sábado, 1 de novembro de 2008

EXISTE VIDA APÓS A MORTE ?



Fábio José Lourenço Bezerra

Qual o destino da alma após a morte? Será que ela desaparece com a destruição do cérebro, sendo apenas um produto deste? Ou ela sobrevive? Se sobrevive, será que conserva a sua individualidade, sua capacidade de raciocinar, de se emocionar, de lembrar? Nesse caso, como ela percebe o universo ao seu redor? Será que o período em que permanece ligada ao corpo, suas idéias e ações enquanto em vida, tem alguma influência no estado pós-morte? Se tem, qual? Podemos um dia voltar a nos revestir de um corpo físico?
As perguntas acima, não raro, são consideradas de pouca importância, tão ocupados que estamos com o trabalho, a formação profissional, acadêmica, o consumismo desenfreado, enfim, a vida moderna. Cada vez mais acelerada, ela nos arrasta para uma visão hedonista, imediatista, do mundo. O presente e o futuro próximo é que interessa. O lema vigente é ser feliz aqui e agora.
Contudo, esquecemos que a morte é algo que todos, sem exceção, teremos que encarar frente a frente, mais cedo ou mais tarde, seja a nossa própria morte, seja a de nossos entes queridos.
É necessário conhecer o que brevemente será nosso destino para todo o sempre, assim como alguém que, tendo que se mudar definitivamente para um país distante, precisa saber como é aquele local, seus habitantes, costumes, perspectiva de emprego, clima, etc.
A existência ou não de vida após a morte nos leva a uma importante conclusão a respeito de Deus. Ora, se nós deixamos de existir após a morte, então Ele cria vários seres para viverem uma existência cheia de sofrimento, com a saúde comprometida, às vezes por toda a vida, a outros não é dado tempo para adquirir maturidade, e outros possuem plenas condições de desfrutarem dos prazeres terrenos, para, em um breve tempo, jogá-los no nada. E as amizades, as pessoas que se amam, todas, sem exceção, deixariam de existir. De nada valeria tudo o que se aprende ao longo da vida.
Dificilmente poderíamos ver nesse Deus soberana justiça e bondade. Portanto, se admitirmos que Deus é onisciente, onipresente, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, devemos igualmente admitir que existe vida após a morte.
As religiões, de um modo geral, são espiritualistas, como, por exemplo, as religiões católica e protestante, que acreditam que a alma, após a morte, irá para o céu ou para o inferno, sendo que a igreja católica ainda acredita no purgatório. O budismo e o hinduísmo acreditam em reencarnação, etc. Podemos, dessa forma, dizer que as religiões em geral acreditam na vida após a morte. Podemos chegar a outra conclusão, se pensarmos na hipótese de nossa consciência não sobreviver após a destruição do corpo físico: o estímulo ao egoísmo, o apego aos bens materiais e o desespero diante dos grandes sofrimentos da vida.
Ora, se o homem tem a certeza de só possuir esta vida, e de que a qualquer momento ele pode perdê-la, deixando assim de existir, esta idéia o fará pensar que o universo é governado pelo caos, sendo a lei do mais forte a diretriz verdadeira da vida. O estimulará a se importar apenas com o aqui e o agora.
Será estimulado a gozar dos prazeres transitórios da vida mais e mais, sendo ganhar dinheiro e ser belo as prioridades máximas, sendo todos os excessos permitidos. Para que ser moderado, equilibrado, se a qualquer momento deixará de existir? O orgulho, a vaidade e a inveja encontrarão aí campo mais do que fértil. Imagine a tortura moral de alguém, quando pobre e sem boa aparência, diante dessas idéias?
Tendo a certeza de que não existe justiça pós-morte, e, portanto, não devendo sofrer nenhuma conseqüência pelos seus atos contra o semelhante, e achando ser o bem nada mais do que desperdício de tempo e recursos, necessários para o seu prazer e bem-estar pessoal, será que aquele, inclinado ao mal, terá estímulo de modificar-se?
Levar vantagem em tudo será natural, pois não verá na ética, no bem e na generosidade mais do que convenções humanas, invenções de pessoas fracas, sem utilidade prática para ele. Afinal, para que se importar com a sociedade, contanto que ele e aqueles de quem ele gosta se dêem bem?
