quinta-feira, 17 de novembro de 2011

POR QUE DEVEMOS FAZER O BEM ?



Nas religiões ao redor do mundo, encontramos um ensinamento em comum. É a Regra de Ouro:

 Budismo:
 - "Não firas os outros de um modo que não gostarias de ser ferido "Udanda-Varqa 5:18

 Zoroastrismo:
 - "Aquela natureza só é boa quando não faz ao outro aquilo que não é bom para ela própria" Dadistan-i Dinik 94:5

  Judaísmo:
  - "O que te é odioso, não faças ao teu semelhante. Esta é toda a Lei, o resto é comentário." Talmude, Shabbat 31a

  Hinduísmo:
  - "Esta é a soma de toda a verdadeira virtude: trate os outros tal como gostarias que eles te tratassem. Não faças ao teu próximo o que não gostarias que ele depois fizesse a ti." Mahabharata

  Cristianismo:
  - "O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles." Lucas 6:31

  Islamismo:
  - "Nenhum de vós é um crente até que deseje a seu irmão aquilo que deseja para si mesmo." Sunnah

  Taoísmo:
  - O homem superior "deve apiedar-se das tendências malignas dos outros; olhar os ganhos deles como se fossem seus próprios, e suas perdas do mesmo modo." Thai-Shang

 Confucionismo:
  - "Eis por certo a máxima da bondade: Não faças aos outros o que não queres que façam a ti" Analectos XV,23

  Fé Bahá'í:
  - "Não desejar para os outros o que não deseja para si próprio, nem prometer aquilo que  não pode cumprir." Gleenings

