quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO ?

Fonte da imagem: https://www.youtube.com/watch?v=3RzdSNk49Tc

Fábio José Lourenço Bezerra

No preâmbulo de sua obra “O que é o Espiritismo”, Allan Kardec escreveu:

"[...] O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.

E na edição de Dezembro de 1868 da “Revista Espírita”, ele escreveu:

“[...] O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como conseqüência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família.

Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou.

Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.”

Sobre este assunto, existe um excelente texto, que reproduzimos abaixo, da estudiosa do Espiritismo Dora Incontri. Em seu livro “Para entender Allan Kardec”, ela escreveu:

“A posição de Kardec ainda não foi compreendida pela maioria e uma das provas disto está no debate ainda atual se o espiritismo é ou não é religião. Por um lado, estão os que se autodenominam espíritas laicos e que defendem a idéia de que Kardec jamais pensou o espiritismo como religião, mas apenas como ciência, filosofia e moral; do outro, estão os que defendem o chamado tríplice aspecto do espiritismo, ciência, filosofia e religião, mas agem e pensam como se o espiritismo fosse apenas mais uma religião. Estes constituem a maioria do movimento espírita brasileiro.

Analisemos a polêmica com cuidado, porque os dois lados têm suas razões e os dois lados cometem enganos. De fato, Kardec não quis estabelecer mais uma religião, no sentido comum do termo, (por isso, diz muitas vezes que o espiritismo não é religião), visto que o espiritismo não tem sacerdócio, templos, hierarquia institucional, dogmas de fé e nem rituais que o adepto deva seguir para dizer-se espírita. Qualquer pessoa que aceite os postulados espíritas e procure viver segundo a moral de Jesus pode se dizer espírita, mesmo que jamais tenha pisado num centro espírita ou assistido a uma reunião. Trata-se de uma convicção pessoal, de uma adesão livre, de que  ninguém está instituído para pedir satisfações ou exigir o cumprimento disto ou daquilo.

Nesse sentido, portanto, quando os espíritas laicos dizem que o espiritismo não é religião, estão certos. Mas seria melhor dizer: não é mais uma religião, nos moldes das religiões tradicionais.

Se Kardec promoveu esse desencantamento, essa crítica e esse esvaziamento hierárquico do universo religioso, guardou aquilo que lhe é essencial. O Livro dos Espíritos declara como a primeira das leis morais a lei de adoração a Deus. Essa adoração pode se manifestar no homem em forma de estudo das leis da natureza – portanto a ciência, como Kepler, Giordano Bruno, Newton e outros afirmaram, pode ser uma espécie de culto a Deus; e em forma de prática de amor ao próximo, na vida social, e, também e sobretudo, em forma de oração, de ligação afetiva do ser humano com a divindade. Ora, o amor ao próximo é a essência ética da maioria das religiões e a oração é um ato indubitavelmente religioso. Não há outra classificação para esse ato universal, por mais que o tornemos simples, espiritualizado, sem ritos, imagens, intermediações, templos, genuflexões ou gestos...

Além disso, é das religiões que nos vêm as experiências milenares de contato com a divindade, de manifestações mediúnicas e de revelações morais – grandes espíritos reencarnaram no seio das mais variadas religiões do planeta e exemplificaram uma ética elevada a partir da vivência religiosa. Assim, a religião é uma forma de ser e estar no mundo que não podemos simplesmente deixar de lado, porque constitui parte integrante da nossa consciência. Descendemos da divindade e foram as religiões que revelaram isso.

Portanto, falar em espiritismo laico – o que significa dizer um espiritismo destituído de qualquer ligação com o assunto religião – é um contrassenso e uma negação da obra de Kardec.

O laicismo nasceu no Ocidente como forma de protesto contra o domínio milenar da Igreja católica. Fala-se em escola laica, em Estado laico, como lugares institucionais que se consideram neutros do ponto de vista religioso e fora da tutela da Igreja. O espiritismo não é neutro em termos religiosos. Kardec critica, reavalia e recria a religiosidade humana, inaugurando uma nova forma de ser religioso, sem jamais negar essa dimensão do homem.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. São Paulo: Instituto de difusão espírita. [2000];
­­­­­­­­­2 ______________. O Espiritismo é uma religião? Revista Espírita. Dezembro de 1868;
3 INCONTRI, Dora. Para entender Allan Kardec. Bragança Paulista-SP: Lachátre, 1ª edição, [2004].


ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

http://www.sistemas.febnet.org.br/gerenciador/pdfRepository/2009-11-20-33.ed7c2e8c4a24453273489466af106c7e.pdf

sexta-feira, 24 de julho de 2015

ESTUDO DE RENOMADO MÉDICO HOLANDÊS TROUXE FORTES EVIDÊNCIAS DA ALMA EXISTINDO FORA DO CORPO


Fonte da imagem: http://www.livrariaflamarion.com.br/

Fábio José Lourenço Bezerra

O Dr. Pim van Lommel formou-se médico em 1971 na Universidade de Utrecht, na Holanda. Especializou-se em cardiologia no ano de 1976 e trabalhou nessa área entre 1977 e 2003 no Hospital Rijnstate, um hospital escola Holandês, além de ter publicado vários artigos. Em 2006, o presidente da Índia ofereceu-lhe o “Prêmio Time Life” no Congresso Mundial de Cardiologia Clínica e Preventiva em Nova Délhi. Recentemente, ele recebeu o Prêmio Book 2010 da Rede Científica e Médica.

Ele ficou impressionado com a quantidade de pacientes seus que afirmaram ter tido experiências de quase-morte (EQM) durante a parada cardíaca. Inicialmente cético, o Dr. van Lommel então decidiu planejar um estudo para investigar o fenômeno em ambiente controlado, num conjunto de hospitais e com uma equipe médica treinada. Por mais de vinte anos, ele estudou sistematicamente essas EQMs em uma grande quantidade de pacientes sobreviventes de parada cardíaca no hospital. Em 2005, recebeu o “Prêmio Dr. Bruce Greyson Research” da Associação Internacional de Estudos de Quase-Morte (IANDS). Atualmente, faz pesquisa em tempo integral sobre a relação mente-cérebro. Seu livro “Consciouness beyond life: the science of the near-death experience” (Consciência Além da Vida: a ciência da EQM) que já foi traduzido para vários idiomas e já vendeu mais de 200.000 exemplares nos EUA e Europa, detalhada os seus resultados e teorias. Nele, o Dr. Van Lommel fornece evidências científicas de que o fenômeno de quase-morte é uma experiência autêntica, que não pode ser atribuída à imaginação, psicose, ou privação de oxigênio. Ele revela ainda que a consciência pode até ser experimentada separada do corpo, e que depois da experiência a maioria dos pacientes sofre uma mudança permanente em suas personalidades. Já publicou mais de 30 artigos sobre o tema e vários capítulos de livros também sobre EQM. Ao longo dos últimos anos, o Dr. Van Lommel têm feito palestras em todo o mundo sobre as EQMs e a relação entre consciência e função cerebral.

