quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

SEMINÁRIO - A GÊNESE: O RESGATE HISTÓRICO - E O LANÇAMENTO DO LIVRO "EL LEGADO DE ALLAN KARDEC" EM PORTUGUÊS

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A União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE-SP), em parceria com o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo – Eduardo Carvalho Monteiro, Liga de Pesquisadores do Espiritismo (LIHPE) e Site Autores Clássicos Espíritas, promoverá um Seminário com a pesquisadora Simoni Privato Goidanich sobre o seu livro “El legado de Allan Kardec”, lançado recentemente na Argentina, que trata das alterações ocorridas nas edições francesas do livro A Gênese, de Allan Kardec e nessa oportunidade será lançado o livro na versão em português. Haverá um painel para a discussão do tema.

O evento será realizado no dia 4 (domingo) de março de 2018, das 8h30 às 13 horas, no Teatro Gamaro, R. Dr. Almeida Lima, 1176 - Mooca em São Paulo-SP. As vagas são limitadas e há necessidade de inscrição prévia pelo site: www.usesp.org.br Informações: use@usesp.org.br

Fonte: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Simoni/Semin%C3%A1rio%20de%20150%20anos%20de%20A%20G%C3%AAnese.htm

DOCUMENTÁRIO SOBRE EVIDÊNCIAS DA VIDA APÓS A MORTE OBTIDAS EM DIVERSAS PESQUISAS CIENTÍFICAS

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Fonte da imagem: https://radionovaerabrasilia.wordpress.com/2016/02/08/a-biblia-e-a-vida-apos-a-morte-como-negar-as-evidencias/

Documentário inglês, intitulado This Life, Next Life (Esta e Outra Vida), de Keith Parsons, sobre evidências da sobrevivência após a morte obtidas em diversas pesquisas, desde o século 19 até os dias atuais. Postado e legendado pelo canal Spirit Conections, do Youtube. 



ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

https://www.youtube.com/watch?v=oS2BZrYL7bk

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

KARDEC, 213 ANOS DEPOIS... - POR DORA INCONTRI


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Publicado por Dora Incontri no site da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita (ABPE) em 03 de Outubro de 2017.

Kardec permanece o grande desconhecido, como dizia Herculano Pires, pois sua proposta foi tão original, que pouca gente o entendeu até hoje. Nem adversários, nem adeptos, compreendem o que ele fez e propôs e tão pouco percebem a grandeza moral que mostrou em toda a sua vida.
Uma pessoa séria, devotada à educação das crianças e, depois, à educação da humanidade, um pensador crítico, aberto, perquiridor.
O que nos interessa aqui comentar é que Kardec não considerava suas obras uma revelação fechada, para ser entendida e acatada como algo sagrado e imutável. Na medida em que propunha ser o Espiritismo uma forma de ciência, baseada na observação, então, estaria sempre aberto a novas descobertas e a outros contextos históricos e culturais.
O problema é que alguns que se apegam a essa visão do Espiritismo como um corpo flexível de ideias, muitas vezes querem enxertar nele coisas sem pé nem cabeça, opiniões pessoais e atrativos comerciais.
Outros se fecham numa interpretação sacralizada das obras de Kardec, chamando-as de pentateuco, como se fosse uma reedição do Velho Testamento, com todas as características de um texto inquestionável.
Nem uma coisa, nem outra.
O Espiritismo deve avançar, mas avançar significa adotar o método, o cuidado, a dimensão cultural e pedagógica que Kardec usou para lançar seus fundamentos.
Kardec justamente foi a personalidade escolhida para a sua missão, pelo seu rigor, pela sua racionalidade, pela sua modéstia pessoal, nem um pouco interessado em conquistar seguidores cegos e bajuladores.
Para entendermos, porém, o seu percurso, como chegou à formulação dos princípios básicos do Espiritismo, temos que ler e estudar Kardec de cabo a rabo, todos os livros, incluindo a Revista Espírita. Não adianta querer conhecer Kardec em cursos apostilados, onde não temos leitura direta e aprofundada de suas obras.
Deixe-me explicar melhor. Quando estudamos resumos ou apostilas, livros supostamente didáticos de espiritismo, dá-se o seguinte problema: passamos a adotar princípios espíritas como dogmas, como coisas prontas e acabadas. Quando lemos Kardec no original (incluindo a Revista Espírita), vamos acompanhando o seu método, como ele chegou a tal ou qual conclusão. Observamos seus argumentos, como ele trabalhava com hipóteses, para depois confirmá-las e como ele deixa algumas coisas em aberto mesmo.
Essas apostilas/livros de estudo, que correm as casas espíritas do Brasil não são Kardec por ele mesmo, mas Kardec por um determinado viés. E o que é pior, nas referências bibliográficas e nas citações, ainda aparecem trechos de médiuns brasileiros, que não passaram pelo crivo da crítica racional, como queria Kardec que todos os textos mediúnicos passassem.
Então, para recuperarmos o espírito de Kardec e não a letra engessada, leiamos Kardec diretamente.
Além disso, entendamos que mesmo com a solidez de uma pesquisa bem feita, há coisas em Kardec que são do contexto histórico de sua época, que precisam ser lidas assim.
O que considero a melhor e maior contribuição de Kardec para a história da espiritualidade no planeta Terra é que pela primeira vez, a revelação é submetida a critérios de pesquisa e avaliação racional, (aliás, ela própria entendida de maneira muito mais ampla do que só a revelação religiosa, como Kardec bem explica em seu indispensável capítulo da Gênesis, Caracteres da Revelação Espírita).
Entendendo-se o Espiritismo como Kardec o entendia, trata-se de um pensamento aberto, em permanente construção, universalista (porque considera que a verdade está em toda parte). Mas em toda parte, ela deve ser fruto da pesquisa, da razão e da experiência subjetiva de cada um.
É também uma proposta humanista, de confiança na capacidade do ser humano, de se governar a si mesmo, dispensando gurus, mestres… a mediunidade democratizada, a ética clara e evidente, a reencarnação como chave de entendimento dos seres humanos, de maneira essencialmente igualitária e não o contrário.
Um pensamento com contribuições importantíssimas, um mestre que não se fez de mestre, um filósofo que não se aferrou a sistemas e um pesquisador que aliou sempre sua busca a uma dimensão moral e crítica. Pena que tão pouca gente entendeu!

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:




A PALAVRA DOS ESPÍRITOS E O ARGUMENTO DE AUTORIDADE – POR DORA INCONTRI


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Publicado por Dora Incontri no site da Associação de Brasileira de Pedagogia Espírita (ABPE) em 06 de Janeiro de 2018.