Alguém pode até ser inclinado para o bem, mas sempre haverá conflito entre a razão e a emoção. Sua natureza boa dirá para fazer o bem, mas ao mesmo tempo achará que é algo ilógico, até prejudicial para si próprio.
Para os orgulhosos e os que se enchem de ira com facilidade, a vingança será a reação mais óbvia para as ofensas e para quem lhe prejudicou, afinal, não haverá razão para refrear seus instintos. Seu amor próprio deve prevalecer. Ser desmoralizado diante das pessoas e de si próprio? Nunca.
Se sofre muito, por uma doença muito dolorosa e incurável, ou se fica paraplégico, tetraplégico, ou se perdeu para a morte, para sempre, uma pessoa muito querida, como um filho jovem, a esposa amada, ou se entrou em falência, etc., a solução natural será o suicídio. Afinal, para que viver sofrendo? Se não há esperança de cura, ou não pode gozar dos prazeres desta vida, ou se jamais reencontrará aquela pessoa que trazia tanta felicidade? É preferível o nada a uma existência cheia de sofrimento.
Realmente, se pararmos para pensar, veremos que a hipótese de só termos esta vida, e nada mais, tem algo de muito angustiante. O vazio existencial é imenso. Sermos limitados a meras máquinas biológicas, frágeis, perecíveis e sensíveis. Seria uma poderosa razão para procurarmos provas, até mesmo evidências, da vida após a morte.
Claro que nos iludir não seria a melhor solução, pois, por mais que nos cercássemos de fantasias de vida após a morte, nossa consciência não nos deixaria em paz diante de evidências contrárias. Cabe-nos encontrar provas sólidas, ou nos conformarmos de que um dia teremos o nada, a não existência, como herança.
A ciência “oficial” ainda não deu a merecida importância ao problema, devido ao fato de boa parte dos cientistas professarem a crença materialista (aquela que acredita no poderoso “ Deus Acaso”, isto é, crê que todas as coisas no universo, no mundo, que não são obra do homem, foram criadas acidentalmente, fruto unicamente das combinações, ao acaso, da matéria e das forças físicas, ao longo do tempo). Porém, não submeteram a questão às devidas experimentações e pesquisas - que devem ser isentas de qualquer ponto de vista preconcebido – limitando-se apenas a negar sem antes examinar.
Contudo, desde o século 19 até nossos dias, homens de ciência competentes, respeitados pelas suas várias contribuições à ciência, pesquisam independentemente os fenômenos espíritas (materializações de espíritos, psicografia, transcomunicação, memórias de vidas passadas, etc.). Muitos deles, após numerosas e exaustivas pesquisas, utilizando métodos rigorosos para evitar todo tipo de fraude, de truque, apesar de inicialmente céticos, chegaram à conclusão de que nossa consciência sobrevive à morte do corpo, continuando com sua capacidade de raciocinar, de se emocionar, de se lembrar. Podendo, muitas vezes, comunicar-se com os vivos, divulgando estas conclusões mesmo sob o risco de jogar na lama um nome conquistado com muito esforço e dedicação. São exemplos Hippolyte-Léon Denizard Rivail, também conhecido pelo seu pseudônimo Allan Kardec, notável pedagogo, discípulo de Pestalozzi, que teve grande influência na reforma da educação na França e na Alemanha. Ele estudou rigorosamente os fenômenos e reuniu as comunicações obtidas por diversos médiuns, em várias partes do mundo, selecionando aquelas que tinham lógica e coincidiam em conteúdo (a grande maioria), codificando a Doutrina Espírita; William Crookes, físico que inventou o tubo de raios catódicos (precursor do tubo de imagem dos atuais televisores e monitores de computador), instrumento que foi fundamental para a descoberta da estrutura atômica, realizada por outros cientistas, em pesquisas posteriores. Criou o espintariscópio; Descobriu o elemento químico Tálio, além de realizar outros trabalhos importantes para o avanço da ciência; Alfred Russel Wallace, naturalista, co-elaborador da Teoria da Seleção Natural (independentemente e ao mesmo tempo que Charles Darwin, que também elaborou esta teoria); Cesare Lombroso, Psiquiatra, descobridor da causa da doença Pelagra, autor de teorias relativas à personalidade criminosa e criador do museu de antropologia criminal de Turim; Charles Richet, fisiologista, prêmio Nobel de medicina de 1916; Dr.Paul Gibier, Diretor do Instituto Bacteriológico(Instituto Pasteur) de Nova York, ex-assistente de Patologia Comparada do Museu de História Natural de Paris, membro da Academia de Ciências de Nova York, da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres e Cavaleiro da Legião de Honra. Ele mostrou-se bastante inclinado a aceitar a interpretação da sobrevivência da alma para explicar os fatos, após suas rigorosas pesquisas.
