domingo, 19 de julho de 2015

DA EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE À REENCARNAÇÃO - PALESTRA DO DR. DÉCIO IANDOLI JR

Fonte da imagem: https://blogdobrunotavares.wordpress.com/2015/04/21/dr-decio-iandoli-jr-o-querido-escritor-e-expositor-espirita-manda-um-depoimento-para-o-nosso-blog/

Fábio José Lourenço Bezerra

O Dr. Décio Iandoli Jr. fez doutorado em medicina pela UNIFESP, é professor titular da cadeira de Fisiologia nos cursos de Fisioterapia, Farmácia e Biologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), responsável pela disciplina de Envelhecimento e Espiritualidade do curso de Gerontologia da UNISANTA, atual vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Santos (AME-Santos), e autor dos livros “Fisiologia Transdimensional”, “Ser Médico e Ser Humano”, “A Reencarnação Como Lei Biológica” e “Da Alma ao Corpo Físico”, todos editados pela FE.
Ele proferiu, em Junho de 2013, uma excelente palestra no Recanto da Prece Eurípedes Barsanulfo – Campo Grande/ MS – intitulada: “Da Experiência de Quase-Morte à Reencarnação”. Abaixo, colocamos o vídeo da palestra. 



ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS:




sexta-feira, 10 de julho de 2015

RESUMO DA DOUTRINA ESPÍRITA

Allan Kardec: O codificador da Doutrina Espírita
Fonte da imagem: http://www.autoresespiritasclassicos.com/allan%20kardec/O%20Principiante%20Espirita/Allan%20Kardec%20-%20O%20Principiante%20Esp%C3%ADrita.htm


Fábio José Lourenço Bezerra

            Na introdução de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec escreveu um resumo da Doutrina Espírita, que transcrevemos abaixo:

“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.”

 “Criou o Universo, formado por tudo o que tem vida e o que não tem, o que é material e o que é imaterial.”

“Os seres materiais formam o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espiritual, isto é, dos Espíritos.”

“O mundo espiritual é o mundo normal, o primeiro, eterno, que já existia e sobreviverá a tudo.”

“O mundo visível é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter existido jamais, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espiritual.”

“Os Espíritos se ligam, temporariamente, a um corpo material perecível, que é destruído pela morte, e depois dela eles voltam à liberdade.”

“Entre as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhes superioridade moral e intelectual sobre as outras.”

“A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo material apenas o seu envoltório, como uma roupa.”

“Há no homem três coisas: 1º, o corpo material parecido com o dos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3º, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.”



“Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, com instintos semelhantes aos deles; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.”

“O laço ou perispírito, que prende o Espírito ao corpo material, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição da roupagem mais grosseira, o corpo material. O Espírito conserva o perispírito, que é para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e que poderíamos até mesmo tocá-lo, como acontece no fenômeno das aparições.”

“O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de se imaginar pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certo casos, pode ser visto, escutado e tocado.”

“Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, cheios das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc.
Sentem prazer com o mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes perturbadores e manipuladores, do que perversos. A malícia e as inconseqüências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos travessos ou levianos.”

“Os Espíritos não ocupam para sempre a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como punição, a outros como missão. A vida material é uma prova que eles devem sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral.”

“Deixando o corpo, a alma volta ao mundo dos Espíritos, de onde havia saído, para passar por nova existência no mundo material após um intervalo de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Espírito errante.”

“Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, significa que todos nós já tivemos muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja na Terra, seja em outros mundos.”

“A encarnação dos Espíritos ocorre sempre na espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal.”

 “As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.”

“As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.”

“A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de ter se separado do corpo.”

“Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores aparecem na sua memória, com a lembrança de todo bem e de todo mal que fez.”

“O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos desejos grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preferência à sua natureza animal.”

“Os Espíritos encarnados habitam os diferentes mundos do Universo.”

“Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos a todo instante. É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.”

“Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo.”

“As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos influenciam para o mal: é para eles um prazer nos ver cair e ficarmos semelhantes a eles.”

“As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, sem sabermos. Cabe ao nosso juízo distinguir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.”

“Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou através de evocação, chamando-os.”

“Podem ser chamados todos os Espíritos: os que animaram homens não famosos, como os das personalidades mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, amigos, ou inimigos, e conseguir deles, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além, sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações que sejam permitidas a eles nos fazer.”