O que caracterizava o pensamento medieval – o que significa dizer, um pensamento em que a razão deveria ser submetida à fé – era o argumento de autoridade. Autoridade da Bíblia, autoridade de Aristóteles, por exemplo. Muita gente não sabe que vários absurdos científicos que eram aceitos na Idade Média não eram apenas por conta da Bíblia, mas por conta de Aristóteles.  Embora o filósofo grego recomendasse a observação empírica da natureza, ele era citado como fonte de autoridade filosófica e científica. Tomás de Aquino, que formulou a maior síntese entre a visão de mundo cristã (leia-se católica) e Aristóteles, o citava a torto e a direito, como autoridade. Então, por exemplo, toda a polêmica em torno do geocentrismo ou heliocentrismo, tinha como fonte argumentativa, a posição geocêntrica de Aristóteles…
O que significa um argumento de autoridade? Significa que não é preciso demonstrar, observar, verificar, comprovar, argumentar em relação a uma ideia, uma teoria… Basta simplesmente dizer: porque está na Bíblia, porque Aristóteles disse, porque Kardec disse, porque Chico Xavier disse, porque os Espíritos disseram…
Ora, essa postura diante do conhecimento é medieval e pode ser entendida como uma das características do pensamento fundamentalista. A razão se encolhe, tem que aderir cegamente, sem necessidade da observação dos fatos. A concatenação argumentativa se torna raquítica – e sobra a fé cega, a dogmatização de ideias empobrecidas, que se tornam apenas narrativas inconsistentes.
Ora, o Espiritismo é, ou deveria ser, o contrário de tudo isso. Toda a proposta de Kardec é baseada na observação, na argumentação racional e na abertura para novas reformulações – pois ele disse que onde a ciência demonstrasse que as teorias propostas por ele estivessem erradas, o Espiritismo deveria se reformular diante das novas descobertas e teorias (é bom reafirmar, científicas e baseadas na observação e não qualquer novidade estapafúrdia)! Ou seja, Kardec já deixou o antídoto contra o dogmatismo e contra o argumento de autoridade em seus próprios escritos. Mas os espíritas não leram, ou não entenderam. Ou citam Kardec como Tomás de Aquino citava Aristóteles ou querem abrir o Espiritismo para novas reformulações, sem o menor critério científico e racional – então surgem as práticas e ideias místicas, sem nenhum estudo ou referência. Poderia citar aqui centenas delas – mas cada uma mereceria um artigo especial.
O mais grave: Kardec dessacralizou a revelação dos Espíritos, chamando-os de meros colaboradores e não de reveladores predestinados, (ver o capítulo Caracteres da Revelação Espírita no livro A Gênese). Então, mesmo diante daquilo que vem do Além, que sempre na humanidade foi considerado intocável, sagrado – como a Bíblia, o Alcorão, só para citar duas fontes – para Kardec, a nossa atitude tem que permanecer crítica, racional, questionadora. Quando Kardec explica que os Espíritos são homens e mulheres desencarnados, que podem guardar os mesmos preconceitos, os mesmos equívocos, as mesmas idiossincracias que quando na terra, então, eles não podem mesmo ser considerados como reveladores predestinados.
Quer dizer os Espíritos não podem nos ensinar nada? Podem. Segundo Kardec, eles podem nos ensinar duas coisas: dar informações sobre o mundo espiritual (mas isso deve ser referendado por outros Espíritos, com as mesmas informações) e orientações morais, desde que revelem as características de espíritos elevados – que são absolutamente desconhecidas e desconsideradas no movimento espírita brasileiro. Só para citar algumas dessas características:  Espírito elevado tem linguagem simples, objetiva, nobre, sem rebuscamentos excessivos e sem vulgaridades (isso já elimina uma montanha de livros mediúnicos que correm em nossas bibliotecas espíritas); Espírito elevado não traz teorias fantasiosas, elucubrações não confiáveis, não demonstráveis, irracionais; Espírito elevado não faz ciência – essa é uma responsabilidade nossa, ciência tem método, não pode ser fruto de uma revelação; Espírito elevado não se mete em política e não dá palpite na vida alheia…
Diante de tudo isso, quando vamos defender uma ideia no movimento espírita, não podemos simplesmente usar argumentos de autoridade, seja dos Espíritos, seja de Kardec, seja de qualquer médium, por mais confiável que nos pareça.
O Espiritismo tem que andar alinhado em diálogo com o conhecimento contemporâneo. Os espíritas devem usar argumentos racionais, recorrer a evidências científicas, precisam manter uma linguagem objetiva, clara, sólida, atualizada e não ficarmos nessa melosidade chiquista, que não é nem um pouco kardecista… se me permitem a crítica.
Ser kardescista aliás é não citar Kardec como argumento de autoridade, mas adotar seu método racional e de observação, em diálogo com o mundo atual, prosseguir com o Espiritismo, como uma ideia de emancipação e de vanguarda e não como um “pentateuco” bíblico e dogmático.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

DENÚNCIA: ARQUIVOS E CORRESPONDÊNCIAS DE ALLAN KARDEC FORAM INCINERADOS, PREJUDICANDO O RESGATE HISTÓRICO DO ESPIRITISMO - POR PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

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Um lamentável episódio ocorreu após o falecimento da esposa de Allan Kardec, a senhora Amélie Boudet, em 1883. Um atentado irreparável à história, não só do Espiritismo, mas da humanidade. Na execução do espólio, que incluía móveis, imóveis, livros, e tudo que pertencia não só ao casal Rivail, mas também à antiga Sociedade parisiense de estudos espíritas, – onde durante mais de uma década, os espíritos superiores se comunicaram, dialogando com os pesquisadores na elaboração da Doutrina Espírita –, pois, então, durante essa execução testamentária, numa atitude equivocada e impensada, todo o legado documental dessa pesquisa cuidadosamente arquivada por Kardec para servir às gerações futuras foi queimada numa pilha de papéis! Perdemos, nessa ignóbil pira, o acesso aos questionamentos, comunicações espirituais, trocas de cartas; fontes primárias inestimáveis para reconstruir os passos dos iniciadores da doutrina, seus debates, dúvidas e exemplos.

Vamos aos fatos dessa denúncia.

Nada disso teria chegado ao nosso conhecimento, se não fosse a nobre e corajosa iniciativa da médium e grande amiga do casal Rivail, senhora Berthe Fropo. Quando o professor Rivail morreu em 31 de março de 1869 por um ataque cardíaco fulminante, enquanto preparava a mudança de sede da Sociedade, Berthe tornou-se a amiga predileta e conselheira de sua esposa. Foi presença incansável no dia a dia de Amélie, participando tanto das questões diárias da vida como também da defesa do legado do Espiritismo. Por meio de comunicações, Allan Kardec, em espírito, as orientava, dando conselhos e alertas.

Berthe nasceu Berthe Victoire Alexandrine Thierry de Maugras, no dia 3 de outubro de 1821, curiosamente a mesma data de aniversário de Allan Kardec, em Sarreguemines, cidade francesa da região de Alsácia-Lorena. Perto da fronteira com a Alemanha. Viúva desde 1885 do conceituado médico Joseph Fropo.