Estes são apenas alguns dentre vários grandes nomes, cujas pesquisas ocorreram entre os séculos 19 e 20.
Mais recentemente, temos como exemplos o Dr.Ian Stevenson, Psiquiatra norte-americano, que até hoje vem fazendo pesquisas sobre crianças de muito pouca idade que apresentam lembranças espontâneas de vidas passadas, tendo registrado inúmeros casos ao redor do mundo, inclusive aqueles de marcas de nascença relacionadas com as vidas passadas; O Dr.Brian Weiss, e a Dra Hellen Wanbach, Psiquiatras que vêm utilizando a terapia de regressão de memória a vidas passadas em seus pacientes, com resultados surpreendentes. Eles, assim como o Dr. Ian Stevenson, têm obtido importantíssimas evidências da existência da reencarnação; O Dr.Raymond Moody Jr., médico que coletou inúmeros casos de experiências de quase-morte, fenômeno relativamente freqüente nas UTIs do mundo inteiro(quando o paciente, em estado grave, vizinho ao da morte, após a parada cardíaca, vê o próprio corpo, levita sobre ele, e assiste muitas vezes os procedimentos dos médicos para reanimá - lo ; relembra em poucos instantes dos momentos mais importantes de sua vida, além de outros fatos que na grande maioria das vezes repetem-se nestes casos); Iniciada por gravações de vozes paranormais por Frederick Jurgenson (que deparou-se com o fenômeno por acaso, quando gravava o canto de pássaros), e depois pelo Dr. Konstantin Raudive, a Transcomunicação Instrumental evoluiu para a recepção de mensagens de pessoas falecidas através de som e imagem em equipamentos eletrônicos(televisores, computadores, etc., inclusive equipamentos desenvolvidos exclusivamente para esta finalidade) contando com inúmeros pesquisadores ao redor do mundo, incluindo brilhantes engenheiros eletrônicos. No Brasil, destacam-se a essas pesquisas o parapsicólogo baiano Clóvis Nunes e a paulista Sônia Rinaldi.
A pesquisadora Sônia Rinaldi utiliza física, fonética, biometria e tecnologia digital para pesquisar a vida após a morte. Recentemente, estudou o primeiro caso autenticado por um laboratório internacional de um contato com um espírito. É o caso de Cleusa Julio, que sofria muito com a morte da filha adolescente, Edna, morta ao ser atropelada por um carro enquanto andava de bicicleta. Muito abatida, Cleusa procurou a Associação Nacional de Transcomunicadores, cuja presidente é Sônia, e conseguiu comunicar-se com a filha. Uma das gravações obtidas foi enviada ao Laboratório Interdisciplinar de Biopsicocibernética, em Bolonha, Itália, o único na Europa dedicado exclusivamente ao exame e análise científicos de fenômenos paranormais. Juntamente com aquela gravação, outra fita foi encaminhada, com um recado deixado por Edna, antes de sua morte, numa secretária eletrônica. O laudo técnico resultante, de 52 páginas, mostrou-se impressionante, e sua conclusão foi: a voz gravada por meio da transcomunicação é a mesma guardada na secretária eletrônica.
O físico Cláudio Brasil, mestre pela Universidade de São Paulo, que se dedicou durante vários anos a analisar centenas de vozes paranormais, avaliou positivamente o Caso Edna. “Temos que abrir a mente e aceitar que a ciência não tem explicação para tudo”, diz ele, em uma reportagem sobre este caso, para a revista Istoé. “É um trabalho puramente matemático, à prova de fraudes”, é o que diz Sônia Rinaldi, nessa mesma reportagem, que pode ser lida no seguinte endereço eletrônico: http://www.terra.com.br/istoe/1918/comportamento/1918_falando_alem.htm.
Ela escreveu sete livros, entre eles Gravando vozes do além, com técnicas detalhadas para contatos com os falecidos. Possui cerca de 50 mil gravações em áudio com mortos, obtidas durante 18 anos de pesquisas. No princípio, através de um gravador. Atualmente, as gravações são obtidas por telefone ou microfone conectados ao computador e, quando é gravação e filmagem simultâneas, com o auxílio de uma câmera digital. Mais informações sobre as pesquisas de Sônia Rinaldi podem ser obtidas no site: http://www.ipati.org (do Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental).
A glândula pineal – localizada no cérebro e que é reguladora do ciclo do sono – seria o órgão sensorial da mediunidade. A pineal captaria informações do mundo espiritual por ondas eletromagnéticas, como “um telefone celular”, e as transformaria em estímulos neuroquímicos. Essa é a tese defendida pelo médico Sérgio Felipe de Oliveira, neurocientista com mestrado em ciências pela USP (Universidade de São Paulo). Ele idealizou o Projeto Uniespírito (Universidade Internacional de Ciências do Espírito) e estuda os estados de transe e a mediunidade.
O médium Chico Xavier, durante os seus 92 anos de vida, psicografou milhares de mensagens de pessoas falecidas, dando origem a mais de 400 livros psicografados por diversos autores espirituais. O perito em análises datiloscópicas e grafotécnicas, Carlos Augusto Perandréa analisou a carta ditada pela falecida Ilda Mascaro Saullo, morta de câncer em 1977 na Itália. O bilhete, em italiano, língua desconhecida do médium, possuía escrita praticamente idêntica à da falecida, sendo um híbrido entre a maneira de escrever da italiana e do médium. De acordo com o estudo de Paulo Rossi Severino, que analisou 45 cartas psicografadas por Chico Xavier, em 35 % a assinatura é idêntica a do morto, e em 42 % delas, havia alguma particularidade que o médium não tinha como conhecer, segundo os parentes do falecido. Acontece que, segundo a Doutrina Espírita, quando mais distante do falecimento, mais os Espíritos vão perdendo as características de sua escrita, durante a psicografia.
No livro “Evolução em Dois Mundos”, ditado pelo Espírito André Luíz, e psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira, constam várias idéias científicas, muitas posteriormente confirmadas por cientistas estrangeiros. Consta, por exemplo, a idéia de que “a matéria é luz coagulada”. Acontece que, vinte anos depois, dois cientistas norte-americanos, Jack Safartti e David Bohm, garantiriam que “a matéria é luz capturada gravitacionalmente”. Este mesmo livro foi obtido de forma bastante curiosa: Chico Xavier recebia as páginas pares e Waldo Vieira recebia as ímpares, não se percebendo, nem de longe, diferença de estilo entre as páginas pares e ímpares.
Ainda poderíamos citar muitos outros dados, apresentados pelos mais diversos pesquisadores ao redor do mundo, tendentes a demonstrar a existência de vida após a morte. Mas os que citamos acima podem nos mostrar que a sobrevivência já foi, há muito tempo, demonstrada, sendo a aceitação deste fato apenas uma questão de maturidade, de ausência de preconceitos. Se a ciência “oficial” mudasse de mentalidade, se debruçasse sobre estes fatos, e os estudasse seriamente, ao invés de simplesmente negar, sem verificar, a vida após a morte seria fartamente provada e divulgada, consolando e dando esperança a milhões de pessoas ao redor do mundo.
Como disse o Cristo: “Quem tiver olhos e ver, veja”.
Bibliografia Consultada 1 GOLDSTEIN, Karl. Transcomunicação instrumental, 1992. 2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 1857. 3 DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. 4 STEVENSON, Ian. Vinte casos sugestivos de reencarnação. 5 WEISS, Brian L. Muitas vidas, muitos mestres, 1988. 6 WAMBACH, Helen. Recordando vidas passadas, 1978. 7 MOODY Jr., Raymond A. Vida depois da vida, 1979. 8 ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia: uma visão panorâmica, 2002. 9 WALLACE, Alfred Russel. Aspectos científicos do Espiritismo. 10 LIMA, Ronie. A Vida Além da Vida, 2005.
11 SOUTO MAIOR, Marcel. As Vidas de Chico Xavier, 2003.
12 GIBIER, Paul. As Materializações de Fantasmas, 2001.
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