“Os Espíritos são atraídos pela sua simpatia com a natureza moral do ambiente que os chama. Os Espíritos superiores se sentem bem nas reuniões sérias, onde predominam o amor ao bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem atuar com toda a liberdade entre pessoas fúteis ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de se conseguirem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, já que muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.”

“Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente uma linguagem digna, nobre, da mais alta moralidade, livre de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria transparece dos seus conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconseqüente, com frequência vulgar e até grosseira. Se, algumas vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem às custas dos que os interrogam, enaltecendo-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com esperanças enganosas. Em resumo, as comunicações sérias, no mais amplo significado do termo, só são dadas nos centros sérios, onde reine íntima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.”

“A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações.”

“Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho e a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se aproxima da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as capacidades e os meios que Deus pôs em suas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porque desobedece à Lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e colocadas à mostra todas as suas torpezas; que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e recompensas desconhecidas na Terra.”

“Mas, ensinam também não haver faltas imperdoáveis, que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conforme os seus desejos e esforços, no caminho do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos.





quinta-feira, 9 de julho de 2015

O NASCIMENTO DA DOUTRINA ESPÍRITA

Fonte da imagem: http://oradorespiritafmg.blogspot.com.br/2011/04/conhecendo-as-obras-basicas-da.html

Fábio José Lourenço Bezerra

Na segunda metade do século XIX a ciência e a tecnologia avançavam, oferecendo grandes contribuições à humanidade. O telégrafo possibilitou a comunicação quase instantânea entre longas distâncias, e o trem a vapor tornou possíveis as viagens de muitos para os mais distantes lugares, em um tempo muito menor. Estas foram apenas duas entre muitas outras grandes contribuições.
Assim, o estudo da natureza passava a ter extrema importância, e muito se questionava sobre os ensinamentos da religião que, exigindo uma fé cega, colocava muitos obstáculos a este estudo, limitando o pensamento humano. Cada vez mais pessoas desejavam compreender para crer.

Muitas pessoas se interrogavam: Como um Deus infinitamente bom, justo e todo-poderoso permitia tanto sofrimento e desigualdade entre os seus filhos?

Diante de tudo isso, o materialismo científico, que afirma que tudo surgiu por acaso, não havendo necessidade de um Deus para a criação do nosso Universo, avançava cada vez mais. Para o materialismo, as pessoas não passariam de pedaços de carne e osso inteligentes, sensíveis e com data de validade. As religiões nada mais seriam do que criações da imaginação humana.
Com o materialismo, vinha o pessimismo. Afinal, sem um propósito, um plano superior para a vida, nosso destino dependeria do acaso. Sofrer ou se dar bem na vida, muitas vezes, nada mais seria do que uma questão de sorte.
O que restaria das pessoas após a morte, se não possuem uma alma imortal? O suicídio, neste caso, seria uma fuga natural para aqueles que passam por grandes sofrimentos na vida. Para que viver sofrendo se, com a morte, tudo cessa? 
Nossos parentes e amigos mais queridos simplesmente deixariam de existir depois de seus corpos terem descido para a sepultura.
Para que procurar modificar-se, combater em si os vícios morais do egoísmo, do orgulho, da vaidade e do apego às coisas materiais, querer tornar-se uma pessoa boa e equilibrada, se a vida é curta? Tudo acabando com a morte, só nos resta desfrutar da vida intensamente, sem se importar com quem quer que seja, pois a vida pode acabar a qualquer momento. Só alguém que já é naturalmente bom poderia continuar sendo, se fosse materialista. Mas mesmo assim questionaria se sua bondade não é uma perda de tempo, diante de tantas pessoas que só se importam consigo mesmas e estão desfrutando intensamente dos prazeres que a vida pode proporcionar.
Imaginemos um mundo onde a única crença fosse o materialismo. Seria uma selva, onde os fracos seriam devorados pelos fortes.

Foi nessa época que, como resposta dos céus, a partir dos Estados Unidos, (depois que aconteceram os fenômenos de Hydesville  Ver o texto O Início do Espiritismo Parte 1– Hydesville, neste blog), passando pela França, Europa e o resto do mundo, espalhou-se como uma epidemia o fenômeno das “mesas girantes”. Ele ocorria quando várias pessoas sentavam-se ao redor de uma mesa, todos pondo as mãos em cima dela, formando entre si uma corrente. Após um tempo, a mesa girava, flutuava e movia-se no ar sem apoio visível nenhum, e com batidas dos seus pés no chão, respondia às perguntas das pessoas presentes através de códigos (por exemplo, uma pancada significava a letra “A”; duas pancadas a letra “B”, até formar-se uma palavra, e em seguida frases inteiras).

Fonte da imagem: http://dalhemongo.com/coluna-das-mesas-girantes-a-codificacao


Durante muito tempo, as mesas girantes foram o principal divertimento da sociedade européia da época, notadamente a parisiense. Aconteciam tanto nos salões de festa quanto nos lares, quando os familiares e amigos reuniam-se para interrogar as mesas sobre os mais diversos assuntos que, em sua maioria, eram banais: se ia arranjar um marido, conseguir um emprego ou enriquecer, por exemplo. 
Além dos curiosos, os fenômenos também atraíram a atenção de homens de ciência da época. Alguns, ante os fatos, simplesmente os negavam, declarando que o fenômeno não passava de fraude pura e simples, sem antes investigar melhor; outros, mais criteriosos, tomaram todas as precauções para afastar totalmente a possibilidade de fraude. Afastada esta possibilidade, convenceram-se da realidade dos fatos, procurando explicá-los através das mais diversas hipóteses: uns defendiam a atuação dos Espíritos; outros, através da atuação do subconsciente das pessoas presentes nas sessões.

O fenômeno foi registrado em vários livros e muitos jornais da época. 

Com o tempo, as comunicações evoluíram, sob a orientação das próprias inteligências que guiavam as mesas, para um lápis amarrado em uma cesta, segurada por duas pessoas, a escrever em uma folha de papel. Por fim, elas sugeriram  colocar-se um lápis diretamente na mão do médium (pessoa dotada da  sensibilidade  para  comunicar-se com  os Espíritos, em alguns casos capaz de ceder energia para que eles movam objetos, produzam pancadas, etc.), da qual tomariam o controle temporariamente para escrever. Nascia, assim, a psicografia.

Um dos investigadores acima citados, residente em Lyon, França, teve a sua atenção chamada para o fenômeno das “mesas girantes” através de um amigo, que o chamou para assistir a uma sessão. Era Hippolyte León Denizard Rivail, que mais tarde passaria a utilizar o pseudônimo Allan Kardec. Um homem de notável saber e inteligência,  principal discípulo do grande professor Pestalozzi. Rivail era bastante conhecido e respeitado em sua época. Dedicou-se à instrução e à educação durante aproximadamente trinta anos, tendo sido, inclusive, diretor de escola e professor. Escreveu vários livros didáticos sobre diversos assuntos, entre os quais Aritmética, Gramática francesa, Química, Física, Astronomia e Anatomia Comparada. Falava e escrevia em várias línguas, conhecendo bem o alemão, o inglês, o holandês, o latim, o grego e o gaulês.

Quando seu amigo de muito tempo, o Sr. Fortier, o informou que as mesas giravam, flutuavam e percorriam o ar sem nenhum apoio, Allan Kardec logo pensou na hipótese de o fenômeno ter uma causa puramente física. A eletricidade ou o magnetismo, pensou ele, poderiam estar ali atuando de maneira desconhecida. Porém, quando novamente se encontrou como Sr. Fortier, este lhe informou:

“Temos uma coisa muito mais extraordinária; não só se consegue que uma mesa se mova, magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde.”

De imediato, a reação de Kardec foi a seguinte declaração: 

“Eu acreditarei quando ver e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que pode se tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono”.

Procurando verificar os fenômenos por si mesmo, ele foi assistir a primeira das inúmeras sessões mediúnicas em que esteve presente.

Inicialmente, procurou examinar bem o fenômeno, para ver se descobria alguma fraude. Comprovou que era autêntico.
Vendo que realmente havia uma causa inteligente por trás do fenômeno, pensou na hipótese dele ser dirigido pela mente do médium e das pessoas presentes, só que de forma inconsciente. Depois de muitas observações, durante as várias sessões que participou, viu que esta hipótese não explicava os fatos.