No decorrer dos anos, após a morte de Kardec, Berthe ficou indignada com o tratamento que Amélie vinha recebendo daqueles que foram nomeados para dar continuidade à divulgação das obras de Kardec. A esposa de Kardec chegou a ficar doente quando seus apelos e conselhos para uma divulgação adequada do Espiritismo não fora ouvidos. Leymarie e mais alguns, de posse de procurações dos demais sócios da sociedade, adulteraram os propósitos originais da Revista Espírita eBeacoup Berthe Fropo das atividades da Sociedade, publicando artigos sobre esoterismo, doutrinas diversas como a teosofia de Helena Blavatsky, entre outros desvios e mistificações. Diante de tão graves deturpações, Berthe percebeu que não poderia ficar calada, pois isso impediria que as gerações futuras conhecessem a verdade. Desse modo, tomou a iniciativa de registrar em livro tudo o que estava ocorrendo. Nessa época, ela era vice-presidente da União Espírita Francesa, grupo criado por Amélie, Berthe, Gabriel Delanne, Léon Denis, e outras lideranças fieis a Kardec (que por meio de mensagens havia orientado a criação desse grupo),  com o objetivo de recolocar nos moldes originais a divulgação do Espiritismo. O título escolhido para o livro foi Beacoup de Lumiére, que poderíamos traduzir por “Muita luz” ou “Quanta luz”. Impresso pela “Imprimerie Polyglotte” em 1884, é um importante documento histórico que pode ser encontrado digitalizado na Biblioteca nacional da França (clique aqui para acessar o livro original).

Segundo nos informa Berthe, era desejo conhecido de Amélie que o senhor Hubert Joly, amigo de Kardec. sócio da Sociedade e gerente da Revista Espírita, fosse o encarregado do inventário. Porém, algo muito estranho aconteceu. Apesar de a Sociedade ser uma entidade coletiva, nenhum sócio ou mesmo o senhor Joly estavam presente nesse ato. Foram considerados como herdeiros o senhor Leymarie e sua família! E, para tanto, foram ajudados pelo senhor Vautier, tesoureiro da Sociedade e administrador. Porém, denuncia Berthe, não foi realizado inventário, nem a venda pública dos bens, a não ser alguns móveis e utensílios vendidos aos antiquários de Paris. Ou seja, as históricas mesas, cadeiras, quadros, e demais objetos que presenciaram o surgimento do Espiritismo se espalharam pelos lares dos compradores de antiguidades.

Mas o pior estava por vir. O senhor Vautier, numa conduta que seria aceitável caso se tratasse de um inventário comum, quando papéis velhos se acumulam e viram entulho, não se deu conta da gravidade de seu ato, e afirma Berthe, “me fez tremer de indignação assistir a um verdadeiro auto de fé”, quando “queimou no jardim lotes de papéis e de cartas” dos arquivos da Sociedade e de Allan Kardec. E comenta:

“Que comunicações interessantes, que notas deixadas pelo mestre foram destruídas!”

Reproduzimos essas graves denúncias em nossa obra Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec, e lá destacamos o quanto Kardec considerava precioso para o futuro o legado dos arquivos que tão cuidadosamente construiu ano após ano, em sua elaboração da Doutrina Espírita:

“Essa espontânea concentração de forças dispersas deu lugar a uma amplíssima correspondência, monumento único no mundo, quadro vivo da verdadeira história do espiritismo moderno, onde se refletem ao mesmo tempo os trabalhos parciais, os sentimentos múltiplos que a doutrina fez nascer, os resultados morais, as dedicações, os desfalecimentos; arquivos preciosos para a posteridade, que poderá julgar os homens e as coisas através de documentos autênticos. Em presença desses testemunhos inexpugnáveis, a que se reduzirão, com o tempo, todas as falsas alegações da inveja e do ciúme?” (A Gênese, página 39).

Todos esses preciosos documentos, que contavam uma história não registrada nos livros e revistas já publicados por Kardec, ficaram perdidos. Perdemos a possibilidade de conhecer essas dedicações e desfalecimentos, os artigos de ensaio, as mensagens acessórias, e tudo o mais que permitiria estudar e elaborar entendimentos novos sobre a história do Espiritismo. Alguns poucos papéis haviam sido escolhidos por Leymarie em 1870, dando origem à publicação do livro Obras Póstumas. Algumas poucas cartas se preservaram pelo resgate do escritor paulista de Taubaté, Silvino Canuto Abreu. Todo o arquivo restante, enfim, restou destruído em 1883.

No entanto, não se há de esmorecer. Existem muitos documentos disponíveis para enriquecer na pesquisa da história e filosofia da ciência espírita. Jornais e revistas publicados pelo movimento espírita da época, notícias dos jornais franceses, documentos em cartórios, obras mantidas nas bibliotecas, são fontes que podem enriquecer e recuperar fatos para completar a compreensão dessa Doutrina tão importante não só para os espíritas, mas, afirmará o futuro, para toda a humanidade.

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

http://revolucaoespirita.com.br/denuncia-incinerados/

UM CONCEITO FUNDAMENTAL DE ALLAN KARDEC EM A GÊNESE FOI ADULTERADO ! - POR PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

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Fonte da imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/A_G%C3%AAnese


Um conceito fundamental de Allan Kardec foi adulterado!

A adulteração de A Gênese em sua quinta edição alterou extirpou conceitos doutrinários. Eles ficaram desconhecidos por 150 anos! Está na hora de recuperá-los. Conheça um deles agora.

Os dogmas religiosos das mais diferentes religiões ancestrais afirmam que Deus nos deu o livre-arbítrio com a condição de que devemos obedecê-lo fielmente. Quem escolher errado, será castigado, sofrerá a queda, enfrentando as dores, ignorância, medo, todo tipo de abandono e sofrimento no mundo. Depois arrependido, Deus dá como recompensa a beatitude eterna!

Allan Kardec, em A Gênese, desmontou esse raciocínio, demonstrando que o livre-arbítrio não foi uma dádiva divina, mas uma conquista progressiva do espírito, por seu esforço, em suas reencarnações. Mas onde está esse ensinamento? Procure no livro inteiro e você não vai encontrar! Foi retirado da edição adulterada em 1872, que não foi feita por Kardec. Quem retirou o trecho certamente acreditava na queda, no castigo divino, num deus vingativo!

Vejamos uma comparação com A Gênese original de Kardec.

Capítulo 3, item 9. Em A Gênese adulterada, termina o parágrafo com a seguinte frase:

“O instinto se enfraquecer, ao contrário, à medida que a inteligência se desenvolve, porque assim domina a matéria”.

Mas não foi o que Kardec escreveu na edição original, onde completa:

“O instinto se debilita, ao contrário, à medida que a inteligência se desenvolve, porque assim domina a matéria; com a inteligência racional, nasce o livre arbítrio o qual o homem usa a seu capricho; então, exclusivamente cabe a ele a responsabilidade dos seus atos”.

Veja que ensinamento extraordinário!

Há uma transição natural da condição animal para o espírito humano. Nada é brusco na natureza!

Se por um lado a inteligência enfraquece os instintos, por outro vai conquistando a liberdade de escolher, o livre arbítrio! Ou seja, somente na medida desse progresso, vai sendo responsável pelos seus atos!