             A Espiritualidade Superior, em várias épocas da humanidade, conforme a cultura de cada época e lugar, veio inspirar os homens com sua sabedoria e exemplos, para fazê-los avançar na senda do progresso, através de mensageiros como Jesus, Buda e Krishna.
            Agora, paremos para pensar, um instante, em todos os problemas da sociedade humana: a fome, a miséria, a carência educacional de muitos, a corrupção, a violência, as guerras, etc.
 Vemos poucas pessoas realizando todas as fantasias, satisfazendo todos os caprichos e usufruindo da posse de todos os bens que o dinheiro pode comprar, ao lado de muitas pessoas carentes, algumas das quais falta até o necessário para sua sobrevivência e pleno desenvolvimento físico e mental.
Vemos homens públicos, que deveriam zelar pelo bem-estar de toda a população de seu país, realizando verdadeiras “farras” com boa parte dos recursos destinados à educação, à manutenção e recuperação da saúde, à segurança, à criação de empregos e geração de renda. Prejudicam, dessa forma, aqueles menos favorecidos, contribuindo para o aumento da fome e da miséria, tendo como efeito colateral a propagação da violência e o aumento do tráfico de drogas. Isso sem falar nas altas taxas de mortalidade devido à precária assistência médica. Os privilegiados financeiramente, em contrapartida, precisam encher-se de vários apetrechos de segurança, isolar-se em condomínios fechados, não sair livremente pelas ruas, receando serem assaltados, seqüestrados, etc. Seus filhos, freqüentemente, são assediados pelos traficantes de drogas.
Vemos um clima de hostilidade e competitividade entre as pessoas, que freqüentemente não se compreendem, agredindo-se mutuamente. Muitas vezes causam sofrimentos, prejuízos umas às outras para obter vantagens, poder, dinheiro, ou inflar os seus egos. A inveja, o orgulho, a vaidade e o ciúme encontram aí campo fértil.
Vemos países fomentando a guerra, por sectarismo religioso ou atendendo a interesses econômicos e territoriais. Impera, entre os homens, de um modo geral, um forte individualismo.
O EGOÍSMO é a raiz de todos esses males.
Envolvidos que estamos por este mundo, muitas vezes nos deixamos levar pela ilusão de ser esta a única e verdadeira vida. Lutamos desesperadamente para sermos felizes aqui e agora. Não hesitamos, por várias vezes, em machucar, prejudicar o outro, para obtermos o nosso intento. Apegamo-nos excessivamente aos bens e prazeres transitórios desta vida, e quando os perdemos, passamos por uma verdadeira tortura.
Contudo, somos Espíritos imortais habitando um corpo frágil e perecível, verdadeiro material didático que Deus, em sua infinita bondade, nos proporciona. Através dele, vivemos as mais diversas experiências na escola chamada Terra. Aqui estamos, na verdade, para desenvolver a nossa inteligência e o amor ao nosso semelhante, a fim de obtermos, dessa forma, a verdadeira felicidade. O paraíso não é um lugar circunscrito, e sim, um estado de consciência, quando a plena sabedoria e moralidade nos colocam em contato direto com o Criador. Não, não nos iludamos, a morte não é o fim de tudo, só mera etapa que todos nós, um dia, teremos de passar. O instante necessário para alcançarmos a vida maior.
O caminho para a verdadeira felicidade, tanto individual quanto para toda a sociedade humana, encontra-se no cultivo da humildade, no desapego aos bens materiais e em buscar sempre compreender e auxiliar o próximo. Dessa forma, já nesta existência, adquirimos uma felicidade relativa, pois nos livramos das torturas morais provocadas pela inveja, pelo ciúme, pelo orgulho ferido, pela vaidade frustrada, pelos desentendimentos e a ansiedade por adquirir bens materiais e poder. Criamos para nós, muitas vezes, falsas necessidades, muito acima do que realmente é necessário para a nossa vida, e devido a isso nos atormentamos voluntariamente.
Auxiliando o próximo, obtemos a alegria de sermos úteis a alguém. Sim, podemos nos sentir felizes com a felicidade dos outros. Podem atestar este fato aqueles que realizam trabalho voluntário, os que dedicam parte de seu tempo, seus recursos intelectuais e financeiros para ajudar as pessoas. Fazer o bem faz bem, sendo a aquisição desta forma de felicidade apenas uma questão de desenvolvimento de potencialidades adormecidas em nossa alma.
Além disso, todos nós somos irmãos em Deus, e é nosso dever nos ajudarmos mutuamente. Tudo o que fizermos de mal, conscientemente, aos nossos irmãos, ou toda a ajuda que deixarmos de prestar e, por conta disso, eles sofrerem, este mal se voltará contra nós, obedecendo à Lei de Causa e Efeito. Podemos não sentir enquanto estamos no corpo físico, mas, após a morte, temos nossa sensibilidade bastante aumentada, e é outro o nosso ponto de vista. Nossas imperfeições, quando estamos no mundo espiritual, são, para nós, como nódoas, manchas em nosso Espírito, que repercutem em nosso corpo espiritual de diversas formas. O sentimento de culpa, advindo de nossos erros, castiga nossa consciência (muitas vezes de forma bastante violenta), que necessita, para seu alívio, reparar o erro cometido. Esta reparação é feita, muitas vezes, em encarnações onde nos comprometemos a fazer o bem, ajudando aqueles a quem fizemos mal, ou a outras pessoas, ou voltamos para sofrer da mesma forma que aqueles a quem prejudicamos. Tal mecanismo não possui caráter de castigo, mas tão somente educativo, para modificar as disposições íntimas do Espírito, que, sabendo aproveitar as reflexões aí proporcionadas, avança muito na sua evolução moral.
Os hábitos é que fazem da pessoa o que ela é. Nossa personalidade é o somatório de tudo aquilo que adquirimos ao longo desta vida e nas anteriores. Bem sabemos que modificar nossas tendências não é nada fácil. Contudo, nossa reforma íntima deve ser realizada pouco a pouco, na medida de nossas possibilidades. A prática do bem ao nosso semelhante possui fundamental importância nesse processo, pois, através dela, com o tempo, adquirimos o hábito de fazer o bem. O que inicialmente sentimos como uma obrigação passa a ser algo muito natural, incorporado que fica à nossa personalidade.
Os Espíritos da codificação disseram a Kardec, na pergunta nº 908 de “O Livro dos Espíritos”, que nossas emoções são como um cavalo, que só é útil quando governado, e se torna perigoso quando passa a governar. Ou seja, nossas emoções são as forças que nos impulsionam, nos dão ânimo, mas cabe à nossa inteligência dar o rumo certo para nossos pensamentos e atitudes.
 Já o Cristo nos aconselhou a orar e vigiar para não cairmos em tentação. Ou seja, nossa mudança, rumo à melhoria de nós mesmos, é exercício constante. Devemos vigiar sempre nossa atitude íntima, para não cairmos no erro, solicitando sempre a inspiração dos benfeitores espirituais.
Cabe a cada um de nós a realização da reforma íntima, eliminando gradualmente nossas imperfeições, para que sejamos felizes, educarmos nesse sentido os nossos filhos e darmos o exemplo a eles e ao nosso próximo, inspirando-os, dessa forma, a fazerem o mesmo.

BIBLIOGRAFIA

 1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].
2 _______________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed. São Paulo: Petit, [1997].

ENDEREÇO ELETRÔNICO :

 http://www.rcgg.ufrgs.br/cap8.htm  (Preâmbulo da Carta das Nações Unidas)

3 comentários:

  1. Texto maravilhoso. Gostaria de saber quem é o autor para citá-lo, pois vou usar muitas partes dele numa palestra.

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  2. Mil desculpas! No início do texto tem o nome do autor. Parabéns Fábio! Excelente texto.

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  3. Obrigado, Bety! Nossa Doutrina Espírita é que é maravilhosa e precisa ser amplamente divulgada! Estou muito contente que esse texto seja utilizado em sua palestra!

    Abraços fraternos,

    Fábio Bezerra

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