sexta-feira, 28 de março de 2008

O EGOÍSMO – ORIGEM DOS MALES DA SOCIEDADE HUMANA



Fábio José Lourenço Bezerra

Reflitamos um instante sobre todos os problemas da sociedade humana: a fome, a miséria, a carência educacional de muitos, a corrupção, a violência, as guerras, etc.
Vemos poucas pessoas realizando todas as fantasias, satisfazendo todos os caprichos e usufruindo da posse de todos os bens que o dinheiro pode comprar, ao lado de muitas pessoas carentes, algumas das quais falta até o necessário para sua sobrevivência e pleno desenvolvimento físico e mental.
Vemos homens públicos, que deveriam zelar pelo bem-estar de toda a população de seu país, realizando verdadeiras “farras” com boa parte dos recursos destinados à educação, à manutenção e recuperação da saúde, à segurança, à criação de empregos e geração de renda. Prejudicam, dessa forma, aqueles menos favorecidos, contribuindo para o aumento da fome e da miséria, tendo como efeito colateral a propagação da violência e o aumento do tráfico de drogas. Isso sem falar nas altas taxas de mortalidade devido à precária assistência médica. Os privilegiados financeiramente, em contrapartida, precisam encher-se de vários apetrechos de segurança, isolar-se em condomínios fechados, não sair livremente pelas ruas, receando serem assaltados, seqüestrados, etc. Seus filhos, freqüentemente, são assediados pelos traficantes de drogas. E eles, frequentemente, cedem a esse assédio, porque seus pais, no afã de possuir mais e mais bens materiais, mantendo e adquirindo cada vez mais “status” perante a sociedade, não lhes deram a devida atenção, por não terem tempo disponível para isso.  
Vemos um clima de hostilidade e competitividade entre as pessoas, que freqüentemente não se compreendem, agredindo-se mutuamente. Muitas vezes causam sofrimentos, prejuízos umas às outras para obter vantagens, poder, dinheiro, ou inflar os seus egos. O importante é se dar bem na vida, aqui e agora. A inveja, o orgulho, a vaidade e o ciúme encontram aí campo fértil, juntamente com todos os sofrimentos e torturas morais que estas paixões podem provocar.
Vemos países fomentando a guerra, por sectarismo religioso ou atendendo a interesses econômicos e territoriais.
Impera, entre os homens, de um modo geral, um forte individualismo.

O EGOÍSMO é a raiz de todos esses males.