É o fim do conceito do pecado, do carma, da queda, do pecado original, do castigo divino e de todos esses dogmas da antiguidade!

O ato errado não gera castigo por uma lei implacável. A responsabilidade é progressiva, na medida da conquista do livre arbítrio. Por isso, quando o espírito sabe o que está fazendo, é inteiramente responsável pelas suas escolhas. O sofrimento é inerente à Imperfeição. E Deus, infinitamente bom, sabe que o destino de todos nós é o caminho do bem.

Esse é um novo ensinamento para os espíritas!

Precisamos restaurar A Gênese original de Allan Kardec, para que essa passagem fundamental, e as outras centenas delas adulteradas, possam ser lidas, estudadas, divulgadas, nos grupos espíritas brasileiros.

Então, quem tem alguma dúvida sobre o valor da restauração da edição original de A Gênese de Allan Kardec, sugerimos: Na dúvida, ficamos com Kardec!

(Por Paulo Henrique de Figueiredo, autor de Mesmer – A ciência negada do magnetismo animal e Revolução Espírita- A teoria esquecida de Allan Kardec)

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

http://revolucaoespirita.com.br/um-conceito-adulterado/

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

MADAME KARDEC, A HISTÓRIA QUE O TEMPO QUASE APAGOU - ENTREVISTA COM ADRIANO CALSONE


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Amélie Boudet

Publicado no Correio Fraterno - Edição 472  novembro/dezembro 2016
Por Eliana Haddad e Izabel Vitusso

O pesquisador Adriano Calsone mergulhou na história de Kardec e Amélie Boudet na França do século 19. Pesquisou a história do espiritismo pós-Kardec e lançou em 2015 o livro Em nome de Kardec. Ampliando suas pesquisas, resgata agora a grande personalidade que foi Amélie Boudet, em Madame Kardec (Vivaluz).
Calsone relata a grandeza do trabalho de Amélie e como ela foi à luta para preservar a originalidade das obras fundamentais do espiritismo.

Por que você resolveu pesquisar a vida de Amélie Boudet?
Trabalho com pintura mediúnica há mais de uma década. Sempre ouvi falar que ela foi artista e tinha alguns livros sobre belas artes, poesias, contos. Daí, pensei: "Não é possível que os espíritas não tenham mais dados biográficos sobre essa mulher!" O que temos de registros brasileiros sobre ela, desde o início do século 20, são dados pífios, replicados. Encontrei muita dificuldade de localizar novas informações. Repensei: "O caminho é a França e a Revista Espírita, a partir de 1869".

Como você conseguiu resgatar esses dados?
Por obras espíritas e não espíritas, pela internet, por meio da Biblioteca Nacional da França, e tenho também um amigo francês espírita que muito me ajudou nas pesquisas. Ao contrário do que imaginávamos, existiam muitas menções sobre as contribuições de Amélie no meio espírita francês da época. Depois da morte de Kardec, ela continuou a Revista Espírita com Pierre-Gaëtan Leymarie. Ele, mais intensamente, mas ela também permaneceu ativa, trabalhando com discrição nos bastidores, até desencarnar em janeiro de 1883. Como foi morar na Villa Ségur, ficava reservada e longe do escritório da Revista, mas elegeu Leymarie como mandatário para representá-la na livraria espírita e na Revista. E aí vem a grande questão: Ele não era só espírita... Acreditava, incentivava e financiava outras crenças místicas como o roustainguismo, a teosofia, a pneumatologia universal, que se tratava de mais uma doutrina secreta.

 O livro conta todas essas passagens?
Sim. Ele (Leymarie) estava passando por dificuldades financeiras por causa da Comuna de Paris. Tinha filhos pequenos e pais doentes, e foi pedir ajuda à Amélie, que socorreu toda a família, inclusive cedendo-lhes morada gratuita em uma de suas casas de aluguel. Amélie, aliás, não era filha única, como dizem. Quando seu pai morreu, herdou uma extensa lista de patrimônios junto ao irmão. Uma matéria que saiu num jornal jurídico, na década de 1830, explica um calote que Rivail tomou em função de um empréstimo que fez para Julien François Boudet, irmão de Amélie.

O que você descobriu de mais interessante?
O que me chocou bastante foi a questão do assédio moral que Amélie sofreu depois da morte do marido. Há depoimentos da época publicados no formato de denúncias veladas, feitas por espíritas que conviviam no círculo parisiense do escritório da Revista Espírita. Havia grande resistência do grupo dos espíritas sincretistas, em torno de Leymarie, em aceitar suas opiniões por ela ser mulher, empreendedora, artista e também uma espírita já de idade.

Mas ninguém a defendia?
Em 1884, um ano depois da morte dela, uma amiga do casal chamada Berthe Fropo deixou um documento publicado, um verdadeiro desabafo, uma brochura, Beacoup de Lumiére (Muita Luz) .Impressionou-me, também, o fato de Amélie ter deixado muitas realizações espíritas. Fundou a respeitável Sociedade Anônima e, anos mais tarde, inaugurou outra Sociedade para a continuação das obras espíritas de Allan Kardec. Pode-se afirmar, sem receios, que ela foi pioneira na organização e valorização do que hoje conhecemos por Comunicação Social Espírita. Era muito inteligente, lúcida e ativa.

O que fez Amélie tão logo Kardec desencarnou?
Já no primeiro semestre de 1869, colocou em prática a Constituição Transitória do Espiritismo, sugerida por Kardec como medida expressa, principalmente para derrubar qualquer ideia de um "chefe do espiritismo". Ela tinha uma visão inovadora das Sociedades que fundou, administrava mais de 30 imóveis próprios, herdados do pai, não só em Paris. Percebeu também que os livros espíritas do marido podiam ser muito mais acessíveis, baratos. Há passagens na Revista Espírita que demostram que ela viveu muitas situações de privação, repensando os rumos do trabalho deixado por Kardec, preservando com grande cuidado a literatura espírita nascente.

Em sua análise, por que o espiritismo não conseguiu ter a continuidade como Kardec queria, através da Amélie?
Em 1868, Kardec já vinha pressentindo vários cismas entre os fundadores da Sociedade. Ele queria prezar os ensinamentos espíritas pela exemplificação da moral, mas muitos acreditavam que o caminho deveria ser o fenomenológico, defendendo que a Sociedade deveria ser aberta não apenas para os societários, mas para que outras pessoas pudessem frequentá-la à constatação das experiências de efeitos físicos. Kardec não concordava com isso e chegou a pedir o seu afastamento da presidência, inclusive, por sondar os rumos sincréticos que a linha editorial da Revista Espírita poderia tomar. E foi o que, infelizmente, acabou acontecendo, após sua morte. A viúva fez de tudo para evitar essa incorporação obscura, orquestrada pelos próprios "amigos espíritas" do casal, de um espiritismo esotérico na França. Uma das provas desse desdém está numa declaração de 1884: "Eu parei de ir às reuniões do Comitê de leitura da Revista Espírita porque os senhores Leymarie e Vautier não tinham respeito por mim. Sempre que eu queria colocar as minhas opiniões, eles me faziam dura oposição, por isso eu tive que me retirar."