Transcrevemos, abaixo, a maior parte de um excelente artigo do Dr.Van Lommel, de 2004, onde ele escreveu sobre as suas pesquisas, teorias e conclusões acerca das EQMs. Extraímos este artigo do site Near Death Research Foundation (http://www.nderf.org/).

“Sobre a continuidade de nossa consciência

Por Dr.Pim Van Lommel [1]

1. INTRODUÇÃO

Algumas pessoas que sobreviveram a uma crise que ameaçou suas vidas relataram uma experiência extraordinária. Experiências de quase morte (EQM) ocorrem com freqüência cada vez maior por causa da melhoria das taxas de sobrevivência resultantes de técnicas modernas de reanimação. O conteúdo da EQM e os efeitos sobre os pacientes parecem semelhantes em todo o mundo, em todas as culturas e épocas. A natureza subjetiva e na ausência de um quadro de referência para esta experiência levam a fatores individuais, culturais e religiosas que determinam o vocabulário usado para descrever e interpretar a experiência. EQM pode ser definida como a memória relatada do conjunto de impressões durante um estado especial de consciência, incluindo um número de elementos especiais, tais como experiências fora do corpo, sentimentos agradáveis, ver um túnel, uma luz, parentes falecidos, ou um revisão de vida. Muitas circunstâncias são descritas durante as quais as EQMs são relatadas, como parada cardíaca (morte clínica), choque após a perda de sangue, traumatismo crânio-encefálico ou hemorragia intra-cerebral, quase-afogamento ou asfixia, mas também em doenças graves com risco de vida não imediato. Experiências semelhantes às de quase-morte podem ocorrer durante a fase terminal da doença, e são chamados de visões no leito de morte. Além disso, experiências idênticas, chamadas de "medo da morte", são relatadas principalmente após situações em que a morte parecia inevitável como em graves acidentes de trânsito ou ao se escalar montanhas. A EQM é transformacional, causando mudanças profundas de percepção de vida e perda do medo da morte. EQMs parecem ocorrer com relativa frequência, e para muitos médicos um fenômeno inexplicável e, portanto, um resultado ignorado de sobrevivência em uma situação médica crítica.
E devemos também considerar a possibilidade de experiência consciente quando alguém, em coma, foi declarado clinicamente morto pelos médicos, e transplantes de órgãos estão prestes a serem iniciados? Recentemente, vários livros foram publicados nos Países Baixos sobre o que os pacientes tinham experimentado em sua consciência durante o coma na sequência de um acidente de trânsito grave, na sequência de encefalomielite aguda disseminada (ADEM), ou na sequência de complicações com hipertensão cerebral após a cirurgia para um tumor no cérebro, este último paciente ser declarado clinicamente morto por seu neurologista e neurocirurgião, mas a família se recusar a dar permissão para a doação de órgãos. Todos esses pacientes relataram, após recobrar a consciência, que eles tinham experimentado consciência clara com memórias, emoções e percepção fora e acima de seu corpo durante o seu período de coma, e também "ver" enfermeiros, médicos e familiares em torno da UTI. Será que realmente a morte encefálica significa morte, ou é apenas o início do processo de morte que pode durar horas ou dias, e o que acontece com a consciência durante este período? Devemos também considerar a possibilidade de que alguém que está clinicamente morto durante a parada cardíaca pode experimentar a consciência, e até mesmo se ainda poderia haver consciência depois que alguém realmente morreu, quando seu corpo está frio? Como a consciência está relacionada com a integridade da função cerebral? É possível ter uma visão deste relacionamento? Em minha opinião, a única abordagem empírica possível de se avaliar teorias sobre a consciência é a pesquisa sobre EQM, porque estudando os diversos elementos universais que são relatados durante a EQM, temos a oportunidade de verificar todas as teorias existentes sobre a consciência que foram discutidas até agora. A Consciência apresenta experiências temporais, bem como eternas. Existe um começo ou um fim da consciência?
Neste artigo, primeiro discutiremos alguns aspectos mais gerais da morte, e depois disso vou descrever mais detalhes do nosso estudo prospectivo sobre a experiência de quase-morte em pacientes sobreviventes de parada cardíaca na Holanda, que foi publicado no Lancet1. Eu também quero comentar sobre conclusões semelhantes de dois estudos prospectivos em sobreviventes de parada cardíaca dos Estados Unidos 2 e do Reino  Unido 3. Finalmente, vou discutir as implicações dos estudos da consciência, e como poderia ser possível explicar a continuidade da nossa consciência.

2. SOBRE A MORTE

 Primeiro eu quero discutir a morte. O confronto com a morte levanta muitas questões básicas, também para os médicos. Por que temos medo da morte? Os nossos conceitos sobre a morte estão corretos? A maioria de nós acredita que a morte é o fim de nossa existência; acreditamos que isso é o fim de tudo o que somos. Nós acreditamos que a morte de nosso corpo é o fim da nossa identidade, o fim de nossos pensamentos e memórias, que é o fim da nossa consciência. Nós temos que mudar nossos conceitos sobre a morte, não apenas com base no que foi pensado e escrito sobre a morte na história da humanidade em todo o mundo em muitas culturas, em muitas religiões, e em todos os tempos, mas também com base em insights de pesquisas científicas recentes sobre EQM?
O que acontece quando morremos? O que é a morte? Durante nossas vida 500.000 células morrem a cada segundo, a cada dia cerca de 50 mil milhões de células em nosso corpo são substituídas, resultando em um novo corpo a cada ano. Então, a morte celular é totalmente diferente da morte do corpo quando você eventualmente morrer. Durante nossa vida nosso corpo muda continuamente, a cada dia, cada minuto, cada segundo. A cada ano, cerca de 98% das nossas moléculas e átomos do nosso corpo foram substituídas. Cada ser vivo é um equilíbrio instável de dois processos opostos de desintegração e integração contínua. Mas ninguém percebe essa mudança constante. E de onde vem a continuidade do nosso corpo mudando continuamente? As células são apenas os blocos de construção do nosso corpo, como os tijolos de uma casa, mas quem é o arquiteto, que coordena a construção desta casa? Quando alguém morreu, apenas os restos mortais são deixados: apenas matéria. Mas onde está o diretor do corpo? E a nossa consciência quando morremos? É alguém seu corpo, ou nós "temos" um corpo?

3. A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DE QUASE MORTE

Em 1969, durante minha residência, um paciente foi reanimado com sucesso na enfermaria cardíaca por desfibrilação elétrica. O paciente recuperou a consciência, e ficou muito, muito decepcionado. Ele me contou sobre um túnel, belas cores, uma luz e uma bela música. Nunca me esqueci desse evento, mas eu não fiz nada com ele. Anos mais tarde, em 1976, Raymond Moody foi o primeiro a descrever as chamadas "experiências de quase morte", e só em 1986 eu li sobre essas experiências no livro de George Ritchie intitulado "Retorno do Amanhã", que relata o que ele experimentou durante um período de morte clínica de duração de 6 minutos em 1943 durante seu estudo médico . Depois de ler seu livro, comecei a entrevistar meus pacientes que sobreviveram a um ataque cardíaco. Para minha grande surpresa, dentro de dois anos cerca de cinquenta pacientes me contaram sobre as suas EQMs.
Minha curiosidade científica começou a crescer, porque de acordo com os nossos conceitos médicos atuais, não é possível experimentar a consciência durante uma parada cardíaca, quando a circulação e respiração cessaram.
Têm sido propostas várias teorias sobre a origem de uma EQM. Alguns pensam que a experiência é causada por alterações fisiológicas no cérebro, tais como as células cerebrais morrem como resultado de anoxia cerebral e, possivelmente, também causadas pela liberação de endorfinas, ou bloqueio do receptor NMDA5. Outras teorias abrangem uma reação psicológica pela proximidade morte6 ou um combinação de tal reação e anoxia7. Mas até agora não havia nenhum estudo prospectivo, meticuloso e cientificamente concebido para explicar o motivo e o conteúdo de uma EQM. Todos os estudos foram retrospectivos e muito seletivos no que diz respeito aos pacientes. Em estudos retrospectivos 5-30 anos podem decorrer entre a ocorrência da experiência e da sua investigação, que muitas vezes impede uma avaliação precisa dos fatores médicos e farmacológicos. Queríamos saber se poderia haver uma explicação fisiológica, farmacológica, psicológica ou demográfica para o que as pessoas experimentam na consciência durante um período de morte clínica. A definição de morte clínica foi utilizada para o período de inconsciência provocada por anoxia do cérebro devido à prisão da circulação e respiração que acontece durante a fibrilação ventricular em pacientes com infarto agudo do miocárdio.
Nós estudamos pacientes que sobreviveram a parada cardíaca, porque esta é uma situação médica de ameaça à vida bem descrita, onde os pacientes acabam por morrer de danos irreversíveis no cérebro se a ressuscitação cardio-pulmonar (CPR) não for iniciada dentro de 5 a 10 minutos. É o modelo mais próximo do processo de morte.
Assim, em 1988 foi iniciado um estudo prospectivo com 344 sobreviventes consecutivos de parada cardíaca em dez hospitais holandeses, com o objetivo de investigar a freqüência, a causa e o conteúdo das EQMs1. Fizemos uma entrevista padronizada curta com os pacientes suficientemente recuperados dentro de um alguns dias de reanimação e perguntamos se eles poderiam lembrar o período de inconsciência, e o que eles recordavam. Nos casos em que as memórias foram relatadas, nós codificamos as experiências de acordo com um índice de experiências de núcleo ponderada. Neste sistema, a profundidade da EQM foi medida de acordo com os elementos relatados do conteúdo da EQM. Quanto mais elementos foram relatados, mais profunda foi a experiência e maior era a pontuação resultante.
Resultados: 62 pacientes (18%) relataram lembranças de quando estavam com morte clínica. Destes pacientes, 41 (12%) tiveram uma experiência do núcleo com uma pontuação 6 ou superior, e 21 (6%) tiveram uma EQM superficial. No grupo central, 23 pacientes (7%) relataram uma experiência profunda ou muito profunda, com uma pontuação de 10 ou superior. E 282 pacientes (82%) não tinha nenhuma lembrança do período de parada cardíaca.
No estudo prospectivo americano de 116 sobreviventes de parada cardíaca, 11 pacientes (10%) relataram uma EQM com uma pontuação de 6 ou superior; os investigadores não especificaram o número de pacientes com uma EQM superficial com uma baixa pontuação2. No estudo prospectivo britânico de 63 sobreviventes de parada cardíaca, apenas 4 pacientes (6,3%) relataram uma EQM com uma pontuação de 6 ou superior, e 3 pacientes (4,8%) tiveram uma EQM superficial, de um total de 7 pacientes (11%) com as memórias do período de parada cardíaca.
Em nosso estudo, cerca de 50% dos pacientes com uma EQM relataram consciência de estarem mortos, ou tiveram emoções positivas, 30% relataram que se deslocaram através de um túnel, viram uma paisagem celeste, ou tiveram uma reunião com parentes falecidos. Cerca de 25% dos pacientes com uma EQM tiveram uma experiência fora-do-corpo, comunicaram-se com "a luz", ou viram cores, 13% experimentaram uma revisão de vida, e 8% experimentaram uma fronteira.
O que pode distinguir a pequena porcentagem de pacientes que relatam uma EQM daqueles que não a tiveram? Descobrimos que nem a duração da parada cardíaca, nem a duração de inconsciência, nem a necessidade de intubação em uma Ressuscitação Cardio-Pulmonar (CPR) complicada, nem parada cardíaca induzida na estimulação eletrofisiológica (EPS) teve qualquer influência sobre a freqüência de EQMs. Nem poderíamos encontrar qualquer relação entre a frequência de EQMs e medicamentos administrados, medo da morte antes da parada cardíaca, conhecimento anterior sobre EQMs, religião ou educação. Uma EQM foi mais freqüentemente relatada em idades menores de 60 anos, e também por pacientes que tinham tido mais de uma CPR durante a sua permanência no hospital, e por pacientes que tinham experimentado uma EQM anteriormente. Os doentes com deficiências de memória induzidas pela longa CPR relataram EQMs com menor freqüência. Boa memória de curto prazo parece ser essencial para se lembrar de uma EQM. Inesperadamente, descobrimos que significativamente mais pacientes que tiveram uma EQM, especialmente uma experiência profunda, morreram dentro de 30 dias depois da CPR (p <0 o:p="">
Foi realizado um estudo longitudinal com entrevistas gravadas de todos os sobreviventes tardios com EQM, 2 e 8 anos após a parada cardíaca, juntamente com um grupo de controle de sobreviventes de parada cardíaca que não relataram uma EQM1. Este estudo foi desenhado para avaliar se a transformação na atitude perante a vida e a morte após uma EQM é o resultado de ter uma EQM ou o resultado da parada cardíaca em si. Nesta pesquisa de acompanhamento em processos de transformação após a EQM, encontramos uma diferença significativa entre pacientes com e sem uma EQM. O processo de transformação levou vários anos para se consolidar. Pacientes com uma EQM não demonstraram qualquer medo da morte, acreditavam firmemente em uma vida após a morte, e sua visão no que é importante na vida tinha mudado: amor e compaixão para si, para os outros, e para a natureza. Eles agora entenderam a lei cósmica de que tudo o que se faz para os outros volta para si mesmo: o ódio e a violência, bem como amor e compaixão. Notavelmente, muitas vezes houve evidência de aumento de sentimentos intuitivos. Além disso, os efeitos transformacionais de longa duração de uma experiência que dura apenas alguns minutos foi um achado surpreendente e inesperado.
Várias teorias têm sido propostas para explicar as EQMs. No entanto, o nosso estudo prospectivo não mostra que fatores psicológicos, fisiológicos ou farmacológicos causam essas experiências após a parada cardíaca. Com explicações puramente fisiológicas, tais como anoxia cerebral, a maioria dos pacientes que estiveram clinicamente mortos deveriam relatar EQMs. Todos os 344 pacientes estavam inconscientes por causa de anoxia do cérebro resultante da sua parada cardíaca. Por que apenas 18% dos sobreviventes de parada cardíaca relataram uma EQM?
E, no entanto, os processos neurofisiológicos devem desempenhar algum papel nas EQMs, porque estas experiências, aparentemente, podem ser induzidas através de "estimulação" elétrica de algumas partes do córtex em pacientes com epilepsia8, com níveis elevados de dióxido de carbono (hipercapnia) 9 e na diminuição da perfusão cerebral resultando em hipóxia cerebral local, como em aceleração rápida durante o treinamento de pilotos de caça10, ou como em hiperventilação seguido de manobra de Valsalva11. Experiências semelhantes a EQMs também foram relatadas após o uso de drogas como a quetamina, LSD 1213 ou cogumelos14. Estas experiências induzidas às vezes podem resultar em um período de inconsciência, mas podem, ao mesmo tempo,  também apresentar experiências fora do corpo, percepção de som, luz ou flashes de lembranças do passado. Essas lembranças, no entanto, consistem em memórias fragmentadas e aleatórias, ao contrário da avaliação de vida panorâmica que pode ocorrer em EQMs. Além disso, processos de transformação são raramente relatados após experiências induzidas. Assim, as experiências induzidas não são idênticas às EQMs.
Outra teoria sustenta que a EQM pode ser um estado de mudança de consciência (transcendência, ou a teoria da continuidade), em que as memórias, identidade e cognição, com emoção, a função de forma independente do corpo inconsciente, e conservam a possibilidade de percepção não-sensorial. Obviamente, a consciência durante a EQM foi vivida de forma independente a partir do despertar da consciência ligada ao corpo normal.
Com falta de provas para quaisquer outras teorias para EQM, o conceito até agora assumido, mas nunca comprovado cientificamente, de que a consciência e as memórias estão localizadas no cérebro, deve ser discutido. Tradicionalmente, tem sido argumentado que pensamentos ou consciência são produzidos por grandes grupos de neurônios ou redes neuronais. Como poderia uma consciência clara fora o corpo ser experimentada no momento em que o cérebro já não funciona durante um período de morte clínica, com Eletroencefalograma (EEG) plano?15. Além disso, as pessoas cegas também descreveram percepções verídicas durante experiências fora do corpo no momento de sua EQM16. O estudo científico das EQMs nos empurra para os limites de nossas idéias médicas e neurofisiológicas sobre a gama da consciência humana e o relacionamento da consciência e memórias com o cérebro.
Greyson2 também escreve em sua discussão: "Nenhum modelo fisiológico ou psicológico por si só explica todas as características comuns das EQMs. A ocorrência paradoxal de elevada consciência lúcida e processos de pensamento lógicos, durante um período de perfusão cerebral prejudicada, suscita particulares dúvidas desconcertantes para nossa compreensão atual da consciência e sua relação com a função cerebral. As sensações claras e processos perceptivos complexos durante um período de morte clínica aparente desafia o conceito de que a consciência está localizada exclusivamente no cérebro " E Parnia e Fenwick3 escreveram em sua discussão: "Os dados sugerem que as EQMs surgem durante a inconsciência. Esta é uma conclusão surpreendente, porque quando o cérebro é tão disfuncional que o paciente está em coma profundo, as estruturas cerebrais que sustentam a experiência subjetiva e a memória, devem estar severamente prejudicadas. Experiências complexas, como são relatadas nas EQMs não deveriam surgir ou serem guardadas na memória. Seria de se esperar que tais pacientes não tivessem nenhuma experiência subjetiva [como foi  o caso na grande maioria dos pacientes que sobreviveram à parada cardíaca nos três estudos prospectivos publicados 1-3] ou no melhor dos casos um estado de confusão, se alguma função cerebral foi retida. Mesmo que o cérebro inconsciente fosse inundado por neurotransmissores, isso não deve produzir experiências lúcidas claras e lembradas, quando os módulos cerebrais, que geram a experiência consciente, são prejudicados por anoxia cerebral. O fato de que, em uma parada cardíaca, a perda da função cortical precede a rápida perda de atividade do tronco cerebral, dá mais apoio a este ponto de vista. Uma explicação alternativa seria que as experiências observadas surgem durante a perda ou a recuperação a consciência. A transição à inconsciência é rápida, com o EEG mostrando alterações dentro de alguns segundos, e aparecendo de imediato para o sujeito. Experiências que ocorrem durante a recuperação da consciência são confusas,  que estes não eram ". Na verdade, a memória é um indicador muito sensível da lesão cerebral e o comprimento de amnésia antes e depois de inconsciência é um indicador da gravidade da lesão. Portanto, os eventos que ocorrem imediatamente antes ou logo após a perda de consciência não seria de se esperar que fosse recordado. E, como dito antes, em nossos pacientes do estudo1 com perda de memória induzida por longa CPR, relataram significativamente menos EQM. Boa memória de curto prazo parece ser essencial para lembrar EQMs.

4. ALGUNS ELEMENTOS TÍPICOS DAS EQMs

Antes de discutir em maiores detalhe alguns aspectos neurofisiológicos do cérebro funcionando durante a parada cardíaca, eu gostaria de reconsiderar alguns elementos das EQMs, como a experiência fora-do-corpo, a revisão de vida holográfica e pré-visualização, o encontro com parentes falecidos, a volta para dentro do corpo e o desaparecimento do medo da morte.

4.1. A EXPERIÊNCIA FORA DO CORPO

Nesta experiência, as pessoas têm percepções verídicas de uma posição fora e acima do seu corpo sem vida. Nas EQMs, eles têm a sensação de serem, aparentemente, retirados de seus corpos como um casaco velho e, para sua surpresa, eles parecem manter a sua própria identidade com a possibilidade de percepção, emoções, e uma consciência muito clara. Esta experiência fora-do-corpo é cientificamente importante porque médicos, enfermeiros e parentes pode verificar as percepções relatadas. Este é o relatório de uma enfermeira de uma Unidade Coronariana:

"Durante a noite, uma ambulância trouxe um velho homem cianótico de 44 anos, em estado de coma, para a unidade coronariana. Ele foi encontrado em coma cerca de 30 minutos antes em um prado. Quando vamos entubar o paciente, ele tinha dentaduras em sua boca. Eu removi essas próteses e as coloquei em um carrinho. "Após cerca de uma hora e meia, o paciente estava com o ritmo cardíaco e a pressão arterial suficientes, mas ainda estava ventilado, entubado, e em coma. Ele foi transferido para a unidade de terapia intensiva para continuar a respiração artificial necessária. Foi só depois de mais de uma semana que eu me encontrei novamente com o paciente, quando ele voltou na enfermaria cardíaca. No momento em que ele me viu, disse: 'Ó, essa enfermeira sabe onde as minhas próteses estão. "Fiquei muito surpresa. Em seguida, ele esclareceu: "Você estava lá quando eu fui trazido para o hospital, tirou a dentadura da minha boca e a colocou nesse carro, que tinha todas essas garrafas, nele havia essa gaveta deslizante por baixo, e lá você colocou os meus dentes. 'Eu estava especialmente maravilhada, porque me lembrei que isso aconteceu enquanto o homem estava em coma profundo e no processo de CPR. Depreende-se que o homem tinha visto a si mesmo deitado na cama, que ele havia percebido a partir de cima como enfermeiros e médicos estavam ocupados com a sua ressuscitação. Ele também foi capaz de descrever corretamente e em detalhes a pequena sala em que havia sido ressuscitado, bem como a aparência dos presentes como eu. Ele estava profundamente impressionado com a sua experiência e disse que não tinha mais medo da morte."

4.2. A REVISÃO DE VIDA HOLOGRÁFICA

Durante esta revisão de vida, o sujeito sente como se fosse o presente e renovada a experiência de não só todos os seus atos, mas também cada pensamento de sua vida no passado, e percebe que tudo isso é um campo de energia que influencia a si mesmo, bem como outros. Tudo o que foi feito e pensado parece ser significativo e armazenados. A visão obtida é sobre se o amor foi dado ou, pelo contrário, retido. Porque um está conectado com as memórias, emoções e consciência de outra pessoa, você experimenta as conseqüências de seus próprios pensamentos, palavras e ações para outra pessoa no exato momento no passado, quando eles ocorreram. Portanto, não é durante a revisão de vida que há uma conexão com os campos de consciência de outras pessoas, bem como com os seus próprios campos de consciência (interconexão). Os pacientes passam por um levantamento de toda a sua vida em uma só página; tempo e espaço não parecem existir durante essa experiência. Instantaneamente eles estão onde concentram-se (não-localidade), e eles podem falar por horas sobre o conteúdo da revisão de vida, mesmo que a reanimação tenha levado apenas minutos. Citação:

"Toda a minha vida até o presente parecia estar colocada diante de mim em uma espécie de avaliação panorâmica tridimensional, e cada evento parecia estar acompanhado por uma consciência de bem ou mal ou com uma introspecção em causa ou efeito. Não só eu percebo tudo do meu próprio ponto de vista, mas eu também sabia os pensamentos de todos os envolvidos no evento, como se eu tivesse os seus pensamentos dentro de mim. Isto significava que eu percebia não só o que eu tinha feito ou pensado, mas ainda de que forma ele tinha influenciado os outros, como se eu visse as coisas com olhos que tudo vêem. E por isso mesmo seus pensamentos, aparentemente, não são eliminados. E o tempo todo durante a revisão foi enfatizada a importância do amor. Olhando para trás, eu não posso dizer quanto tempo esta revisão de vida e visão de vida durou, pode ter sido por muito tempo, para cada assunto que veio à tona, mas ao mesmo tempo parecia apenas uma fração de segundo, porque eu os percebi todos ao mesmo momento. Tempo e distância parecia não existir. Eu estava em todos os lugares ao mesmo tempo, e às vezes a minha atenção foi atraída para alguma coisa, e, em seguida, gostaria de estar presente lá."

Também uma pré-visualização pode ser experimentada, em que ambas as imagens de futuros eventos da vida pessoal (às vezes lembrados apenas mais tarde na forma de "déjà vu"), bem como imagens mais gerais do futuro aparecem, embora deva ser salientado que estas imagens devem ser consideradas puramente como possibilidades. E mais uma vez, parece como se o tempo e o espaço não existissem durante esta revisão. Citação:

"Eu tive um contato visual agradável, eles olharam para mim cheios de amor, e, em seguida, eu examinei uma grande parte da minha vida no futuro; os cuidados para com os meus filhos, a doença terminal de minha esposa, as circunstâncias nas quais eu estaria envolvido, no meu trabalho, e além disso. Eu examinei-a completamente; e então eu tive a sensação de que eu tinha que decidir agora: 'Eu posso ficar aqui, ou eu tenho que voltar", mas eu tinha que decidir agora".

4.3. O ENCONTRO COM PARENTES FALECIDOS

Se conhecidos ou parentes falecidos são encontrados em uma dimensão sobrenatural, são normalmente reconhecidos por sua aparência, enquanto a comunicação é possível através da transmissão de pensamento. Assim, durante uma EQM também é possível entrar em contato com campos de consciência das pessoas falecidas (interconexão). Às vezes, era impossível o paciente ter tido conhecimento da morte das pessoas que aparecem; às vezes, pessoas desconhecidas para eles são encontradas durante uma EQM. Cotação:

"Durante a minha parada cardíaca eu tive uma experiência extensa (...) e depois eu vi, além da minha avó falecida, um homem que tinha olhado para mim com amor, mas que eu não conhecia. Mais de 10 anos depois, no leito de morte de minha mãe, ela me confessou que eu nasci de uma relação extraconjugal. Meu pai era um judeu que tinha sido deportado e morto durante a Segunda Guerra Mundial, e minha mãe me mostrou a sua imagem. O homem desconhecido que eu tinha visto mais de 10 anos antes, durante a minha EQM, era meu pai biológico."

4.4. O RETORNO PARA O CORPO

Alguns pacientes podem descrever como eles voltaram para seu corpo, principalmente através da parte superior da cabeça, depois de terem entendido, através de uma comunicação sem palavras com um Ser de Luz ou de um parente falecido, que "não era o seu tempo ainda", ou que "eles ainda tinham uma tarefa a cumprir." O retorno consciente ao corpo é vivenciado como algo muito opressivo. Eles recuperam a consciência em seu corpo e percebem que estão "trancados" nele, o que significa mais uma vez toda a dor e restrição de sua doença. Eles também perceberam que uma parte da sua consciência, com profundo conhecimento e compreensão, bem como o sentimento de amor incondicional e aceitação, foram tomados deles novamente. Citação:

"E quando recuperei a consciência do meu corpo, era tão terrível, tão terrível... que a experiência foi tão bonita, eu nunca teria gostado de voltar, eu queria ficar lá... e ainda assim eu voltei. E a partir daquele momento foi uma experiência muito difícil viver minha vida de novo no meu corpo, com todas as limitações que eu senti naquele período."

4.5. A PERDA DO MEDO DA MORTE

Quase todas as pessoas que tiveram uma EQM perderam o medo da morte. Isto é devido à percepção de que há uma continuidade da consciência, mesmo quando você foi declarado morto por transeuntes ou até mesmo por médicos. Estar separado do corpo sem vida, mantendo a capacidade de percepção. Citação:

"Está fora do meu domínio discutir algo que só pode ser comprovado pela morte. Para mim, no entanto, a experiência foi decisiva para me convencer de que a consciência vive no além-túmulo. A morte não era a morte, mas uma outra forma de vida ".

Outra citação:

"Esta experiência é uma bênção para mim, pois agora eu sei com certeza que o corpo e a mente são separados, e que há vida após a morte."

Na sequência de uma EQM as pessoas sabem da continuidade de sua consciência, mantendo todos os pensamentos e eventos passados. E essa percepção faz com que exatamente haja o seu processo de transformação e da perda do medo da morte. O homem parece ser mais do que apenas um corpo.

5. NEUROFISIOLOGIA EM PARADA CARDÍACA

Todos estes elementos de uma EQM foram experimentados durante o período de parada cardíaca, durante o período de inconsciência aparente, durante o período de morte clínica! Mas como é possível explicar essas experiências durante o período de perda temporária de todas as funções do cérebro, devido à isquemia aguda pancerebral?
Sabemos que pacientes com parada cardíaca ficam inconscientes em segundos. Mas como sabemos que o eletroencefalograma (EEG) é plano nesses pacientes, e como podemos estudar isso? Cessação completa da circulação cerebral é encontrada em parada cardíaca por fibrilação ventricular (FV), durante o teste do limiar na implantação de desfibriladores internos. Este modelo de isquemia cerebral completo pode ser utilizado para estudar o resultado de anoxia cerebral.”

“[...] A partir desses estudos, sabemos que no nosso estudo1 prospectivo, bem como nos outros estudos2,3 de pacientes que estiveram clinicamente mortos (FV no ECG), total ausência de atividade elétrica no córtex do cérebro (EEG plano) deve ter sido a única possibilidade, mas também a supressão da atividade do tronco cerebral, tais como a perda do reflexo da córnea, pupilas dilatadas e fixas, e a perda do reflexo de vômito é uma descoberta clínica em pacientes. No entanto, os doentes com uma EQM podem relatar uma consciência clara, em que o funcionamento cognitivo, emoção, sentimento de identidade e memória desde a infância era possível, bem como a percepção de uma posição fora e acima do seu corpo "morto". Por causa das ocasionais e verificáveis ​​experiências fora-do-corpo, como a que envolve as próteses em nosso estudo, sabemos que a EQM deve acontecer durante o período de inconsciência, e não nos primeiros ou últimos segundos deste período. Há também um relatório bem documentado de uma paciente com registro constante do EEG durante a cirurgia para um aneurisma gigantesco na base do cérebro, operado com uma temperatura do corpo entre 10 e 15 graus Celsius. Ela estava conectada a uma máquina coração-pulmão, com FV, com todo o sangue drenado de sua cabeça, com uma linha plana EEG, com dispositivos clicando em ambas as orelhas, com os olhos tampados, e esta paciente experimentou uma EQM com uma experiência fora do corpo, e todos os detalhes que ela viu, e ouviu mais tarde puderam ser verificados15.
Então temos que concluir que as EQMs no nosso estudo1, bem como na America2 e o estudo britânico3, foram experimentadas durante uma perda funcional transitória de todas as funções do córtex e do tronco cerebral. Como poderia uma consciência clara fora o corpo ser experimentada no momento em que o cérebro já não funciona durante um período de morte clínica, com um EEG plano? Tal cérebro seria aproximadamente análogo a um computador com a sua fonte de alimentação desconectada de seus circuitos individuais. Não poderia ter alucinações; ele não poderia fazer nada. Como afirmado anteriormente, até o presente tem sido geralmente assumido que a consciência e as memórias estão localizadas no interior do cérebro, que o cérebro produz. De acordo com este conceito não comprovado, consciência e memórias deveriam desaparecer com a morte física, e necessariamente também durante a morte clínica ou morte cerebral. No entanto, durante uma EQM, pacientes experimentam a continuidade da sua consciência com a possibilidade de percepção fora e acima de um corpo sem vida. A consciência pode ser experimentada em outra dimensão, sem o nosso conceito ligado ao corpo convencional de tempo e espaço, onde existem todos os passados, presentes e futuros, podendo ser observados simultaneamente e instantaneamente (não-localidade). Na outra dimensão, pode ser conectado com as memórias pessoais e campos de consciência de si mesmo, assim como outros, incluindo parentes falecidos (interconectividade universal). E o retorno consciente em seu corpo pode ser experimentado, juntamente com a sensação de limitação física, e também, por vezes, a consciência da perda da sabedoria universal e amor que eles tinham experimentado durante a sua EQM.

6. NEUROFISIOLOGIA EM CÉREBRO COM FUNCIONAMENTO NORMAL

Durante décadas, uma extensa pesquisa foi feita para localizar a consciência e as memórias dentro do cérebro, até agora sem sucesso. Em conexão com a suposição não provada de que a consciência e as memórias são produzidas e armazenadas no interior do cérebro, devemos perguntar-nos como uma atividade não-material, tais como atenção concentrada ou pensamento pode corresponder a uma (material) reação observável na forma de eletricidade mensurável, e atividade química magnética em um determinado lugar no cérebro23-25, ​​mesmo um aumento do fluxo sanguíneo cerebral é observado durante uma atividade tão imaterial como o pensamento26. Estudos neurofisiológicos têm mostrado essas atividades através de EEG, magnetoencefalografia (MEG), ressonância magnética (MRI) e tomografia por emissão de pósitrons (PET). As áreas específicas do cérebro têm sido mostrados por tornar-se metabolicamente ativas em resposta a um pensamento ou sentimento. No entanto, esses estudos, apesar de fornecer evidências para o papel das redes neuronais como um intermediário para a manifestação de pensamentos, não implica necessariamente que essas células também produzem os pensamentos. A evidência direta de como os neurônios ou redes neuronais poderiam produzir a essência subjetiva da mente e pensamentos, por enquanto, não existe.”
“[...] Alguns pesquisadores tentam criar inteligência artificial pela tecnologia do computador, esperando simular programas evocando consciência. Mas Roger Penrose, um físico quântico, argumenta que "os cálculos algorítmicos não pode simular o raciocínio matemático. O cérebro, como um sistema fechado capaz de cálculos internos e consistentes, é insuficiente para provocar a consciência humana.36" Penrose oferece uma hipótese mecânica quântica para explicar a relação entre a consciência e o cérebro. E Simon Berkovitch, professor em Ciência da Computação da Universidade George Washington, calculou que o cérebro tem uma capacidade absolutamente inadequada para produzir e armazenar todos os processos informacionais de todas as nossas memórias com pensamentos associativos. Nós precisaríamos de 1.024 operações por segundo, o que é absolutamente impossível para os nossos neurônios37. Herms Romijn, neurobiólogo holandês, chega à mesma conclusão30. Deve-se concluir que o cérebro não tem a capacidade de computação suficiente para armazenar todas as memórias com pensamentos associativos da vida de alguém, não tem capacidade de recuperação suficiente, e não parece ser capaz de provocar a consciência.

7. A MECÂNICA QUÂNTICA E O CÉREBRO

Com os nossos conceitos médicos e científicos atuais, parece impossível a explicação de todos os aspectos das experiências subjetivas como relatadas por pacientes com uma EQM durante o período de parada cardíaca, durante uma perda transitória de todas as funções do cérebro. Mas a ciência, creio eu, é a busca de novos mistérios explicando um pouco a catalogação de fatos e conceitos antigos. Por isso, é um desafio científico discutir novas hipóteses que poderiam explicar a interligação relatada com a consciência de outras pessoas e de parentes falecidos, para explicar a possibilidade de experimentar instantaneamente e simultaneamente (não-localidade) uma avaliação e uma pré-visualização da vida de alguém em uma dimensão sem o nosso conceito ligado ao corpo convencional de tempo e espaço, onde existem todos os eventos passados, presentes e futuros, bem como a possibilidade de ter a consciência clara com memórias de infância, com a auto-identidade, com a cognição, e com emoção, e a possibilidade de percepção fora e acima do seu corpo sem vida.
Devemos concluir, como muitos outros, que os processos da mecânica quântica poderiam ter algo a ver com a crítica de como a consciência e memórias relacionam-se com o cérebro e o corpo durante as atividades diárias normais, bem como durante a morte encefálica ou morte clínica.”

“[...] A física quântica não pode explicar a essência da consciência ou o segredo da vida, mas no meu conceito é útil para a compreensão da transição entre os campos de consciência do espaço-fase (a ser comparado com os campos de probabilidade como sabemos da mecânica quântica) e a consciência desperta no espaço real, porque estes são os dois aspectos complementares da consciência41. Nosso todo e consciência não dividida com memórias declarativas encontra a sua origem, e é armazenado neste espaço-fase, e apenas o córtex ligado ao corpo serve como uma estação de retransmissão para partes da nossa consciência e partes de nossas memórias a serem recebidas em nossa consciência desperta. Neste conceito a consciência não está fisicamente enraizada. Isto poderia ser comparado com a internet, que não se origina a partir do próprio computador, mas só é recebido por ele.
A vida cria a transição da fase de espaço em nosso espaço real-manifesto; de acordo com a nossa hipótese a vida cria a possibilidade de receber os campos de consciência (ondas) para a consciência desperta, que pertence ao nosso corpo físico (partículas). Durante a vida, a consciência tem um aspecto de ondas, bem como de partículas, e existe uma interação permanente entre estes dois aspectos da consciência. Este conceito é uma teoria complementar, como os aspectos de onda e partícula de luz, e não uma teoria dualista. Experiências subjetivas (conscientes) e as correspondentes propriedades físicas objetivas são duas manifestações fundamentalmente diferentes de uma mesma realidade subjacente mais profunda; elas não podem ser reduzidas a cada uma30. O aspecto de partículas, o aspecto físico de consciência no mundo material, tem origem no aspecto onda de nossa consciência a partir da fase de espaço pelo colapso da função de onda em partículas ("redução objetiva"), e pode ser medido por meio de EEG, MEG, RM e PET scan. E diferentes redes neuronais funcionam como interface para os diferentes aspectos da nossa consciência, como pode ser demonstrado por alterar imagens durante estes registros de EEG, ressonância magnética ou PET scan. O aspecto onda de nossa consciência indestrutível no espaço de fase, com interconectividade não-local, não é inerentemente mensurável por meios físicos. Quando morremos, a nossa consciência não terá mais um aspecto de partículas, mas apenas um aspecto eterno das ondas.
Com este novo conceito sobre a consciência e a relação mente-cérebro todos os elementos comunicados por uma EQM durante a parada cardíaca poderiam ser explicados. Este conceito também é compatível com a interligação não-local com campos de consciência de outras pessoas no espaço de fase. Na sequência de uma EQM a maioria das pessoas, muitas vezes para seu próprio espanto e confusão, experimentam uma sensibilidade intuitiva aprimorada, como a clarividência e a clariaudiência, ou sonhos prognósticos, em "sonho" sobre eventos futuros. Em pessoas com uma EQM a capacidade de recepção funcional parece ser permanentemente reforçada. Quando você compara isso com um aparelho de TV, você não receberá apenas o Canal 1, a transmissão de sua consciência pessoal, mas simultaneamente os canais 2, 3 e 4 com aspectos da consciência dos outros. Esta comunicação remota, não-local, parece ter sido demonstrada cientificamente posicionando dois sujeitos em duas câmaras separadas de Faraday, que bloqueiam efetivamente qualquer mecanismo de transferência eletromagnética. Um estímulo visual padrão é utilizado para desencadear respostas visuais evocadas no registro de EEG do sujeito estimulado, e esta foi instantaneamente recebida pelo sujeito não-estimulado resultante de um evento neural análogo com uma morfologia semelhante de ondas cerebrais, ou potenciais transferidos, como revelado no EEG43,44.