O caminho para a verdadeira felicidade, tanto individual quanto para toda a sociedade humana, encontra-se no cultivo da humildade, no desapego aos bens materiais, nos colocarmos no lugar do outro, compreendendo-o, e no trabalho pelo bem do próximo. Assim no livramos das torturas morais provocadas pela inveja, pelo ciúme, pelo orgulho ferido, pela vaidade frustrada, pelos desentendimentos, por não se ter poder, dinheiro.
Quando, ao invés de competir com o outro, competimos com nós mesmos, superando nossos limites dia-a-dia, poderemos alcançar a vitória sem, contudo, cultivarmos hostilidade em nossos corações contra nosso próximo.
Se, ao invés de competirem entre si, as nações se unissem em prol do bem comum, compartilhando suas riquezas, sejam elas em dinheiro, recursos naturais ou conhecimentos, com certeza teríamos um mundo bem melhor.
 Também podemos obter a alegria de se proporcionar o bem aos outros. Sim, podemos nos sentir felizes com a felicidade dos outros. Podem atestar este fato aqueles que realizam trabalho voluntário, os que dedicam parte de seu tempo, seus recursos intelectuais e financeiros para ajudar as pessoas.
Fazer o bem faz bem, sendo a aquisição desta forma de felicidade apenas uma questão de desenvolvimento de potencialidades adormecidas em nossa alma (Ver o texto Por Que Devemos fazer o Bem?, neste blog).
Na atualidade, psicólogos, neurologistas e epidemiologistas afirmam: está cientificamente provado que ajudar o próximo traz benefícios para a saúde daquele que ajuda. Praticar o bem é bom para o coração, o sistema nervoso, o sistema imunológico, aumenta a expectativa de vida e a vitalidade de um modo geral. Em um projeto realizado nos Estados Unidos no período de dez anos, 2700 pessoas foram estudadas, para se observar como o relacionamento social afetava sua saúde. Os pesquisadores descobriram que ao se realizar regularmente trabalho voluntário, aumentava muito a expectativa de vida, principalmente dos homens, que tinham taxas de falecimento duas vezes e meia mais baixas, do que os que não o faziam. De modo surpreendente, a taxa de mortalidade entre as mulheres reduzia pouco, possivelmente porque a maioria das mulheres já passa muito tempo cuidando de outras pessoas, mesmo não sendo em trabalho voluntário. Essa pesquisa mostra, através de outros dados, que quem têm muitos contatos sociais vivem mais do que as que se isolam, e que ler ou relaxar, ocupações aparentemente inofensivas, podem tornar-se prejudiciais se utilizadas para aumentar o isolamento.
De acordo com o que foi observado em uma pesquisa feita na Universidade de Harvard, tudo indica que até mesmo ver os outros ajudando terceiros melhora o funcionamento imunológico. Depois da exibição de um filme mostrando Madre Teresa de Calcutá cuidando de doentes e moribundos, análises químicas feitas em estudantes demonstraram um aumento de imunoglobulina A, um anticorpo que ajuda a defender o organismo contra infecções respiratórias, aumento que foi evidente até mesmo nas pessoas que disseram não gostar de Madre Teresa. De acordo com os estudiosos, despertamos gratidão e afeto durante a prática do bem, sentimentos que nos provocam uma sensação de bem estar.
No artigo “Fazer melhor fazendo o bem – a experiência de uma rede social brasileira”, coordenado pela professora Cláudia Bittencourt, aprovado para ser apresentado no Congresso de Administração 2007 Academy of Management Annual Meeting, o mais renomado pela academia mundial, ocorrido entre 3 e 8/8 de 2007, na Filadélfia, Estados Unidos, fruto de um estudo que procurou compreender a sustentabilidade partindo da iniciativa da Organização Não-Governamental Parceiros Voluntários, cujo papel na inserção social regional vêm crescendo a cada dia. Objetivando identificar os ganhos obtidos na participação dessa rede solidária, foram entrevistadas 12 pessoas da entidade, entre colaboradores internos e externos. Os entrevistados sintetizaram os ganhos com as ações voluntárias principalmente através das seguintes palavras: amor, transformação, paixão, paz, doação. “Elas expressam um profundo sentimento de auto-realização e comprometimento com valores morais, evidenciando um sentido de coletividade, que é a base para compreender o significado do voluntariado e a força motivadora que consolida e amplia a rede social analisada”, diz o trabalho.
O grupo vê com grande aceitação este comportamento generoso, promovendo no indivíduo a recompensa do fazer parte, do pertencer, do ser aceito. Reforçam-se, assim, os laços sociais e, conseqüentemente, melhora a interação entre o grupo, o que, num círculo virtuoso, cresce a confiança, ligando ainda mais o indivíduo com o grupo.
Resumindo, fazer o bem faz bem. Os estudos acima demonstram que, além de exercícios físicos e uma dieta balanceada, praticar ações beneméritas também é necessário para nosso organismo físico. Deus nos fez para sermos dinâmicos, equilibrados e bons. Só assim teremos uma vida saudável.
Cabe a cada um de nós desenvolvermos a capacidade de sentirmos prazer ao fazer o bem, para que sejamos felizes, educarmos nesse sentido os nossos filhos e darmos o exemplo a eles e ao nosso próximo, inspirando-os, dessa forma, a fazerem o mesmo. Combater o egoísmo é a verdadeira chave para a obtenção do equilíbrio e da correta distribuição dos recursos materiais do mundo. Para, paulatinamente, acabarmos com os problemas da sociedade humana. 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].
2 _______________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed. São Paulo: Petit, [1997].

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS:

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