Por que Amélie permitiu na época que isso acontecesse?
Distante, ela confiou muito em Leymarie e, quando Berthe Fropo percebeu que a Doutrina estava em perigo, a Sociedade já perdia seus rumos espíritas. Madame Fropo veio do círculo dos Kardec, conheceu o codificador e sabia muito bem da existência de ações corruptíveis que ocorriam nos bastidores do espiritismo francês. Ela documenta que Amélie não queria destruir a própria Sociedade que ela ajudou a fundar com o marido. Décadas depois, a espírita Sociedade Anônima virou a sincrética Sociedade Científica do Espiritismo. Amélie muito se entristeceu com isso, ficou recuada, doente e acabrunhada, mas a amiga Berthe sempre a incentivava a não desistir da coerência doutrinária. Inclusive, aconteceram muitas reuniões na Villa Ségur, conforme narrado na brochura Beacoup de lumiére, nas quais o suposto espírito Kardec se comunicava para dar-lhe orientações. Ela era muito discreta e tomou atitudes importantes contra o sincretismo na Doutrina, incentivando, por exemplo, a fundação da União Espírita Francesa (1882) e participando das refutações ao lado da família Delanne.

Como era a relação de Amélie com a família Delane?
Foi ela quem chamou às pressas Gabriel Delanne e sua esposa, quando as mensagens do suposto espírito Allan Kardec começaram a chegar, alertando-os que, se nada de emergencial fosse feito, a Doutrina seria engolida por um misticismo praticado pelos "espíritas da primeira hora". Foi assim que juntamente com Madame Fropo e a família Delanne fundou a União Espírita Francesa. Delanne inaugurou o periódico Le spiritisme (O espiritismo), como meio de divulgação dos ideais espíritas de Kardec, bem como para as refutações da Revista Espírita que, no início da década de 1880, já estava totalmente fora do seu propósito espírita inicial, veiculando artigos da Teosofia de Blavatsky, d'Os quatro evangelhos de Roustaing, da Sociedade da Pneumatologia Universal, etc.

Qual o destino do material conservado por Amélie?
Em 1871, ela promoveu uma organização em sua casa, selecionando textos, extratos, manuscritos, cartas de Kardec, etc. Reuniu-se com o pessoal da Sociedade Anônima e pediu a Leymarie que os guardasse. Ele resguardou os originais kardecianos, publicando-os na Revista Espírita, como notas e artigos, até 1874. Por fim, em 1890, ele publicou parte do volumoso material na coletânea Obras Póstumas. Bom lembrar que na semana que Amélie morreu (janeiro de 1883), os senhores Leymarie e Valtier, esse último diretor da Revista, promoveram uma "seleção" daquilo que consideravam interessante deixar para a história do espiritismo. Romperam os lacres da casa da falecida viúva e separaram o joio do trigo, apagando Amélie da historiografia espírita. Segundo Berthe Fropo "não houve nem inventário, nem escritura pública, salvo as coisas fora de serviço que eles venderam aos sucateiros. (...)Mas o que me fez tremer de indignação foi assistir a um verdadeiro auto-de-fé. O senhor Vautier caminhava no jardim entre pilhas de papéis e cartas. Quantas comunicações interessantes, quantas anotações deixadas pelo mestre. Tudo foi destruído".

Você descobriu algo mais pontual sobre a influência que teve Amélie na vinda do espiritismo?
Ela financiou a primeira edição d'O livro dos espíritos (1857) e o primeiro fascículo da Revista Espírita (1858) com sua renda de professora e das casas alugadas. Mas o seu maior legado talvez seja a vigilância e o cuidado que teve na preservação das obras espíritas, além de muito zelar pela memória de Allan Kardec. Foi dela também a iniciativa de se criar o monumento druida no cemitério Père-Lachaise, onde os despojos mortais de Kardec foram enterrados. Outra descoberta interessante foi a de que Amélie permaneceu de luto pelo menos até 1874. De seus dois retratos existentes nos Anais do Espiritismo, notam-se seus típicos trajes de luto. Mas, ao contrário de uma postura de recrudescimento, enfrentou a dor e foi à luta.

Que lição fica para o movimento espírita hoje, da atuação da Amélie?
Primeiro que ela, em nenhum momento, deixou de cuidar do legado espírita do marido. Autorizou os seus assistentes da Sociedade Anônima a ir às tipografias insalubres para resgatar os clichês das obras fundamentais – que estavam quase se perdendo, seja por desgaste natural, seja por descuido mesmo. Madame Fropo afirma que ela gastou em torno de 10 mil francos, uma pequena fortuna à época, para recuperar os clichês das cinco obras fundamentais.

Escrevendo o livro, sentiu alguma presença espiritual mais marcante?
Sim. Já vinha sentindo a intuição de resgatar esses fatos, inicialmente pelo viés artístico de Amélie. Depois, fui sentindo muito envolvimento espiritual com algumas coisas que escrevia, resultados das pesquisas realizadas. Senti muito a vibração espiritual delas, sempre ajudando, incentivando-me e trazendo forças para que eu continuasse o trabalho.

 Tudo o que você relatou nesse livro é verídico?
Sim. A obra não é literatura de ficção. Citamos todas as fontes primárias e secundárias pesquisadas, além da bibliografia. Interessante observar que o próprio Canuto Abreu teceu algumas curiosas passagens sobre Amélie e hoje sabemos da existência de cartas trocadas entre ela e Rivail. Ela morava com o pai na comuna de Thiais, a 19 quilômetros de Paris, numa mansão, para onde Kardec remetia suas cartas, uma delas com pedido de consentimento do casamento ao senhor Boudet, o pai de Amélie. (Leia em Baú de Memórias)

Como você analisa o espiritismo hoje, em função desse processo histórico que pesquisou?
Fiquei impressionado por constatar que toda a ruidosa história desse sincretismo espírita francês do século 19, de certa forma reaparece viva aqui no nosso espiritismo contemporâneo. Se tivermos a consciência coletiva de que a literatura espírita é o nosso maior legado, fácil será compreender que precisamos dar mais valor ao livro genuinamente espírita, ler primeiro as obras de Kardec, utilizar sempre o bom-senso e a fé raciocinada. Somos os atuais responsáveis por esse patrimônio. Vamos cuidar desse bem precioso, como bem fez Amélie!

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:


MOVIMENTO ESPÍRITA PÓS KARDEC - EPISÓDIOS E DECLÍNIO DOUTRINÁRIO NA FRANÇA - POR JORGE HESSEN

Pierre-Gaëtan Leymarie
Fonte da imagem: https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/2017/02/movimentoespirita-pos-kardec-episodios.html


A propósito do declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec, inicialmente entronizamos a figura de Ermance Dufaux, ela que conheceu Allan Kardec no dia 18 de abril de 1857, ao comparecer à pequena recepção festiva organizada pelo Codificador em sua residência, com a finalidade de comemorar o lançamento de O Livro dos Espíritos. No final dessa reunião, Dufaux psicografou bela página ditada pelo Espírito São Luís, que se tornaria, a partir de então, o diretor espiritual dos trabalhos experimentais de Allan Kardec.

