domingo, 29 de junho de 2008

E A VIDA CONTINUA ...


Fábio José Lourenço Bezerra

Envolvidos que estamos por este mundo, muitas vezes nos deixamos levar pela ilusão de ser esta a única e verdadeira vida. Lutamos desesperadamente para sermos felizes aqui e agora. Não hesitamos, por várias vezes, em machucar, prejudicar o outro, para obtermos o nosso intento. Apegamos-nos excessivamente aos bens e prazeres transitórios desta vida, e quando os perdemos, passamos por uma verdadeira tortura. Contudo, somos consciências imortais habitando um corpo frágil e perecível, verdadeiro material didático que Deus, em sua infinita bondade, nos proporciona. Através dele, vivemos as mais diversas experiências na escola chamada Terra. Aqui estamos, na verdade, para desenvolver a nossa inteligência e o amor ao nosso semelhante, para obtermos, dessa forma, a verdadeira felicidade. O paraíso não é um lugar circunscrito, e sim, um estado de consciência, quando a plena sabedoria e moralidade nos colocam em contato direto com o Criador. Não, não nos iludamos, a morte não é o fim de tudo, só mera etapa que todos nós, um dia, teremos de passar. O instante necessário para alcançarmos a vida maior.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1990].
2 ______. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].
3 ______. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed. São Paulo: Petit, [1997].

