunstâncias a pergunta tem toda propriedade, pois somos todos amigos.
E, sorrindo para o grupo, acrescentou: - Essa pressão abala-me os nervos e as
forças. A essa altura os cavalheiros o rodearam falando em voz baixa, sendo Mr.
Lincoln o que menos falava. Por fim ele virou-se para mim e, pondo a mão sobre
minha cabeça, pronunciou as seguintes palavras que jamais esquecerei: - Minha
filha, você possui um dom singular, e não tenho dúvidas que vem de Deus.
Agradeço-lhe por ter vindo aqui esta noite. Isto é mais importante, talvez, do
que a gente imagina. Devo deixar vocês todos agora, mas espero vê-la novamente.
Sacudiu bondosamente a mão, curvou-se ante o resto do grupo e se foi. Ficamos
ainda uma hora, a conversar com Mrs. Lincoln e seus amigos e então voltei a
Georgetown. Essa foi minha primeira entrevista com Abraham Lincoln e a sua
lembrança me ficou tão viva como na noite em que ela se deu.
Pela descrição de Nettie a mensagem
alterou os rumos de parte da história dos Estados Unidos, pois propiciou a
Proclamação da Emancipação sem as alterações que queriam alguns assessores de
Lincoln e outros políticos, e que se fosse mudada tornar-se-ia menos liberal. A
referida Proclamação estendeu aos estados do sul dos Estados Unidos a
libertação dos escravos. Arthur Conan Doyle tratando do assunto, registraria: -
Entretanto, em vão procurará o leitor qualquer referência nos livros de
história da grande luta e da vida do Presidente a esse episódio vital. Tudo
isto devido ao incorreto tratamento tanto tempo suportado pelo Espiritismo.”
Em
uma sessão na elegante casa de Belle Miller, no bairro de Georgetown, Lincoln,
com a presença do coronel Kase, que o conheceu naquele momento, juntamente com
várias testemunhas, viu um piano levitar. Belle começou a tocar o piano e a
cauda do mesmo ergueu-se e passou a acompanhar o compasso da música, através de
pancadas no chão. Então, o Juiz Wattels, dois soldados do presidente e o
coronel Kase sentaram-se em várias partes do piano. Apesar do peso, o piano
ergueu-se, chegando a quatro polegadas do chão. Então começou a movimentar-se
ao ritmo da valsa.
Dois dias depois, o
presidente foi a uma nova sessão em Georgetown, só que, dessa vez, ele mesmo
subiu no piano, seguido pelo coronel Kase e mais duas pessoas. Estes fatos
foram publicados em vários jornais da cidade, só que, em alguns deles, eram
referidos com sarcasmo e em tom de brincadeira, apesar de os mesmos terem sido
presenciados pelo próprio presidente. O Sr. Somes,
pertencente à alta sociedade, que também subiu no piano, perturbado ante os
acontecimentos, disse à Lincoln: “Quando eu contar aos meus conhecidos,
sr.presidente, o que observei esta noite, eles repetirão aquele olhar
desaprovativo que tão bem conhecemos e pontificarão com toda a sua sabedoria:
Tu estavas sugestionado e, assim sendo, não viste o que julgavas ver!”.
Interessante episódio
foi relatado pelo seu advogado e amigo, o Sr.Ward Hill Lamon, que testemunhou e
anotou o diálogo que Lincoln teve com sua esposa, na Casa Branca. Neste
diálogo, mencionou um sonho que o deixou impressionado, até mesmo obcecado.
Disse Lincoln: “Há uns dez dias recolhi-me muito tarde. Pouco tempo depois de
estar deitado caí em sonolência, pois estava fatigado e, em breve, comecei a
sonhar. Parecia haver, a minha volta, um silêncio de morte. Subitamente ouvi
soluços convulsivos, como se muitas pessoas estivessem chorando. Julguei ter
deixado a cama e que vagueava pelo andar inferior. Aí o silêncio foi quebrado
por doloridos soluços, embora as pessoas que assim se lamentavam estivessem
invisíveis. Andei de sala em sala. Não havia, à vista, qualquer pessoa viva,
mas, por onde quer que passasse, esperavam-me os mesmos lamentos de dor. Todos
os móveis me eram familiares. Onde estavam, contudo, aquelas pessoas que assim
se lamentavam como seus corações estivessem dilacerados? Sentia-me, em verdade,
confuso e alarmado. Que significaria tudo aquilo? Decidido a descobrir a causa
do mistério continuei deambulando até a Sala Oriental. Entrei. Ali, me esperava
uma surpresa macabra. Diante de mim erguia-se um catafalco, no qual repousava
um cadáver envolto em vestes fúnebres. Em volta perfilavam-se soldados, fazendo
guarda, e uma enorme multidão. Alguns contemplavam lamentosamente o corpo cuja
face estava coberta. Outros soluçavam piedosamente.
- Quem morreu na Casa
Branca? – perguntei a um dos soldados.
- O presidente! – Foi
a resposta – Ele foi assassinado.
- Da multidão veio,
então, uma explosão ruidosa de dor, que me despertou do sonho. Não dormi mais
naquela noite e, se bem que se trate de um sonho, desde então encontro-me
estranhamente indisposto.
Alguns dias depois,
baleado em um teatro, Lincoln foi velado com os soldados à sua volta, na Sala
Oriental, assim como no sonho.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
1 MAYNARD,Nettie Colburn;
RODRIGUES,Wallace Leal. Sessões Espíritas na Casa Branca.São
Paulo:Casa editora O Clarim [1981];
2 LIMA, Ronie. A
vida além da vida. Rio de Janeiro: Ed.Mauad X [2005].
ENDEREÇO ELETRÔNICO:
http://www.omensageiro.com.br/personalidades/personalidade-104.htm
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