No final de 1857, Dufaux receberia outra importante mensagem, estimulando o Codificador a prosseguir no ideal de lançar mensalmente um periódico espírita . Com efeito, no início de 1858, Kardec laçou a Revue Spirite, surgindo assim a matriz da propaganda da Terceira Revelação e o embrião do Movimento Espírita Mundial.

Na França, o nome de espíritas foi gradualmente abatido ao longo dos séculos XIX e XX. Concorreram para isso alguns fatos, como a desencarnação de Kardec em 1869, bem como a mudança de regime político, porquanto após a queda do Segundo Império, a República é proclamada em 1871.

Momentos antes, porém, em 19 de julho de 1870, cerca de quinze meses após a desencarnação de Kardec, o Imperador Napoleão III, provocado por Bismarck, declarou guerra à Prússia. Em face disso, a divulgação espírita sofreu enormes prejuízos, destacando-se que à época, como se não bastasse a fatídica guerra franco-prussiana, de maneira simultânea havia uma onda de pensamentos oriundos da Revolução Francesa, intensificando a ideia do laicismo, proibindo-se, portanto, qualquer relação entre as entidades estatais com “religião”.

Diante de outras “pistas”
Apontaremos algumas outras “pistas” para opinar sobre o  declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec. Em princípio, cremos que os legados históricos do Espiritismo sofreram as implicações danosas, por terem sido tratados como bens de família, estabelecendo espólios e, por conseguinte, sujeitando a herdeiros. Tudo sugere que Kardec pretendia evitar isso ao idealizar uma sociedade impessoal, mas não teve tempo. Faleceu antes de concretizar seus planos e, consequentemente tudo o que pertencia à Codificação Espírita (Sociedade parisiense de estudos espiritas, livros, revistas, correspondências, documentos etc.) tornaram-se herança da viúva Amélie Gabrielle Boudet.

De início, Boudet se propôs administrar o projeto do esposo; mas, inexplicavelmente, deliberou por confiar o legado nas mãos de Pierre-Gaëtan Leymarie, que organizou a (não espírita) Sociedade Científica de Estudos Psicológicos, que depois se transformou na “Sociedade Científica do Espiritismo”. Mas Boudet sugeriu a criação da “Sociedade para a continuação das obras espíritas de Allan Kardec”. [1] Após a desencarnação de Amélie Boudet, em 1883, Leymarie tornou-se o dono absoluto dos espólios e dos documentos de Kardec, na condição de único remanescente da tal sociedade. Uma parte, dos documentos originais do Codificador foi sendo publicada por Leymarie na “Revue Spirite”, e outra parte transformou na inquietante “Obras Póstumas”.

O declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec, na minha percepção e de alguns outros pesquisadores, se deve precipuamente à imaturidade doutrinária de Pierre-Gaëtan Leymarie que teve o encargo, portanto, de cuidar da propagação do Espiritismo após a desencarnação do mestre de Lyon. Neste sentido, parece-nos que administrou “inocentemente” uma razoável quantidade financeira que lhe foi entregue por Amélie Gabrielle Boudet para o custeio da divulgação das obras espíritas.

Os expressivos recursos econômicos deveriam ser empregados na propaganda criteriosa do Espiritismo. Mas isso não foi claramente realizado. Motivo pelo qual, provavelmente em 1882, Gabrielle Boudet, inteiramente descontente, convidou à sua casa Gabriel  Delanne e esposa, a fim de propor a criação do periódico "Le Spiritisme", para que o Movimento Espírita não dependesse apenas da já agonizante “Revue Spirite" dirigida por Leymarie.

A liderança do Movimento Espírita poderia ter sido compartilhada entre Leymarie e Gabrielle Boudet, mas, a rigor, Boudet ficou historicamente em plano secundário, numa condição de humilhante subalternidade e gradualmente Leymarie foi afastando Amélie Gabrielle das decisões. [2]

Leymarie ,  protagonista para o desmoronamento doutrinário
Leymarie imergiu na invigilância, gerando o desfalecimento do Movimento Espírita já quase totalmente desintegrado. Cremos que a sucessão de Kardec deveria caber a Alexandre Delanne, até porque era vizinho e amigo de longa data da família Kardec, jamais a Leymarie.

Delanne viajava bastante, esteve nas cidades onde existiam centros de divulgação espírita como, Lyon, Bordeaux, Bruxelas entre outros locais em que visitava simultânea havia com certa frequência os centros espíritas. Concebemos que Delanne tenha sido bloqueado "politicamente" por Leymarie. Sim, talvez o invigilante Leymarie tenha articulado nos “bastidores” com Boudet a fim de “puxar o tapete” do pai de Gabriel Delanne.

Mas, quem era Leymarie? Era um praticante de Teosofia de Blavatsky, defendia as alucinações de Roustaing [3] e era apaixonado pela maçonaria.

Importa mencionar que quando Kardec desencarnou Gabriel Delanne tinha apenas 12 anos de idade enquanto que Léon Denis tinha 23 anos e serviria o exército na guerra franco-prussiana de 1870 e, apesar de já espírita, Denis ainda não estava satisfatoriamente integrado ao Movimento Espírita. Desta forma, ambos, Delanne e Denis, passaram a exercer maior influência no Movimento Espírita somente por volta da década 1890 , e tiveram sua maior projeção a partir de 1900.

A França enfrentou três grandes guerras (a “franco-prussiana” de 1870 e as duas grandes guerras mundiais), o que, sem dúvida, dificultou muito a propagação do Espiritismo. Na Primeira Guerra Mundial muitos grupos e sociedades espíritas tiveram que ser fechados. Sob esse clima houve brutal sufocação do Movimento Espírita em francês.

Como se não bastasse, no contexto dos idos de 1910, podemos pontuar as propostas filosóficas materialistas, abrindo espaço para o niilismo, existencialismo, pessimismo e ceticismo extremos, enfim - os embates ideológicos. Portanto, as guerras foram categóricas para o declínio do Movimento Espírita francês pós-Kardec, mas antes delas, como vimos, a liderança do movimento sofreu tragicamente, principalmente pela falta de lucidez doutrinária, especialmente veiculada pela "Revue Spirite", sob a gerência de Leymarie.

Repetimos que Leymarie foi o protagonista para o desmoronamento doutrinário, por conseguinte muitos espíritas franceses perderam o rumo sob o guante do misticismo imponderado. Para ilustrar, notemos o infame “Processo dos Espíritas”, resultante das reais fraudes reproduzidas por fotógrafos de má fé e publicadas de maneira descuidada por Leymarie na Revue Spirite. Naturalmente esse episódio foi traumático de consequências gravíssimas, ferindo mortalmente o moribundo Movimento Espírita francês.

Nesse caótico quadro de declínio doutrinário há quem assinale outro aspecto especial. Trata-se da questão das excessivas pesquisas científicas em torno dos fenômenos mediúnicos. Havia prioridades nas experimentações laboratoriais com os médiuns. O próprio Gabriel Delanne seguiu esse caminho de pesquisa. Não obstante,  tenha se declarado “arrependido”, numa entrevista concedida ao brasileiro Canuto Abreu, afirmando que a experiência científica não teria sido a sua melhor opção para o revigoramento do Movimento Espírita.

Gabriel Delanne, um depoimento de além-tumba
Sobre isso, André Luiz entrevistou o Delanne no além, notemos: Muitos amigos na Terra são de parecer que os Mensageiros da Espiritualidade Superior deveriam patrocinar mais amplas manifestações da mediunidade de efeitos físicos para benefício dos homens, como sejam materializações e vozes diretas. Que pensa a respeito?

Delanne (Espírito) - “Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção, mas não adianta ao serviço indispensável da renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço do aprimoramento moral. Devemos estimular os estudos em torno da matéria e da reencarnação, analisar o reino maravilhoso da mente e situar no exercício da mediunidade as obras da fraternidade, da orientação, do consolo e do alívio às múltiplas enfermidades das criaturas terrestres”. [4]

Nos primórdios do século XX houve um surto de crescimento do Movimento Espírita na França até meados da década de 1920, esmaecendo de forma célere quando Denis, Delanne, Gustave Geley e Camille Flammarion desencarnam. Subsequentemente, em 1935, desencarnaria o "Pai da Metapsíquica" e simpatizante do Espiritismo Charles Richet, tudo isso aconteceu momentos antes da Segunda Guerra Mundial, quando da ocupação nazista na França por quase um lustro.

Retornemos mais uma vez a Leymarie. Ele fundou a "Librairie Leymarie Édite-URS" e a dirigiu até 1903, e, com o seu desencarne, o espólio foi herdado (novamente em família!) pela viúva Marina Leymarie que assumiu o comando, e, posteriormente, por seu filho, Paul Leymarie. Este, após um breve espaço de tempo em que os negócios ficaram com sua mãe Marina, tornou-se, em 1904, “dono” absoluto dos destinos do Espiritismo até 1914, quando, em função da Primeira Guerra Mundial, abandonou tudo. O que não foi de todo uma catástrofe, pois o Paul Leymarie comercializava até “bolas de cristal” [isso mesmo! “bolas de cristal”] pela Revue Spirite.[5]

Meyer, um mecenas francês
Com a liquidação da "Librairie Spirite", continuou a editoração das obras de Allan Kardec, fazendo do prédio da "Librairie Leymarie" sede da redação da "Revue Spirite", até a fundação da "Maison des Spirites", por Jean Meyer, inaugurada em 25 de novembro de 1923. Antes mesmo de terminar a Primeira Guerra, em 1916, o Jean Meyer, um rico empresário francês, assumiu o combalido Movimento Espírita francês, lembrando que nessa conjuntura ainda estavam encarnados Léon Denis e Gabriel Delanne, que embora sumidades intelectuais e grandes referências doutrinárias; mas “cá para nós”, alguém tinha que cuidar dos “negócios” do movimento.

No contexto Meyer destinou a sua fortuna pela causa do Espiritismo. Ficou com os direitos autorais da Revue Spirite. Criou a Casa dos Espíritas (“Maison des Spirites”), para onde levou o precário material que restou dos documentos e objetos pessoais de Kardec. Este mesmo mecenas fundou o “Instituto de Metapsíquica”, sob o comando inicial do Gustave Geley, e onde foi gerado o “Tratado de Metapsíquica”. O curioso é que Charles Richet dizia que o “Espiritismo era inimigo da ciência”.

La Revue Spirite reunia, nesse tempo, as mais destacadas personalidades do Espiritismo: Gabriel Delanne, Leon Denis, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, A. Bénezech, Marcel Laurent, M. Cassiopée, General Abaut, Dr. Gustave Geley, Marcel Semezies, Pascal y Matilde Forthuny, Louis Gastin, Henri Sausse, Paul Bodier, Sir. Arthur Conan Doyle, Santoliquido, Rocco, León Chevreuil, Hubert Forestier e outros. Em verdade, Meyer foi uma espécie de “dono” do movimento espírita francês até sua desencarnação em 1931. [6]

Durante a Segunda Guerra Mundial ocorreu uma desmontagem quase integral do Movimento Espírita francês. Os nazistas ao ocuparem Paris saquearam tudo inclusive Maison Spirites e confiscaram livros, documentos de pesquisa, e outros objetos importantes da própria história do Espiritismo na França.

Que nos diz acerca do Espiritismo, na França? Esquadrinhou André Luiz Ao Espírito Gabriel Delanne. “ Não nos é lícito dizer haja alcançado o nível ideal”.[7] Redarguiu Delanne acrescentando que “legiões de companheiros da obra de Allan Kardec reencarnaram, não só na França, mas igualmente em outros países, notadamente no Brasil, para a sustentação do edifício kardequiano”. [8]

Transposição do movimento espírita mundial
Conjectura-se aqui e algures sobre o translado do Espiritismo para o Brasil. Temos certeza que a transposição da direção do Movimento Espírita mundial, da França para o Brasil, sobreveio após a desencarnação de Léon Denis, no período entre o final da década de 1920 e o início da década de 1930, portanto, coincidindo com o início da missão mediúnica de Francisco Cândido Xavier.

Desta forma, podemos questionar o desempenho de Bezerra de Menezes como justificadora para tal translado. Até porque, não é difícil comprovar nesse contexto, pois quando Bezerra desencarnou em 1900 a atuação verdadeiramente apostólica de Gabriel Delanne e Léon Denis manteve-se viva por muitas décadas, inclusive durante e após a primeira guerra mundial. [9]

O Movimento Espírita francês voltou a se recuperar com frouxidão por volta dos anos de 1950 e 1960 em razão do regresso à França de alguns cidadãos que residiam no Norte da África (Argélia, Marrocos) e começaram a retornar para a terra de Kardec arriscando remontar o Movimento Espírita.

Encetaram o projeto, todavia com extrema dificuldade, em função do cenário deixado pela Segunda Guerra. Porém, desataque-se que naquela situação começou a haver uma nova fase de interesses e buscas fenomênicas no campo da parapsicologia e da metafísica; por fim, a própria Revue Spirite foi retomada por algumas lideranças a exemplo de Hubert Forestier e André Dumas.

Sepultamento da Revue Spirite
Na década de 1960, Hubert Forestier assume a Revue Spirite e torna-se proprietário que, em 1968, chega a registrar a Revue em seu nome no órgão de propriedade industrial. Forestier desencarna em 1971, deixando o Movimento Espírita francês na penúria. Seus herdeiros, não sabendo o que fazer de tal herança, vendem tudo por um franco para André Dumas. A essa altura os direitos autorais das obras de Kardec já tinham caducado. [10] O resto – muito pouco: o nome da Revue e da Societé – ficou nas mãos do Dumas. [11]

André Dumas, seja por ter mudado suas preferências filosóficas, seja por constatar que o status de espírita não conferia mais prestígio, resolveu liquidar tudo: em 1975, mudou o nome da “Revue Spirite” para “Renaitre 2000”, e a Societé para uma tal “sociedade para pesquisa da consciência e sobrevivência”, colocando, dessa forma, duas ou três pás de cal sobre o “espiritismo francês”. [12]

Na verdade, Dumas foi escritor e dirigente espírita francês, presidente da União Espírita Francesa (UEF) e diretor da Revista Espírita na década de 1970. Por muitos anos administrou o legado de Kardec e seus seguidores. No entanto, é mais lembrado (no Brasil) pela mudança do nome desta tradicional instituição espírita, em 1976: União Científica Francofônica para a Investigação Psíquica e o Estudo da Sobrevivência da Alma (USFIPES), em vez de UEF.

Nesse mesmo ano, para desagrado de alguns espíritas brasileiros, a tradicional revista fundada por Kardec deixa de circular. Em seu lugar, Dumas, como citamos acima, lança um periódico denominado o Renaître 2000. Segundo ele, as palavras espírita e Espiritismo se descaracterizaram em seu verdadeiro significado, vinculando-se ao misticismo (roustanguista), ao religiosismo. Por isso a mudança.

O resultado foi a completa marginalização de Dumas e a confusão jurídica com a União Espírita Francesa e Francofônica, fundada por Roger Perez em 1985, pelos direitos da Revista Espírita. Dois anos depois a instituição obtém sentença judicial favorável a Perez e a Revue volta a circular novamente após 12 anos de interrupção.

Apesar de ser lembrado como uma espécie de traidor, um “Judas” da causa espírita, Dumas foi um dirigente e um intelectual espírita importante na história do Espiritismo francês. Sua visão, laica e filosófica, destoava da grande maioria dos espíritas, notadamente os brasileiros, afeitos a concepções religiosas e sectárias, influenciados em demasia pelos cânones roustanguistas da Feb.

Paralelamente, surge na França o Jacques Peccatte dizendo que o próprio Kardec se “comunicou” com o grupo dele, o “Cercle Spirite Allan Kardec”, em 1977, e o mandou ressuscitar o movimento. (sic) Ele o tenta até hoje. [13]

Mas, pelo lado digamos, oficial, o Roger Perez, retornando das desativadas colônias africanas, resolveu, certamente com o patrocínio da Feb, retomar as coisas. Conseguiu reaver do André Dumas, na justiça, o nome da Revue, e passou a editá-la pela “Federação Espírita Francesa e Francófona” (já extinta), da qual foi fundador. Ali pelo ano 2000 passou os direitos para o CEI – Conselho Espírita Internacional.

Certamente com Roger Perez houve uma breve intensificação do Movimento Espírita francês, porém, a bem da verdade, nunca se recuperou, pelo menos em Paris. Sabemos que hoje há diferentes núcleos espíritas no interior da França, mas evidentemente sem as características daquelas propostas por Allan Kardec.

Propagação espírita de pessoa a pessoa, de consciência a consciência
O Espírito Delanne não acredita que a Europa (especialmente a França) retomará a direção do movimento espírita no futuro, pois o Velho Continente assemelha-se, atualmente, a vasto campo de guerra ideológica, que está muito longe de terminar. Para o Benfeitor a divulgação espírita terá de efetuar-se de pessoa a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós. (Grifei)

Talvez esse processo de propaganda espírita seja moroso demais para a Humanidade, mas, segundo Delanne, uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias? [14]
Seja no Brasil, seja noutros países, cremos que a pujança da Doutrina dos Espíritos não advirá por meio de um “Espiritismo Oficial”, hierarquizado, elitista, exorbitantemente místico e mercantilista, porém na propagação paulatina da Terceira Revelação de pessoa a pessoa, de consciência a consciência, de ombro a ombro, sem as grilhetas burocráticas dos institutos oficiais de “unificação”, que na Terra e especialmente no Brasil vivem e revivem os fragorosos vendavais intransigentes do poder curial.


Notas e Referências bibliográficas:

[1] CALSONE Adriano. Madame Kardec, SP: Viva Luz Editora, 2017 “Eis que em 18 de outubro de 1873, a Assembleia Geral Anual concordou com a decisão de substituir o polêmico nome, Sociedade Anônima – criação da viúva Kardec –, para o extenso, Sociedade para a continuação das obras espíritas de Allan Kardec, anônima e capital variável. Com a nova recriação, sugerida novamente por Amélie, a mesma deixava claro que tudo deveria convergir para a divulgação, propagação e continuação das obras espíritas do marido.”
[2] Idem
[3] P.G. Leymarie tinha muita afinidade com o Brasil, particularmente no Rio de Janeiro onde esteve exilado em 1851, quando houve o golpe do Luís Napoleão. Ademais, nunca escondeu amizades e afinidades roustainguistas.
[4] XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA Waldo. Entre irmãos de outras terras, Entrevista realizada pelo espírito de André Luiz com o espírito de Gabriel Delanne, RJ: Ed. FEB, 1970
[5] DONHA João. O legado documental de Allan Kardec: queimado, escondido ou leiloado? Disponível em https://palavraluz.wordpress.com/2016/07/17/arquivokardec/ acessado em 16/02/2017
[6] Disponível no portal “AUTORES ESPÍRITAS CLÁSSICOS” http://www.autoresespiritasclassicos.com/autores%20espiritas%20classicos%20%20diversos/Jean%20Meyer/Jean%20Meyer.htm ACESSO 17/02/2017
[7] XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA Waldo. Entre irmãos de outras terras, Entrevista realizada pelo espírito de André Luiz com o espírito de Gabriel Delanne, RJ: Ed. FEB, 1970
[8] Idem
[9] MARMO Leonardo Moreira. “Os Problemas enfrentados pelo Movimento Espírita após a morte de Allan Kardec e as atuações de Delanne e Denis”, disponível em http://paespirita.blogspot.com.br/2017/02/os-problemas-enfrentados-pelo-movimento.html avessado em 17/02/2017
[10] Domínio público, no Direito da Propriedade Intelectual, é o conjunto de obras culturais, de tecnologia ou de informação (livros, artigos, obras musicais, invenções e outros) de livre uso comercial, porque não submetidas a direitos patrimoniais exclusivos de alguma pessoa física ou jurídica.
[11] DONHA João. O legado documental de Allan Kardec: queimado, escondido ou leiloado? Disponível em https://palavraluz.wordpress.com/2016/07/17/arquivokardec/ acessado em 16/02/2017
[12] Idem
[13] Idem
[14] XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA Waldo. Entre irmãos de outras terras, Entrevista realizada pelo espírito de André Luiz com o espírito de Gabriel Delanne, RJ: Ed. FEB, 1970

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/2017/02/movimentoespirita-pos-kardec-episodios.html