Após assistir a suas primeiras sessões, Kardec teve uma idéia: testar as inteligências invisíveis com perguntas de alto teor cientifico e filosófico. Algumas simples e diretas; outras, com o real propósito de verificar se as respostas se contradiziam e se poderiam ser induzidas pela pessoa que pergunta. Para sua surpresa, muitas das inteligências não se deixavam influenciar, dando respostas inteligentes, ricas de lógica, conhecimentos e moralidade. Observou que uma enorme parte delas não se contradizia, e estavam muito acima da capacidade e conhecimentos dos médiuns e dos presentes nas sessões.
Ele fez estas perguntas para Espíritos que se comunicavam através de vários médiuns (mais de dez médiuns, que não se conheciam e de localidades distantes entre si). Procurava, dessa forma, se certificar de que as comunicações realmente não eram produto da mente dos médiuns e dos presentes nas sessões. Ele selecionou então as perguntas cujas respostas não feriam a lógica e eram coerentes entre si. Porém, Kardec aprendeu tanto com o menor, quanto com o maior dos Espíritos que se comunicavam. Ele escreveu na introdução de “O Livro dos Espíritos”:

“[...] Em alguns casos, as respostas revelam tal cunho de sabedoria, de profundeza e de oportunidade, pensamentos tão elevados e tão sublimes, que não podem emanar senão de uma Inteligência superior, impregnada da mais pura moralidade. De outras vezes são tão levianas, tão frívolas, tão triviais mesmo, que a razão se recusa a acreditar que possam proceder da mesma fonte. Tal diversidade de linguagem não se pode explicar senão pela diversidade das Inteligências que se manifestam.”

Imagine, por um momento, que você quer saber tudo sobre determinado país e seus habitantes. Desconfiado, você não acha suficiente pesquisar na internet, quer o testemunho de pessoas que você conhece e que já estiveram lá. Porém, uma ou duas pessoas lhe contando é muito pouco, pois você quer conhecer o país através do ponto de vista de várias pessoas conhecidas e fazer a comparação. Aí sim, você vai estar seguro.
Eis que, por um golpe de sorte, diversos parentes, amigos e conhecidos já estiveram naquele país, e eles são das mais diversas classes sociais, idades e níveis de instrução. Isto é muito bom, afinal, você quer conhecer o país como um todo e não apenas a parte mais humilde, ou a mais rica. Também quer saber sobre os pontos turísticos, o custo de vida, os programas culturais, clima, costumes, etc. Para sua felicidade, as descrições que todas essas pessoas lhe deram formam um todo coerente, fazendo você visualizar mentalmente o país de forma geral, e também em vários detalhes.
Os relatos coincidem em vários pontos, e muitas das pessoas que você entrevistou são de sua inteira confiança. E veja que você fez essas perguntas por vários anos seguidos!!! Será que você ainda tem alguma dúvida de que sabe muita coisa verdadeira sobre esse país, apesar de nunca ter posto os pés lá?
Admitamos agora a hipótese de que as pessoas possam, após o seu falecimento, comunicar-se conosco e contar tudo o que presenciaram, tudo o que sentiram do outro lado da vida. Admitamos também que essas comunicações só sejam possíveis através da sensibilidade especial de determinadas pessoas (os médiuns), que nos transmitiriam a comunicação recebida através de várias formas, como, por exemplo, a psicografia (método através do qual os Espíritos, pelas mãos dos médiuns, escrevem textos). Como poderíamos saber que aquelas comunicações são realmente de pessoas falecidas e não são produto da mente do médium, ainda que inconscientemente?
Lembremos do que foi dito no início deste texto, quando perguntamos a várias pessoas sobre determinado país que elas conheceram. Poderíamos imaginar agora, no lugar dessas pessoas, vários médiuns, que não se conhecem, de localidades distantes entre si, recebendo comunicações de vários Espíritos cada um, que revelariam as suas impressões acerca do mundo espiritual. Se, de fato, as centenas de comunicações obtidas coincidirem em vários pontos, aliás, na grande maioria deles, e se o teor dessas comunicações estiver muito acima do nível cultural dos médiuns, além de formarem um todo lógico, coerente, teríamos, evidentemente, um retrato muito confiável do que seria a vida pós-morte. As diferenças poderiam, neste caso, ser facilmente atribuídas aos pontos de vista característicos de cada Espírito comunicante, da mesma forma que, na vida material, as pessoas emitem pontos de vista e impressões distintas acerca de um mesmo assunto.

Após suas investigações pessoais, Kardec observou que o conteúdo das comunicações dos Espíritos ia sendo confirmado ao longo do tempo, através de diferentes médiuns de centros espíritas sérios, localizados em várias partes do mundo (cerca de mil centros).

O resultado de suas experiências demonstrava que uma enorme parte dos casos se devia a uma inteligência independente do médium e das pessoas presentes, contrária muitas vezes às convicções religiosas e filosóficas destes, com vontade e personalidade própria. Numerosas vezes dotadas de grande conhecimento, inteligência e moralidade. Isto além do fato de as próprias inteligências insistentemente afirmarem que eram Espíritos, tendo um dia possuído um corpo, nada mais sendo que as almas de pessoas que um dia viveram na Terra. Afirmação esta, diga-se de passagem, feita antes mesmo de alguém pensar nesta hipótese, surgida mesmo em meios totalmente avessos a esta idéia, como ocorreu com a família Fox, que eram protestantes, e muitos outros casos registrados no inicio dos fenômenos espíritas.

As revelações dadas pelos Espíritos possuíam um caráter revolucionário, e ao mesmo tempo profundamente racional. Eles apresentaram um conceito de Deus, da vida e do universo totalmente diversos do que se tinha até então, e a justiça divina nunca se apresentara tão rica em lógica e perfeição. Deus deixava de ser um Pai descontrolado e vingativo, que condenava seus filhos desencaminhados a uma punição eterna, para lhes dar infinitas chances de arrependimento, proporcionando-lhes meios de se reeducarem e conquistarem a perfeição moral e intelectual. Para esse Deus, nenhum de seus filhos seria excluído, por mais tempo que exigisse, da benção de evoluir moral e intelectualmente, estabelecendo a comunhão plena com Ele.
Os Espíritos traziam para a humanidade a possibilidade de crer e ao mesmo tempo compreender.
   
A força que todas estas circunstâncias tinham fizeram Kardec concluir que as inteligências comunicantes eram exatamente o que alegavam ser: pessoas que sobreviveram à morte do corpo físico, conservando intacta a sua alma. Ele constatou imediatamente a grande importância desta revelação, tomando a decisão de publicar as suas conclusões, mas principalmente as revelações dadas pelos Espíritos.

Os Espíritos Superiores informaram a Kardec que ele tinha uma missão a cumprir: divulgar a Doutrina Espírita pelo mundo. Eles prometeram dar todo o apoio durante este trabalho, supervisionando toda a Codificação, quer dizer, a reunião e organização de todos os ensinamentos dados pelos Espíritos Superiores na forma de uma Doutrina.

O primeiro fruto deste trabalho foi "O Livro dos Espíritos", publicado em 1857 e depois bastante ampliado em sua segunda edição de 1860. Trata-se da principal obra do Espiritismo. Com uma excelente introdução filosófica, ele é dividido em 4 (quatro) partes, e cada uma delas foi aprofundada depois, nas obras a seguir :

Das causas primárias - aprofundada em A Gênese, que trata do aspecto científico do Espiritismo;

Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos - aprofundada em O Livro dos Médiuns, que trata da prática espírita, a mediunidade. Verdadeiro manual de instruções para os médiuns e os demais participantes das reuniões mediúnicas;

Das leis morais - aprofundada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, que trata das questões morais e da mensagem de Jesus à luz da Doutrina Espírita;

Das esperanças e consolações – aprofundada em O Céu e o Inferno, que trata do estudo sobre a Justiça Divina, mostrando que o céu e o inferno são construções mentais de cada um.

As obras acima citadas formam a base da Doutrina Espírita. São conhecidas no meio espírita como o Pentateuco Kardequiano. Também foram publicadas obras complementares, como por exemplo: "O que é o Espiritismo" – onde Kardec rebate as principais objeções formuladas contra a Doutrina Espírita, contendo ainda a biografia de Allan Kardec; "Obras Póstumas" – concebido após sua morte e compilado por sua esposa e outros companheiros de ideal espírita, reunindo anotações não publicadas de Kardec; Revista Espírita, periódico que servia como “laboratório” para o codificador, onde ele expunha suas hipóteses, idéias, publicava novas comunicações mediúnicas e notícias acerca do movimento espírita.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1
KARDEC, AllanO Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, [2013];


2 ______________. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, [2003];


3. ______________.O Livro dos Médiuns: ou guia dos médiuns e evocadores: espiritismo experimental Rio de Janeiro: FEB, [1997];

4 ______________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed.São Paulo: Petit, [1997];


5 _______________. O Que é o Espiritismo: o espiritismo em sua mais simples expressão. 43. ed. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, [2000];

6 TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a passo com Kardec. 3 ed.Rio de Janeiro: FEB, [2011];


7 ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia: uma visão panorâmica. São Paulo: FE, 2002;


8 WANTUIL, Zêus.  As mesas girantes e o Espiritismo. 1 ed.Rio de Janeiro: FEB, [1957];


9 WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec: Pesquisa bibliográfica e ensaios de interpretação. Vol II.1 ed.Rio de Janeiro.FEB, [1980].

quarta-feira, 1 de julho de 2015

VÁRIOS CIENTISTAS ASSINAM MANIFESTO CONTRA O DOGMA MATERIALISTA NA CIÊNCIA

Fonte da imagem: http://revistaregional.com.br/portal/?p=4116


Fábio José Lourenço Bezerra

Reproduzimos abaixo, na íntegra, um excelente artigo, publicado no site “Plantando Consciência” (www.plantandoconsciencia.org), cujo autor é Eduardo Ekman Schenberg, Doutor em Neurociências pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre em psicofarmacologia e biomédico pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O artigo é sobre um manifesto, assinado por vários cientistas e publicado na revista científica Explore: The Journal of Science and Healing”, na edição Setembro-Outubro de 2014, contra a ideologia materialista que ainda impera no meio científico, apesar de várias experiências realizadas terem demonstrado fortíssimas evidências da espiritualidade (muitas destas experiências foram divulgadas neste blog).

Antes do artigo, vejamos o que Allan Kardec escreveu sobre o Espiritismo, a Ciência e o Materialismo.

No preâmbulo de sua obra “O que é o Espiritismo”, ele escreveu:

"[...] O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
Pode-se defini-lo assim:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.”

No livro “A Gênese”, no Capítulo I, lemos o seguinte:

[...] O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo.”

Na mesma obra, no Capítulo X, o codificador escreveu:

[...] O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o segundo admite; mas, avança para além do ponto onde este último pára. O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, diz um: “Não posso ir mais longe.” O outro prossegue e descobre um novo mundo. Por que, então, há de o primeiro dizer que o segundo é louco, somente porque, entrevendo novos horizontes, se decide a transpor os limites onde ao outro convém deter-se? Também Cristóvão Colombo não foi tachado de louco, porque acreditava na existência de um mundo, para lá do oceano? Quantos a História não conta desses loucos sublimes, que hão feito que a Humanidade avançasse e aos quais se tecem coroas, depois de se lhes haver atirado lama?”

            Uma vez tendo uma noção sobre a relação Espiritismo – Materialismo, vamos ao artigo:

MANIFESTO POR UMA CIÊNCIA PÓS-MATERIALISTA


“Nada é mais curioso do que a satisfação dogmática com que a humanidade, a cada período da história, celebra a ilusão de que os modos de conhecimento que possui são definitivos”
Alfred North Whitehead

Em 1962 o físico norte-americano Thomas Samuel Kuhn publicou um livro que permanece até hoje como uma das obras primas da filosofia da ciência: A estrutura das revoluções científicas. No livro, que foi publicado mais de uma década após Kuhn começar a formular a principal idéia, ele refutou a visão precedente de que a ciência progredia de forma linear, através do acúmulo de novas evidências, perpetuamente sendo usadas para refinar e ajustar as explicações existentes dentro das teorias vigentes. Como ele deixa claríssimo no livro, esta descrição do progresso científico serve apenas para certos períodos do desenvolvimento científico, que ele batizou de períodos de “ciência normal”. Mas em momentos raros a visão científica de mundo havia sido completamente transformada por novos dados e experimentos que contradiziam as teorias e modelos vigentes. Esses períodos, geralmente de duração mais curta, ele batizou de “ciência revolucionária”.  Através de um minucioso estudo da história e do ensino de ciências, Kuhn demonstrou como a cada longo período de ciência normal formava-se o que ele chamou de “paradigma”: um modelo ou teoria que dita o que é possível e como o universo funciona. Durante os longos períodos de ciência normal, o paradigma da vez vai sendo aceito por um número cada vez maior de cientistas e passa a fortemente dominar a visão de mundo por esse período. Nestas épocas, fatos e dados que não se encaixam no paradigma vigente, ou mais importante ainda, dados que contrariam o paradigma, tendem a ser rejeitados como erro, falha ou fraude. Entretanto, com o passar do tempo essas evidências também vão se acumulando, e aí então começam a gestar um novo paradigma. Os períodos de coexistência e disputa entre dois paradigmas Thomas Kuhn chamou de períodos de “crise científica”.  Uma das principais caraterísticas desses períodos de crise é uma brutal oposição e competição entre os envolvidos, sendo que ele chegou a sugerir que a imensa maioria dos cientistas ao longo da história morreram apegados ao paradigma predominante em suas épocas, sendo a nova geração apenas a capaz de levar o campo adiante. As crises na história da ciência foram, portanto, brutais, e levaram a revoluções impressionantes, que em alguns casos mudaram por completo o estilo de vida da humanidade como um todo. Nas palavras do autor (tradução minha do original em inglês):

“Examinando o registro das pesquisas passadas do ponto de vista vantajoso da historiografia contemporânea, o historiador da ciência pode se sentir tentado a dizer que quando o paradigma muda, o mundo muda junto. Inspirados pelo novo paradigma, cientistas adotam novos instrumentos e olham em novos lugares. Ainda mais importante, durante as revoluções os cientistas enxergam coisas novas e diferentes quando usando instrumentos familiares em lugares que já examinaram antes. É como se a comunidade científica tivesse sido subitamente transportada para outro planeta onde objetos familiares são vistos sob uma nova luz; e a eles se juntam novos objetos nunca antes vistos.”

Fonte da imagem (traduzida para o português): http://plantandoconsciencia.org/novoblog/2014/11/19/manifesto-ciencia-pos-materialista/

Exemplos famosos de revoluções científicas incluem a revolução Copernicana, que derrubou o modelo que propunha a Terra no centro do universo, a evolução Darwiniana e mais recentemente a relatividade e a física quântica. Nenhum desses modelos foi aceito rapidamente, nem foi adotado sem que houvesse imensa resistência contrária exercida por cientistas de prestígio e poder em suas respectivas épocas. Mas como o modelo propõe ciclos, é de se esperar que hajam evidências contrárias ao modelo atualmente adotado. É também predizível pelo modelo de Kuhn que evidências contrárias serão novamente rejeitadas como sendo erro, falha ou mesmo fraude. E como em todas as épocas, de fato há erros e fraudes, que precisam ser distinguidos dos dados e resultados verídicos e confiáveis. Assim a tensão vai crescendo e o confronto de paradigmas se aproximando.
Pois na edição de Setembro-Outubro de 2014 da revista científica Explore: The Journal of Science and Healing oito cientistas de diversas áreas publicaram o Manifesto pela Ciência Pós-Materialista. Os autores são Mario Beauregard(neurocientista, trabalha no Laboratory for Advances in Consciousness and Health, Department of Psychology, University of Arizona, Tucson, USA), Gary E. Schwartz (Professor de psicologia, medicina, psiquiaria e cirurgia e chefe do Laboratory for Advances in Consciousness and Health, Department of Psychology, University of Arizona, Tucson, USA), Lisa Miller(Psicóloga clínica, Professora na Columbia University, USA), Larry Dossey (Médico e escritor), Alexander Moreira-Almeida (Psiquiatra, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil), Marilyn Schlitz (Psicóloga, diretora de pesquisa no Institute of Noetic Sciences), Rupert Sheldrake (Biólogo, escritor e historiador da ciência, autor de vários best-sellers) e Charles Tart (Psicólogo, estudioso dos estados alterados de consciência, professor no Institute of Transpersonal Psychology, USA).

No começo do Manifesto eles afirmam o seguinte (tradução minha do original em inglês):

“Desde seu surgimento, a ciência tem continuamente evoluído por uma razão fundamental: a acumulação de evidências empíricas que não podem ser acomodadas em visões enrijecidas. Por vezes as mudanças são pequenas, mas em alguns casos são titânicas, como na revolução relativística-quântica nas primeiras décadas do século 20. Muitos cientistas acreditam que uma transição similar seja agora necessária, porque o foco materialista que dominou a ciência moderna não pode acomodar um conjunto crescente de evidências empíricas no domínio da consciência e espiritualidade”
.
O Manifesto foi publicado online em Julho de 2014, aberto para assinaturas e já conta com mais de 50 adesões. Trata-se de um chamado claro para que a ciência não se deixe emperrar pelo dogmatismo que se formou em torno do paradigma convencionalmente chamado de “materialismo científico”. O Manifesto reconhece os tremendos avanços da ciência materialista, mas admite que a dominância desta filosofia nos meios acadêmicos e universitários chegou a ponto de ser prejudicial, em especial ao estudo da consciência e da espiritualidade. O materialismo se tornou tão dominante que estudos bem feitos nestas áreas têm sido rejeitados para publicação não por reais falhas, mas simplemente porque não se encaixam no modelo proposto pelo materialismo. Como mostrou Thomas Kuhn, é a “ciência normal” de um certo período rejeitando as evidências conflitantes com argumentos de que tais evidências são fruto de erro ou fraude. Dado que o valor das evidências é fundamental para o progresso científico, o manifesto termina então por indicar uma nova plataforma, a OpenSciences, onde diversos artigos e livros sobre as evidências que desafiam o materialismo científico podem ser acessadas.
De acordo com o Manifesto, a Ciência Pós-Materialista reconhece que:

a. A mente representa um aspecto da realidade tão primordial quanto o mundo físico, isto é, ela não pode ser derivada da matéria nem reduzida a algo mais simples.

b. Há uma conexão profunda entre a mente e o mundo físico

c. A mente (a intenção) pode influenciar o estado do mundo físico e operar de maneira não-local (ou extendida). Isto é, a mente não está confinada a pontos específicos do espaço, como cérebros e corpos, ou pontos específicos do tempo, como o presente. Dado que a mente pode influenciar o mundo físico de maneira não-local, as intenções, emoções e desejos de um experimentador não podem ser completamente isoladas dos resultados experimentais, mesmo em situações controladas e desenhos experimentais “cegos”.

d. Mentes são aparentemente ilimitadas e podem se unir, sugerindo uma Mente Unitária que inclui todas as mentes individuais.

e.Experiências de quase morte durante paradas cardíacas sugerem que o cérebro atue como transdutor da atividade mental, isto é, a mente pode trabalhar através do cérebro, mas não é produzida por ele. As experiências de quase morte durante paradas cardíacas, junto a evidências de pesquisa em mediunidade sugerem a sobrevivência da consciência após a morte do corpo e a existência de níveis de realidade não-físicos.

f. Cientistas não devem temer a investigação da espiritualidade e das experiências espirituais dado que elas representam um aspecto central da existência humana.”

A ciência Pós Materialista, portanto, não rejeita os avanços do materialismo científico e considera a matéria como uma das partes fundamentais da existência. A Ciência Pós-Materialista busca expandir a capacidade humana para melhor entender as maravilhas da natureza e redescrobrir a importância da mente e do espírito como partes fundamentais do universo. O Pós-materialismo é, portanto, “inclusivo com a matéria, que é vista como um constituinte básico do universo”.
O resgate da mente e da espiritualidade nos traz liberdade e nos reconecta com uma visão mais ampla do que é ser humano e de como atuar nesse mundo. A conclusão do manifesto é que

“ao enfatizar uma conexão profunda entre nós mesmos e a natureza como um todo, o paradigma pós-materialista promove uma consciência ambiental e a preservação da biosfera. Além disso, não é novo, mas apenas foi esquecido por cerca de 400 anos, que um entendimento transmaterial pode ser a peça fundamental da saúde e bem estar, como reconhecido e preservado em práticas espirituais ancestrais, tradições religiosas e abordagens contemplativas. A mudança da ciência materialista para a pós-materialista pode ser de vital importância para a evolução da civilização humana. Pode ser ainda mais vital que a transição do geocentrismo para o heliocentrismo”.

Como expressou o matemático Dave Pruett, que foi pesquisador da NASA e Professor Emérito na James Madison University, em artigo no jornal britânico Huffington Post, “A ciência atinge seu melhor quando está aberta para os fatos incômodos e contraditórios. Mas ela atinge seu pior quando, restrita por dogmas, ignora estes fatos.”

Para acessar o artigo do manifesto, em inglês, é só acessar o link: http://www.explorejournal.com/article/S1550-8307(14)00116-5/fulltext

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. FEB. Versão digital por: ERY LOPES © 2007;

2 ______________.O que é o Espiritismo. São Paulo: Instituto de difusão espírita. [2000].


ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO: