quinta-feira, 31 de maio de 2012

ESPIRITISMO: UMA NOVA VISÃO DA VIDA

                          Fonte: http://animaiseoespiritismo.blogspot.com.br/2012/04/palestra-no-gffa-obrigada-amigos.html 



Fábio José Lourenço Bezerra

                Em nossos dias conturbados, paira no ar uma atmosfera de imediatismo. Busca-se a felicidade, com certeza, mas de que tipo? De um modo geral, os programas e propagandas de televisão, bem como os filmes, vendem-nos uma idéia de felicidade tipo aqui e agora. Reflexo do tipo de sociedade que somos. Queremos ter mais e mais: sermos os mais ricos, bonitos, os que praticam mais sexo, etc. Precisamos extrair sempre o máximo de prazer que podemos deste plano material em que nos encontramos.  Muitas vezes, não queremos estar por baixo, e nos enchemos de dívidas para ter um padrão de vida igual ou melhor do que o do nosso vizinho, ou trabalhamos de domingo a domingo, sacrificando o convívio com aqueles que amamos e a nossa qualidade de vida. Não, não podemos estar por baixo, afinal, quem vale mais é aquele que tem mais.
                Na busca desenfreada pela conquista de bens, prazeres materiais, prestígio e poder, muitos de nós chegamos a humilhar, prejudicar e, em casos extremos, até a tirar a vida do nosso semelhante.
                Esquecemos, contudo, que uma inteligência maior nos criou, e não deu àquele que nasceu na palafita, ou com retardamento mental, por exemplo, a mesma oportunidade de desfrutar dos prazeres que este mundo pode proporcionar. Não deu a eles as condições de competir por este tipo de felicidade que avidamente almejamos. Não seria este um sinal de que o caminho para a felicidade que, de um modo geral, escolhemos para nós, está errado? Será que Deus nos fez surgir neste mundo para desfrutar do carro do ano, enquanto na esquina, alguém morre de fome? Ou sequer pode compreender o valor financeiro e o “status” que proporciona o carro do ano?
                Esquecemos que nossa alma é imortal, e que a vida material passa, mal comparando com toda a eternidade que temos para viver, como frações de segundo dentro de trilhões de milênios. E por que, então, damos tanto valor a estas frações de segundo dentro da eternidade? A qualquer momento, não sabemos quando, como e onde, nós deixaremos este plano físico. Tudo de material, que acreditamos ter, deixaremos aqui, e de nada disto poderemos usufruir no outro lado da vida.
Levaremos, na nossa bagagem, apenas aquilo que depositamos em nossa consciência: o bem ou o mal que fizemos, nossos apegos aos prazeres e bens materiais e nossos valores. Nossa felicidade ou infelicidade na nova morada vai depender do conteúdo dessa bagagem. Quanto mais apegados à matéria, mais sofreremos no plano espiritual. O mal que fizemos será como uma faca a perfurar nosso corpo físico, tal a dor de consciência que lhe será conseqüente. Contudo, o bem que tivermos feito com desinteresse será como bálsamo em nosso Espírito, e o desapego à matéria nos fará planar como um pássaro em vôo.
A busca da felicidade, caros irmãos, é algo natural para o Espírito. Deus nos deu a vontade de procurá-la para que possamos avançar intelectualmente, ao planejar e trabalhar para alcançá-la. Contudo, a verdadeira e plena felicidade não alcançaremos neste mundo. Aqui estamos como o estudante está na escola, para aprender as lições básicas que, um dia, nos levarão à formatura na universidade e além. Querer ter a felicidade plena aqui seria como um aluno que quisesse apenas brincar durante as aulas, quando isto só pode ser feito no recreio. O prazer, para aquele aluno naquele momento, sem dúvida, seria imenso, mas com certeza atrapalharia sua formação escolar e, consequentemente, o seu futuro.
O caminho para a verdadeira felicidade, tanto individual quanto para toda a sociedade humana, encontra-se no cultivo da humildade, no desapego aos bens materiais e em buscar sempre compreender e auxiliar o próximo. Dessa forma, já nesta existência, adquirimos uma felicidade relativa, pois nos livramos das torturas morais provocadas pela inveja, pelo ciúme, pelo orgulho ferido, pela vaidade frustrada, pelos desentendimentos e a ansiedade por adquirir bens materiais e poder. Criamos para nós, muitas vezes, falsas necessidades, muito acima do que realmente é necessário para a nossa vida, e devido a isso nos atormentamos voluntariamente.
Auxiliando o próximo, obtemos a alegria de sermos úteis a alguém. Sim, podemos nos sentir felizes com a felicidade dos outros. Podem atestar este fato aqueles que realizam trabalho voluntário, os que dedicam parte de seu tempo, seus recursos intelectuais e financeiros para ajudar as pessoas. Fazer o bem faz bem, sendo a aquisição desta forma de felicidade apenas uma questão de desenvolvimento de potencialidades adormecidas em nossa alma.
Os hábitos é que fazem da pessoa o que ela é. Nossa personalidade é o somatório de tudo aquilo que adquirimos ao longo desta vida e nas anteriores. Bem sabemos que modificar nossas tendências não é nada fácil. Contudo, nossa reforma íntima deve ser realizada pouco a pouco, na medida de nossas possibilidades. A prática do bem ao nosso semelhante possui fundamental importância nesse processo, pois, através dela, com o tempo, adquirimos o hábito de fazer o bem. O que inicialmente sentimos como uma obrigação passa a ser algo muito natural, incorporado que fica à nossa personalidade.
O Espiritismo nos dá, alicerçado por uma gama enorme de evidências (Ver os textos “Os Princípios Básicos do Espiritismo” e “Por que ser Espírita?”, neste  blog) essa visão da vida, proporcionando-nos a força, a coragem e o consolo diante das adversidades, ensinando-nos a enxergá-las como oportunidades de crescimento espiritual.
Nos dá a fé raciocinada de que, tanto nós, quanto aqueles por quem temos afeição, sobreviveremos à morte, e teremos infinitas oportunidades de evoluir intelectual e moralmente. Toda a humanidade terrestre, um dia, estará no mesmo patamar, uns caminhando mais devagar, outros mais rápido, conforme as escolhas que tenham feito pelo caminho. Ao adquirirmos a perfeição intelecto-moral plena, habitaremos o seio de Deus, e estaremos em plena sintonia com Ele, sentindo diretamente os seus eflúvios de amor, e seremos seus ministros, executores diretos de Sua vontade. Nesse patamar de espiritualidade é que alcançaremos a verdadeira e plena felicidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].

2 _______________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 3.ed. São Paulo: Petit, [1997].

3 _______________. O Céu e o Inferno: ou a justiça divina segundo o Espiritismo. 36.ed. Rio de Janeiro:FEB, [1990].

4_______________. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. 31 ed. Brasilia: FEB, 1944. 423 p.

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