DEUS

DEUS
Fábio José Lourenço Bezerra
Na pergunta nº 1 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta ao Espírito de Verdade: "Que é Deus?" e a resposta: "Inteligência suprema. Causa primeira de todas as coisas." Já na pergunta nº 4, Kardec pergunta: "Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?" e a resposta: "Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a razão vos responderá." As galáxias, as estrelas, os planetas, os seres vivos, enfim, a natureza, grita em altos brados a existência de Deus. Sua complexidade e organização demonstram a atuação de uma grande inteligência, que idealizou e construiu os seus mínimos detalhes. Houve um tempo, recente inclusive, em que vários cientistas, sob influência do materialismo ateu, acreditavam ser apenas o nosso sistema solar possuidor de planetas, tendo estes sido originados em um evento raríssimo no universo. Na atualidade, contudo, já foram descobertos mais de 200 planetas fora do sistema solar, orbitando outras estrelas, sendo estes chamados de planetas extra-solares. O que antes pensava-se ser uma exceção, hoje mostrou-se uma regra universal. Um dos planetas extra-solares descobertos, o GL 581c, localizado na constelação de Libra, possui o tamanho aproximado ao da Terra, sendo semelhante também na distância entre ele e a estrela na qual orbita. Com temperaturas que variam entre 0 e 40°C, provavelmente possui água em sua superfície, podendo conter vida semelhante ao do nosso planeta, e, quem sabe, vida inteligente. Nosso universo possui vários bilhões de galáxias, cada uma delas com milhões e milhões de estrelas. Uma considerável parte destas estrelas possui planetas em sua órbita. Muitos deles, certamente, possuem características como tamanho, proximidade de sua estrela, temperatura da superfície, etc., semelhantes as do nosso planeta, favoráveis à existência da vida como a conhecemos. Isso quando não consideramos a possibilidade da vida existir em formas desconhecidas, aumentando, assim, em muito, a possibilidade da existência de vida em outros orbes do universo, inclusive vida inteligente. Vários cientistas ao redor do globo, entre físicos, astrofísicos e biólogos, defendem a tese da existência de vida em outros planetas. Se admitirmos a existência de Deus, seria realmente ilógico supor que apenas em nosso pequeno planeta existe vida inteligente. Na pergunta nº 172, lemos: “ As nossas diversas existências corporais se verificam todas na Terra?”, e a resposta: “ Não; vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.” Os diversos mundos habitados no universo, segundo o Espiritismo, são escolas criadas por Deus para o aperfeiçoamento dos Espíritos, verdadeiros campos de experiência, onde se desenvolvem o intelecto e a maturidade moral, complementando os ensinamentos transmitidos no mundo espiritual. Muitos cientistas que professam a crença materialista acreditam ter a vida surgido na Terra por obra do acaso, mediante reações químicas ocorridas fortuitamente entre substâncias presentes na sua superfície, com a ajuda de descargas elétricas vindas da atmosfera. Porém, nada, até os dias de hoje, conseguiram provar de sua hipótese. É bastante natural pensarem dessa forma, uma vez que só admitem a matéria conhecida e suas propriedades como a explicação para tudo o que existe, não admitindo outras possibilidades, negando-se a aceitar a existência de formas de matéria e energia muito além do seu conhecimento. A física quântica nos mostrou quão distante estamos de compreender o Universo. Contudo, os Espíritos superiores comunicaram a Allan Kardec e também através da mediunidade de Chico Xavier que a vida foi plantada neste mundo pela espiritualidade maior, evoluindo, mediante a colaboração da mesma, até as espécies que conhecemos hoje, segundo a vontade de Deus. Se não obscurecermos nossa mente com o materialismo, veremos que esta segunda hipótese é bem mais lógica. Durante o estudo das células, verificamos quão organizadas e complexas são elas, principalmente as chamadas células eucariontes. Diversas substâncias orgânicas (proteínas, carboidratos, lipídeos, ácidos nucléicos, etc.) formam estruturas com as mais diversas finalidades dentro da célula, e proteínas de diversos tipos executando os mais variados papéis, como as enzimas, por exemplo, em processos bastante complexos e interdependentes, garantindo a sobrevivência da célula. Estas, por sua vez, no caso dos seres vivos pluricelulares, em conjunto, formam os tecidos, órgãos e sistemas. Como pôde o homem, ante tão grandiosa obra de engenharia da natureza, supor que tudo isso teria surgido por acaso? Negar que uma grande inteligência esteja por trás dessa obra-prima? Afinal, pela obra conhece-se o autor. Na pergunta Nº 607, Kardec pergunta ao Espírito de Verdade: “Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?” e a resposta: “ Numa série de existências que precedem o período que chamais Humanidade.”. Na mesma pergunta, Kardec faz uma ressalva: “a) – Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?” e a resposta: “Já não dissemos que tudo em a natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, a fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.” Ao estudarmos Biologia, verificamos uma gradação evolutiva nos seres vivos, em graus crescentes de complexidade, sensibilidade e inteligência, dos microrganismos, como bactérias e protozoários, passando pelas plantas e animais, até chegar ao homem. Qual o sentido da vida? Para o Espiritismo, como vimos na pergunta acima, a vida orgânica é o suporte no qual o princípio inteligente se individualiza, se estrutura e se desenvolve, através dos diversos seres vivos, dos mais primitivos para os mais evoluídos, até chegar ao homem, quando aí já se encontra no estágio de Espírito, possuidor de inteligência bastante avançada, com consciência do futuro, capaz de distinguir o bem do mal, e responsável por seus atos. Dessa forma, os demais seres vivos afora o homem, possuem um propósito maior, e sua essência, o princípio inteligente, sobrevive à morte do corpo físico que o abrigava, desenvolvendo-se, cada vez mais, em existências posteriores, sendo essa a nossa origem como Espíritos. Assim, seres dotados de certo grau de inteligência e sensibilidade, embora em bem menor escala do que nós, como os animais, não serão jogados no nada após passar por uma existência, por muitas vezes, de sofrimento, correspondendo isto à infinita bondade, justiça e sabedoria do Criador. Os Espíritos, ao passarem por diversas existências, atingem o estado de puros espíritos, não necessitando mais reencarnar, retornando apenas aos mundos de aprendizado em missão, para auxiliar o progresso dos Espíritos ainda em condição evolutiva inferior. Estes Espíritos, prepostos de Deus, ajudam inclusive na criação de novos mundos, podendo, igualmente, serem chamados de anjos. Foram eles que, segundo a vontade de Deus, por exemplo, presidiram a fomação do nosso mundo, a criação e a evolução da vida. Ao observarmos este Universo sob a ótica espírita, veremos, ainda que timidamente, a grandiosidade da criação, como tudo se encadeia, como tudo se equilibra, como em tudo se encontra harmonia. Uma obra de infinita sabedoria, digna de um Deus onipotente, onisciente, onipresente, soberanamente justo e bom.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1990].
2 ______. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].
3 ______. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed. São Paulo: Petit, [1997].