8. O PAPEL DO DNA

Como devemos entender a interação entre a nossa consciência e o funcionamento do nosso cérebro e do nosso corpo em constante mudança? Como dito antes, durante a nossa vida a composição do nosso corpo muda continuamente, como durante cada segundo 500 mil células estão sendo substituídas em nosso corpo. O que poderia ser a base da continuidade do nosso corpo em mudança? Células e moléculas são apenas os blocos de construção. Ao avaliar todas as teorias mencionadas acima, parece razoável considerar o DNA específico da pessoa em nossas células como o lugar de ressonância, ou a interface através da qual uma troca constante de informação tem lugar entre o nosso corpo material e pessoal do espaço-fase, onde todos os campos de nossa consciência pessoal estão disponíveis como campos de possibilidades.
O DNA é uma molécula, composta por nucleotídeos, com uma estrutura de dupla hélice. Nos seres humanos está organizado em 23 pares de cromossomos, com 30.000 genes, e contém cerca de 3 bilhões de pares de base45. Cerca de 95% do DNA humano tem uma função ainda desconhecida, pelo que é chamado de "DNA lixo", DNA não codificador proteico, ou íntrons46, e os 5% de codificação de proteínas chamados exons. A espécie mais complexa é a que tem mais íntrons. Simon Berkovich assume que este "DNA lixo" poderia ter um efeito de identificação, comparável a um tipo de funcionalidade "código de barras". De acordo com a hipótese de o DNA não conter em si o material hereditário, mas ser capaz de receber informação hereditária e as memórias do passado, bem como as informações morfogenéticas, que contém a forma como o corpo vai ser construído com todos os seus sistemas de células diferentes, com funções especializadas47. O DNA de uma pessoa específica é, neste modelo, o receptor, bem como o transmissor da permanente mutação da consciência pessoal.”

“[...] 9. ANALOGIA COM A COMUNICAÇÃO MUNDIAL

Na tentativa de compreender este conceito de quantum interação mútua mecânica entre a fase de espaço invisível e visível a nossa, corpo material, parece adequado compará-lo com a comunicação moderna em todo o mundo. Há uma troca contínua de informação objetiva, por meio de campos eletromagnéticos para rádio, TV, telefone celular ou computador portátil. Não temos conhecimento da grande quantidade de campos electromagnéticos que constantemente, dia e noite, existem em torno de nós e através de nós, bem como através de estruturas como paredes e edifícios. Nós só nos tornamos conscientes desses campos eletromagnéticos informativos no momento em que usamos nosso telefone celular ou ligando nosso rádio, TV ou computador portátil. O que nós recebemos não está dentro do instrumento, nem nos componentes, mas graças ao receptor, a informação dos campos electromagnéticos se torna observável aos nossos sentidos e, portanto, a percepção ocorre em nossa consciência. A voz que ouvimos no nosso telefone não está dentro dele. O concerto que ouvimos da nossa rádio é transmitido ao nosso rádio. As imagens e a música que ouvimos e vemos na TV são transmitidos para o nosso aparelho de TV. A internet não está localizada dentro de nosso laptop. Nós podemos receber o que é transmitido com a velocidade da luz a partir de uma distância de algumas centenas ou milhares de milhas. E se desligar o aparelho de TV, a recepção desaparece, mas a transmissão continua. A informação transmitida permanece presente dentro dos campos eletromagnéticos. A conexão foi interrompida, mas não desapareceu e ainda podem ser recebidas em outros lugares usando outro aparelho de televisão ("não-localidade").
Poderia o nosso cérebro ser comparado com o aparelho de TV, que recebe as ondas eletromagnéticas e as transforma em imagem e som, bem como com a câmera de TV, que transforma a imagem e o som em ondas eletromagnéticas? Esta radiação eletromagnética mantém a essência de todas as informações, mas só é perceptível por nossos sentidos, através de instrumentos adequados, como câmera e TV.
Os campos informativos da nossa consciência e de nossas memórias, ambas evoluindo durante a nossa vida por nossas experiências devido à entrada de informação por nossos órgãos dos sentidos, estão presentes em torno de nós, e tornam-se disponíveis para a nossa consciência desperta somente através de nosso cérebro em funcionamento (e outras células do nosso corpo) na forma de campos electromagnéticos. Assim que a função do cérebro tenha sido perdida, tal como ocorre na morte clínica ou morte encefálica, memórias e consciência ainda existem, mas a receptividade é perdida, a ligação é interrompida.


10. CONCLUSÃO

De acordo com nosso conceito, fundamentado nos aspectos relatados de consciência vivida durante a parada cardíaca, podemos concluir que a nossa consciência poderia basear-se em campos de informação, que consistem em ondas, e que elas se originam no espaço de fase. Durante a parada cardíaca, o funcionamento do cérebro e de outras células do nosso corpo param por causa da anoxia. Os campos eletromagnéticos de nossos neurônios e outras células desaparecem, e a possibilidade de ressonância, a interface entre a consciência e corpo físico, é interrompida.
Tal entendimento fundamentalmente muda nossa opinião sobre a morte, por causa da conclusão quase inevitável que, no momento da morte física, a consciência continuará a ser experimentada em outra dimensão, em um mundo invisível e imaterial, o espaço de fase, no qual todo o passado, presente e futuro estejam fechados. A pesquisa sobre EQM não pode nos dar a prova científica irrefutável dessa conclusão, porque as pessoas com uma EQM não chegaram a morrer, mas todos eles chegaram muito, muito perto da morte, sem um funcionamento cerebral.
A conclusão de que a consciência pode ser experimentada independentemente da função cerebral poderia muito bem induzir uma enorme mudança de paradigma científico na medicina ocidental, e poderia ter implicações práticas em problemas médicos e éticos reais, tais como os cuidados para pacientes em coma ou próximos da morte, a eutanásia, o aborto, e a remoção de órgãos para transplante de alguém no processo de morrer com o coração batendo em um corpo quente, mas um diagnóstico de morte encefálica.
Ainda há mais perguntas do que respostas, mas, com base nos aspectos teóricos acima mencionados da continuidade obviamente experiente da nossa consciência, nós finalmente devemos considerar a possibilidade de que a morte, como o nascimento, pode muito bem ser uma mera passagem de um estado de consciência para outro.

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ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS: